XXXVII
❥ CAPÍTULO 37
— Por que você demorou tanto? As comidas vendiam praticamente do lado do estádio e eu duvido que tivesse alguma fila. — eu pergunto para o Riley enquanto estamos no carro, ele dirigindo para casa dos meninos.
— Na verdade, eu fui bem rápido. — Riley explica, dando um sorriso fraco. — Quando eu estava voltando, eu vi o Ryan se aproximando e deixei vocês terem um pouco de privacidade, já que pareciam bem confortáveis conversando.
— Você e Ryan?— a voz surpresa de Sarah se faz presente no banco de trás. — Por que não me contou? O que aconteceu lá?
— A gente só conversou um pouco. — dou de ombros, desviando o olhar para a frente.
— E o que mais?— eu olho para o retrovisor, enxergando um sorriso malicioso e sugestivo em seu rosto. Solto um suspiro. — Você não engana ninguém.
— Para de me olhar assim. — eu me viro para Sarah, que levanta as sobrancelhas e continua com o sorrisinho sugestivo. Solto uma lufada de ar, cedendo. — Talvez tenha rolado um beijo, mas só um beijo.
— Meu Deus, vocês são tão fofos! — Sarah se empolga, exclamando com muita animação. — O casal perfeito, eu amo esse romance. Quando vocês vão finalmente ficar juntos?
— Nós não somos um casal, não tem romance aqui. — eu nego, falando baixo. Cruzo os braços e volto a olhar para a vista lá fora, as ruas cheias e iluminadas.
Eu e Ryan não conversamos muito enquanto esperávamos, entre aspas, o Riley. Claro, ele não perdeu a oportunidade de me provocar, mas não fizemos e nem falamos nada demais, até porque Riley resolveu aparecer não muito tempo depois. Ryan foi para casa com o meu irmão e o Justin, mas vieram antes de nós, então já devem estar lá.
— Para de negar. Não tem romance, ainda, mas tem história. — Riley decide entrar na conversa, abrindo um sorriso fraco.
— Vocês são tão chatos.
— Nós te amamos também. — Sarah diz. Reviro os olhos enquanto luto contra as ideias malucas que esses dois colocaram na minha cabeça com essa conversa.
Eu sei que não é certo negar coisas a mim mesma e sei também que esse sentimento que tomou conta de mim não é tão ruim assim, mas cada vez que eu penso em Ryan e em todas essas sensações que vem como consequência, eu sinto medo. Medo de qualquer coisa que possa acontecer, mesmo confiando em Ryan e sabendo que ele é uma boa pessoa, eu tenho um pequeno receio, e não é muito fácil lutar contra esse medo para ficar com alguém que diz que precisa de um tempo e que talvez não esteja disposto a relações desse tipo agora.
Então eu prefiro negar do que deixar meu coração continuar com isso e ir se iludindo e sentindo ainda mais o que no final pode ser um nada, mesmo que seja difícil.
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No final das contas, já que estávamos todos na casa dos meninos, entramos em um consenso e decidimos juntos ficar aqui e pedir ou fazer alguma comida. Acredito que os três e a Sarah, que fez um trabalho pesado na apresentação das líderes de torcida, estejam bastante cansados para sair novamente, mesmo que estejam acostumados a ir a festas toda noite após jogo, vai ser algo mais confortável para nós.
— Então, você é chefe de cozinha? Sempre cozinhando algo e fazendo a maioria das refeições da casa. — eu falo enquanto me encosto na bancada da cozinha e seguro um copo de água nas mãos. Já vim aqui vezes suficiente e já conversei o bastante com meu irmão para saber que, na maioria das vezes que eles não pedem alguma comida, Ryan faz algo para eles comerem. E ele é bom isso.
Todo o pessoal está na sala jogando alguma coisa na televisão, Ryan decidiu fazer algo para nós comermos e já estava aqui sozinho há alguns minutos, então aproveitei a oportunidade de quando vim pegar uma água para falar com ele.
Ryan, que estava de costas para mim de frente para o fogão, olha para mim por cima do ombro e abre um pequeno sorriso antes de se virar para frente novamente.
— Eu tenho que colocar minhas habilidades em jogo. — Ryan responde, dando de ombros. — Sem querer me gabar, mas eu sou ótimo na cozinha. Não é atoa que eles sempre me pedem para fazer algo.
— Claro, porque você é ótimo em tudo, certo? — faço, ou tento, uma imitação medíocre da voz dele e em seguida levo o copo de água a boca, ouvindo o som da sua risada e seus ombros sacudindo levemente com isso.
— Em quase tudo. — ele se vira completamente para mim, com um sorriso no canto dos lábios. — Mas em compensação, tem algumas coisas que eu sei fazer melhores que outras, se é que me entende.
Ryan pisca um olho enquanto vem para o meu lado e apoia um dos braços na bancada, encostando o lado do corpo e virado para mim.
— É, eu entendo. — suspiro e desvio o olhar para uma das panelas, sentindo o olhar de Ryan ainda sobre mim. É incrível o que ele pode despertar em meu corpo somente estando perto ou com um olhar.
Seus olhos queimam em mim. Eu sinto todo meu corpo entrando em um estado de alerta perigoso quando Ryan se aproxima ainda mais, sua respiração batendo contra meu pescoço. Cada sentido meu parece ficar desorientado com isso e tudo ao redor fica quente, quente como o inferno. Ryan é quente, e ter ele perto assim faz meu corpo entrar em chamas.
— O que foi, ruivinha? — sua voz sai rouca e mais baixa que o normal quando ele fala, trazendo uma onde arrepios para meus braços e pernas. — Você tá nervosa?
— Por que eu ficaria nervosa? — retiro forças de algum lugar e viro meu rosto para olhar para ele, que está próximo de mim, muito próximo. Nossos narizes quase se tocam com o movimento e seu olhar desce para minha boca descaradamente, um suspiro pesado saindo da sua.
Sorrio quando percebo que eu não sou a única que se afeta. Ryan pode saber como fazer meu corpo responder, mas eu não preciso de muito esforço para fazer ele reagir.
— Eu não sei. — ele responde e sua mão vai parar no minha nuca, os dedos encostando levemente em mim enquanto ele segue o percurso dos dedos com os olhos. Enquanto a outra vai até minha cintura e permanece ali. — Mas você tá arrepiada. Sua nuca, seus braços...
Enquanto ele vai citando, seus dados seguem o mesmo caminho. Trilhando com calma e delicadeza o meu pescoço, meu ombro, até chegar no meu colo, onde fica o coração.
— Seu coração está acelerado. — e Ryan continua, trazendo uma onde excitação no meio das minhas pernas até meu útero. Tento não mexer as pernas nem junta-las, Ryan sabe muito bem o que está fazendo. Sua mão desce pelo meio dos meus seios, trilhando caminhos ate minha barriga. — Aposto que aqui você está sentindo algo também.
— O que você está fazendo, Ryan? Não aprendeu anatomia na escola então por isso quer usar meu corpo?
— Oh, isso seria ótimo. — ele quase sorri abertamente, mas segura o lábio inferior com os lábios, o que me arranca a atenção por um instante. — Eu já conheço, mas seria maravilhoso relembrar.
— Com certeza seria. — dou um passo mais a frente enquanto ele da outro, nossos corpos ficando ainda mais próximos. Sua mão na minha cintura assegurou o aperto um pouco mais forte, com possessividade, enquanto a outra passeou pela parte inferior da minha barriga, me arrancando um gemido que eu consegui segurar dentro de mim. — Mas acho que você vai ter esperar um pouco mais pra isso.
— Não significa que não podemos aproveitar. — um sorriso nada inocente preencheu seus lábios, seu olhar repleto de luxúria enquanto ele me olha atentamente de cima a baixo. Eu sinto calor, eu sinto muito calor.
Passo a ponta da língua nos lábios enquanto olho em seus olhos fixamente, Ryan solta um suspiro e enfia a mão entre os meus cabelos quando me puxa para perto de si e choca minha boca na sua.
Diferente de mais cedo, esse beijo não tem nada de calmo, apesar de lento. É urgente, encaixado e necessitado. Uma de minhas mãos pousa em seu ombro enquanto a outra fica na sua nuca, mexendo com os fios grandes e sedosos. Seu toque em minha cintura se torna algo quase insuportável por conta de suas malditas mãos fazendo carícias.
Ryan solta um gemido contido quando arranho levemente sua nuca e passo a outra mão por debaixo de sua camisa, passando as unhas no seu abdômen. Ele parece enlouquecer com isso, pois ambas as mãos agora vão para minha cintura, deixando meu corpo colado ao seu, sua ereção roçando contra o meu vente.
O beijo, entre suspiros, mordidas leves nos lábios e um baita encaixe, me arranca mais verdades em único segundo do que poderia arrancar em dias. Seu aroma natural e masculino, o hálito de menta e aquele maldito sorriso me entorpecem mais que qualquer coisa. Suas mãos acariciando meu corpo, seu beijo quente e os lindos olhos escuros me fazem querer ver e vivenciar isso todos os dias. Toda a merda de espera, de amizade e negação me fazem querer gritar o quão estúpido isso é, e o quanto seria melhor se não fosse somente isso. Suas mãos bagunçando meu cabelo e os beijos delicados que ele deixa no meu rosto e pescoço, me deixam anestesiada, desligada de todo o resto do mundo.
E não, me envolver emocionalmente e romanticamente com Ryan não é uma coisa tão ruim assim.
Eu esqueço de tudo e de onde estamos, me desligo de tudo, da mão de Ryan subindo pelo meu braço até os dedos acariciando uma certa área no antebraço.
— Evie... — sua voz sai baixa contra minha boca, mas mesmo assim nossos lábios continuam juntos em seguida. Dou um selinho demorado em sua boca e sua mão sobe mais um pouco, esfregando o dedo com leveza na região. Franzo o cenho. — O que aconteceu?
— O que?— afasto minha boca da sua e olho em seus olhos depois de fitar seu rosto. Os olhos estão com um certo tipo de brilho, suas bochechas estão um pouco rosada e sua boca meio inchada e vermelha por conta do beijo. Ele é lindo.
— Com seu braço. — sua expressão é dura e fria agora, os olhos sérios me olhando com intensidade. Respiro fundo, toda a animação que eu sentia antes se esvaindo. — O que aconteceu com seu braço?
Olho para meu braço e vejo uma pequena marca roxa que a maquiagem já não está mais escondendo. Ele conseguiu tirar metade da maquiagem somente com a mão e eu nem percebi? Que droga.
— Nada sério. — Dou de ombros, me afastando dele e voltando a me recostar na bancada da cozinha. — Eu me machuquei treinando. Você sabe, as vezes os treinos são muito intensos. Nós não fazemos o mesmo, mas você é atleta então já deve ter tido vários hematomas treinando.
— Você não está errada. — Ryan balança a cabeça, em seguida coçando a nuca enquanto se vira e vai até o fogo para checar o que está sendo feito. Tem um cheiro ótimo, mas infelizmente, a comida não é a minha prioridade de pensamento agora. — Mas nunca ficou desse jeito, e eu nunca escondi. Até porque não é nada de mais.
— É. Acabei me distraindo, tropecei e meu braço bateu em uma das barras. — eu minto, me esforçando bastante para não me entregar. Abraço meus braços e olho para meus próprios pés.
— Duas vezes?
— Sim. — concordei.
Um silêncio se instalou na cozinha, o único som vindo dos talheres que ele pegava. Eu olho para ele pelo canto do olho, enxergando sua postura rígida e os ombros tensos agora. Respiro fundo. Eu não quero mentir, mas contar isso vai gerar muita confusão, e isso é a última coisa que eu quero para todos.
— Diz a verdade, por favor. — Ryan pede depois de um minuto de silêncio. Eu quase não escuto o que ele fala e o tom saiu quase como uma súplica. Fecho os olhos, jogando a cabeça para trás e soltando um suspiro pesado, desejando que todos os meus problemas fossem embora com isso. — Você sabe que eu não acredito nisso, então não mente, Evie, por favor.
— Você sabe, não é? — soltei uma risada sem humor e olhei para ele, que agora olhava para mim do outro lado. A parte da frente de seu cabelo agora estava presa com um elástico rosa e se não fosse a brusca mudança de situação, eu teria rido e depois me jogado em cima dele. — Você não teria perguntado de repente e nem a curiosidade de olhar meu braço. Por que a pergunta se você sabe a resposta?
— Porque eu quero ouvir isso saindo da sua boca e não de outra pessoa que viu de longe. Eu quero sua versão e não a de gente fofoqueira. — ele diz firme enquanto anda alguns passos em minha direção, parando no meio da cozinha. — Eu tenho uma ideia do que aconteceu, mas eu quero ouvir a real situação. Assim eu sei o quanto eu vou ter que bater naquele filho da puta para ele aprender a lição.
— Eu não queria contar por causa disso. Eu não quero confusão agora. — passo a mão no cabelo. — Você e Charlie estão se dando tão bem no time, você está recuperando suas notas e eu finalmente estou realizando meu sonho. O babaca do Jeremy não pode interferir nisso.
— Eu entendo, mas isso não interferiria em nada. — Ryan chega mais perto, me encurralando entre seus braços e me olhando fixamente. — Primeiro que o que ele fez foi no campus, ele pode ser punido por agressão e comportamento indevido. Segundo que, qualquer merda que eu quiser fazer com ele eu posso fazer fora do campus que não vai acontecer nada. Pessoas assim não podem sair impunes.
— Você quer ouvir a verdade? — ele concorda. — Tudo bem. Ele me parou quando eu estava indo para a aula, eu não quis falar com ele e mesmo assim ele insistiu. O Avery usou a força para me segurar e começar a falar besteira, mas eu interferi e coloquei um ponto final nisso. Eu fui embora e ele sumiu das minhas vistas. Pronto, isso é o que aconteceu.
Ryan fica calado por um instante, observando a expressão de meu rosto, que está tão séria quanto a dele agora. Logo vejo sua mandíbula ficando ainda mais marcada e os músculos do seu braço se evidenciando mais, olho para suas mãos e enxergo ele apertando com bastante força a beirada da bancada.
— O que ele disse?
— Ele tentou fazer com que eu acreditasse que aquela noite foi um mau entendido. — não adianta mais esconder nada, não tem razão. — Eu não acreditei nele, ele falou que você estava mentindo e aí eu saí.
— Só isso?
— Sim. — balanço a cabeça, pegando suas mãos e trazendo para frente dos nossos corpos enquanto acaricio com os dedos. Ele ainda está tenso, mas não parece tanto quanto antes. — Sério, eu prometo. Foi só isso.
— Como você tá?— Ryan solta uma mão e leva até meu rosto, fazendo uma carícia com os dedos. Ele parece realmente gostar desse tipo de carinho. Eu gosto também, quando vem dele. — Tá doendo?
— Eu tô bem. — faço a mesma coisa com ele com a minha mão livre. Ainda consigo sentir que Ryan está tenso, ele está bravo, mas sei também que está se segurando para não fazer nenhuma loucura essa noite. — Doeu antes, agora fica meio dolorido quando encosta muito.
Ryan respira fundo, inalando o ar com força, parecendo se segurar em algo. Ele fecha os olhos e volta a abrir depois de balançar a cabeça.
— Eu estou bem. — meu polegar acaricia seu rosto e ele fecha os olhos, recebendo tranquilamente o toque. Sua cabeça se inclina levemente em direção a minha mão e eu dou um sorriso de lado, entrelaçando nossos dedos que ainda estavam juntos. — Hoje é uma noite boa. Vocês ganharam um jogo e o resto da noite é para se divertirem e comemorarem, não se preocupa com nada mais hoje, só em relaxar. Pode ser?
— Sim. — ele murmura, balançando a cabeça como uma criança.
— Você vai relaxar, se divertir com seus amigos e agir como um adolescente muito feliz pelo resto da noite?
— Eu vou. — ele solta uma risada fraca, abrindo os olhos para me olhar.
— Ótimo. — abro um sorriso e me inclino para encostar nossos lábios, um selinho rápido. — Agora, vamos terminar a comida.
— Eles não vão estranhar sua demora?— Ryan pergunta, acenando com a cabeça em direção a porta da cozinha, indicando nossos amigos.
Dou de ombros.
— Eu já demorei aqui. — me afasto dele para ir até uma mesa e pegar uma colher de pau que estava por ali. — E eu aposto que eles não vir muito cedo para nada que não seja sério. Aquelas pessoas amam um romance e em uma das nossas únicas oportunidades de ficar sozinhos, nossos fãs não vão atrapalhar.
— Romance. — as sobrancelhas de Ryan se levantam e um sorriso enfeita seus lábios. — Isso é um romance? Que tipo de romance é o nosso?
— Primeiro: eu não vou responder isso. Segundo: vamos cozinhar, eu quero te ajudar.
— Como quiser, milady. — ele faz uma reverência exagerada quando passa por mim e pega a colher da minha mão. Reviro os olhos, olhando para ele em seguida e ouvindo atentamente suas instruções. — Aliás, você devia comprar maquiagens melhores. Essa daí saiu muito fácil.
Ryan diz a última fala de repente, me fazendo olhar com uma carranca para ele, que recebeu rindo e voltando a focar na comida.
No final das contas, isso se tornou algo divertido.
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