XLVI


❥ CAPÍTULO 46

Quando eu acordo de manhã, percebo que estou sozinha na cama, encolhida embaixo do edredom e com o cheiro do Ryan ainda no ar. Ele não deve ter saído há muito tempo. Respiro fundo e passo a mão no rosto, logo me sentando na cama e olhando para todos os lados, somente para confirmar que ele realmente foi embora sem deixar nenhum rastro. Eu me levanto da cama bocejando e me espreguiço. Ainda é cedo, eu consigo fazer várias coisas com calma nas próximas horas antes de ir estudar.

Antes de sair do quarto, eu noto pelo canto do olho alguma coisa em cima da cadeira e quando me aproximo, vejo um moletom grande e escuro, o mesmo que Ryan estava usando ontem. Não sei como não notei isso. Dou um sorriso de lado e visto o mesmo, que ultrapassa as minhas mãos e deixa somente as minhas pernas expostas. É bonito e tem o cheiro impregnado dele.

Ligo o celular assim que me sento na mesa na cozinha após ter feito minhas higienes, vejo que tem uma mensagem de Ryan pela barra de notificação e clico no aplicativo para ver o que ele enviou.

"Eu tive que ir embora cedo, ruivinha. Desculpa. Tenho que passar em casa antes de ir para a faculdade e não posso me atrasar. Ainda tá de pé o combinado de que eu vou te levar para a companhia, só me chamar. Bom dia, linda. Deixei meu moletom aí para toda vez que você ver matar a saudade, aproveita ele."

Reviro os olhos para a última mensagem e sorrio, dando uma resposta rápida nele antes de desligar o celular e começar a comer em seguida.

— E esse sorrisinho aí, hein?! — Riley aparece na minha frente, apontando para meu rosto com um sorriso ladino nos lábios. — Deixa eu adivinhar, tava falando com o Ryan?

— O que você acha?— levanto as sobrancelhas e ele dá de ombros, se sentando na minha frente.

— Então, o que tá rolando entre os dois? — meu amigo pergunta, me olhando com atenção.

Balanço os ombros.

— Eu não sei. — solto um suspiro. — Nós gostamos um do outro e estamos mais próximos ainda. Eu não sei exatamente o que tá acontecendo, mas é alguma coisa.

— Você tá apaixonada. — Riley diz em um tom de acusação, com um grande sorriso nos lábios.

— Eu acho que sim. — balanço a cabeça, sorrindo fraco. — Eu realmente gosto dele, meu Deus.

— Eu morreria pra ver você gostando do Andersen. — ele ri e eu acompanho. — No começo eu sei o que falei sobre ele, mas agora eu vejo que ele é um cara legal. Claro, o Ryan não é o tipo de homem que eu imaginei que você gostava, mas tenho que admitir que vocês combinam. Fazem o par perfeito.

Acredito eu, que nem em mil anos eu imaginaria estar assim agora, falando com Riley sobre o quanto eu gosto do Ryan e o que estamos tendo. Não tem pacatas suficientes para expressar o que eu sinto por ele e acho que, também não conseguiria explicar. Eu só... Eu gosto dele. Gosto dele pra valer. Acredito que o amo e, se antes isso me assustava, agora eu fico extremamente contente ao saber que o sentimento é recíproco. E seja lá o que estamos tendo agora, pode ser algo que vai se tornar alguma outra coisa no futuro, algo bom para nós dois.

— Obrigada por me trazer. — eu digo assim que saio do carro e fecho a porta, logo indo para o lado do Ryan. — E pelo moletom, eu gostei.

— Não precisa agradecer. — ele molha os lábios e segura meu queixo em seguida, levando meu rosto para perto dele e deixando um selinho em meus lábios. Eu sorrio. — Você fica ainda melhor com uma roupa minha.

Sinto minhas bochechas esquentarem e solto uma risada sem graça quando passo a mão no rosto. Ryan ri e sai do carro, passando o braço pelos meus ombros e me acompanhando.

— Você fica fofa com vergonha. — ele continua rindo.

— Para com isso. — cruzo os braços e dou um leve empurrão em seu corpo.

Nesse momento, Ryan já está bem ciente do efeito que causa em mim. Não tem porque esconder. Mas inegável o fato de eu não gostar nada do meu rosto corado sempre que ele faz algo assim, ele não perde uma oportunidade de fazer alguma brincadeira. Ryan sabe direitinho como me deixar sem palavras.

— Entregue, senhorita. — nós paramos assim que chegamos perto das portas de entrada. Me desvencilho do seu braço e seguro sua mão, olhando em seus olhos. — Nem um beijo de despedida?

Franzo os lábios e semicerro os olhos, fingindo pensar.

— Eu não sei se você merece.

— Eu sempre mereço, eu sou incrível! — ele levanta as sobrancelhas eu reviro os olhos, me aproximando dele somente para lhe dar um selinho. Ryan solta um resmungo. — Sério? Isso não é um beijo.

— É o máximo que você vai conseguir quando eu estou em um lugar profissional, com meus chefes podendo aparecer a qualquer momento.

A verdade é que, sim, além daqui não ser o lugar mais adequado para isso, eu penso que se começar a beija-lo de verdade não sei se vou conseguir parar.

— Então você vai ficar me devendo um beijo de verdade. — ele diz.

— Tá bom. — sorrio de lado, falando mais baixo e o olhando de baixo a cima. — Quando estivermos sozinhos eu pago o que devo.

Ryan me olha nos olhos, passando a língua nos lábios e logo depois desviando para coçar a nuca e olhar para o lado, respirando fundo. Meu sorriso se alarga.

Nenhum de nós tem tempo de falar mais nada após disso, pois algumas pessoas conhecidas passam e me cumprimentam.

— Oi, ruivinha. — um deles falam, parando a nossa frente. Mordo o lábio inferior.

— Oi, Chase. — dou um sorriso fraco. O braço de Ryan agora é passada na minha cintura e seu queixo é apoiado na minha cabeça enquanto ele fica atrás de mim, comigo em seus braços.

— E aí, cara. — ele olha para Ryan atrás de mim e estende a mão, com um sorriso amigável. Olho para o homem atrás de mim com um sorrisinho no rosto, que, com uma carranca, aperta a mão de Chase rapidamente. — Prazer.

Ryan apenas acena com a cabeça. Respiro fundo.

— Chase, esse é o Ryan. — eu digo, tentando amenizar o clima estranho. — Ryan, esse é o Chase... Ele dança comigo.

O olhar de Chase oscila de mim para Ryan, com uma expressão pensativa e logo depois balança a cabeça. Dando um sorriso sem graça.

— Te vejo lá dentro, Evie. — ele acena e indica o estabelecimento atrás dele. — Tchau.

Eu balanço a cabeça e ele se vai, logo sumindo das nossas vistas. Respiro fundo e me viro para Ryan assim que Chase já não é mais visto. Seguro suas mãos novamente e Ryan me olha sério, com as sobrancelhas abaixadas.

— Quantas pessoas mais te chamam assim? — ele indaga e eu franzo as sobrancelhas. — De ruivinha.

— Só você. — dou de ombros. — Ele me chamar assim foi puro acaso, não é um apelido muito original.

— Vou ter que inventar um novo? — ele faz uma careta e eu rio, negando com a cabeça. A possibilidade dele ter sentido ciúmes ou algo assim me afeta, meu estômago parece se agitar, assim como o arrepio que sobe pela minha coluna. É uma sensação estranha, mas não ruim.

Não que ele tenha motivos para algum dia sentir isso. Além do apelido, Chase é uma pessoa legal, mas não passa de um colega. Nunca iria pensar em algo diferente.

— Não precisa. — sorrio e dou outro selinho em sua boca. — Você é a única pessoa que me causa algo diferente quando me chama assim. A única com quem eu sinto algo.

E lá vem seu ego alto...

— Bom saber disso. — ele sorri e deixa outra beijo em minha boca. — Me sinto honrado em ser especial assim.

— Não sinta muito. — pisco um olho e solto suas mãos, suspirando. — Eu tenho que ir, não posso me atrasar.

Ele faz um biquinho e concorda com a cabeça.

— Quer sair comigo? Em um encontro? — ele pergunta, como se não fosse nada. Me seguro para não arregalar os olhos, sentindo meu coração acelerar. Ele me pegou de surpresa.

— Um encontro? — um encontro de verdade. — Claro. Sim, pode ser.

Eu já saí com Ryan outras vezes, mas em nenhum delas nos estávamos tendo algo assim. A possibilidade do encontro pode elevar o nível das coisas. Eu estou nervosa com isso, mas acredito que a felicidade ultrapasse. É incomum todo esse sentimento, tanto que chega a ser ótimo.

— Feito. — ele sorri, mostrando suas covinhas. — Te ligo depois pra combinar. Até, linda.

Ele me puxa pela cintura, grudando nossos lábios em um selinho demorado e me arrancando um sorriso.

— Até.

....

— Tem certeza, Ryan? — Charlie pergunta, pela última vez.

— Sim. — assinto. — Por mais que eu esteja querendo acabar com aquele cara, fazer algo com as próprias mãos pode ser prejudicial pra gente. Não quero que isso se eleve para alguma outra coisa pior.

— Tudo bem. — ele respira fundo e se afasta, com o celular no ouvido.

Decidi, por fim, acabar com toda essa história do Avery de uma vez só. Por mais que eu queira ver ele se acabando, por mais que eu queria dar uma bela surra naquele rosto arrogante, eu não vou fazer isso. Eu já fiz isso por muito tempo na minha vida e nunca acaba muito bem. A violência pode ser boa para dar uma lição quando as pessoas merecem, mas nem sempre funciona. Somente conversar com alguém que possa levar ele para a cadeia é o suficiente.

No fim das contas, Justin foi atrás de saber mais sobre o posto de gasolina e, como suposto, havia câmeras de segurança lá, porém estavam em cantos estratégicos e que as luzes não pegavam muito bem. Se fizermos uma denúncia, a polícia pode usar as imagens das câmeras como provas e se fizermos ele confessar ou se qualquer outra pessoa que Avery já fez algo contra decida falar também, ele vai ficar um bom tempo lá e não vai existir papai mais rico e imundo que ajude ele.

Charlie está conversando com a amiga da irmã dele que é juíza, para saber o que podemos fazer em casos assim. Se ela quiser ajudar, vai ser melhor ainda.

Eu já estou com problemas com o meu pai, me aprofundar mais nessa história com Avery não é uma boa ideia. Além de ser uma luta de uma pessoa só, já que ele decidiu fazer grande caso por porcaria nenhuma. Então não vou mexer muito meus dedos para acabar com uma pessoa que já cavou sua própria cova.


Obrigada pelos 50k!!! ❤️❤️❤️

Adivinhem só quanto falta pra acabar?  😭😭

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