XI
❥ CAPÍTULO 11
Meus pés não param de subir e descer em um ritmo exageradamente rápido, batendo no chão, meus dedos batucam a mesa repetidamente e minha cabeça não para de criar milhões de possibilidades e resultados para o que eu poderia ver daqui a alguns minutos.
— Se acalma, Evie. — Sarah se senta ao meu lado, me olhando com uma expressão reconfortante. — O resultado já vai sair, não precisa ficar tão nervosa.
— Esse e-mail pode decidir minha vida daqui algum tempo, é claro que eu tenho que ficar nervosa. — Olho para a minha amiga antes de voltar a olhar para a tela do notebook.
— Eu entendo. — Sarah suspira. — Só tenta se acalmar um pouco e respirar, o resultado vai sair a qualquer momento. Te ver nervosa, também me deixa nervosa.
Respiro fundo, tentando seguir seu conselho. Passo a mão no meu cabelo e me levanto, em seguida andando em direção a janela do quarto para pegar um pouco de ar livre.
O resultado das audições sairia hoje por meio de um e-mail, não tem uma hora exata, mas informaram que seria por volta desse horário. É inevitável não ficar nervosa à espera do resultado. Entrar na companhia vai ser uma grande realização e um enorme passo para meu futuro no balé.
— Evie. — Sarah me chama, não muito tempo depois. Olho para ela, que sorri olhando para a tela do notebook. — Vem ver.
Nervosa, ando rapidamente até ela e me sento ao seu lado, olhando para o eletrônico em cima da cama e abro o e-mail que acaba de chegar.
— Merda. — Um suspiro de alívio escapa pelos meus lábios e levo a mão até o peito, sentindo meus batimentos cardíacos se acalmarem. Não consigo segurar o sorriso gigante que minha boca forma.
Olho para Sarah, que solta um gritinho agudo de animação e joga os braços ao meu redor, me apertando em seu abraço. Retribuo o abraço com força, rindo quando caímos na sua cama.
— Eu sabia que você ia conseguir. — Ela me solta, pulando na cama mesmo sentada. Rio de sua animação.
Eu fui aceita.
Meu. Deus.
Eu fui aceita e vou precisar de um tempo para raciocinar tudo completamente.
Eu fui aceita na companhia de dança de Marie Andersen, uma das mulheres que eu mais admiro no mundo e que eu sou muito fã.
— Você tem que agradecer o Ryan. — Sarah diz, segurando minhas mãos. Suspiro, desviando de seu olhar.
— Sim, eu sei. — Se não fosse por ele, eu provavelmente nem teria pensado em fazer a audição ou teria com certeza duvidado se conseguiria entrar.
É até estranho as coisas boas que estão acontecendo e o que eu estou aprendendo de mim mesma por um incentivo indireto de Ryan Andersen. Quem diria.
— Mas agora vamos ligar para Riley e pro seu irmão, pra contar a novidade e aí podemos sair pra comemorar. — Sarah sugere, se levantando. Ela parece estar mais animada do que eu.
— Calma, Sarah. Não vamos fazer um grande alarde. — Solto uma risada quando ela bufa e revira os olhos.
— Mas isso é uma grande coisa. Você não tá feliz?— Concordo. — Então pronto, vamos sair pra nos divertir porque sei que depois você não vai ter tempo pra quase nada.
Ela está certa.
— Você tá certa. — Suspiro. — Vai ter uma festa hoje a noite em uma das fraternidades, a gente pode ir.
— Agora você falou minha língua. — Ela sorri, batendo palmas. Balanço a cabeça, sorrindo. Mais feliz do que eu poderia imaginar.
Quando Sarah está para dizer mais alguma coisa, a porta do dormitório é aberta, e por ela entra sua colega de quarto.
Minha amiga divide o quarto com Jacqueline Hernández, uma das mulheres que consideram mais bonitas da faculdade. Ela realmente é muito linda, mas as pessoas têm mais medo dela por sua família ser poderosa e muito falada aqui na universidade do que qualquer outra coisa. Além da postura séria e do olhar intimidador que ela sempre mantém enquanto anda pelos corredores.
— Boa tarde. — Ela cumprimenta, em um murmuro, me olhando de cima a baixo. Franzo as sobrancelhas.
— Boa tarde. — Sarah tenta imitar, com uma voz bem aguda e uma careta no rosto, quando Jackie some de nossas vistas entrando no banheiro. — Metida.
Sarah não gosta de Jacqueline, nem um pouco. Diz minha amiga que consegue sentir a energia pesada que ela carrega com si, e a acha muito arrogante e metida.
Nunca falei com Jacqueline na minha vida e não gosto de julgar os outros sem conhecer, além de odiar rivalidade feminina, então não tenho uma opinião formada sobre ela. A única coisa que sei sobre a garota, é que além de vim de uma família milionária, também é bailarina e estuda isso aqui. Além de eu ver ela com Ryan por aí algumas vezes. Já rolaram suposições que eles eram mais do que só ficantes, mas Andersen desmentiu tudo.
— Sarah...
— Não diz nada. — Ela me interrompe. Se senta ao meu lado novamente, falando baixo. — Se fosse você convivendo com ela também acharia o mesmo. Ela é muito chata. Tem vezes, durante a noite, que ela conversa com alguns caras pelo celular e eu tenho que ouvir ela gravando áudios falando putaria para eles. Não é nada legal tá.
— Você já reclamou com ela?
— É claro que sim, milhares de vezes. Você sabe que eu não sou de ficar calada. — Sarah dá de ombros. — Mas ela não escuta. Além de ficar mexendo nas minhas coisas com sua mania irritante de organização. Ela acha que só por ter muito dinheiro tem o direito de dizer o que eu posso ou não fazer aqui.
— Tenta mudar de quarto. Ou entrar em alguma irmandade, alugar um quarto em algum apartamento por aí. — Sugiro. Ela revira os olhos.
— Você acha que eu não tentei? A essa altura do campeonato não tem nenhum lugar disponível. — Ela se joga de costas na cama, respirando fundo.
— Se tivesse mais algum lugar eu te convidaria pra morar comigo e com Riley, a não ser que você queira dormir no sofá. — Dou uma leve empurrada em sua perna com a minha.
— Valeu, Evie, mas não precisa. — Sarah volta a se sentar. — Tenho que aguentar pelo menos até o fim desse ano.
Tive a sorte de conseguir morar com meu melhor amigo sabendo que nunca teria nenhum desses problemas. Ela nem tanto. Um dos motivos pelo qual preferi morar com Riley do que dividir um quarto ou morar em uma irmandade, foi por não saber lidar com desconhecidos e não ter ideia de como seria minha convivência com alguém que nem conheço.
— Você deixou seu secador em cima da pia do banheiro, guarda aquilo, você sabe que eu não gosto de nada desarrumado. — Jackie fala para Sarah, saindo do banheiro com uma toalha em volta de seu corpo.
— Se eu deixei ali é porque eu ainda vou usar. — Sarah retruca.
— Mas deixa guardada se não usou ainda, e não jogada por aí. — Vejo Sarah respirar fundo, se segurando para não se aborrecer.
— Sarah, vamos sair?— Pergunto, para amenizar o clima. — Tomar um milkshake ou fazer compras.
Não espero ela falar nada. Pego minha bolsa e o notebook, me despeço de Jackie e tiro Sarah quase arrastando-a daquele quarto.
Minha amiga reclama, mas a sua carranca se desfaz assim que estamos com nossos milkshakes em mãos indo em direção ao shopping.
"Acho que eu tenho que te dizer parabéns."
Recebo a mensagem de Ryan quando estou arrumando meu cabelo. Paro por um segundo e respondo sua mensagem rapidamente, antes de voltar ao que estava fazendo.
"E eu acho que tenho que te dizer, muito obrigada."
"De nada, mas o mérito é seu."
Leio sua mensagem, mas não respondo nada. Respiro fundo, com um sorriso de canto nos lábios enquanto termino de me arrumar.
Ryan não sabe o quanto sou agradecida.
Não teve muito do Ryan hoje, mas no próximo vai ter bastante. E é isso.
O que acharam do capítulo? Não esqueçam de votar e comentar.
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