VIII - Piquenique
17/02/1888 - Sexta-feira
- Se sentindo melhor?
- Definitivamente. Eu não achei que fosse melhorar tão rápido.
- Isso é muito bom!
- Vocês todos foram muito gentis cuidando de mim.
- Imagina! Eu cuidaria de qualquer um aqui. Bom, menos o "vocês sabe quem"!
- He! Acho que sei. Mas, de qualquer forma, eu agradeço. Mas, mudando de assunto, onde está o...
- Droga, droga! Onde eu deixei?!
Paramos de conversar ao percebermos Mey-Rin entrando na cozinha. Por alguma razão ela não estava de uniforme, estava arrumada até demais. Vestindo um vestido rosa, acompanhado de uma capa branca e luvas da mesma cor, o mesmo penteado de sempre e um pequeno chapéu combinando com seu vestido. Seus óculos eram uma peça que nunca ia embora.
Onde ela iria desse jeito? A cidade?
- Ah, Mey-Rin... - Bard chamou uma vez, mas ela não respondeu. Continuou rodando na cozinha como um pássaro tonto, revirando as gavetas e procurando por algo. - Mey-Rin! Acorda, mulher!
- Ah?! O que você disse? E-eu não escutei! E, mudando de assunto, por que vocês ainda estão assim?!
- Assim como?
Perguntei, ainda confusa com toda a sua agitação, tentando entender o que ela procurava.
- De uniformes! Não vão dizer que vocês esqueceram, né?
- Esquecemos o que?
- Ahh! Jesus, Baldroy!
- Ué?! Eu tô te perguntando! Para de drama e fala logo!
- S-seu, seu mal educado!
- Ei! Acalmem-se, por favor! Não são nem dez da manhã, ainda. Mey-Rin, do que está falando?
- Eu estava tentando dizer que vocês esqueceram totalmente do evento de hoje! - Ela continuou revirando a cozinha enquanto falava, até que finalmente deu um pulo quando pareceu achar o que procurava. Ao lado do telefone, ela pegou um papel amassado próximo. - Hoje é o piquenique do Jovem Mestre!
Ela desamassou o papel e nos mostrou. "Piquenique de Inverno Beneficente Funtom" estava escrito em azul escuro, com o logotipo da empresa logo em baixo. E realmente, o Conde havia comentado sobre isso ontem a noite, mas eu não fazia ideia de que seria hoje!
- Temos que estar lá às nove e meia, e já são quase nove horas! Precisam se arrumar agora, se a gente tarde o Mestre e o senhor Sebastian vão ficar furiosos!
- Mas que merda! Eu preciso me trocar e, AI! QUE ISSO?!
Mey-Rin tinha acabado de dar um beliscão no loiro.
- Olhe a boca, Baldroy!
- O QUE DEU EM VOCÊ?! Para com essa mania de me beliscar!
- Então para de xingar!
- Deus do céu... - Me levantei da mesa da cozinha. - vou me arrumar.
Saí da cozinha e deixei que os dois discutissem a vontade.
Imbecis.
[...]
Estava nublado, frio, um dia típico de inverno.
Eu mexia em meu brinco enquanto via as paisagens ficando para trás, conforme a carruagem andava.
- Alguém sabe que horas são?
Mey-Rin perguntava ansiosa, ela batia seus pés no chão sem parar.
- Não faço ideia. Não tenho relógio de bolso... - Bard colocou uma das mãos no bolso de sua calça e retirou uma pequena caixa de cigarros, retirando um e o colocando na boca. - não sei pra que tanta preocupação. Já tá quase chegando.
- Você sabe como o senhor Sebastian leva pontualidade a sério, precisamos chegar rápido!
- "Senhor Sebastian isso, senhor Sebastian aquilo.", por acaso você só sabe falar disso?
- Ah! Abusado! Eu não...
- Gente! O que acham de me contar um pouco sobre o piquenique, hm? Ainda não entendi do que se trata. Podem me explicar como é? Acontece todo ano?
Dois em um. Apaziguar a briga dos dois imbecis e entender os projetos da empresa Funtom. Perdi um tempo precioso ficando de cama, tempo esse que eu poderia usar para obter muito mais informações que antes. Preciso voltar a ativa.
- A-ah, é um evento que acontece todo ano e em todo o inverno. O Jovem Mestre organiza um piquenique beneficente pra crianças dos bairros pobres de Londres. Tem barracas de jogos, várias brincadeiras e a uma distribuição de brinquedos, doces e roupas!
- Achei que a Funtom só produzisse brinquedos e doces.
- Na verdade tem várias outros nobres que ajudam com o evento, então além da distribuição dos brinquedos e doces, tem roupas e sapato, que são doados.
- Muito legal o Jovem Mestre fazer essas coisas, né? É um dos meus dias do ano preferidos!
Finny gritava animado. Seus olhos brilhavam enquanto encaravam as janelas e suas mãos batiam em seus joelhos de maneira inquieta. De longe, ele era o mais empolgado entre nós.
- É mesmo, Finny ama esse dia!
- E por que vocês, quero dizer, nós somos chamados?
- Bom, como servos nós devemos estar lá pelo Mestre. Mas normalmente a gente também pode participar das brincadeiras que acontecem!
Brincadeiras? Quantos anos temos? Doze? Se bem que o Conde não está muito longe disso. É, talvez não deva julgar na minha atual posição.
Servindo uma criança, que situação ridícula.
"Piquenique de Inverno Beneficente Funtom", mais uma maneira de manter a imagem do nobre Conde Phantomhive. O que será que um garoto tão jovem, tão respeitado por seus servos e temido pelos adultos tem a esconder.
Não apenas pelo trabalho, mas dessa vez estou realmente curiosa para descobrir.
- Ai, acho que chegamos... - Bard colocou a cabeça para fora da carruagem, assustando Mey-Rin. - ali! Acho que estou vendo um monte de pessoas, uau tem até balões!
- Balões! Eu quero ver!
- Ai! Finny, não me empurra, cara!
- De-desculpe, Bard!
- Acho melhor descermos aqui. - Sugeri. - Vamos?
Todos concordaram.
Descemos da carruagem e agradecemos ao cocheiro. Obviamente, foi escolhido um campo aberto para o piquenique, a grande sorte é que a neve não caia hoje. Nos aproximávamos do evento e a cada passo se ouvia um pouco mais as conversas e as risadas das crianças que corriam de um lado para o outro.
Balões em todos os cantos, barracas com brincadeiras de tiro ao alvo, argolas, brinquedos e doces. Crianças corriam com seus brinquedos de um lado pro outro, outras estavam brincando nas barracas e algumas dividiam seus doces entre seus colegas. As risadas e os gritos alegres e inocentes eram mais altos que as conversas contidas dos nobres em volta, que bebiam champanhe e comiam aperitivos servidos pelos garçons.
- Aquilo é uma barraca de acertar garrafas?! Eu quero ir!
- Ei, ei, calma ai espertinho. - Bard segurou Finny pelo ombro, antes que ele saísse correndo. - A gente tem que achar o Jovem Mestre primeiro, lembra?
- Mas, Bard!
- Sinto muito, mas conhece as regras. O Sebastian vai encher a paciência se você correr assim. Brinca depois que acharmos eles, pode ser?
- Ah, tudo bem. - Ele ficou meio desanimado. - Ei Mey-Rin, achou eles?
- Ahm, só um instante... - Ela retirou seus óculos cuidadosamente, revelando mais uma vez os raros olhos que viviam escondidos no vidro fosco de suas lentes. Sua cabeça se movia de um lado para o outro, os procurando com muita atenção. - acho que achei! Bem ali!
Ela apontou para uma grande tenda roxa, longe de onde estávamos.
Mey-Rin começou a andar apressada na multidão, quase a perdemos de vista.
-Ei! Vai m-mais devagar, que coisa! Vem Amelia, vamos!
Nos esgueirávamos de forma desajeitada na multidão e em pouco tempo eu e os rapazes vimos Mey-Rin perto da grande tenda. Ela conversava com uma figura pequena e outra exageradamente alta, eram eles. Ela realmente os tinha visto de longe.
Levou pouco tempo para que o Conde reparasse em minha chegada, junto dos rapazes.
- Bom dia, Mestre!
- Oh, chegaram bem na hora.
- Bom dia, Jovem Mestre... - Reverenciei como de costume. - devo dizer, e
o evento parece muito bem feito. Um piquenique e tanto.
- Não é grande coisa, apenas um evento anual. - Ele não parecia tão animado. - Mudando de assunto, como se sente?
- Muito melhor, senhor. Foram todos muito atenciosos em relação a meus cuidados.
- Que ótimo. Espero que todos possam se divertir no evento de hoje. Afinal, é um piquenique... - Um garçom se aproximou e ofereceu uma fatia de torta ao Conde, que pareceu abrir mais os olhos e demonstrar grande interesse ao olhar para o doce. Ele pegou uma das fatias sem hesitar. - particularmente, o deste ano não me parece ruim.
- Mestre, Mestre! Já podemos ir à barraca de jogos?! Eu queria muito jogar o jogo das garrafas.
- Fique à vontade.
- Ah, obrigado, obrigado! Até mais pessoal!
Finny desapareceu na multidão com a mesma rapidez com a qual chegou aqui.
- Bom, eu acho que vou atrás dele. - Bard tirou seu maço de cigarros do bolso. - Mey-Rin, vamos?
- Não, obrigada. Eu vou ficar por aqui.
- Hm, você quem sabe.
E então Bard deu de ombros e sumiu na multidão. Ele não parecia muito satisfeito com a resposta que Mey-Rin o deu.
- E-então, senhor Sebastian, o que tem a-achado da festa?
Sebastian. É verdade, ele estava ali.
Sempre tão quieto e discreto que havia esquecido de sua presença.
Lá estava ele, a pouquíssimos metros do Conde, na mesma figura impecável e polida de sempre, com as mesmas vestes de mordomo, de todos os dias.
O fraque, o broche Phantomhive, a corrente do relógio pendurada sobre o bolso do fraque, as mesmas coisas de sempre. Nunca o vi usar nada diferente desde que cheguei aqui.
Uma flor no bolso do fraque? Uma gravata de alguma outra cor ou estilo? Um chapéu ou algum outro penteado? Não, nada. Era o mesmo egocêntrico, persistente e arrogante mordomo, que sabia como atuar e disfarçar muito bem seus traços mais desagradáveis.
Não olhei em seu rosto desde quarta-feira, desde aquele desmaio, desde que invadiu meu quarto.
Desde esse dia não nos falamos mais, se quer trocamos olhares. Considerando que passei essas últimas horas de repouso em uma cama. Mas, pelo menos por enquanto, ele não tem me infernizado como antes, e eu pude me aproximar um pouco mais de Baldroy.
Meu caderno continua com poucos registros, quase nada. Assim que encontrar um lugar melhor onde possa guardá-lo, terei o que registrar sobre o cozinheiro.
Seus olhos encontraram os meus quando o encarei, mas não desviei, não demonstrei qualquer sentimento que não fosse indiferença.
O que seus olhos transmitiam? Não sei. Mesmo depois de tudo ele continuava com o mesmo sorriso cínico e olhar indiferente, como se nada tivesse acontecido, ou melhor, como se ele não se importasse com o que aconteceu.
- Está agradável.
Ele não parecia muito interessado na conversa.
- S-sim, eu também achei!
Um silêncio, acho eu que incômodo, se instalou entre todos nós. Menos para o Conde, aparentemente. Ele parecia mais preocupado em comer sua torta, estava praticamente de costas para nós. Pelo menos alguém estava se divertindo
Ele vestia roupas, que bem, acho que "exuberantes" é a palavra. Era um grande fraque xadrez, com caudas tão longas que se arrastava no chão, cheias de babados.
A senhorita Hopkinkins é um pouco...exagerada, as vezes.
Mas, pelo menos, era algo chamativo, ideal já que Conte era o dono do evento.
Nenhum nobre, servo ou quem quer que fosse poderia negar o gosto do Conde para moda, a maneira como escolheu sua estilista a dedo.
[...]
Depois de algum tempo ouvindo Mey-Rin tagarelando com Sebastian e vendo o Mestre parando cada garçom que parasse a sua frente com algo doce, decidi dar uma volta e ver o que tinha pela feira. Barracas de comidas, doces, brincadeiras, jogos e brinquedos. As crianças corriam por todos os lados e pareciam estar realmente se divertindo. Vez ou outra vi Finnian correndo junto das outras crianças, era até que bem engraçado.
Durante meu passeio comecei a sentir fome, provavelmente as horas se aproximavam das uma da tarde, quase hora do almoço. Comecei a procurar por algo salgado para comer.
- Pães de que?
- Pães de Queijo! A senhorita gostaria de provar algum?
Na cesta, haviam várias "coisas" em formato redondo, tinham um cheiro bom e realmente se pareciam com um pão, apesar de bem menores.
- Eu nunca vi um desses aqui. Por acaso...
- É uma comida brasileira.
- Ah, Conde! Que prazer revê-lo! Gostaria de um?
Me assustei quando vi que o Conde estava ao meu lado. Por ser tão pequeno mal pude notar que estava se aproximando, muito menos que estava ao meu lado.
- Jovem Mestre?
- Prove, você vai gostar... - Ele aceitou o que foi oferecido pela atendente e deu uma mordida. - hm, nada mal.
Fiz o mesmo e aceitei o pão oferecido pela moça. Quente, macio e com um cheiro apetitoso.
Dei uma mordida, salgado, macio, fácil de mastigar. Era realmente bom.
- O que achou?
- Hm, bem diferente, apetitoso.
- Sim, foi o que pensei. É como se fosse um pão quente recheado com queijo, algo assim. Foi um presente de um dos colaboradores da Funtom, um senhor de engenho brasileiro. Apesar de serem uns primitivos e retrógrados que ainda usam mão de obra escrava, sabem como cozinhar.
Ele disse colocando mais um pedaço em sua boca.
- O que está achando do piquenique?
- Agradável, Mestre. Aparentemente muitas crianças estão se divertindo e todos parecem bem satisfeitos com a comida.
- Muito bom, justamente o objetivo que procuramos alcançar hoje.
- A distribuição de brinquedos já aconteceu, senhor?
- Bom ter mencionado. Daqui a alguns minutos, na verdade. Preciso de Sebastian, alguém deve realizar a distribuição de brinquedos e doces na barraca que montamos. Eu vou indo...
Uma oportunidade de se mostrar prestativa, não a perderei.
- S-senhor, eu mesma posso fazer!
- Hm?
- A distribuição para as crianças, eu posso ajudar.
- Não sei, são muitas crianças e normalmente Sebastian consegue controlá-las.
- Eu também consigo, garanto ao senhor!
Aceite, aceite, aceite!
- Acha mesmo que consegue?
Só mais um pouco, preciso convencê-lo mais um pouco!
- Senhor, eu gostaria de compensar pelos dias que passei acamada sem poder exercer minhas funções. Além disso, que serva Phantomhive seria se não conseguisse realizar uma tarefa como essa?
Eu precisava convencê-lo, passar credibilidade. Ele arqueou uma sobrancelha e sorriu de canto. Por que?
- Tudo bem, faça. A distribuição será ao lado da barraca de drinques, sabe onde é, certo?
- Sim, senhor!
- As caixas com os brinquedos e doces estão debaixo do balcão, certifique-se de entregar a todas as crianças e não deixe a desordem se instalar.
- Sim, Jovem Mestre! Muito obrigada.
Reverenciei e caminhei às pressas em direção a barraca.
Fiz isso esquecendo completamente que estava segurando o tão Pão de Queijo em mãos, ainda. Olhei para os lados, garantindo que ninguém estava olhando e o coloquei inteiro na boca, de uma vez. Era realmente delicioso.
[...]
- Resolva-se logo com ela.
- Perdão, senhor?
- Você e Amelia. Resolva logo esse drama.
- Isso é uma ordem?
- Já te ordenei isso antes, fará de um jeito ou de outro, agora estou apenas te lembrando de que deve fazê-la .
- E por que diz isso?
- Deixei que ela fizesse a distribuição de brinquedos e doces, ela insistiu. Começa daqui a dez minutos.
- Algum motivo em específico? Afinal, realizo essa tarefa quase todos os anos.
- Sabe o que ela me disse quando perguntei se ela conseguiria fazer isso sozinha? "Que serva Phantomhive seria se não conseguisse?".
Sebastian ficou em silêncio. Normalmente, quando digo coisas assim ele responde com seu sarcasmo velado, sorriso irritante e com os olhos fixos nos meus, mas dessa vez ele sequer olhava para mim. Ele sabia o que quis dizer com aquilo, poderia entrar na brincadeira e a série de provocações que começaríamos, afinal ele sempre gostou disso. Mas dessa vez não disse nada, porque dessa vez discordava seriamente.
Talvez esses dois não sejam tão diferentes como ele pensa.
O quanto isso te incomoda, demônio?
Isso está ficando divertido, mas pode ficar ainda mais.
- Sebastian.
- Sim, Mestre.
- Vá ajudá-la. Quero que o controle de qualidade seja mantido, não aceito qualquer tipo de desordem. Fui claro?
- Yes, my Lord.
Quero assistir esses dois em ação.
[...]
- Droga, droga. Como vou abrir essa coisa?!
Estava a alguns minutos brigando com as benditas caixas que o Conde tinha mencionado. Ouvi alguém falar que as encomendas da Funtom era de grande qualidade, definitivamente não era mentira, porque o tempo que venho gastando para abrir uma maldita caixa era irritante! Mas que merda!
Eu teria que ter uma força sobrenatural para abrir essas coisas! Que inferno!
- A senhorita precisa de ajuda?
Uma voz falava do lado de fora da barraca, provavelmente algum senhor querendo ajudar. O que eu realmente precisava agora era que Finny aparecesse aqui!
- Ah, não se preocupe senhor, tenho tudo sob controle! Volte mais tarde e poderei atendê-lo!
Disse, ainda de costas para ele, fazendo esforço para abrir as malditas caixas!
- Oh, jura? Honestamente, me parece que precisa de ajuda.
Ele não tem nada melhor para fazer?
- Garanto ao senhor que está tudo sob controle. Assim que terminar poderei...
Me virei para dar a última palavra ao homem, e a insistência irritante faz todo sentido agora.
Sebastian. O que diabos está fazendo aqui?
- Acho que duas mãos a mais não fariam mal. Concorda?
Disse levantando as mãos e as balançando levemente, como se brincasse. Estupido.
- O que faz aqui?
- Bom, originalmente essa era minha função. Vim conferir como estão os preparativos.
- Tudo ótimo.
- Tem certeza? Me parece que sequer começou.
- Eu só preciso de tempo para abri-las, nada demais.
- Tempo, é?
Ele se aproximou e adentrou a barraca sem mais nem menos.
- Espere! O que você pensa que...
Com um único impulso, ao se aproximar das caixas, as abriu sem dificuldade alguma. Como se fossem de papel.
Desgraçado!
- Pronto, agora terá tempo sobrando. Vê? Quatro mãos trabalham melhor que duas.
- Eu não preciso da sua ajuda, obrigada.
- Ora, não precisa ser tão orgulhosa. Quer tanto assim distribuir brinquedos a essas crianças, sem ajuda alguma?
- Sim, posso fazer perfeitamente sozinha. E você? Aparentemente, prefere ajudar os jovens ricos, correto?
- Se fosse verdade, não estaria insistindo para que aceitasse minha ajuda. Concorda?
Duvido que queira me ajudar por pura e espontânea vontade.
- Jovem Mestre te mandou aqui?
- Talvez. O que acha?
- Acho que se tiver mandado, não terei outra escolha a não ser aceitar, mas caso o contrário, pode ir embora.
- Então acho que terei de ficar.
Maldito!
- Não deveria estar o acompanhando? É inapropriado um mordomo deixar seu Lorde sozinho, não?
- Certamente, mas como a senhorita disse, estou aqui às ordens dele. Além disso, que tipo de mordomo Phantomhive eu seria se não conseguisse realizar duas tarefas ao mesmo tempo?
Senti um arrepio subir pelo corpo e um Dejavu, um tanto irônico, passou por minha mente ao ouvi-lo proferir a frase. Uma coincidência e tanto.
- Que seja. Eu vou tirar os coelhos de pelúcia das embalagens. Fique com os doces se quiser.
- Hm, entendido.
Ele sorriu simpático, como sempre. Eu odeio esse sorriso.
Organizamos todos os brinquedos e doces da barraca. Junto a cada coelho cinza, um pirulito de chocolate com caramelo, enquanto a cada coelho branco, um bombom de Bitter Chocolat com morango.
As pelúcias de coelho da Funtom eram as mais adoráveis e favoritas de todas as crianças. Existiam de todas as cores, tamanhos e até mesmo roupas. Todos admiravam a empresa por toda a criatividade que tinham na produção de seus brinquedos, os designes e as pequenas roupas para os animais de pelúcia, costuradas e feitas perfeitamente até os mínimos detalhes.
Sem falar que foi uma das primeiras empresas a experimentar o corante alimentar não nocivo em seus doces, foi genial. Os jornais sempre noticiavam cada passo do sucesso da Funtom, todos em Londres e de fora dela acompanhavam.
Não é atoa que esta se torna mundialmente famosa. Como alguém tão novo pode ser tão esperto, financeiramente?
Ciel Phantomhive, você é mesmo algo e tanto.
- Terminamos... - Sebastian batia as mãos, as limpando da poeira. - hora da anunciação.
- Anunciação?
- Aham... - Sebastian limpou sua garganta e ajeitou o fraque. Convencido. - boa tarde a todos! Peço um momento de sua atenção, por favor!
Levantando um pouco mais seu tom de voz, foi o suficiente para que as crianças e os nobres se reunissem em volta de nós. Não demorou muito para que encontrasse o Conde, Bard, Finny e Mey-Rin na multidão.
- Novamente, boa tarde a todos. Gostaríamos de anunciar que a distribuição anual de brinquedos e doces da Funtom para crianças carentes está prestes a começar. Um oferecimento de meu nobre e generoso Mestre. Por favor, uma salva de palmas ao nosso Conde Phantomhive!
Todos nós aplaudimos, o Conde sorriu educadamente e acenou para todos.
- ISSO AI, JOVEM MESTRE!
- Muito bom, isso ai Mestre!
- Três hurras pro nosso Jovem Mestre!
Meu deus. Que vergonha.
Os três patetas gritavam e comemoravam escandalosos na multidão. A empolgação deles era engraçada...
Talvez divertida.
Estavam deixando todos os nobres sem jeito, Sebastian era um dos que não parecia muito contente com o escândalo.
O Conde não parecia ligar.
- Aham, obrigado a todos. Bom, continuando, pedimos que todas as crianças façam uma fila indiana para pegar seus brinquedos. A senhorita Amelia vai distribuir os agrados para todos!
- A-ah, sim!
- Acene.
Ele sussurrou para mim, e apesar de relutante, segui a recomendação e acenei a todos.
Todas as crianças correram em direção a barraca, tão rápido que imaginei que fossem nos derrubar. Todas estavam animadas e felizes.
Sebastian, pacientemente, organizou uma por uma e as acalmou para que pudessem pegar seus brinquedos.
- Oi moça!
A primeira criança da fila veio até mim, muito animada e sorrindo.
- Bom dia, querido! Tudo bem?
- Tudo sim! Eu vou ganhar um brinquedo?
- Vai sim! Você quer o coelho cinza ou o coelho branco?
- O cinza, o cinza!
- É todo seu... - Peguei um dos coelhos cinza, já com seu pirulito e entreguei ao garoto. - se divirta.
- Eba! Obrigado moça!
Ele saiu correndo, balançando seu coelho de um lado pro outro. Parecia bem feliz.
- Ei, moça, moça! Eu sou o próximo!
- É, isso mesmo! Qual coelho você deseja?
- Posso te contar um segredo?
- Um segredo?
- É meu aniversário!
- Ah, é? Que incrível... - De repente uma ideia me veio à mente. Olhei para Sebastian, ele parecia distraído organizando a fila e cuidando das outras crianças. - me conte, qual coelho você quer receber?
- O branco! Ele é muito fofo!
- Ah, claro! E mais uma coisinha... - Peguei um dos poucos pirulitos de chocolate que haviam sobrado e os coloquei junto ao coelho, deixando a menininha com dois pirulitos. - prontinho, assim você pode provar os dois pirulitos. Mas não conte a ninguém, entendeu? É um segredo. E, feliz aniversário.
- Sério?! Obrigada! A moça é muito legal! Muito, muito legal!
A menininha saiu correndo, dando pulinhos de alegria.
A maioria dessas crianças está ganhando seu primeiro brinquedo, já que muitos pais são pobres demais para essas coisas. Um coelho de pelúcia e um pirulito, isso é o suficiente para deixá-las felizes, correndo e brincando o tempo todo, parece tão pouco para nós e muito para eles.
Eu sempre quis algo assim quando era mais nova.
Depois de um longo tempo a distribuição finalmente acabou e todas as crianças tinham ganhado suas pelúcias e pirulitos. Porém, tinham tantos doces e pelúcias que sobraram umas dez nas caixas que Sebastian havia aberto.
- O que faremos com isso?
- Retornarão as fábricas e passarão pelo controle de qualidade. Se ainda estiverem bons o suficiente, serão vendidos.
- E os doces?
- Oh, o Jovem Mestre quer que sejam levados para a mansão.
Disse em um longo suspiro. Sebastian parecia bem rigoroso em relação à dieta do Conde.
- Bom, se é assim deveríamos...
- Ah! Seu pé rapado inconsequente!
Um tumulto perto de nossa barraca chamou minha atenção.
Um garotinho estava caído no chão, perto de uma das nobres. A mesma parecia bastante irritada, pois agarrava seu vestido desesperadamente enquanto observava a grande mancha que, acho eu, de vinho em seu vestido. Não acho que isso vá acabar bem,
- D-desculpa moça! F-foi sem querer, eu prometo!
- Desculpas?! Seus pais terão de trabalhar nas fábricas o resto da vida para pagar por isso! Seu pobre imundo!
O menino começou a chorar, desesperadamente. Que mulher mais nojenta! Repugnante!
As pessoas não se moviam, apenas observavam o tumulto. Ninguém ia ajudá-lo?! Ninguém faria algo?!
Não deixarei as coisas assim.
- Que mulher repugnante... - Coloquei a caixa que segurava em mãos. - eu vou resolver isso agora.
Antes que pudesse sair, Sebastian tocou meu ombro segurou com firmeza.
- O que pensa que está fazendo?! Alguém precisa ajudá-lo.
- Controle-se e observe.
Sebastian apontou para a situação mais uma vez e quando olhei, o Conde estava se aproximando deles.
- Com licença. Senhora Isabel Watson, estou correto?
- Ah, Finalmente! Conde Phantomhive, o senhor precisa...
- Desculpe, mas preciso te interromper. Senhora Watson, preciso que se retire do evento, agora mesmo.
- COMO?!,
A mulher berrou de maneira escandalosa, seu rosto ficou vermelho e parecia estar prestes a explodir.
Olhei para Sebastian, ainda confusa. Ele estava assistindo toda a situação concentrado, sorrindo.
- Esse evento é feito especialmente para estas crianças e justamente pra que minha empresa possa fazê-las mais felizes. O piquenique é, principalmente, sobre estas crianças, não sobre a senhora. Inclusive, foi convidada para o evento pois seu marido fez a gentileza de doar uma fortuna considerável para ajudar crianças como a que a senhora está destratando nesse momento. Por tanto, se não consegue sequer respeitar aqueles que seu marido se propôs a ajudar, sugiro que se retire. E você garotinho, levante-se.
O menininho, já mais calmo, enxugou as lágrimas dos olhos e se levantou. O Conde se abaixou, pegou o coelho do chão e deu algumas batidas para limpá-lo, devolvendo ao garoto.
- Obrigado!
Ele fugiu tímido.
- Ah! Isso é um ultraje!
- Ultraje é crucificar uma criança só porque um tecido de baixa categoria foi manchado. Por favor, me passe o nome de seu alfaiate para que nenhum de nós contrate a mão de obra dele.
Ele dizia com a maior naturalidade no mundo, sem alterar seu tom de voz ou comportamento. Todos em volta riram do comentário do Conde, deixando a mulher ainda mais irada.
- Isso é um absurdo! Eu vou falar com meu marido sobre suas malcriações, seu moleque! Ele é tão poderoso quanto você imagina!
- Não sei senhora Watson, os lucros de sua fábrica tem caído mais de cinquenta por cento a cada mês, as taxas só tem ficado mais altas, e pelo que fiquei sabendo a senhora tem gastado muito mais do que pode pagar, se eu fosse você não seria tão esnobe.
- Q-que se danem! Que se danem todos vocês e esta festa inútil! Não frequentarei um lugar como este! Adeus.
A mulher pisava forte, como se fosse rachar o chão ao meio, irritadíssima.
- Vá pela sombra. E leve uma lembrancinha, por favor.
A primeira reação de todos em volta foi aplaudir e se juntar em volta do Conde.
Ainda me sinto, como posso dizer, sem reação?
- Nossa.
Soltei automaticamente, sem pensar muito antes de falar.
- Surpresa com algo?
Tinha até esquecido que Sebastian estava atrás de mim, esquecido que sua mão ainda tocava meu ombro. Um arrepio subiu.
- Não é isso... - Me afastei um pouco, tirando sua mão de meu ombro. - eu só não esperava...não vindo dele. Do Conde.
- As pessoas tendem a falar muitas coisas sobre meu Mestre, e a maioria são grandes balelas.
- Ele parece um adulto.
- Ele não é, mas em grande parte do tempo é mais que sua idade permite.
- Deve ser difícil para alguém tão jovem.
- Para ele é um dever. Ele é especial, é por isso que o sirvo.
Nossa conversa finalmente estava indo a algum lugar.
- Não faz sentido. Por que serviria alguém só por achá-lo "especial"? Não ganha nada com isso.
- Você também o serve, ele viu algo em você.
E foi quando me vi tendo um diálogo profundo e até mesmo, um tanto pessoal, que desviei completamente do caminho que essa conversa começou a tomar. Não estava gostando disso.
- Pode deixar o discurso de lado. Eu não sou especial, apenas profissional.
- Nem tudo é o que pensamos, e nem tudo é o que parece. Meus anos de trabalho me ensinaram isso.
- Diz isso mas não parece tão contente com a minha presença na mansão, se quer saber o que acho.
Ele levantou as sobrancelhas, talvez surpreso com a rapidez com que toquei na ferida. Mas era verdade, não fazia sentido estar me falando todas aquelas coisas se estava tão descontente com minha presença, me perseguindo para lá e cá, me causando dores de cabeça.
Queria saber seus motivos, dar um fim nessa conversa, acabar com toda essa enrolação. Ele passou praticamente toda a tarde tentando ser gentil e prestativo, tentando conversar, me tocar, me aconselhar. O que há com ele? Já é hora de encerrar esse assunto bobo.
- É inegável, eu tenho fugido completamente de meu comportamento habitual nos últimos dias. Nada do que tenho feito é de meu feitio. Peço perdões.
Como é?!
- Espero que possamos recomeçar, corretamente dessa vez, e talvez todos possamos aprender algo... - Ele estendeu sua mão para mim - juntos.
"Eu vou cuidar desse assunto", foi o que o Conde disse quando fiquei de cama. Ele estava pedindo perdão por livre e espontânea vontade, ou o Jovem Mestre ordenou que o fizesse? Ele continuaria me perseguindo? Continuaria desconfiando de mim?
Mas mesmo assim, eu tenho que saber...
- O Jovem Mestre ordenou que fizesse isso, não ordenou?
- Isso fará alguma diferença?
Fará, afinal não será verdadeira. Mas mesmo assim, independente do que for, rejeitar seu perdão seria declarar guerra, arrumar mais problemas para mim. Não posso correr esse risco de novo.
- Não.
Disse, estendendo minha mão para ele.
- Está aceitando por que quer, ou por que deve?
- E fará diferença?
Respondi na mesma moeda.
Ele sorriu, da mesma forma que vi fazer algumas vezes, da mesma que qualquer um não desconfiaria, mas que para mim soava sádica e ácida, que me criava mil incertezas e desconfianças sobre a sua pessoa.
Ele apertou minha mão.
- Definitivamente não, senhorita Amelia.
Sebastian Michaelis, eu vou continuar de olho, homens como você não me enganam.
[...]
Pela primeira vez em muito tempo eu não queria ler, só queria passar um tempo sozinha na biblioteca. É um dos lugares mais silenciosos da casa, um dos que mais gosto até agora.
Precisava pensar sobre o que aconteceu mais cedo, pensar sobre o Conde.
Já ouvi tantas coisas sobre ele. Algumas pessoas falavam que ele era um homem amedrontado, cruel, amargo, assustador; outras pessoas diziam que ele era um tirano, antissocial, que colocava medo nas pessoas; diziam até que várias pessoas que já entraram na mansão, nunca mais saíram.
Até algumas crianças em East End tinham medo dele.
Mas, algumas coisas pareciam não se encaixar. Seu comportamento, no geral, não se encaixava com o que eu esperava encontrar, com as coisas que escutei. As pessoas aqui não o temem, mas o respeitam. Respeitam de uma forma até estranha, para um fedelho como ele. Não era exatamente isso que esperei encontrar. Nobres poderosos como ele costumam ser mais inconsequentes, nocivos.
Esperei por tirania, abusos, coisas que pudesse usar contra ele.
Mas não encontro nada e é quase impossível investigar com Sebastian voltando sua atenção toda para mim. Eu preciso de uma brecha, o mais rápido que puder.
Pelo menos por enquanto, minha única opção é acreditar que, assim como seu próprio mordomo, ele também seja muito bom em esconder sua verdadeira face para grande parte das pessoas. Na verdade, todos nessa mansão são. Um soldado que é um cozinheiro, uma assassina com olhos de águia, que é uma serva e por fim, um garoto com força desumana e totalmente desconhecida.
Me pergunto o que o Conde esconde, ou o que Sebastian esconde. O que eles realmente são? O que Sebastian é?
Por vezes, me perguntou não só o motivo pelo qual o Conde invadiria o encontro de membros e mataria a todos, como me pergunto sobre suas companhias naquele momento. Eram setenta pessoas, homens e mulheres adultos. Ele não poderia ter feito algo assim sozinho, não conseguiria! Não faria sentido!
Será que Mey-Rin estava lá? Ou Bard improvisou uma de suas bombas? Finny atacou todos com sua força? E Sebastian? O que ele poderia ter feito?
Quanto mais eu penso sobre isso, mais perguntas surgem em minha cabeça. Sem dúvidas, a parte crítica é não ter respostas para nenhuma delas.
Toc, toc.
- Senhorita Amelia?
Alguém bateu à porta, e logo reconheci pela vez.
- Hm? Oh, é você.
A figura de Sebastian, parado ao lado da porta, olhando para mim.
- Estou interrompendo?
- Não, não está... - Me levantei da poltrona de couro e ajeitei meu vestido amarrotado. - precisa de algo?
- Jovem Mestre. Ele deseja vê-la.
[...]
- Solicitou minha presença, Jovem Mestre?
Adentrei o escritório. A grande poltrona do Conde estava vazia, ele estava de pé, de costas para mim e observando o lado de fora pelas janelas.
Já estava escurecendo lá fora.
- Sim Amelia, - Ele se virou novamente e foi em direção a sua poltrona, se sentando novamente. - aproxime-se, por favor.
Me aproximei e fiquei parada bem em frente a sua mesa.
- Antes de qualquer coisa, estou satisfeito com seu trabalho, você tem sido de grande ajuda nas últimas semanas.
- Obrigada, senhor. É sempre um prazer, afinal é meu trabalho.
- Sendo assim, tem algo que gostaria de pedir. Eu gostaria que fosse a cidade amanhã com Finnian, preciso que vá a floricultura da cidade e encomende alguns arranjos de rosas para a data que vou lhe passar. Normalmente eu mandaria Sebastian, mas amanhã teremos um dia cheio e precisarei dele aqui. Deixar Finnian ir sozinho à cidade definitivamente não é uma opção, dito isso, está de acordo?
- Claro senhor, com certeza!
- Ótimo... - Ele abriu uma das gavetas de sua mesa, retirou um papel em branco e pegou sua caneta tinteiro, começando a escrever. - aqui está o endereço da loja, o tipo de arranjo e a data para qual eu gostaria que elas fossem entregues. Guarde com você.
- Sim, senhor.
Ele me entregou o papel, o qual guardei em meu bolso.
- Quando voltarem pode tirar seu dia de folga, Mey-Rin vai se encarregar de suas tarefas.
- Sem problemas, posso realizá-las quando voltar, tenho certeza.
- Se prefere assim, tudo bem. Bom isso era tudo, pode se retirar para descansar.
- Obrigada senhor. E inclusive...
- Sim?
- Nada demais, apenas gostaria de parabenizá-lo por sua atitude no piquenique, foi muito nobre de sua parte. Conheço poucos que teriam feito o que fez.
- Eu sou um Phantomhive, não tolero nada fora da educação que me foi dada.
- Fico feliz por trabalhar para alguém com bons valores. Boa noite, senhor.
- Boa noite, Amelia.
Finalmente, o dia terminou.
Meu corpo descansou, mas não posso dizer o mesmo da minha cabeça.
"Eu sou um Phantomhive". Até onde esses valores vão? Até onde o Conde os respeita? O que ele faz para continuar sendo o grande Ciel Phantomhive? Ele já derramou sangue por esse título, por esse título de família prestigiada?
Eu vejo o Conde como um tipo de caixa de pandora. Quanto mais você quer abri-la, mais você tem medo do que possa ter dentro.
Se quero desvendar toda essa história, preciso de uma base. Algo pelo qual possa começar.
Os servos.
*
Oi gente! O capítulo de hoje foi bem mais curtinho que normalmente, é bem tranquilo de se escrever! Espero que tenham gostado!
Um dos meus principais objetivos do capítulo de hoje foi mostrar um pouco sobre o incômodo que Ayuini sente em relação a grande discrepância entre o comportamento do Ciel e as coisas que ela ouviu, imaginou e esperava dele, ela é uma pessoa muito desconfiada, sem falar de todas as dúvidas que surgiram em sua cabeça. Por que ele matou todas aquelas pessoas da máfia? Será que ele estava mesmo sozinho? O que ele ganharia com aquilo? O que ele e Sebastian, e os outros servos tanto escondem?
São muitas perguntas e mesmo ela, a melhor das assassinas, não conseguiu resolver ainda. O quanto será que isso a frustra?
E Sebastian? Será que ele realmente se arrependeu do que fez, ou se desculpou por que foi ordenado? Como a relação desses dois vai se seguir daqui pra frente?
Veremos nos próximos capítulos. Não esqueça de deixar seu voto "⭐️" e comentário!
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