XLII
❥ CAPÍTULO 42
Eu termino de arrumar a minha cama, deixando de um jeito confortável com os muitos travesseiros e o melhor edredom que eu tenho. Planejo passar essa noite embaixo das cobertas, no meio dos meus travesseiros macios, vestida em um pijama maravilhosamente confortável e lendo alguma coisa. Eu provavelmente não vou conseguir dormir, algo simplesmente não me deixa pegar no sono.
Eu desligo o celular e me deito, deixando a luz noturna ligada e abrindo o Kindle. E os planos passar a noite em claro fazendo algo que me dê paz vão por água a baixo quando eu ouço a campainha do apartamento ser tocada não uma, não duas, não três, mas cinco vezes seguidas.
Eu bufo e cubro meu corpo todo, imaginando que talvez seja um engano. Charlie não viria aqui sem avisar e nem se não fosse algo importante no meio da noite, o mesmo para Sarah, e Riley está trabalhando, além de morar aqui e não precisar tocar a campainha. E a única outra pessoa que poderia ser, não está nem perto daqui.
Penso em ignorar quando, mais uma vez, a pessoa volta a tocar a campainha. Dessa vez somente uma vez. Eu respiro fundo e me levanto da cama mesmo não querendo. Estava tão confortável. Visto um robe qualquer, cobrindo todo o meu corpo e ando em passos curtos até a porta.
— Eu estou indo, calma. — eu resmungo enquanto procuro a chave, após, dessa vez, esse alguém bater na porta de um jeito ritmado três vezes. — São nove da noite, cara.
Abro a porta com o cenho franzido e quando meu olhar recai para a visão que eu tenho a minha frente, eu sinto meu corpo gelar por um segundo.
—Oi, Evie. — ele diz, a voz falhando e seu corpo mal se sustentando em pé. Meu corpo está paralisado e meus olhos arregalados enquanto eu olho para ele, é como se eu estivesse em pane. — Desculpa aparecer assim essa hora, ainda mais depois de ficar fora esses dias. Aqui foi o lugar mais perto que eu achei e não sei se conseguiria andar mais, eu...
— Tá tudo bem, Ryan. Não precisa explicar. — eu interrompo ele quando meu corpo aparenta voltar ao normal e me aproximo dele, segurando seu braço e passando por cima do meu ombro para ajudá-lo a andar. Ele realmente não está andando muito bem. — Só vamos entrar aqui e depois você pode falar o que quiser.
Ryan está mal. Muito mal. Eu digo isso no sentido de quase todo o corpo dele estar coberto por algum machucado ou sangue. Ele está horrível e eu não faço ideia de como o porteiro permitiu alguém subir desse jeito sem nem avisar antes ou protestar. Eu fico desesperada olhando toda a situação.
Eu ajudo Ryan a sentar no sofá e ele joga a cabeça para trás no encosto do estofado, respirando fundo e fechando os olhos.
— Ryan, ei. — coloco a mão delicadamente no queixo dele, com medo de encostar em algo ferido e piorar. Me sento ao seu lado e o olho com atenção. Ele só resmunga algo em resposta. — Abre os olhos pra mim, por favor.
Ele assim o faz, devagar e depois de alguns segundos. Ele parece cansado. Esse olhar cansado e meio perdido em seus olhos me faz mal. Me faz muito mal ver ele desse jeito. Meu coração parece ficar menor.
— A gente precisa limpar esses ferimentos e fazer alguns curativos, pode ser? — perguntei com calma e ele assentiu devagar com a cabeça. — Vamos tomar um banho.
Eu me levanto e estico a mão para ele, que hesita um pouco, mas logo está se levantando com a minha ajuda e indo ao banheiro comigo. Ele deixou alguns resquícios de sangue no sofá e no tapete, mas essa não chega nem perto das minhas principais preocupações agora.
Coloco Ryan sentado no vaso sanitário e retiro sua camisa com a ajuda dele, que soltou alguns resmungos de dor no processo, que quase me fizeram se afastar para não machucá-lo mais. No seu abdômen tem algumas marcas roxas e outras vermelhas, que imagino que ficarão piores mais tarde. Retiro seus sapatos, meias e, com um pouco de dificuldade, sua calça. Ryan não parece se importar muito já que fica quieto durante todo o tempo e só sua respiração pesada chega aos meus ouvidos.
— Eu imaginei outras coisas para quando fossemos tomar banho juntos, nunca algo assim. — Ryan diz, a voz baixa e um pouco falha. Olho para ele, depois de colocar as roupas no cesto, e respiro fundo. Ele me olha com os olhos quase fechados e o resto do corpo encostado na parede. — Mas isso vale também.
— Não, não vale. Isso é ruim. — eu levanto as mangas do robe e ligo a água para encher a banheira em uma temperatura quase quente. Lá fora está frio, ele deve estar congelando.
Eu deixo a banheira enchendo enquanto pego uma toalha molhada para, pelo menos, tirar o excesso de sangue e eu conseguir ver melhor o seu rosto.
— Você tá tremendo, Evie. — Ryan coloca as mãos sobre meu pulso, segurando com suavidade e me fazendo parar de limpar seu rosto. Eu balanço a cabeça para os lados.
— Não, eu não estou. — eu solto minhas mãos e volto a fazer o que estava fazendo antes, quase não encostando nele, com medo de que ele sinta mais dor. — Eu estou bem.
— Evie... — ele volta a me segurar e afasta as minhas mãos, olhando no meu rosto. — Você pode parar, não precisa fazer isso. Se acalma.
Eu respiro fundo e jogo a toalha na pia, em seguida passando as mãos no rosto com força. Meu coração está acelerado e os meus movimentos são quase limitados pelo tremor que eu sinto no meu corpo, que eu não havia percebido antes. Eu sinto medo e angústia, algo que eu não sinto tem tanto tempo que chega a assustar.
— Me desculpa. — eu respiro fundo e balanço minhas mãos, na tentativa falha de fazer isso melhorar. — E eu estou aqui com você, eu vou te ajudar. Eu preciso fazer isso.
— Se é pra fazer você se sentir assim, então não. Eu não quero que você fiquei mal. — ele nega.
— Eu estou bem, Ryan. — me aproximo dele e seguro em suas mãos enquanto o ajudo a se levantar. — Você que precisa de cuidados hoje, então relaxa.
Eu levo ele até a banheira, mesmo sob alguns resmungos dele, e o ajudo a entrar e se sentar.
— Eu lembro uma vez que você falou que não se importaria comigo nem se minha vida dependesse disso. — Ryan começa, enquanto está com a cabeça encostada na banheira e com quase todo o corpo submerso enquanto eu passo a esponja em seus braços com o máximo de cuidado possível. — Agora você tá me dando banho como se eu fosse um bebê e está toda nervosa porque eu estou machucado.
— É sério que você vai brincar com isso? — eu olho com o semblante sério para ele, meus olhos com a visão um pouco desfocada.
— Eu só quero melhorar o clima. — ele dá de ombros e tem um sorrisinho de lado nos lábios. — Isso não é grande coisa, é sério. Geralmente, descontrair um pouco acaba fazendo com que a coisa não fique tão ruim.
— Por que você fala assim? — solto um suspiro. Eu limpo a esponja e em seguida começo a passar a mão com suavidade sobre o seu rosto, para lavar com cuidado. Eu sinto vontade de chorar. — "Não é grande coisa, "geralmente", "a coisa". Você está machucado, Ryan. Alguém fez isso com você. Não tá nada bem. Por que você tá tão tranquilo com isso?
— Eu não estou tranquilo. — ele fecha os olhos e respira fundo, deixando todo o espaço de sua cabeça e pescoço livres para mim. — Mas já aconteceram coisas piores comigo e isso não chega nem perto.
Eu mordo meu lábio inferior e paro as minhas mãos, olhando para Ryan com as sobrancelhas franzidas. Ele abre os olhos depois de um tempo e me olha confuso por eu ter parado de repente e estar parada.
— O que foi?— ele sussurra, esticando a mão para pegar a minha. Eu balanço a cabeça e sinto as primeiras lágrimas descendo pelo meu rosto quando eu abro os braços e abraço o pescoço de Ryan sem muita força, encaixando meu queixo na curva de seu pescoço e fechando os olhos. Eu me molho um pouco com isso, mas não me importa agora estar encharcada.
Ele arfa, parecendo surpreso, mas não demora muito para passar os braços em meu corpo e me envolver com o resto da força que lhe sobra.
— Você tá chorando, Evie?— ele pergunta baixinho. Eu estou chorando, mas eu não respondo sua pergunta. — Tá tudo bem. Por favor, não chora.
— Quem fez isso com você? — eu paro de abraçar ele para olhar em seus olhos e seguro seu rosto com minhas mãos, porém os braços de Ryan continuam envolvendo meu corpo. Ele me olha e suspira pesaroso. — Se você diz que já aconteceram coisas piores, então não é a primeira vez. Você tem que falar, por favor, Ryan. Quem fez isso?
— Você não precisa saber.
— Sim, eu preciso. — fungo. — Eu quero te ajudar.
— Eu te conto depois, pode ser? — ele pega uma das minhas mãos e beija ela, em seguida segurando com firmeza enquanto faz uma carícia leve. O toque me causa arrepios. — Eu vou te contar tudo, mas aos poucos. Eu preciso de um tempo.
Concordo.
— Tá bom, desculpa. Isso me deixa nervosa. — respiro fundo e solto minha mão, em seguida me levantando. — Eu vou deixar você terminar o banho sozinho, tudo bem? Eu vou procurar uma roupa pra você e ver se eu tenho algum remédio. Me chama quando acabar.
Ele assente com a cabeça enquanto relaxa na banheira e me olha. Sorrio fraco e começo a me afastar.
— Evie. — ele me chama quando eu estou chegando na porta. Eu me encosto no batente e olho para ele novamente, que tem um sorriso fraco nos lábios que não chega aos olhos. — Obrigado.
— Não precisa agradecer, Ryan. — balanço os ombros. — Eu te ajudaria de qualquer jeito.
— Eu sabia que você me amava. — seu sorriso se expande no rosto cansado e machucado e sua voz sai rouca.
Eu solto uma risada fraca e passo a mão no rosto para secar os resquícios de lágrimas.
— humrum. — eu somente murmuro e me viro, saindo do banheiro e fechando a porta atrás de mim para lhe dar privacidade.
Ao sair, eu finalmente consigo respirar um ar que eu não havia percebido que estava segurando. Vou para o meu quarto e me sento na ponta da cama, colocando as mãos sobre o rosto e tentando processar com calma tudo o que aconteceu nesses longos minutos anteriores.
Eu esperava encontrar Ryan e conversar com ele, mas não esperava nada desse jeito. Ver Ryan machucado, frágil e vulnerável não é algo que acontece com muita frequência. Às vezes eu fico até surpresa quando o vejo assim, sem toda a sua postura que não se abala por nada. De novo, ver Ryan desse jeito faz algo dentro de mim se despedaçar e o choro é quase que inevitável. Eu poderia ter dito muitas coisas há alguns meses atrás, quando ainda não o suportava, mas definitivamente nunca quis que algo ruim lhe acontecesse. É cruel demais.
Eu me preocupo com ele, agora mais do que nunca. E talvez tudo isso seja um incentivo para mim mesma, para eu admitir que, eu posso estar sentindo por ele algo a mais do que eu já disse alguma outra vez. Eu sinto muito mais. E esse sentimento pode ser o empurrãozinho que precisamos para pôr um ponto final na relação que temos e começar uma nova página.
— Eu poderia ir pra casa, sabia? — Ryan se senta na minha cama quando eu peço e já começa a falar. Apesar de seu rosto e voz aparentarem sono, ele está um pouco melhor do que estava antes. Agora ele fala com mais nitidez e até faz piada. — Eu não quero atrapalhar nada.
Eu bufo, olhando séria para ele.
— Eu disse que vou cuidar de você hoje e vou de ajudar. Para de falar essas coisas, eu quero você aqui. — me sento ao seu lado e o empurro para trás com cuidado, fazendo ele se encostar na cabeceira da cama, o que me dá mais espaço para conseguir fazer os curativos em seu rosto. — Agora fica quietinho e deixa eu fazer isso.
Ryan dá de ombros e fica me olhando com um sorrisinho fraco nos lábios enquanto eu começo a cuidar das feridas em seu rosto. Está ainda pior do que a última vez que eu vi ele machucado, que perto disso parecia ter ido só alguns socos meia boca. Engulo em seco e começo a limpar com cuidado a área ao redor, ouvindo seus suspiros de vez em quando toda vez que encostava em alguma área ferida, o que era quase tudo.
A região ao redor do olho direito provavelmente iria ficar roxo e precisaria de um bom remédio e bastante gelo. Ele tem cortes no supercílio, no canto dos lábios e na sua bochecha é evidente uma grande marca vermelha, que eu duvido muito ter sido por causa de um soco e iria ficar muito pior. Acredito que essa seja a parte que mais está doendo, já que somente de encostar perto ele geme de dor.
— Tem certeza que não quer ir ao hospital?— eu pergunto, colocando a minha mão ao lado de seu rosto e fazendo ele olhar para mim. — Eles vai saber fazer isso melhor que eu e pode ter acontecido algo mais sério.
— Não. — ele balança a cabeça devagar. — Eles vão fazer perguntas, podem chamar a polícia e eu não quero pensar muito nisso agora. Eu vou ficar bem e você é ótima.
— Eu não gosto de te ver assim. — confesso, sentindo um nó se formar na minha garganta. — Vai ser bom eles darem uma olhada no seu olho e talvez nisso na sua bochecha.
— Não, Evie. — ele coloca uma mão entre meus cabelos, parando em minha nuca enquanto me olha com firmeza. Solto um suspiro. — Não se preocupa com isso, eu vou ficar bem. E eu realmente não quero lidar com isso agora, só tentar descansar. Tudo bem? Você tá cuidando disso muito bem, eu acho que vou fazer de você minha médica particular, toda vez que eu me machuca você vai cuidar de mim.
Eu dou um tapa fraco com as costas da minha mão no seu ombro e retiro a dele da minha nuca, segurando e olhando com um pouco de irritação para ele, ou tentando, já que nem brava eu consigo ficar agora.
— Para com isso, não vai ter uma próxima vez. — eu respiro fundo, me afastando um pouco para pegar mais coisas na maleta de primeiros socorros.
Meu irmão mais velho e a Brooke fizeram eu e Charlie comprarmos uma, assim que falamos que iríamos morar sozinhos, já que, segundo eles, nunca se sabe quando uma emergência pode acontecer. E eles meio que estavam certos, dado a circunstância que estamos agora. De todo o tempo que eu tenho essa caixa, deve ser a terceira ou quarta vez que eu uso.
— Por que? É legal ter você cuidando de mim, eu fico pertinho de você. — Ryan da um sorriso ladino enquanto diz e puxa minha cintura com os braços enquanto me abraça e deita a cabeça no meu peito, enquanto me olha fixamente com aqueles olhos escuros e profundos.
Eu mordo meu lábio inferior e solto um suspiro nervoso, sentindo meu coração acelerar e um friozinho bom na barriga. Olho para ele e passo uma mão no seu cabelo úmido enquanto sorrio de lado.
Ryan tomou banho com os sabões que eu uso e passou o meu shampoo no cabelo, o que significa que ele está com o mesmo cheiro que o meu. Confesso que gostei quando ele apareceu no quarto cheirando igual a mim, me deixou um pouco feliz admito. Ainda mais o Ryan, que já disse várias vezes o quanto gostava do aroma do meu cabelo. Senti que ele gostou também.
— O que? — eu levanto uma sobrancelha para ele, que ainda me olha como se estivesse tentando adivinhar meus pensamentos.
— Nada. — ele balança a cabeça e encosta seus lábios nos meus, me dando um selinho rápido antes de me soltar e voltar a se encostar na cabeceira da cama. Ele ri baixinho e eu seguro um sorriso, me virando de costas para ele para pegar uma pomada e molhando os lábios com a ponta da língua.
Não é hora para pensar em nenhum tipo de coisa que não seja ajudar ele. É o que eu tento dizer para mim mesma.
— Pode tirar a camisa? — eu pergunto quando volto a olhar para ele, que levanta as sobrancelhas depois de eu dizer e dá um sorriso sacana.
— Já assim, mulher? Nem um encontro antes?
Eu não lhe respondo, somente cruzo os braços olhando para ele com o semblante mais repreendedor e sério possível. Ele observa meu rosto antes de levantar as mãos em rendição e tirar a camisa devagar enquanto ri baixinho. Ryan também resmunga quando termina de tirar a peça de cima, fazendo uma careta enquanto se mexe desconfortável.
— Onde está doendo?— eu olho para seu tronco, enxergando algumas partes vermelhas e outras já roxas, além de alguns cortes superficiais onde estavam sangrando antes. — Por que não mostrou isso antes?
Quando ele chegou e quando estava tomando banho, não era possível ver muitas das feridas por conta do sangue espalhado. Não tinha como saber o que estava machucado ou não ou se aquilo era de um machucado só, agora eu vejo que está pior do que eu imaginei.
— Não percebi que estava doendo tanto antes. — ele murmura com o cenho franzido enquanto olha para si mesmo.
Respiro fundo e limpo os cortes, que não precisam de muita atenção por ser algo superficial e logo sarar, e logo depois passo uma pomada nas mãos para passar no resto dos hematomas.
— Posso?— aponto para ele mesmo, que dá de ombros e fecha os olhos quando eu encosto nele. Ryan deita a cabeça na cabeceira e respira fundo. — É um pouco gelado no começo, mas depois fica bom.
Eu digo e começo a passar com suavidade a mão com pomada em um dos hematomas, massageando de um jeito que não o machuque. Seu corpo se retrai no primeiro toque e ele solta um resmungo, mas eu continuo e não demora muito para Ryan relaxar mais.
Eu faço massagens em quase toda a parte de seu tronco, visto que contém vários hematomas e Ryan não faz questão de reclamar ou dizer alguma coisa. Ele fica por tanto tempo parado que eu começo a desconfiar se ele está dormindo.
Enquanto ele fica quieto com seus pensamentos, eu resolvo fazer o mesmo. Eu realmente quero saber quem foi a pessoa (ou pessoas) que fizeram isso com Ryan. O que aconteceu para levar a isso tudo e o que ele vai fazer para eles pagarem. Eu quero saber onde ele estava esse tempo todo e se tem alguma coisa a ver com quem fez isso, o porquê ele não respondeu nenhuma mensagem e quero lhe dizer o que venho guardando e descobrindo recentemente. São tantas coisas.
Porém eu não vou fazer isso agora, não vou fazer perguntas. Eu vou simplesmente deixar ele relaxar e ficar melhor para poder me contar o que quiser contar e quando as coisas ficarem melhores, nós podemos resolver tudo. Agora eu somente quero ver ele ficando bem.
— Você tá acordado, Ryan? — eu pergunto assim que termino de passar a pomada e a pequena massagem vindo de brinde.
Ele abre os olhos devagar e assente com a cabeça lentamente enquanto murmura.
— Você vai beber uma água, tomar um remédio e dormir, pode ser? — eu pergunto e ele assente. Me levanto da cama pegando todas as coisas e olho para ele antes de sair. — Não dorme!
— Pode deixar.
Eu o olho uma última vez antes de me virar e apagar a luz, deixando somente a luz noturna ao lado da cama ligada. Saio do meu quarto, indo para a cozinha e guardo tudo, jogando no lixo o que eu usei e não pode ser usado novamente. Lavo as mãos antes de pegar uma garrafa de água, um remédio para dor e voltar para o quarto.
Eu paro na porta quando vejo Ryan deitado na cama abraçado a um travesseiro meu, com uma estampa de várias sapatilhas e pequenas flores coloridas espalhadas pelo tecido, que eu ganhei quando era mais nova. Eu gosto dele e é um dos meus favoritos, tanto que durmo todas as noites com ele por ter um valor sentimental grande para mim. É infantil, porém eu gosto. E de alguma forma, ver Ryan dormindo com uma das minhas coisas preferidas me faz abrir um sorrisinho e ter vontade de ver isso todo dia.
Me repreendo pelo pensamento e tiro o sorriso do rosto assim que volto a consciência, bufando e colocando a água e o remédio na mesinha de cabeceira antes de me sentar ao seu lado.
Estico a mão para tocar em seu braço, mas antes mesmo que eu consiga ele levanta a cabeça rapidamente e olha para os lados pedido antes de parar o olhar em mim e suspirar, se sentando novamente.
— Você está bem? — ele parecia assustado logo quando levantou, apesar da sua feição estar mais suavizada agora.
— Sim. — ele concorda e passa aos mãos no rosto enquanto respira fundo. — Foi mal. Eu acabei deitando e acho que cochilei, me assustei quando senti você chegando perto.
— Desculpa então, eu só queria ver se você estava dormindo mesmo.
— Não, não se desculpa. Tá tudo bem. — ele balança a cabeça e eu assinto, mesmo sentindo que ele não estivesse tão bem na teoria.
Eu dou a garrafa de água para ele e o remédio, que logo toma sem falar nada e nem protestar, bebendo quase toda a água e colocando na mesinha novamente ao terminar, tudo enquanto eu fico observando ele, sentada ao seu lado na cama e abraçando minhas pernas, com a bochecha encostada no joelho.
— O que foi? — Ryan pergunta quando me nota olhando para ele e encosta a cabeça na parede atrás da cama enquanto me olha.
Balanço a cabeça para os lados devagar, sem mudar de posição.
— Só tô feliz que você está melhor e por estar aqui agora.
Ele assente.
— Eu vim porque eu confio em você. — ele diz baixinho, quase em um sussurro e eu dou um sorriso fraco.
— Eu confio em você também, Ryan.
Ele retribui o sorriso e tomba a cabeça para o lado enquanto ainda me olha.
— Obrigado.
Balanço a cabeça e resolvo me mexer, me deitando na cama e abrindo espaço para Ryan. Jogo uma parte do cobertor para ele e deito a cabeça no meu travesseiro enquanto olho para ele, esperando o mesmo deitar também.
— Deita aí, você tem que dormir e descansar, ou pelo menos tentar. — falo mais baixo a última parte e ele assente antes de respirar fundo e se deitar do meu lado, cobrindo metade do corpo com o cobertor.
Ryan está sem a camisa, uma das muitas camisetas de Charlie que eu acabo pegando de vez em quando sem ele saber. Ryan é um pouco maior que o meu irmão e tem mais músculos, a blusa coube, porém ficou apertada em alguns lugares, imagino que esse seja um dos motivos para ele ficar sem, além dos machucados.
Não que eu esteja reclamando, o meu pijama também não cobre muita coisa também. O conjunto de baby doll preto não parece lhe incomodar muito, de qualquer jeito.
— Você vai conseguir dormir? — pergunto para ele em um tom mais baixo. Estamos deitados na cama com nossos corpos de lado, de forma que estamos um de frente para o outro.
— Eu não sei. — ele balança os ombros, com a voz mais baixa ainda. — Talvez eu cochile um pouco, eu estou cansado.
Assinto com a cabeça e antes de pensar muito e desistir, eu me aproximo mais dele e passo meus braços pelo seu corpo, em um tipo de abraço. Sua cabeça repousa em meu peito e ele fecha os olhos enquanto abraça minha cintura com firmeza. Todo meu corpo reage a ele quase que instantaneamente, meus pelos se eriçam e um arrepio sobe pelos meus braços.
Ryan não questiona o porquê disso e nem fala nada, somente me abraça. Ele parece entender que se perguntar eu não vou conseguir responder. Eu só tive vontade de fazer isso, de ter ele perto desse jeito. E parece que hoje qualquer tipo de timidez ou nervosismo com ele sumiu, então por que não arriscar?
Uma de minhas mãos parem em sua cabeça, fazendo um carinho em seu couro cabeludo enquanto a outra repousa em suas costas.
— Eu vou ficar com o mesmo cheiro que você. — ele murmura, com o rosto encostado no colo do meu peito. Eu consigo sentir sua respiração quente em mim. Causa reações loucas em meu corpo, mas eu permito continuar assim.
— Vai sim. — eu murmuro de volta, olhando para ele do jeito que dá.
— Legal. — sua voz sai mais baixa ainda e mais arrastada. — Você tem boas mãos, continua com a massagem.
Eu solto uma risada fraca e planto um beijo na sua cabeça, continuando com o cafuné como ele pediu.
— Boa noite, Andersen. — eu digo em um tom de voz mais baixo. Ele provavelmente já vai dormir.
— Boa noite, ruivinha. — eu sorrio com o apelido e desligo a luz que resta no quarto, deixando tudo completamente escuro, e pego o Kindle em cima da mesinha de cabeceira, voltando ao que eu estava planejando antes dele aparecer aqui de repente.
Não vou conseguir dormir agora, não com toda a situação do Ryan na minha mente. Eu fico contente por ele estar aqui agora, mas não anula o fato de que alguém fez isso com ele e que se fez uma vez, pode fazer de novo. A única coisa que me passa na mente agora é em como o Ryan pode estar se sentindo, como ele vai estar se sentindo quando acordar e o que ele vai fazer.
Foi atormentador ver ele aparecendo na porta da minha casa todo machucado e ensanguentado. É terrível ver ele desse jeito. E se para mim é assim eu mal posso imaginar como é para ele.
O que acharam do capítulo? O que acham que vai acontecer agora?
Evie finalmente admitiu e agora as coisas vão mudar!
Não esqueçam de votar e comentar.
Eu revisei o capítulo uma vez, mas as vezes acaba passando uma coisa ou outra. Então se acharem algum erro ou coisa assim, avisem, por favor.
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