XXXII

Acho que amanhã vou abrir uma caixinha lá no insta pra gente interagir, falar sobre o livro ou qualquer outra coisa que quiserem. Então fiquem ligados lá e aqui caso eu avise!

CAPÍTULO 32

Quando eu acordo é como se sentisse um elefante pulando na minha cabeça e estivesse no deserto por conta da minha boca seca. Eu demoro pelo menos cinco minutos para ter coragem de abrir os olhos e levantar da cama lentamente, xingando a mim mesma quando sinto a tontura por ficar em pé.

Com passos lentos e curtos, eu consigo sair do quarto e ir para o banheiro sem nenhum empecilho. E ao parar na frente do espelho e ver meu reflexo deplorável eu me sinto um lixo. Os longos cachos que antes faziam parte do meu cabelo não estão nada definidos e tudo é um emaranhado de fios ruivos na minha cabeça, além do cheiro duvidoso. Estou sem nenhuma maquiagem no rosto, mas tenho olheiras enormes embaixo dos olhos e meus olhos estão levemente vermelhos. Que merda!

Suspirando e com calafrios subindo meu corpo, eu escovo os meus dentes e retiro o pijama que estava em meu corpo, logo em seguida entrando debaixo da água morna do chuveiro. Sinto um alívio ao sentir a água cair sobre meu corpo e meus músculos doloridos relaxarem. Eu fiz alguma coisa muito errada ontem a noite, isso eu tenho certeza.

Depois de bastante tempo embaixo do chuveiro para relaxar meu corpo e lavar meu cabelo, mesmo que minha cabeça esteja latejando, eu me enrolei na toalha e consegui deixar ele arrumado novamente. Meu cabelo não é totalmente cacheado, com cachos completamente definidos, ele está mais para um ondulado, mas mesmo assim precisa de bastante cuidado para não ficar uma coisa estranha.

— Bom dia. — eu digo assim que chego na cozinha e vejo Riley sentado enquanto mexe em seu celular, depois de me vestir.

— Boa tarde. — ele diz como uma correção, levantando os olhos para mim e me avaliando completamente. — Tem comida pronta no micro-ondas.

Assinto com a cabeça devagar e ligo o micro-ondas para esquentar a tal comida, sem nem mesmo ver qual é. Não me importo muito com isso agora.

— Eu fiz alguma coisa ontem? — passo a mão no rosto enquanto indago baixo, minha cabeça ainda parece estar sendo esmagada por uma prensa.

— Que tipo de coisa?

— Não sei, qualquer coisa que eu possa ter feito. Algo não tão bom? — dou de ombros e apoio minha cabeça na mão, enquanto mantenho os braços na mesa.

— Eu não sei. — Riley finalmente larga o celular e me dá toda a sua atenção. — Mas acho que se encher de todo o tipo de bebida longe dos seus amigos, tomar ecstasy e aceitar coisas duvidosas de alguém não confiável também contam como algo não tão bom.

O que?!

— Sério?! Quem é essa pessoa? A última pessoa que eu lembro de ter conversado foi o Jeremy quando ele me viu na pista de dança.

Riley levanta as sobrancelhas sem dizer mais nada.

— Jeremy?

— De acordo com ele e com a sua versão bêbada e drogada, foi por pura curiosidade sua.

Eu não lembro de muita coisa que aconteceu ontem a noite depois de um certo ponto. Depois de conversar bastante com o pessoal da companhia, de dançar com Sarah e o resto das meninas e de beber um pouco com elas, somente me vem na cabeça o momento que Jeremy chegou até mim na pista de dança e começou a falar comigo.

Ele me levou até o bar, já estava meio alterada por conta bebida, então nem pensei sobre não gostar dele. Depois de beber um pouco mais com ele e conversarmos sobre alguma coisa, o resto da noite se passa como um borrão na minha mente. Absolutamente nada vem na minha cabeça depois disso.

— Tem mais alguma coisa? — eu pergunto, temendo o que pode vir a seguir. O micro-ondas faz o típico barulho indicando que a comida está pronta e ao abrir, o cheiro maravilhoso da comida se espalhando pelo cômodo.

— Ao que parece, você e Ryan não estão num clima muito bom. — viro para ele rapidamente, com o prato quente ainda em mãos e atenta no que ele fala. — Ele veio na frente com você, e quando eu cheguei vocês não estavam com as melhores caras. Tinha alguma coisa estranha.

Demoro um tempo para raciocinar tudo enquanto como. O que aconteceu para ter ficado um clima estranho entre mim e Ryan? Se é que aconteceu algo e não é somente uma interpretação errada da parte de Riley. E que diabos eu estava pensando quando decidi tomar uma droga, sendo que nunca ingeri nada do tipo. Sempre me mantive longe de drogas, tanto lícitas quanto as ilícitas.

Eu preciso conversar com Ryan. Agradecer por ter me trazido para casa e perguntar o que aconteceu. Eu não estou com um pressentimento muito bom e inúmeras possibilidades invadem minha cabeça. Não teria motivo para discutirmos ou algo mais grave, eu não entendo o que pode ter sido.

De qualquer forma, eu tento deixar esses pensamentos de lado por enquanto. Esse fim de semana vou usar todo o tempo para descansar e tentar me curar da maldita ressaca. Pensar em Ryan só vai piorar a minha dor de cabeça, mesmo que seja difícil. Porém, assim que eu estiver melhor, a primeira coisa a se fazer vai ser chamar Ryan para conversar.

✧ ✧ ✧ ✧


Segunda-feira. Mandei mensagem para Andersen no dia anterior. Ele recebeu, mas não respondeu. Tentei ligar, ele não atendeu. Charlie disse que Ryan estava meio estranho quando voltou da boate, então durante esses dois dias ele ficou na casa da tia, e por isso não respondeu mensagens ou ligações.

Tudo bem. É compreensível e eu entendo ele querer passar mais tempo com a sua tia, mas mesmo assim algo dentro de mim se revira em pensar na possibilidade de algo ter acontecido.

— Oi!— eu o cumprimento assim que avisto ele no estacionamento da universidade. Por sorte, e ajuda do destino talvez, ele saiu no exato momento em que eu estava chegando.

— E aí. — Ryan acena com a mão, parando em minha frente? — Como você tá?

— Eu estou bem. — balanço a cabeça, cruzando meus próprios dedos na frente do meu corpo e suspirando. — A ressaca tava terrível, mas eu tô bem melhor agora.

— Que bom.

— A gente pode conversar?— pergunto antes que ele tenha a chance de se afastar.

— Agora eu não posso. — Ryan passa a mão no cabelo, bagunçando ainda mais os fios escuros. — Eu tenho que fazer algumas coisas, vou ficar ocupado por um tempo e depois tenho treino, então hoje eu tô sem tempo.

— Tudo bem. — assinto. Ele não me olha nos olhos, e toda aquela postura brincalhona que ele costumava manter na maioria das vezes não está mais aqui. Algo dentro de mim me obriga a me manter mais retraída. — Obrigada por me ajudar na boate, Riley disse o que aconteceu. E desculpa qualquer coisa.

— Não foi nada, eu só te ajudei. — seu tom sai seco. Merda, nunca pensei que sentiria falta das suas brincadeiras e provocações.

— A gente pode conversar mais tarde? Eu sinto que você não está como normalmente você está. Você tá bem?

— Sim, Evie, eu tô bem. — Ryan respira fundo, olhando para algum ponto atrás do meu ombro. — Eu preciso ir agora, depois a gente se vê por aí.

— Tchau, Ryan. — eu cedo, já sabendo que insistir não adiantaria de nada agora. Em outro momento talvez eu consiga.

— Tchau, ruivinha. — sorrio fraco e observo ele se distanciar de mim para ir até sua moto, em poucos instantes indo embora desse lugar.

Respiro fundo, tentando trazer novamente para dentro de mim qualquer frustração ou chateação. Não quero me precipitar, criar mil paranoias e não ter acontecido nada demais. Isso está me corroendo, e mesmo ele dizendo que estava tudo bem, não parecia ser totalmente verdade. E isso está me perturbando.

Ryan Andersen pode ser um bom mentiroso, mas nem tanto assim para esconder seus sentimentos.

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