XXIV
❥ CAPÍTULO 24
Minha vida nos últimos dias tem mudado um tanto quanto rápido demais. Algumas coisas na minha mente vem reacendendo, assim como descobertas sobre mim mesmo nem tão surpreendentes assim. De alguma forma isso até que é bom, sinto que estou entrando, ou tentando, em uma nova fase da minha vida. Eu somente espero, de verdade, que seja algo bom.
— Aí, gente. — Justin fala animado, se jogando no sofá ao meu lado esquerdo e passando o braço por cima dos meus ombros. — Boate hoje a noite, topam? Direito a um DJ dos bons, dançarinas e tudo mais.
— A gente tá no meio da semana, cara. — Charlie bufa ao meu lado direito, os olhos presos no jogo que passa na tv. — Se aquieta em casa um pouco.
— Não tem dia e nem hora pra se divertir. — Justin fala após revirar os olhos para ele. — Vai ser uma noite foda, é sério isso?
— Ele tá certo, irmão. — Dou um tapa em seu ombro. — Não sei da onde você tira tanta disposição, mas nem todo mundo tem a mesma energia que você. A gente pode ir sexta ou sábado.
— Qual é a de vocês?— Ele nos olha indignado, se levantando e ficando em nossa frente com as mãos na cintura. Bufo, escutando os resmungos de Charlie por Justin estar em frente a televisão. — Geralmente vocês não negam nada. Só porque começaram os rolos de vocês aí vão abandonar mesmo? E aquele lance da gente ser irmão e sei lá mais o que? Esqueceram por causa de mulheres.
Eu solto uma risada fraca, achando graça de seu drama. Justin é meio sentimental as vezes, e acho que a nossa amizade é alto que ele tem medo de perder. O que é meio bobeira pensar que aconteceria por culpa de alguma mulher.
— Deixa de ser idiota, bobão. — Charlie puxa Justin sem nenhuma delicadeza, fazendo ele sentar no meio de nós dois. O'Connell ri, empurrando ele levemente e passando os braços por nossos ombros, em um abraço meio desajeitado.
— Você é dramático demais. Acho que vou trocar de amigo. — Brinco, levando um tapa forte na nuca, que chega me desconcerta por um segundo. — Vai pra puta que pariu, seu maluco.
— Ouse me trocar e eu te mato, desgraçado. — Apesar da fala nada amigável, ele mantinha um sorriso nos lábios. Me solto dele, empurrando meus dois amigos.
— Tô começando a desconfiar de você, Justin. — Estreito os olhos para ele, me levantando. — Tá preocupado demais com quem a gente sai.
— Vai atrás da sua dona, vai cachorrinho. — Ele sorri, me vendo ir até as escadas.
— Eu vou estudar, O'Connell. Diferente de você eu me esforço para as aulas. — Pisco para ele, sorrindo ladino.
— Diferente de você eu não preciso de ajuda pra estudar, burro. — Ele provoca de volta. Bufo, pegando a primeira coisa que eu vejo na minha frente e arremeso em sua direção antes que ele tenha chance de perceber. A pantufa pegou em cheio em sua cabeça, que me olhou com ódio. Antes que ele pudesse se levantar, Charlie segura ele revirando os olhos e respirando fundo.
— Vocês parecem duas crianças. Dá pra calarem a merda da boca e ficarem quietos? — Charlie se irrita, nos olhando com tédio. Levanto as mãos em rendição, me virando para subir as escadas, a tempo de ouvir Justin resmungar um "desculpa, papai" com deboche. Gargalho ouvindo as brincadeiras bestas dos dois lá embaixo.
Confesso, esses dois entraram em minha vida de jeitos estranhos, mas eu sou imensamente grato a isso. Justin e Charlie conseguem realmente tirar o melhor de mim sem se esforçar. São meus irmãos e por mais irritantes que sejam, sou grato a eles por tudo o que fizeram.
Com a mente um pouco mais leve, eu tomo um banho rápido e escovo os dentes, vestindo em seguida um conjunto de moletom para poder ir estudar com Evie. Pego minha garrafa de água gelada e minha mochila e desço para poder sair, encontrando somente Charlie na sala, ainda assistindo a final do jogo.
— Tô saindo. — Aviso, passando por ele.
— O que Justin disse é verdade, então?— Charlie indaga de repente. Paro de caminhar, olhando para ele com o cenho franzido em confusão. — Você tá de rolo com a Evie. De verdade.
Suspiro, não querendo ter essa conversa agora. Não quando eu estou confuso em relação ao que sinto. E não quando o que temos, se é que temos algo, é sem rótulo nenhum. Foi algo de uma noite, não posso dizer que temos um lance de verdade.
— Olha, cara. Sendo sincero, nem eu sei. — passo a mão no rosto, tentando achar um jeito de falar para ele sem que ele me soque por falar algo errado de sua irmã. Não que ele seja do tipo agressivo, Charlie é calmo até demais, mas se trata da sua irmã, então as coisas são em um outro patamar. — Me desculpa, eu não posso dizer que a gente tem algo e nem que eu sinto alguma coisa forte por ela. Mas sei lá, talvez a gente tenha um lance ou não, não sei.
— Se eu ver minha irmã chorando ou algo assim por causa de você, eu te prometo que acabo com você, e que se foda a nossa irmandade. — Ele avisa, sério. Primeira vez que ele realmente me intimida um pouco.
— Não se preocupa, cara, de verdade. Eu nunca faria nada de mau pra ela, sério. Eu gosto da sua irmã. — ele balança a cabeça e eu continuo o meu caminho, saindo de casa e subindo na moto para ir a biblioteca, com tudo isso sobre Evie na minha cabeça.
Nos últimos dias andei pensando demais nela. A forma como ela se disponibilizou para me escutar e conversar de um jeito mais íntimo e diferente comigo em um momento mais frágil ainda ronda na minha cabeça. Evie, de algum modo, tem me ajudado, mesmo que indiretamente e sem saber. E não falo dos estudos e sim de mim mesmo. Não diria que ela pode ser a salvação dos meus pensamentos sombrios, mas com certeza ela faz parte desse processo pessoal.
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— E aí, ruivinha. — Cumprimento Evie assim que a vejo sentada em uma das mesas no fundo do segundo da andar da biblioteca. Ela da um pulo de susto, quase caindo da cadeira. Rio de sua reação.
— Precisava chegar assim?— Ela diz com a não no peito, respirando fundo.
— Foi mal. — Sorrio, me sentando a sua frente. — Por que se assustou tanto? Tava fazendo algo dê errado, né?
— Eu estava lendo, não que seja da sua conta. — Evie revida, colocando o livro que antes estava em suas mãos, na mesa. — E focada demais pra perceber você chegando. Você me assustou.
— Sei bem o que você tava lendo. — Meus lábios se repuxam em um sorriso de lado enquanto observo Evie corar levemente.
— Cuida da sua vida. — Ela murmura baixo, guardando o livro em seus bolsa. Rio. — Vamos deixar de papo furado agora e começar o trabalho duro.
— Sim, senhorita. — Evie revira os olhos enquanto eu coloco minhas coisas em cima da mesa. — Vamos começar.
Consigo ver um pequeno sorriso em seus lábios quando olho para ela, a pegando olhando para mim fixamente. Pisco um olho para a mesma, que suspira e desvia o olhar para os cadernos. Sorrio de volta para ela, fazendo a mesma coisa.
Evie ainda não sabe, mas esses sorrisos que ela abre de vez em quando são o suficiente para abalar minhas estruturas e fazer meu coração bater feito louco. Ela tem um grande efeito sobre mim, se possível pode me ter em mãos. Isso me assusta um pouco, porque eu não tenho controle dos meus pensamentos quando estou perto dela.
Tudo em Evie é perfeito e insaciável. Me faz ter vontade de tê-la toda vez que eu a vejo. E isso pode soar ridículo, mas se Evie quisesse ela poderia acabar comigo sem fazer muitos esforços.
Teve pouca aparição da Evie nesse episódio, mas eu queria mostrar um pouco mais da relação do Ryan com os meninos, porque a amizade deles é a minha preferida e eu não estava mostrando muito.
O que acharam do capítulo? Não esqueçam do voto e dos comentários, eu gosto de ver.
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