XL
❥ CAPÍTULO 40
— O que foi, Charlie? — eu pergunto assim que meu irmão passa pela porta do meu apartamento como um furacão após eu abrir para ele. — Eu tenho que sair daqui a pouco.
— Você não confia em mim? — meu irmão me pergunta, parando em frente ao sofá e virando para mim com os braços levemente abertos. Franzo o cenho.
— O que? — me aproximo dele em passos curtos. — Do que você tá falando? É claro que eu confio em você.
— Por que não falou sobre o Jeremy, então?
Paro por um momento e pisco. Não estou tão surpresa, sempre foi óbvio que ele já sabia ou saberia, porém não imaginei que seria exatamente agora.
— Não é só porque eu não te contei isso que eu não confio em você, Charlie. Você é meu irmão, tá legal?— volto a me aproximar dele e seguro suas mãos. — Eu só não queria contar porque não foi nada demais e eu não queria que você se distraísse do que realmente é importante.
Ele me olha incrédulo, soltando minhas mãos das suas e segurando meus ombros para olhar em seus olhos em seguida.
— Você é importante. Você é minha irmã. Se você acha que tem outra coisa mais importante na minha vida do que você e nossos irmãos, você está totalmente enganada. — Charlie diz com firmeza, seus olhos estavam fixos nos meus. Era tão azul quando o meu, claro, e eu quase conseguia me ver através dele. — A partir do momento que alguém mexe com você, também tá mexendo comigo. Você sabe disso.
— Sim, eu sei. — eu coloco minhas mãos sobre as suas, paradas em meus ombros e aperto levemente. — Mas eu queria esquecer isso e não queria ver nada a mais acontecendo. Ele não fez nada, pelo menos não tão sério.
— Ele machucou seu braço. Isso é sério.
Eu solto um suspiro e me afasto dele, a esperança de ir encontrar com o pessoal da companhia para uma noite descontraída, antes de começarmos as próximas semanas em treinos pesados, indo por água abaixo.
Eu me sento no sofá e passo a mão no cabelo antes de bater no espaço ao meu lado, indicando para que meu irmão sente. Ele faz isso e eu deito a cabeça em seu ombro em seguida, enquanto ele passa o braço pelos meus ombros e eu abraço sua cintura.
— Eu estou bem.
— Evie... — ele tenta falar, mas eu interrompo.
— Sério, eu estou bem. — eu falei baixo, na esperança de acalmá-lo. Estou realmente bem, algumas vezes ainda penso nisso, mas eu estou bem. Só um pouco cansada e com uma sensação ruim. — Claro, não foi agradável na hora, mas passou. Eu estou aqui agora, Charlie, com você. Nada vai acontecer.
— Mas se acontecer?
— Hipoteticamente falando, se acontecer... a gente dá um jeito. A gente pode resolver. — dou um beijo em sua bochecha, voltando a deitar a cabeça em seu ombro em seguida. Faz um tempo desde a última vez que conseguimos ficar sozinhos e conversar sobre algo sério, eu meio que sinto falta disso alguma vezes, sendo totalmente sincera. — Você sabe que a gente resolve. E o Avery é só um cara rico, mimado e que se acha a última bolacha do pacote, não tem muito que ele possa fazer. Não se preocupa com isso.
— Eu posso tentar. — Charlie murmura, beijando a minha cabeça e em seguida pegando um dos meus braços delicadamente e virando o antebraço para cima. Respiro fundo.
Ele passa os dedos pela marca levemente roxa em meu braço de forma delicada, com as pontas dos dedos.
— Dói?
— Não. — eu balanço a cabeça e continuo observando o caminho de seus dedos. — As vezes fica um pouco dolorido, mas não dói muito.
— Eu não vou procurar por ele. — meu irmão diz depois de alguns segundos em silêncio olhando para o hematoma em meu braço. — Mas eu prometo pra você que quando eu ver ele, não importa onde e quando seja, eu vou matar esse filho da puta. O Avery já testou muito minha paciência.
Concordo.
— Ok. — eu sei que discordar disso não adiantaria muita coisa, e além do mais, ver Jeremy se dando mal não seria tão ruim.
— Você tá bem?— ele afasta um pouco a cabeça para o lado para me olhar, com as sobrancelhas franzidas. Eu assinto.
— Sim. — eu respondo baixinho. Algo dentro de mim dizia que nada nunca é tão fácil, e que o fato da minha vida estar melhorando minimamente por um tempo sem nenhuma intervenção, é algo estranho. Mas eu ignoro, ao menos por agora. — Agora, eu estava saindo para me encontrar com um pessoal antes de você chegar, mas eu mudei meus planos e você vai ficar comigo aqui. A gente vai conversar e assistir um filme, faz tempo que a gente não faz isso.
— Beleza. — ele assente com um sorrisinho e eu bagunço o cabelo dele ao me levantar animada do sofá e ir correndo em direção a cozinha para fazer uma pipoca.
✧ ✧ ✧ ✧
"Me liga, manda um sinal de fumaça, qualquer coisa.
Só me responde, por favor."
Eu largo o celular na mesa novamente depois de enviar a mensagem. A quinta mensagem do dia. Ele recebe, mas não visualiza. E eu nem sei dizer qual foi a última vez que ficou online.
Eu solto uma lufada de ar, frustrada e preocupada. Passo a mão no rosto e fico olhando a tela do celular, com a mínima esperança de que a qualquer momento alguma das minhas mensagens vai ser respondida.
Eu não vejo Ryan há uma semana. Mais uma semana de aula começou e eu nem ouvi falar no nome dele. Eu não sei que caralhos aconteceu, mas eu tenho quase certeza de que não foi algo muito bom.
Eu esperei Ryan em casa, para estudar. Ele não apareceu. Isso aconteceu mais de uma vez e me faz ter mais certeza de que algo não está certo, porque as provas estão logo aí e ele não pode perder nada. Ele não atendeu minhas ligações e nem as mensagens. Não estava em casa quando fui procurá-lo em busca de respostas e os meninos não contam nada para mim. Ou eles também não sabem ou estão escondendo muito bem isso, por algum motivo.
— Você tá preocupada? — a voz da minha amiga se faz presente no quarto, ao entrar novamente após ir até a cozinha pegar algo para nós duas.
Olho para Sarah, que se senta na ponta da minha cama e mantém uma vasilha repleta de salgadinhos dentro. Olho para aquilo e choramingo, deitando a cabeça na mesa da minha escrivaninha.
— Você sabe que eu tenho que seguir uma dieta, por que fica me mostrando isso?— faço uma careta para ela.
Ela dá de ombros.
— Foi mal. — ela deixa a vasilha de lado e cruza os dedos no próprio colo, me olhando com atenção e ternura. — Você tá preocupada por ele. Nenhum sinal?
— Não. — eu solto um suspiro, me levantando da cadeira somente para ir até a Sarah e me jogar em cima dela, que ri e me abraça de volta. Eu deito a cabeça em sua barriga, tentando não soltar muito peso e abraço seu corpo, enquanto ela passa as mãos no meu cabelo fazendo um cafuné. — Ele não precisa dar uma explicação, nesse ponto, só um sinal de que ele tá bem seria de bom grado. Mas eu não sei de nada.
— Por que você não relaxa? — a loira diz, sua voz calma e baixa. — Eu entendo que possa ser difícil, mas ele deve estar com algum problema pessoal e talvez só precise de um tempo. Coisas assim acontecem sempre. Quanto mais você pensar, mais difícil vai ser, porque sua mente vai ir colocando várias coisas em sua cabeça com o tempo. Então, tenta relaxar e pensa que o Ryan tá bem, ele só tá resolvendo alguma coisa.
Sorrio fraco. Sarah é o tipo de pessoa que qualquer um quer ter por perto. Algumas vezes ela não fala muito quando se trata de conselhos, porém só de estar ali ouvindo e me abraçando já é como se melhorasse muita coisa. Eu gosto dessas conversas com ela, apesar de não serem muitas, porque ela geralmente me abraça e faz cafuné na minha cabeça como forma de carinho e acolhimento e eu gosto bastante disso, além de ajudar de algum jeito.
— E que coisa seria essa que faz ele parar de ir a faculdade, faltar aos treinos e não responder nenhuma mensagem? — mexo a cabeça para poder olhar para ela, que dá de ombros enquanto me olha de volta com um sorriso fraco.
— Eu não sei.
Respiro fundo e saio de cima dela, me deitando ao seu lado e virando minha cabeça para o lado para poder continuar a olhando, ela faz o mesmo.
— Ele me pediu pra ficar com ele. — eu começo falando. — Não foi um pedido de namoro exatamente, mas ele falou tão bonito e com tanta sinceridade que eu quase agarrei ele ali mesmo e aceitei. Mas eu estava confusa sobre tudo isso e neguei.
— Confusa sobre o que sente?
Eu acredito que o maior problema nunca foi a dúvida sobre o que sinto pelo Ryan. No começo talvez eu estivesse confusa sobre isso, mas agora eu sei que realmente gosto dele. Mas apesar disso, eu ainda tenho um pouco de medo quando se trata de relacionamentos. Ryan é diferente, eu conheço ele e confio nele, mas minha própria mente me impede fazer certas coisas as vezes. E tudo aquilo que eu já falei para ele era totalmente verdade, eu só precisava um tempo
— Não. — nego. — Eu sei o que sinto, eu gosto mesmo dele. Eu me expliquei para o Ryan e ele disse que ia esperar, que ia me dar um tempo. Eu pensei nisso por bastante tempo e eu não posso mais ficar com medo, tenho que arriscar. Eu ia dizer isso pra ele e agora eu sinto que algo está errado e ele some, então o medo volta.
— Você está sentindo que algo errado aconteceu? — Sarah franze o cenho e se senta na cama, me olhando com mais curiosidade.
— Não sei, é um sentimento estranho no peito. — coloco a mão sobre a área do coração e inspiro e suspiro profundamente. — E eu não gosto disso. É mais do que só sobre esse sumiço dele, Sarah.
A mão da loira envolve a minha em um aperto firme, passando segurança. Olho para ela, que dá um sorriso fraquinho para mim.
— Não se preocupa com ele. E se algo acontecer, o Ryan é bem forte, ele vai sair dessa. Não importa o que seja. — ela diz e eu concordo, somente balançando a cabeça.
Eu tentei me concentrar nas próximas horas nos infinitos assuntos com Sarah e em uma série que assistimos, mas confesso que não me saí tão bem. Foram poucas vezes que senti algo assim, essa sensação estranha que me faz ter medo e ansiedade, e nenhuma delas as coisas acabaram tão bem. Eu posso estar sofrendo por antecipação, sendo muito precipitada ou exagerada e, sinceramente, eu espero realmente estar sendo tudo isso.
Gente, já são 40 capítulos. MEU. DEUS. Tô sensível 😢
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