Se quiserem, leiam esse capítulo escutando Style-Taylor Swift. Não tem nada a ver com o capítulo, mas eu escrevi ouvindo ela e adorei!

❥ CAPÍTULO 26

Depois de cerca de vinte minutos no carro, entre perguntas aleatórias sobre nossas vidas e discussões sobre alguns livros e músicas, Ryan finalmente estaciona o carro em frente a um estabelecimento grande que possui três andares aparentemente.

A fachada da lanchonete tem tons claros e neutros, com algumas flores e folhas pendentes entrelaçadas por alguns cantos da parede. Uma porta simples fica no meio de duas janelas grandes de vidro, nos possibilitando de ver uma boa parte do estabelecimento daqui de fora. Em letras grandes, o nome do local é visto nas duas janelas "Read and Coffee" com alguns desenhos ao redor simulando pequenas flores e livros. O lugar é uma graça.

— Esse lugar é lindo!- Digo, encantada enquanto passamos pela porta. Esse pode vir a se tornar o meu lugar favorito.

— Eu disse. — Ryan diz ao meu lado, sorrindo fraco enquanto sentamos em uma mesa e eu ainda estou observando tudo ao nosso redor. - Eu imaginei que você ia gostar.

— Eu amei. — Finalmente me virei para Ryan, pegando ele me olhando com um sorriso e com um sentimento diferente transmitindo em seus olhos. Aquilo me desconcertou por um segundo, mas retornei ao foco. — Comida e livros em um lugar só. É perfeito.

— Eu concordo com você. — Ele concorda, ao mesmo tempo que levanta a mão para chamar o garçom. A lanchonete não tem muitas pessoas, a maioria são jovens adultos ou adolescentes, ou adultos cansados demais do trabalho. Acredito que por ser muito novo muitas pessoas não conheçam, mas acredito que daqui a um tempo esse lugar vai ser sempre cheio. É lindo. De acordo com Ryan faz menos de um mês que foi inaugurado, então eles ainda tem um longo tempo pela frente.

_ Agora definitivamente esse lugar é o meu preferido no mundo. — Anuncio assim que ouço a batida de Style da Taylor Swift começar a ressoar por todo o local em um volume baixo, o suficiente para todos ouvirem.

— Gosta da Taylor?

— Ela é minha diva. — Respondo, e no mesmo instante um garçom para na frente da nossa mesa para nos atender. Nós fizemos nossos pedidos rapidamente e logo ele sai, voltando ao balcão.

Olho para Ryan no mesmo instante que ele olha para mim, nossos olhares se encontrando como um ímã. Automaticamente.

Você tem aquele cabelo comprido jogado para trás, camiseta branca
Eu tenho aquela fé de boa garota
E uma saia curta apertada

Nossas respirações parecem sincronizar e todo o restante do mundo parece desaparecer quando essa parte da música começa e nossos olhares se conectam junto com a batida. Ryan tem algo que faz todos as partículas do meu corpo entrarem em combustão, em um estado de alerta que desperta todos os tipos de sensações dentro de mim.

Olhar para Andersen, ter ele perto e toca-lo é quase como um vício do meu corpo, é inevitável e automático olha-lo quando ele esta perto. Ou a vontade de passar a mão em seu cabelo bonito e arrumar os fios rebeldes, o desejo de sentir a sua colônia masculina e seu hálito de menta. De sentir seu corpo quente e seu toque que sempre arde meu corpo em chamas. Isso poderia ser assustador, todas as formas que minha mente e meu corpo reagem a Ryan são simplesmente diferentes de qualquer coisa já experimentada, e isso está longe de ser algo assustador.

— É uma música boa. — Ryan diz, ainda mantendo o contato visual.

— É ótima. — Acabo com a troca de olhares e respiro fundo, olhando para qualquer outro lugar menos para ele. Isso estava ficando estranho demais.

—Então, depois da gente comer quer dar uma olhada lá dentro?— Ele aponta com a cabeça para uma porta no fundo do estabelecimento, perto do balcão de atendimento. São duas portas grandes completamente de vidro, nos possibilitando de ver as diversas estantes cheias de livros e poltronas confortáveis lá dentro. É ainda mais lindo que a lanchonete.

- Com certeza. - Respondo, com um tom evidenciando o óbvio. Uma coisa que eu particularmente gosto e agradeço, é por nossos gostos serem parecidos em algumas coisas. Ryan gosta de livros tanto quanto eu, sei também que ele curte o mesmo estilo de música e essas duas coisas são melhores do que eu poderia querer.

Nossos pedidos chegam rapidamente, o que me faz ficar surpresa com a agilidade desse lugar. Eu com certeza vou voltar aqui mais vezes.

- Tem algum site desse lugar na internet?- Pergunto, depois de provar um pouco do smoothie maravilhoso de abacate. - Porque eu preciso elogiar ele.

- A gente pode ver depois. - Ele dá de ombros, sorrindo. Concordo. Uma coisa que eu ando percebendo é a forma como Ryan está sorrindo mais e com as feições mais leves. Algo que ele definitivamente não tinha antes.

- Sabe, Ryan?- Dou um sorriso de lado e ele me olha atento, esperando que eu continue. - Você vem sendo muito agradável nesses últimos tempos, de verdade. Eu só quero dizer que você até que é mais legal do que eu pensei.

Ele logo abre um sorriso maior, sem nenhuma provocação ou malícia. Só um sorriso simples e genuíno que evidência suas covinhas e seu belo rosto.

- Acho que algumas coisas que eu já pensei de você não são totalmente verdades e você é um cara bacana. - Torço o nariz, percebendo que isso está servindo para aumentar o ego dele e bufo em seguida. - Só precisa ser assim sempre.

- Eu já sabia que você gostava de mim, mas eu amei essa declaração. - Ele põe a mão sobre o peito. - Muito obrigado, pode continuar se quiser.

- Eu te odeio. - Resmungo, colocando o canudo da bebida na boca e bebendo uma boa quantidade para não ter que falar mais.

—:E eu sou o Michael Jackson. — Ryan sorri irônico e apoia os dois braços na mesa, seu corpo se inclinando para a frente.

- Essa é uma ofensa e tanto para o rei Michael Jackson. - Levanto uma sobrancelha, sorrindo com o canto dos lábios e apoiando o queixo no meu punho.

- Nossa, pra que tanto ódio gratuito?

Semicerro os olhos, olhando em seus olhos e arqueio uma sobrancelha. É tão estranho ver Ryan conversar e agir de uma forma tão leve assim, geralmente ele mantém a postura durona e a expressão fechada. Nos últimos dias ele parece estar mais falante e sorridente. Não que seja algo ruim, claro que não, mas continua sendo estranho e incomum para mim por vê-lo assim tão poucas vezes.

- Vamos terminar aqui logo, eu quero entrar lá. - Aponto com a cabeça em direção a porta da biblioteca.

- Sim, senhora. - Ryan acena e foca em sua comida, falando algumas coisas sem sentido de vez em quando e me irritando com seu deboche e sarcasmo. Somente fiquei ouvindo ele enquanto comia e apreciava a voz da Taylor Swift, cantarolando a música baixinho de vez em quando.

Ao terminarmos, pagamos a conta e fomos até a biblioteca, adentrando o vasto lugar. Logo na parede ao lado da porta tem um álcool em gel para passar em mãos antes de poder aproveitar o lugar, passamos ele e começamos a andar por um dos corredores.

O chão é revestido por um piso de madeira clara polida, as paredes variam em tons claros e neutros e as estantes por todo o lugar são escuras, largas e organizadas com livros pela ordem alfabética e gênero. Algumas poltronas nos cantos da parede e mais ao fundo são colocadas em pontos estratégicos para dar um ar aconchegante e simples. Duas janelas enormes de vidro, cobrindo quase toda a parede, iluminam o local com a luz solar.

- Ok, deixar eu tirar algumas dúvidas. - Eu falo, parando meus passos e me virando de frente para Ryan e ele faz o mesmo. - Primeiro: por quê exatamente você me convidou pra sair? É a segunda vez que você me chama pra fazer algo e eu queria entender. Até um tempo atrás você não fazia questão disso.

- Na verdade quem não fazia questão era você, sempre me evitando. - Ele balança os ombros, cruzando os braços sobre o peito e me olhando com uma sobrancelha arqueada.

- Tanto faz, eu tinha meus motivos. - Reviro os olhos, copiando sua pose. - Agora responde.

- Eu acho que não tem um motivo exatamente. Não sei. - Ele balança a cabeça, parando para pensar um pouco. - Nós estamos nos aproximando, conversando mais, tentando ser amigos, achei que sair seria uma boa. Pessoas fazem isso.

Por que eu sinto que não é somente isso que ele tem para falar e está ocultando algo?

- Tá bom. Segunda dúvida. - Deixo o pressentimento de lado e continuo. - Somos amigos, mas há alguns dias atrás nós estávamos aos beijos. Isso vai ser o que? Você pode me beijar a qualquer momento, eu posso? Porque amigos não fazem isso.

- Você está disposta a isso, Moranguinho?- Ryan sorri com o canto dos lábios. Reviro os olhos pelo apelido. - Eu sei que você ama meu corpinho, sem problemas se você quiser me usar de vez em quando.

- É sério. - Bufo, colocando minhas mãos nos bolsos traseiros da minha calça. - Há um tempo atrás a gente tava aos beijos e não sei o que mais na dispensa de uma casa, no outro a gente dormiu junto, na mesma semana nós nos beijamos duas vezes, uma vez diferente da outra. Isso não é algo comum que acontece entre amigos.

Ryan suspirou, olhando para a estante atrás de mim. Vejo o momento que seu pomo de Adão sobe e desce quando ele engole em seco e solta os braços, somente para colocar as mãos nos bolsos da sua jaqueta.

- Eu não sei, Evie. Se você quiser. - Ele volta a olhar para mim. - Nós dois sentimos uma atração um pelo o outro, eu sei que seu corpo responde ao meu e vice-versa. Poderia ser algo bom, talvez.

Eu precisava saber. Se nos intitulássemos somente amigos nós não poderíamos ficar nos amassos por aí porque isso não é algo que amigos fazem. Eu poderia estar pensando coisas erradas ou criar cenários na minha cabeça que não existem. Então para evitar dúvidas e desentendimentos futuros, o melhor foi perguntar sobre isso.

Diferente de algum tempo atrás, eu não tenho vergonha e nem medo de admitir que meu corpo reage sim ao Ryan, é inevitável. E se para suprir essas necessidades fosse necessário intitular algo ou conversar sobre o assunto, então iríamos fazer isso. Eu sou uma mulher que sente os prazeres e as estimulações que meu corpo oferece, Ryan é um homem que também tem suas necessidades que precisam ser atendidas. Duas pessoas que sentem o mesmo podem se aproveitar disso, e eu não vejo problema.

Claro que nenhum de nós precisamos disso tudo para ficar com alguém. Ryan tem mulheres e homens que caem aos seus pés, provavelmente ainda tem Jackie como sua ficante fixa. Tem alguns homens que se interessam por mim e Jeremy, que deixou bem claro suas intenções. Não seria problema para nós. Mas vejo isso como algo mais fácil e que resolveria qualquer eventuais problemas.

- Se colocarmos alguns limites nisso, tudo bem. - Eu concordo, balançando os ombros.

- Sem cobrar nada. Você fica com quem tiver vontade, eu fico com quem eu quiser e desse jeito a gente não se estressa.

- Sem rótulos. - Friso. Ryan somente afirma com a cabeça. - Então é isso.

- Mas vamos continuar desse jeito, sem mudar nada e nosso jeito de agir. - Ele se aproxima de mim, pegando minhas mãos e segurando com suavidade na frente de nossos corpos. - Se éramos amigos antes disso, vamos continuar sendo. Eu não quero que isso mude.

- E não vai. - asseguro, sentindo todo o meu corpo reagir a esse simples toque.

- Bom. - Andersen leva uma das mãos até meu cabelo, retirando um fio rebelde que caiu em frente ao meu rosto, e prende por trás da minha orelha. Ele mantém a mão ali, parada na lateral do meu rosto enquanto me observa. - Eu gosto do seu cabelo mais do que eu gosto de você. Ele é lindo, por favor, não muda ele.

Solto uma risada indignada, o olhando incrédula.

- Que ótima declaração. - Comento com ironia. Ryan ri, voltando o olhar para minha boca.

- Eu sei. - Ele afirma antes de aproximar o rosto do meu e juntar nossos lábios.

Por estarmos em um lugar público não podemos fazer muita coisa, então somente grudamos nossos lábios em um beijo lento, experimentando e se deliciando os lábios um do outro. Sua mão permanece na lateral do meu rosto enquanto a outra entrelaça nossos dedos e faz uma carícia de leve na minha mão. Percebo que essas carícias com os dedos são uma mania dele. Eu gosto. Minha mãe livre passa por sua nuca e cabelos, brincando com os fios enquanto sinto tudo que um simples beijo é capaz de proporcionar em meu corpo.

Nos separamos depois de um tempo, o bastante para conseguirmos olhar bem para o rosto um do outro. Ryan sorri de lado observando os detalhes em meu rosto, seus olhos brilhando, e eu sorrio fraco, dando um selinho nele antes de me afastar completamente e soltar nossas mãos. Senti imediatamente falta do calor de seu toque.

- Eu sabia que você gostava de mim, mas eu não sabia que era tanto. - Ele brinca novamente, me arrancando um revirar de olhos.

- Você consegue ser tão irritante as vezes, por Deus. - Além de estragar o clima, ou que quer que fosse. - Não me faça desistir.

- Você não vai. - Ele afirma, puxando minha cintura para si e colando nossos corpos. - Agora você não se livra mais de mim.

Ryan sorri, dando um beijo na minha bochecha e eu empurro seu corpo para longe do meu, respirando fundo para tentar livrar os pensamentos que estavam começando a aparecer.

No mesmo momento que eu iria revidar sua fala, a música que tocava troca novamente para uma da Taylor, me arrancando um sorriso largo.

- Aparentemente eles são fãs da Taylor Swift. - Ryan observa, olhando para a pequena saída de som de uma das paredes. A música é muito baixa. Por estarmos dentro de uma biblioteca, o mínimo silêncio é necessário, mas a música traz um toque mais familiar para o ambiente. Mesmo assim, quem não gosta de ler ouvindo música ou barulho não irá se incomodar com isso.

- Não reclama, isso é perfeito. - Pego sua mão, puxando ele para voltar a andar comigo.

Andando pelas estantes, olhando os livros e cantarolando a música, nós escolhemos um livro para ler e fomos até o canto da biblioteca para lermos. Sentamos nas poltronas, sob o som da Taylor e começamos a ler um livro de fantasia enquanto fazíamos comentários sempre que algo acontecia e trocávamos opiniões.

Nunca fiz isso com alguém, e eu adoro o fato de gostarmos das mesmas coisas, pois então achamos diversas coisas legais e interessantes para nós dois sem nos preocuparmos se outro vai odiar ou não. Livro é uma das minhas coisas preferidas no mundo, e somente por Ryan também gostar de ler, meu coração se enche de algum sentimento bom.