III

❥ CAPITULO 3


— Como foi?— Brooke pergunta enquanto se senta ao meu lado no sofá.

— Eles já começaram reclamando porque eu cheguei três minutos atrasada. — Falo com irritação. — Fala sério, eu tenho certeza que nenhum deles são tão pontuais assim. Além do que, parece que eles têm algum tipo de preconceito com a Austrália, porque assim que souberam que eu vim de lá acharam uma desculpa pra limitar mais o meu tempo na entrevista. Eles são tão mesquinhos, só de ver já não gostei.

— Você disse que era uma ótima escola. — Minha irmã diz, levantando as sobrancelhas.

— Sim, porque é. Mas as pessoas estragam tudo. Os professores são bons, mas se acham demais. Esbarrei com duas bailarinas lá que me olharam com muito nojo, não vou pra lá nem se tiver ouro. — Ela ri e balança a cabeça.

— Continua procurando, uma hora você acha alguma que se dê bem. — Ela fala e eu dou de ombros. — Cadê o Charlie?

— Disse que tá no caminho. E tá trazendo o bichinho de estimação dele.

— Ryan?— Ela pergunta, rindo.

— Exatamente. Viu, até você sabe. — Me levanto, sorrindo e indo até a cozinha. — E onde Drake e o Chris estão?

— Ele ficou lá procurando algum lugar pra estacionar, vai aproveitar e ir com Chris até a padaria aqui em frente comprar alguma coisa.

— Pra mim? — Pergunto, pegando um pote de Pringles e voltando à sala.

— Também, esfomeada. — Ela responde. Sento ao seu lado, abrindo o pote e já começo a comer enquanto ligo a televisão em algum canal aleatório.

Minha irmã é uma renomada estilista e designer de moda, vice-presidente de uma marca muito famosa que ela mesma ajudou a criar e também é designer chefe da empresa. Brooke é a mulher que eu mais admiro no mundo, e quando estiver mais velha espero ter essa mesma dedicação e força para conquistar meus sonhos.

O marido dela além de professor de educação física e natação, é um atleta olímpico. Participou e ganhou duas olimpíadas, também dá palestras para pessoas mais jovens e é dono de uma escola de natação para crianças e jovens mais carentes. É um ótimo homem.

Em menos de cinco minutos, com nós duas vendo televisão e comendo, a campainha do apartamento toca e eu me levanto rapidamente indo atender.

Abro a porta e minha boca forma um sorriso grande, cheio de dentes.

— Oi. — Abro os braços para o bebê, que ri e se estica para mim no colo do pai. Pego ele e dou um beijo em sua cabeça cheirosa.

— E aí. — Drake me cumprimenta e eu faço o mesmo, dando um abraço rápido nele e fechando a porta em seguida, mas deixo destrancada para quando Charlie chegar.

— Oi tia. — O pequeno diz e eu sorrio ouvindo sua voz fofa e embolada de bebê.

Me sento na poltrona com meu sobrinho em meu colo e mando um beijo para ele, que manda de volta e abraça meu pescoço. 

Christian é filho de Brooke e Drake, tem três anos de idade e é uma mistura dos dois. Seus poucos cabelos são de um loiro escuro como os da mãe e enroladinhos como os do pai. Os olhos dele são grandes e de um verde escuro, mas acredito que vá ficar mais claro quando ele estiver mais velho. Chris é o bebê mais fofo que eu já vi, e apesar das semelhanças com o pai é quase uma cópia da mãe.

— Cadê o Riley?— Drake pergunta, olhando ao redor.

— Trabalhando. — Dou de ombros. Riley estuda durante a manhã, e para se manter trabalha durante o resto da tarde e uma parte da noite.

— O orgulho da família chegou. — Charlie diz abrindo a porta e sorrindo, Chris começa a pular em meu colo, esticando os braços para ele. Reviro os olhos. — Não preciso de aplausos, muito obrigado.

Ele entra completamente e logo atrás vem Ryan, sua outra metade. 

— Oi. — Ryan cumprimenta Brooke e Drake, e sorri para Chris. Eles o cumprimentam de volta.

Meu irmão beija a cabeça de Brooke, que bagunça seu cabelo e faz um toque estranho com as mãos com Drake, em seguida vindo na minha direção e pegando Christian do meu colo.

— E aí, garotão. — Charlie mostra a palma para o mais novo, que bate a sua com a dele e Chris ri. — Fazendo muita bagunça?

— Acho que o que ele mais faz é sujar as fraldas. Agora tá aprendendo a dormir mais durante a noite, graças a Deus — Brooke diz.

— O que você comprou pra mim?— Pergunto para Drake, lembrando do que Brooke falou a instantes atrás.

Ele balança a cabeça e entrega uma sacola pequena para mim, que pego e vejo o que há dentro.

— Muito obrigada. — Sorrio, feliz por ver vários tipos diferentes de pequenos pães recheados e doces. São simplesmente maravilhosos.

Não posso comer muito essas coisas normalmente, mas depois de muito tempo sem comer algo cheio de açúcar ou gorduroso desse jeito, eu posso devorar qualquer coisa. Contanto que mantenha a dieta e a força no dia seguinte.

Passou alguns minutos de conversas aleatórias para matar a saudade, e de um Ryan bem mais extrovertido do que costuma ser. Ele se dá muito bem com Brooke e Drake, e por algum motivo eles gostam muito de Ryan, e Chris também não fica fora dessa. Não sei o que viram nele para o tornar tão amado.

Me levanto indo até a cozinha para beber um pouco d'água.

— Pode me dar um pouco de água, por favor?— Ryan me pede, apoiando os braços no balcão da cozinha. O único momento que ele parece decente é quando está com adultos que gostam deles.

— Por que você tá mesmo na minha casa?— Entrego um copo de água a ele, pois sei que isso e nem comida são algo a se negar.

— Charlie falou que pra você tava tudo bem. — Ele dá de ombros, em seguida bebe um pouco da água. Ryan sorri de lado, olhando. — Admite, eu sei que você ama minha presença. Sua pose de durona e que resiste a mim, é tudo teatro.

A parte de que eu disse que "tudo bem ele vir" é verdade, não tem o que contrariar. Só não sei porque disse isso, devia estar bêbada.

— Com certeza, eu sou secretamente apaixonada por você. — Como estou na sua frente, e ele do outro lado do balcão, quando também apoio meus braços mármore frio, ficamos mais próximos. Sendo irônica. — Bem lá no fundo, no âmago do meu ser, eu sou completamente devota a você, meu amor.

Ele morde o lábio inferior, segurando um sorriso logo quando eu termino de falar, mas não se segura e gargalha. Uma risada genuína, que faz os furinhos em suas bochechas se evidenciarem mais ainda.

Eu odeio o fato de que eu acho lindo pessoas com covinhas e que Ryan as possui. 

Ele coloca uma das mãos sobre a boca, e deixa o copo em cima da bancada, enquanto balança a cabeça, ainda rindo. Não sei qual o motivo para rir tanto se nem foi tão engraçado o que eu disse, mas infelizmente sua risada é contagiosa e um sorriso ameaça se formar em meus lábios.

Reviro os olhos e viro as costas, bebendo minha água toda e tentando ignorar sua risada.

— Eu devia ter gravado isso. — Ryan se acalma, respirando fundo. Olho para ele, que termina de beber a água. — Isso foi ótimo. Sabe, eu sempre soube que todo esse ódio que você diz ter é amor e saudade minha.

— É por essas e outras, que nem um sorriso você ganha mais. — Digo, arqueando uma das sobrancelhas. — Você já bebeu sua água, se não quiser mais nada, vai se sentar.

Ele sorri, assentindo e passa a língua nos lábios antes de se virar e voltar para a sala junto aos outros, que nem perceberam o que aconteceu aqui. Já se foi o tempo em que eu poderia cair no seu papo e todo seu charme, não nego, Ryan tem muita lábia com garotas. 

Porém aprendi, depois de um tempo, que quando um garoto vai pra cama com você e some antes mesmo de você acordar sem nem deixar uma simples mensagem ou avisar, e quando ele simplesmente age como se nada tivesse acontecido e sempre te chama novamente a noite para satisfazê-lo; amiga, ele é um completo cuzão.

E com isso, eu quero dizer: aprender a se valorizar antes de tudo e ignorar pessoas como essa é a melhor coisa que qualquer um pode fazer. Pois pessoas assim só querem uma coisa e quando não tem mais, não vão atrás de você pedir de volta, elas vão a procura de outro alguém. E que se foda eles.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top