XXII
❥ CAPÍTULO 22
— Uma pergunta... — Ryan indaga. Olho para ele, indicando que continue. Ele devolve o olhar, encarando meus olhos. — Porque você tá aqui comigo e me dando conselho?
— Você é muito curioso. — Balanço a cabeça, brincando. Ele solta um riso fraco. — Talvez eu seja uma pessoa muito boa. E pode ser que talvez você não seja tão desinteressante assim. Só talvez.
— Então você gosta de mim. — Ele diz mais como uma afirmação para si mesmo, com um belo sorriso enfeitando os lábios.
— Eu nunca disse isso. Continuo te achando um babaca às vezes.
— Mesmo assim sua visão sobre mim mudou, pelo menos um pouco. — Ryan balança os ombros, sorridente. — Um ponto pra mim.
— Não é grande coisa. — Dou um sorriso fraco de lado, mas escondo colocando meu queixo apoiado nos meus joelhos e olhando para o mar. — Para de ser emocionado.
— Tá bom. — Ele ri. O olho pelo canto do olho, observando seu perfil e guardando em minha mente suas características.
Ryan está com um pequeno sorriso nos lábios enquanto olha para frente, pensativo. Algumas mechas do seu cabelo escuro caem sobre sua testa, quase chegando nos seus olhos, e mesmo com alguns machucados espalhados pelo rosto ele continua bonito.
Não noto de imediato, mas Ryan percebe o meu olhar sobre si e me olha também.
— O que foi?— Não foi uma pergunta julgadora ou ofensiva. Seu tom de voz permanece baixo e o rosto neutro, não esboçando nada.
— Nada. — Balanço a cabeça vagarosamente para os lados, ainda sem tirar meus olhos dos dele.
Ele me olha com a mesma intensidade. O olhar cravado no meu, sem nenhuma reação. Sinto todos os pelos do meu corpo se arrepiarem quando ele me avalia por completo e molha os lábios com a ponta da língua, em uma respiração longa e única. Seu olhar para em minha boca rapidamente, sem disfarçar, e logo volta aos meus olhos. A forma como ele me olha faz algo ardente em mim acender, queimando todos os átomos do meu corpo.
Meu corpo fica em alerta quando Ryan se aproxima de mim, encostando nossas laterais. Nossos olhares cravados um no outro. Minha respiração acelera. Sua mão sobe até meu rosto, acariciando levemente. Meu olhar recai para seus lábios, pareciam atraídos. Meu corpo clama pelo seu, assim como parece que o dele também.
Aproximamos nossos rostos e sem demora encostamos nossos lábios. Começando com um selinho longo e casto, até sua língua pedir passagem e eu abrir levemente a boca, encaixando perfeitamente. Meu corpo arde em chamas quando sua outra mão passa pelos meus braços e costas, pousando finalmente na minha coxa e mantendo um aperto firme ali. Minhas mãos vão parar na sua nuca, numa tentativa de trazê-lo para mais perto de mim.
Ryan sabe o que faz. O jeito que suas mãos me seguram e acariciam meu corpo são o suficiente para ele me ter em mãos. De alguma forma, já me acostumei com seu toque. Com ele. Andersen tem mais efeito sobre mim do que eu gostaria de admitir.
Não é um beijo apressado. Sentimos os lábios um do outro e degustamos muito bem do prazer de nossas bocas juntas. Ao sentir minha região úmida e um arrepio no meio das pernas afasto meus lábios dele, finalizando um beijo com um selinho.
Ryan segura na minha nuca, mantendo meu rosto perto do seu. Consigo sentir sua respiração gelada contra meu rosto. Fecho os olhos, encostando minha testa na sua e respirando fundo, deixando meu coração se acalmar.
— Você tá muito bonita hoje. — Ryan diz, quebrando o clima. Solto uma risada fraca e ele me acompanha.
— Valeu. — Agradeço com a voz baixa. Ainda com meus olhos fechados, sinto quando ele se aproxima novamente e encosta os lábios nos meus. Um selinho inocente e longo, e que foi o suficiente para abalar todas as minhas estruturas.
Nunca imaginei que diria isso, mas por um momento me peguei pensando em como seria ter Ryan assim todos os dias. Vulnerável ao meu lado, conversando confortavelmente e falando sobre sua vida, me beijando com ternura. É bobo e estranho, mas parece que a minha cabeça se sente na liberdade de imaginar coisas malucas e longínquas em momentos mais íntimos com Ryan. Isso às vezes me pega de surpresa e me deixa pensando no porquê ele fica tanto em minha mente. As alternativas não são algo que eu gosto muito.
Assim que separamos nossas bocas, encostei minha testa em seu ombro, suspirando. Senti sua respiração ficando pesada e seus ombros se retesaram por um momento, mas logo ele relaxa e passa os braços pela minha cintura, me puxando para si. Ryan deita a cabeça em meu ombro, com o nariz no meu pescoço e me abraça apertado em seus braços. Envolvo meus braços no seu pescoço e retribuo o abraço repentino, mesmo sem entender muito.
— Obrigado. — Ele agradece, murmurando. Franzo as sobrancelhas, confusa.
— Pelo que?— Instintivamente, começo a fazer um carinho em sua cabeça.
— Por me escutar e me dar esse conselho. — Ele responde, o tom de voz baixo e mostrando sua fragilidade. — Por me dar mais uma chance e por me entender. Só obrigado.
Nunca ouvi tantos agradecimentos saindo de sua boca.
— Não precisa agradecer. — Coloco minhas mãos em seu rosto e movo até estar em frente ao meu, para poder olhar para ele. — Hoje nós dois colocamos coisas pra fora. Você também é um bom ouvinte.
Ele sorri fraco. Os olhos escuros cintilam com a luz da lua e de alguma forma eu vejo que tem algo de diferente em seu olhar. Ele está preso nos meus olhos. Parecem imãs que não conseguem se soltar. Ele não desvia os olhos dos meus e eu também não faço isso. Um sentimento bom enche meu peito, fazendo meu coração começar a bater feito louco e um formigamento preencher meu estômago. É uma sensação estranha, mas agradável, e que se torna ainda melhor quando Ryan coloca uma mão suavemente sobre meu rosto e acaricia a minha bochecha com o polegar.
Vejo seu pomo de Adão subir e descer quando ele engole em seco, ainda me encarando. Todo os pelos do meu corpo se arrepiam com seu olhar e toque. Alguma coisa está acontecendo, algo que eu não sei o que é e nem consigo explicar, mas é bom, é uma sensação boa.
— Evie... — Andersen balança a cabeça vagarosamente para os lados, com os olhos levemente arregalados e a boca entreaberta. Estreito os olhos para ele, esperando que fale. — Acho que tá na hora da gente ir.
Solto a respiração que nem havia notado que estava presa e me afasto dele, respirando fundo. Toda a bolha de sensações indo embora.
— É, tá tarde. — Passo a mão no rosto e me levanto, vendo as horas no celular; meia noite e quinze. — Nossa, tá tarde mesmo. Vamos voltar.
Ele concorda, parecendo mais pensativo e perdido do que antes. Ligamos a lanterna dos nossos celulares e ele pega em minha mão para irmos andando juntos. O seu toque é quente e caloroso, eu aceito de bom grado.
— Você me leva em casa?— Pergunto para ele quando já estamos na metade do caminho. — Riley falou que viria, mas não quero tirar ele de onde ele tá agora.
— Por mim tudo bem. — Ryan responde.
Uma brisa gélida nos atinge, me fazendo encolher meus braços e me tremer por um segundo, sentindo meu corpo se arrepiar pelo frio. Andersen no mesmo instante passa o braço sob meus ombros, me puxando para si e me esquentando com seu corpo quente. Não faz uma diferença tão grande, mas me deixa um pouco mais quente. Nunca esperaria um gesto assim vindo dele, mas não recuso e nem digo nada, seus braços são confortáveis e quentinhos.
— Como você é tão quentinho?— Passo um dos meus braços em sua cintura, me encolhendo em Ryan.
— Não sei. — Ele balança a cabeça, com um sorrisinho de lado enfeitando os lábios. Resolvo não dizer mais nada e ele faz o mesmo pelo resto do caminho.
Chegamos na parte da praia onde acontecia o luau e vemos ainda muitas pessoas, mas nem tantas quanto antes. A grande maioria bêbada ou ocupada demais conversando com seu círculo de amigos e apreciando a paisagem para notar as horas passando.
Conseguimos passar tranquilamente, por um canto vazio, sem ninguém atrapalhando nosso caminho ou nos observando. Quando chegamos na trilha me afasto de seu corpo, percebendo o quão estranha está sendo nossa noite, com tanta proximidade entre nós dois. Estar tão próxima assim de Ryan, nesse sentido, é incomum. E bizarro também o quão bom pode ser se eu coloco na cabeça que esse Ryan é o Ryan sensível e frágil que desabafa e expõe seus sentimentos, e não o Ryan babaca e egocêntrico que só liga para si mesmo e nada além disso.
Entramos no carro e ele começa a dirigir em direção ao meu apartamento. Ficamos em um silêncio confortável, apreciando a companhia um do outro ao som de sweet creature. Batuco os dedos na minha perna no ritmo da melodia calma da música, admirando a voz do Harry Styles. Fomos o caminho todo em silêncio, mas foi bem aceito.
— Obrigada. — agradeço quando ele para o carro em frente ao prédio.
— A noite foi boa. — ele diz. — Você até que é legal.
— Eu sempre fui legal. — sorrio, fitando-lhe. — Fica bem, Ryan. Boa noite.
— Boa noite, ruivinha. —Ryan sorri de lado. — Até segunda.
— Até segunda, Andersen. — dou um beijo em sua bochecha, pegando ele e a mim mesma de surpresa. Saio do carro antes que aja mais uma vez por impulso e aceno para ele antes de me virar e entrar no prédio rapidamente. Respirando fundo.
Me impressionei com Ryan essa noite. Antes, quando estávamos começando a nos conhecer, costumávamos conversar de vez em quando, falando coisas sobre nós mesmos, mas nunca nada tão sério e sensível como o que falamos hoje. Acredito que estejamos criando uma nova proximidade e mais intimidade, estamos confortáveis na presença um do outro e as coisas já não são tão desagradáveis e frustrantes para mim como era antes.
Com isso, estou disposta a deixar o que aconteceu no passado. Ficar pensando no que aconteceu e remoendo isso não faz bem para ninguém, então é melhor seguir a vida. Claro que nada foi deixado totalmente, ainda tenho medo de que algo do tipo aconteça novamente, mas vou permanecer com os pés nos chãos e não vou me permitir sonhar tão alto. Acredito que meu medo é a sensação de negligência e de indiferença, de começar a me envolver e ser deixada de lado, confesso que tenho que trabalhar um pouco mais nisso. Ryan é uma boa pessoa, que como todas comete erros, e eu estou disposta a tentar compreender mais ele e pelo menos tentar ajudar quando ele estiver se sentindo necessitado. A minha empatia por ele cresceu um pouco mais, admito. A noite de hoje só foi mais um empurrãozinho para mostrar o coração daquele homem.
Feliz ano novo!❤️
Muito obrigada a vocês que fizeram parte do meu ano aqui no Wattpad, não foi meu melhor ano no geral, mas de alguma forma eu gostei bastante do meu ano aqui na plataforma. Que esse ano seja ainda melhor para todos nós! Adoro vocês.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top