Sem Nenhuma Chance

  Assim que chegamos  no quarto, Maraisa me emprestou uma camisa grande e um sorte que serviu perfeitamente em mim.
Depois de escovarmos os dentes, a gente deitou na cama, mais Maraisa começou a mexer no celular enquanto eu olhava pra ela analisando perfeitamente seus traços faciais. Sem que ela desse conta, começou a sorrir para a tela do celular e eu não pude evitar olhar o que tanto chamava sua atenção.  Quando vi que Maraisa estava conversando empolgada com um certo "Branquelo", isso me fez cair na real. Pra piorar, o tal também havia lhe mandado um áudio de 30 segundos. Naquele momento, quando Maraisa escutou o áudio e sorriu, fui obrigada à desviar o olhar dela pensando que  eu precisava parar de ter esperanças em algo que era obvio que não iria dar certo. Afinal, Maraisa não era como eu. Ela não era Gay.

Os nossos beijos haviam sido de momento, talvez de curiosidade da parte dela pra saber como era ser beijada por uma mulher, mais com certeza, não era um beijo de amor. Havia algo se passando ali e eu devia me conformar que não seria eu a escolha dela.

Me virei de costas pra olhar em direção da porta enquanto era obrigada a escutar o áudio do Danilo Gentili.  Sim! Ele era o "Branquelo" em seus contatos. Eu vi a foto que ela a mandou tomando um vinho caro e fumando um bom charuto. Quanto à Maraisa, só sabia sorrir como boba.
Ela ficou um tempo conversando com o "Branquelo" e quando eles se despediram foi que ela voltou a lembrar da minha presença ali.

-S/a? _ela chamou baixinho o meu nome mais fingi que eu tava dormindo_-Cê já dormiu?

Eu nada respondi nem me mexi, apenas suspirava como se eu tivesse em um sono pesado.

-Tadinha... tá cansada. Boa noite S/a.  Espero que tenha bons sonhos. _senti um beijo em minha têmpora esquerda  antes de mergulhar em baixo do edredom e dormir. Assim que percebi ela se aquietar, abri meus olhos e deixei uma lágrima escorrer. Tudo que eu havia planejado, tudo que eu sonhei dividir com Maraisa teria que ser ignorado porque para ela, eu não seria nada mais do que uma amiga e eu não queria ser uma amiga com benefícios, porque na minha visão, isso não era certo. 
Não havia mais beijos e nem toques, não haveria olhares apaixonados, pois naquele momento decidi a controlar tudo que eu sentia para não sofrer.

Eu vi o dia amanhecer.  Levantei-me, troquei de roupa, escovei os dentes com a escova nova que Maraisa me deu e logo deixei o quarto sem fazer barulho pra não acordar a mulher.

Desci as escadas na intenção de ir embora, mais não deu muito certo, já que dona Almira me encontrou na entrada.

-Bom dia, minha querida. Já está de pé a essa hora?!

Como que ela acordou tão cedo? Será que passou a noite em claro, como eu havia passado?

-Ah! _sorri com simpatia pra ela_-Bom dia, dona Almira. Pois é, eu...acordei cedo hoje.

-Uhm, bacana...cê ia lá fora pegar sol?

-Ham...não, eu tava indo...

-Então cê me ajuda a arrumar a mesa do café da manhã, por favor?

-Ham...tá! Claro. _sem jeito, acompanhei dona Almira até a cozinha e comecei ajuda-la com o café da manhã e a arrumar a mesa da sala de jantar. Enquanto fazia isso, as horas passavam, e o meu desespero para ir embora, só aumentava. Afinal, eu não saberia agir normalmente quando desse de cara com a Maraisa. Sei que posso estar sedo dramática demais, mas não tinha jeito eu precisava ser realista, e minha realidade não era ao lado da Isa...eu não queria confundir a cabeça dela não queria forçar algo com ela que com certeza não daria certo, então preferi abrir mão de tudo que sinto por ela.

Eu tava tentando inventar algo que me ajudasse a ir embora, mais Dona Almira me pegou em uma conversa sobre as manhãs de Natal dos natais passados e eu não tive como fugir. Com isso, a família apareceu para o café da manhã e entre ela estavam as gêmeas. 

Bom, você pode imaginar como foi minha manhã de Natal?
Havia tensão o tempo todo. Acho que as pessoas começaram a perceber que eu estava muito calada, e tive a certeza disso quando Maraisa tentou me encaixar em alguma conversa que eu respondia com sim e não, sendo elas, pequenas palavras sem emoção.

No almoço não comi muito bem. Eu só queria ir embora e tentar me conformar, mais era impossível sair naquele ponto do dia.

-Cê tá caladona aí!_Ouvi uma voz atrás de mim e me virei pra ver Maiara em pé com um copo na mão.  Eu tava sentada em cima de uma rocha olhando pra pequena lagoa que havia no quintal da casa. _-Tá tudo bem?

Suspirei quando Mai fez a pergunta e olhei pra frente de novo. Maiara sentou ao meu lado na rocha e ficou olhando pra mim esperando minha resposta.

-Eu tô bem.  Preocupa não.  _falei tentando me convencer também, porém não era verdade.

-S/a'' cê não tá bem...ontem te vi conversando com meu pai na varanda quando eu tava te procurando pra Maraisa. Aconteceu alguma coisa? Meu pai te falou alguma coisa que não deveria?

-Não. Seu pai foi muito legal comigo ontem. Ele até me aprovou com a Isa. _Maiara sorriu mais franziu o cenho

-Então porque cê tá tão pensativa e com esse semblante triste?

-Eu só...tô pensando em tudo que aconteceu comigo  até hoje.  Sou muito grata por tudo, mais algumas coisas eu venho questionando.

-Como o quê?_Mai perguntou e tomou um pouco de sua bebida.

-Sobre a Maraisa.

-Minha irmã? Por que?

-Ela não é gay, lésbica ou bissexual, Maiara, sua irmã é Hetero e eu estou muito longe de ser quem ela escolheria pra namorar.

-Por que isso agora, S/n? Cê conversou com a Mara? Ela te contou que você não faz o tipo dela? Mesmo depois dos beijos que vocês trocaram.

-Não! A gente não conversou e eu tô me afastando dela desde que a gente acordou. Mais eu sinto e vejo que não posso me dar ao luxo de sonhar com ela sendo que Maraisa não gosta de mim dessa forma.

-E como você explica os beijos? Hum?

-Penso que eles aconteceram porque Isa estava curiosa pra saber como era beijar uma mulher.

-Não acredito nisso! Cê acha mesmo que minha irmã nunca beijou uma boca feminina? Sério? Nós vivemos dando selinho...

-Mais é diferente, vocês são irmãs, Maiara. E nem vem dizendo sobre a Marília, vocês eram amigas e por isso o selinho era um ato carinhoso entre vocês. 

-Uhm...pode ser...mais mesmo assim. Minha irmã já beijou bocas femininas, porém a sua foi a que mais a agradou.  A Mara tá tão confiante com você, S/a" eu vejo os olhos dela brilhando quando fala de você e os sorrisinhos bobos?! Não dá pra negar, ela gosta muito de você e do que você faz ela sentir. Por que cê não conversa com a Mara e tire suas próprias conclusões?

-Ela tava falando com o "Branquelo" ontem antes de dormir. Eu a vi sorrindo de um jeito diferente.  _falei de uma vez _-Foi então que percebi que eu não tinha nenhuma chance. Que eu não podia competir com o Danilo.

-Como cê sabe que o Branquelo é o Danilo no contato da Mara?

-Ele mandou foto.  Eu não tava bisbilhotando, só vi que era ele pois o próprio a enviou uma foto da ceia de natal e depois um áudio que a Mara escutou sem usar fones de ouvido. Eu tentei ao máximo fingir que não tava vendo ou ouvindo a interação dos dois, mais eu tava.

-Então chegou a conclusão que minha irmã não teria nada com você por causa do Danilo? Sério mesmo?

-É o que eu acho. E não tem só o Danilo. Há tantos homens afim dela.

-Ok...pode ser, mais eu já acho que minha irmã está afim de você.  Eu aconselhei Maraisa a tomar uma decisão, mais você só saberá qual ela tomou se conversarem, sem antes tirar conclusões precipitadas.

Maiara se levantou e limpou o bumbum.

-Ela tá lá perto da piscina pensando na sua reação por você tá evitando ela desde manhã.  Maraisa tá pensando que fez algo de errado, já que você evitou o selinho dela também. 
  E S/a" se não for pra ser, não será.  Mais se for, vocês farão de tudo pra dar certo...pense nisso.

-Obrigada Maiara.

-Não tem de quê. 

Ela respondeu enquanto eu me colocava de pé.  Também limpei o bumbum e caminhei até a área da piscina e lá encontrei Maraisa sentada na borda da piscina com os pés dentro d'água enquanto os moviam pra frente e pra trás. 

Tirei meus tênis e me aproximei da mulher que levantou a cabeça e tentou me olhar contra o sol enquanto eu me sentava ao seu lado na piscina e colocava meus pés dentro da água. 

-Desculpa.  _foi apenas o que eu disse ao olhar pra ela e Maraisa me surpreendeu colando seus lábios aos meus sem se importar com quem estava vendo, pois aquele momento era apenas nosso.

Deixando-me levar pelos lábios tão bem encaixados aos meus, encostei minha mão direita na bochecha esquerda de Maraisa enquanto nossas línguas se moviam no mesmo ritmo e na mesma emoção. 

...






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