II

❥ CAPITULO 2

— Você deu uma joelhada no Ryan?— Meu irmão aparece já tocando no assunto.

— Bom dia pra você também, querido irmão. — Sorrio.

— Bom dia. — Ele revira os olhos. — Mas você é louca?

— Eu tô começando a achar que sim. — Me apoio no balcão. — Eu não fiz nada demais.

— Sabe como dói?

Reviro os olhos, suspirando.

— Todo mês eu sinto uma dor absurda, e várias vezes eu não aguento nem meus pés, e nem por isso vivo reclamando. — Dou de ombros.

Charlie balança a cabeça e volta o olhar para o menu na sua frente, no balcão.

Trabalho em uma cafeteria perto da universidade durante a manhã, que é onde estou agora. Tenho esse emprego desde que fiz dezessete anos, estou há quase cinco anos aqui, então já estão todos bem acostumados comigo.

Não pretendo ficar muito mais. Estou a procura de alguma coisa que tenha a ver com a dança, nem que seja algo mínimo,
mas sempre quis trabalhar em uma academia de dança. A cafeteria é ótima, porém claramente não é trabalho que eu quero para a vida.

— Me dá um café gelado e uns quatro donuts, pra viagem. — Ele finalmente faz o pedido.

— Achei que tivesse vindo só pra reclamar, tem uma fila atrás de você. — Eu falo, já fazendo seu café.

— Brooke ligou hoje mais cedo. — Ele começa, ignorando meu comentário. Ouço com atenção. — Eles tão voltando hoje e disse que assim que der eles passam lá no seu apartamento com Chris.

Sorrio, ao ouvir o que Charlie disse. 

— Tá bom. — Coloco seus donuts em um saquinho e após fechar o copo de café, entrego para ele.

— Avisa pra ela quando dá, aí me chama, quero vê eles também. — Ele pede, me entregando o dinheiro. Assinto e ele se despede, se afastando para sair.

A minha irmã começou a cuidar de nós logo após se estabilizar aqui depois que começou a estudar, um ano antes de se formar em moda. Antes disso, estávamos com nosso irmão mais velho – Alexander – em Nova Orleans, mas ambos acharam melhor que nós viessemos para cá, e de vez em quando iamos visitar ele, ou ele vinha.

Brooke e Drake, seu marido a alguns anos, tem carreiras bem sucedidas e corridas então estão sempre indo de um lugar para outro. Porém reservam algumas semanas para descansar aqui, onde é a casa deles, e desfrutar do tempo em família.

— Bom dia. O que deseja?— Cumprimento o próximo cliente, continuando o meu expediente. Que dura mais algumas horas.

— Senhorita. — Ouço a voz de Ryan quando passo por ele sentado em uma mesa. Olho para ele, que sorri, mostrando suas covinhas. — Quero fazer meu pedido.

Finjo um sorriso gentil, me aproximando dele.

— Meu expediente acabou, você tem que chamar outra garçonete. — Tento não retrucar nada e nem ser grossa, pois aqui dentro ele é um cliente.

— Mas você já tá aqui, não tem problema me atender.

— Na verdade tem sim. — Balanço a cabeça. — Tenho que sair agora porque tenho coisas a fazer antes de ir pra aula. Foi mal, minha presença aqui não é mais necessária. Vou chamar outra pessoa pra você.

Me afasto antes de Ryan ter chance de dizer mais alguma coisa e volto para trás do balcão. 

— Tem um cliente na mesa sete, tenho que sair logo. — Aviso para uma das meninas que trabalham comigo, ela assente e vai até lá.

Guardo a bandeja e o bloquinho de notas, e quando estou prestes a ir para os fundos, ela volta andando até mim.

— Ele disse que quer ser atendido por você. — Ela me estende o bloco de notas e a caneta.

— Eu tenho que ir, Ana. — Respiro fundo.

— Eu sei. Mas é só ele, ele não vai querer ser atendido por outra pessoa. — Ana dá um sorriso pequeno, e encolhe os ombros. — A gente não pode perder um cliente.

Suspiro, derrotada e pego o bloco e a caneta, indo até Ryan rapidamente.

— O que você vai querer? — Pergunto quando me aproximo.

— O que eu queria realmente eu acho que você não aceitaria. — Ele dá um sorriso provocando. — Então o que você recomenda?

— Que você peça logo, porque eu realmente tenho que sair.

— Eu sou um cliente, você tem que pelo menos fingir que é educada. — Ele balança a cabeça, e fala baixo, em reprovação. Reviro os olhos.

— Se recuperou da joelhada de ontem ou ainda tá doendo? — Mudo de assunto, fingindo preocupação.

— Na verdade eu tô muito bem, até exercitei um pouco, depois daquilo. — Ele sorri ladino, deixando claro o que aconteceu depois e eu faço uma careta de nojo.

— Capuccino é a especialidade da casa. — Coloco a mão na cintura, olhando rapidamente para o relógio na parede atrás do balcão, vendo que me restam cinco minutos para chegar onde tenho que ir.

— Então eu vou querer um capuccino e… — Ele pausa, pensando. Puxo o ar com força, tentando manter a calma. — O que você recomenda pra comer?

— A gente tem croissants, tortas, bolos, donuts e vários tipos de doces e salgados.

— Qual o seu preferido?— Ele olha fixamente em meus olhos, e eu tenho total certeza que ele está fazendo para me irritar.

— Tem um croissant, com recheio de chocolate. — Não deixo demostrar minha irritação, pois sei que ele gosta. — É ótimo.

— Então eu quero esse, e um capuccino. Pra viagem. — Ele pede e eu agradeço
mentalmente.

— Logo será entregue. — Me afasto finalmente e escrevo o pedido no bloco de notas e anoto a mesa, colocando na bancada de pedidos, e ando rapidamente para os fundos.

Não tenho tempo de trocar de roupa, então só tiro o avental e pego minha bolsa, quase correndo para a parte de fora. Uma blusa verde com a logo em preto da cafeteria é a única coisa que faz parte do uniforme, mas eu costumo vim com uma calça jeans ou legging trabalhar.

Procuro a chave do carro enquanto ando até ele e quando ligo a chave na ignição, o carro nem começa a andar e vejo o aviso que a gasolina se esgotou completamente. Solto um grunhido de raiva, e bato a mão no volante, em seguida deitando a testa lá e respirando fundo para não perder a cabeça.

Tenho uma chance enorme de entrar em uma companhia de dança renomada aqui em Nova Iorque. Eu tenho que estar lá em dois minutos e daqui até lá são um pouco mais de cinco, e agora com o carro sem gasolina não tenho como ir dirigindo. 

Os táxis demoram bastante para passar por aqui e além de eu não gostar de pedir carro por aplicativo, não daria tempo de qualquer forma.

Saio do carro, o trancando em seguida e começo a andar, cogitando a opção de pegar um táxi e torcendo para aparecer um logo por aqui.

Solto o meu cabelo do rabo de cavalo ao mesmo tempo que minha visão bate com a de Ryan Andersen saindo da cafeteria. O ignoro e passo por ele, sentindo minhas costas queimar com seu olhar. Sinto Ryan me olhar muitas vezes quando passo por ele ao decorrer do dia, isso desde sempre, não sei exatamente o porquê, mas é estranho.

— Atrasada?— Ele aparece ao meu lado. Resolvo ignorar. — Quer carona?

Paro de andar, olhando para ele com raiva e cruzando os braços.

— Sabe, se você talvez não tivesse me atrasado eu não estaria com tanta pressa. Vai pro inferno você e sua carona. — Digo e volto a andar.

— Ouch! Essa doeu. — Reviro os olhos, coisa que faço muito quando ele está por perto. — Mas é sério, eu tô de moto, chego onde você quer em um piscar de olhos.

— Se você tiver querendo algo em troca saiba que não vou aceitar. — Paro novamente e suspiro, pensando nessa ideia maluca.

— Na verdade eu nem pensei nisso. — Ryan dá de ombros. — Você que sabe, se quiser fazer algo pra mim depois não importa.

— Você tá oferecendo carona sem querer nada em troca?— Levanto as sobrancelhas, desconfiada.

— Quanto mais tempo a gente perde conversando aqui, mais atrasada você fica. 

Passo a mão no cabelo, frustrada. Apesar de eu não gostar da ideia de subir em uma moto junto com Ryan, no momento estar sendo minha única opção, e eu odeio tanto isso

— Eu não vou te passar nenhuma doença se ficar comigo por alguns minutos. — Ele diz.

— Eu tenho que tá lá em menos de um minuto.

— Em três a gente chega lá. Melhor que nada. — Ele sugere. Fecho os olhos, praguejando um palavrão baixinho e os abros novamente, suspirando em derrota.

— Tá bom. Essa vai ser a primeira e ulrima vez que isso acontece e ninguém precisa saber. — Aviso, o seguindo até a moto.

— Como quiser. — Ryan dá de ombros e me entrega um capacete que estava na caixa atrás da garupa. Ele guarda o que havia pedido na mesma caixa e sobe na moto em seguida.

Coloco o capacete e subo logo atrás dele, sem esforço. Não é a primeira vez que ando de moto, mas também não estou muito acostumada. 

— Se você me matar, eu juro que volto do além só pra te assombrar até a morte. — Eu falo baixo, em seu ouvido. 

Sinto seus ombros tensionarem, mas Ryan esconde bem. A única coisa que ele faz é soltar uma risadinha sarcástica.

— Se segura, então. — Ele avisa depois que digo o endereço e da partida em alta velocidade até lá.

Eu tentei, mas não consegui não segurar nele, pela velocidade eu poderia cair a qualquer momento. Minha mão vai até seu ombro, segurando com força e a outra segura a alça traseira o caminho todo. Tento não encostar muito minhas pernas nele.

Realmente não durou mais que três minutos e assim que ele estaciona, eu desço da moto e tiro o capacete o entregando.

— Valeu. — Não tenho mais palavras para dizer, apesar de eu não gostar dele eu sei que não é legal o tratar mal nesse momento, já que ele tirou alguns minutos do seu dia só para me dar uma carona.

Ele também não diz nada, só dá de ombros e guarda o capacete, dando partida novamente. Também sigo meu caminho, correndo para dentro do estabelecimento.

As postagens não vão acontecer todos os dias, mas vou tentar manter uma rotina frequente de publicação. Por enquanto não tem um cronograma, mas pretendo criar um em breve.

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