Se Envolvendo De mais
Pov S/n
Eu estava realizada, tanto no profissional quanto no sentimental. Tudo estava dando certo pra mim.
Após o recesso da confraternização mundial, também conhecido como Réveillon, voltei a minha agenda normalmente. Desde o dia da live com minha namorada, não entrei nas redes sociais à não ser no Whatsapp. Quando era necessário divulgar algum show ou alguma marca de roupa que nos patrocinava, era sempre Mônica que postava em minhas redes, pois eu não queria ter nenhum contato com os vários hates que insistiam em me perseguir.
Como eu disse; meu profissional estava indo melhor do que o esperado. Muitos cantores sertanejos entraram em contato com meu empresário, Gusttavo, permitindo que suas músicas fossem regravadas por mim.
E cara, eram só cantores de grande sucesso, como: Eduardo Costa, Leonardo, Chitãozinho e Xororó, Amado Batista, Gino e Geno, Edson e Hudson, Ricky e Renner, Rio Negro e Solimões e outros.
Então aqui estou eu no estúdio regravando "Não olhe assim" de Leandro e Leonardo.
-"Tire os teus olhos dos meus
Eu não quero me apaixonar
Ficou em mim um adeus
E deixou esse medo de amar
Eu já amei uma vez e sentir
A força de uma paixão
A gente às vezes se entrega demais
Esquece de ouvir a razão
Não olhe assim, não
Você é linda demais
Tem tudo aquilo que um homem procura
Em uma mulher
Não olhe assim, não
Porque até sou capaz
De atender este meu coração
Que só diz que te quer"
Depois cantei outra também do Leonardo chamada: Te amo demais
A mesma que Marília Mendonça uma vez regravou.
Enquanto eu cantava me deixando levar pela música animada, percebi uma movimentação no estúdio onde eu gravava. Tulio havia se virado pra encarar quem tinha entrado na sala e eu segui a mesma direção franzindo meu cenho quando vi André e Dona Jovelina. Ela parecia muito preocupada.
Curiosa, tirei o fone do ouvido e o coloquei pendurado em cima do microfone, logo arrumei minha blusa de frio e saí da cabine. Tulio pausou a música quando me viu.
-Dona Lina? André? Aconteceu alguma coisa?
-Oi S/n_disse André um pouco sem jeito. _-Desculpa te incomodar no seu trabalho, mais a gente não viria se não fosse algo sério.
-O que houve Dona Lina?_Ela parecia querer chorar
-Menina...precisamos da sua ajuda.
-No que posso ajudar?
Ela não tinha palavras então André foi quem respondeu
-S/n...é a Lívia. Ela se meteu num rolo aí e agora tá muito encrencada.
Suspirei abaixando os ombros e cruzei os braços
-O que ela aprontou desta vez?
-Ela sumiu por uma semana inteira. _disse dona Lina_-André a procurou pelo bairro todo mais nada de encontra-la e ante-ontem eles me ligaram...e...e...
-Eles quem...por favor, sente-se aqui, dona Lina. _pedi mostrando o sofá e André conduziu a mãe até ele. Tulio e eu ficamos aguardando ela continuar o que dizia.
-Os policiais ligaram pra minha mãe e disse que Lívia foi detida no dia 02. Ela tava com uns caras numa festa que tinha de tudo. Os policiais invadiram a casa e apreendeu tudo e todos que tavam lá. Agora a Lívia tá na delegacia e só sairá quando pagar quinhentos reais que é o valor da fiança.
-E onde a S/n entra na história?_Tulio perguntou e nós olhamos pra ele. Eu já imaginava onde eu me encaixaria na história.
-Bem...eu não, não tenho dinheiro pra pagar a fiança porque eu tava ajudando a pagar outras dividas da minha irmã e agora eu tenho minha namorada que tá grávida e...enfim...minha mãe também não tem condições de pagar a fiança da Lívia então pensamos que talvez você pudesse nos ajudar.
Olhei novamente pro Tulio que me olhou sugestivo. Era isso que eu esperava.
-Quinhentos reais pra soltura da Lívia.
-Na verdade é oitocentos. Porque tem os trezentos do advogado que tá acompanhando ela lá na delegacia.
Dona Lina falou sem conseguir me encarar
-Olha S/n...eu não te procuraria se não fosse necessário. Eu tô desesperada! Minha filha tá metida numa encrenca das grandes e me sinto tão culpada e envergonhada por isso. Eu devia ter ouvido você quando me disse que a Lívia tava se envolvendo com pessoas suspeitas lá do bairro.
-Não se sinta culpada pelas escolhas erradas da Lívia, Dona Lina. E fique tranquila que eu vou ajudar a pagar a fiança dela.
Percebi que Tulio me olhou indignado mais nada disse.
-Nossa S/n...obrigado mesmo viu. Cê não sabe o quanto seremos gratos por sua ajuda. _disse André me bajulando.
-Preocupa não. Vou fazer isso pois vocês fizeram muito por mim. E faço em gratidão ao seu pai, André.
-Obrigada querida. Muito obrigada mesmo. _Dona Lina havia se levantado e me abraçou pegando-me de surpresa.
-Não precisa agradecer, dona Lina. Eu preciso ir com vocês à delegacia?
Perguntei me afastando do abraço
-Acho que seria bom. _André respondeu. _-Mais a gente tem que ir pra lá agora, antes que eles levem a Lívia pra uma penitenciária pra menores infratores.
-Entendi. _acenei e olhei pro Tulio _-Então, eu preciso ir, teria algum problema sair assim?
-Bom, não tem problema mais amanhã ficaremos por conta e sem imprevistos pois temos que entregar ao Gusttavo o trabalho completo.
-Certo. _peguei meu celular, minha carteira e minha chave do carro. _-Então até amanhã, Tulio. Qualquer coisa eu te ligo. _Tulio assentiu _-Você tá de carro, André?
-Não. Eu o vendi pra quitar as dívidas. Íamos de ônibus.
-Ok...vamos no meu carro.
-Cê tirou carteira e já tem carro? _André parecia supreso_-Eu não sabia.
-É...a gente tinha parado de se falar né. _abri a porta deixando que Dona Lina passasse e depois o homem. Antes de sair do estúdio, eu olhei pro Tulio uma última vez e apenas com o olhar eu soube que ele estava me desejando boa sorte, acenei a cabeça e fechei a porta, depois conduzi mãe e filho pro estacionamento. Chegando lá, destravei o carro com o sensor de presença e disse:
-Podem entrar.
André tava de boca aberta, mais abriu a porta de trás pra mãe e logo que ela entrou ele fechou a porta e foi para o banco do carona. Nós dois entramos juntos no carro
-Nossa S/n! Ser cantora tá te fazendo muito bem hein. Conseguir um carrão destes não é pra qualquer um.
-Na verdade eu ganhei de presente do meu empresário e do meu produtor. Na minha realidade eu não conseguiria comprar um igual com o dinheiro que recebo dos shows já que divido o cachê com a equipe e a banda _liguei o carro após colocar o cinto e o meu celular no suporte de carregar.
-Cê tá morando em alguma kitnet? _André perguntou enquanto saíamos do estacionamento
-Não. Consegui alugar um pequeno apartamento mobiliado no centro.
-Tá mudando de vida mesmo. _disse Dona Lina sorrindo com simpatia
-Graças à Deus. E você hein, André, eu nem sabia que tava namorando e agora vai ser papai.
Falar com André sempre foi mais fácil do que com a Lívia. Ele era mais cabeça do que ela e pela idade, mesmo que tivesse enrolado com problemas ele próprio se virava pra resolve-los sozinho. E a gente podia falar de qualquer coisa, nunca faltava assunto. Como uma vez eu disse; André era um irmão mais velho pra mim, uma pena a gente ter se afastado tanto.
-Pois é...foi de repente. Eu a conheci no trabalho. A gente ficou por uma semana e na próxima eu já tava pedindo ela em namoro, alguns dias depois ela fez o teste e descobrimos que em breve teremos o nosso filho ou filha. Vanessa ainda não sabe o sexo.
-Uhm...Vanessa é o nome da sortuda, hein. _brinquei o fazendo rir e me olhar pensativo
-Olha S/n...me desculpa por ter apoiado a Lívia em colocar aquela placa de aluga-se quando cê morava lá em casa com minha mãe. Lívia tinha me falado que cê ia voltar pra Minas e eu acreditei. Foi mal mesmo, viu.
-Entendi...mais tudo bem, já passou, André. Preocupa com isso agora não. Vamos tirar sua irmã da prisão e a gente conversa depois pra como se diz: colocar os pingos nos Is.
-Tá certo. Obrigado mesmo assim. Quero que cê vá no chá revelação daqui quatro meses hein.
-Ah! Pode contar com minha presença, meu caro...e de preferência quero ser a madrinha também.
Eles riram comigo.
-Tá anotado, Cumade.
[...]
Quando chegamos à delegacia fiquei quase trinta minutos conversando com o delegado. Ele me contou que no início da prisão Lívia havia dado o meu número pra eles ligarem ao invés de dar o da mãe ou do irmão. Eles tentaram duas vezes ligar pelo celular dela, mais eu recusei a chamada. Foi então que lembrei que eu estava naquele dia com a Isa, e tinha sido no mesmo dia em que tivemos nossa primeira vez inesquecível.
O delegado e alguns policias me reconheceram de alguns shows que eles por coincidência estavam. Enquanto o advogado e um outro policial ia com Dona Lina e André buscar a Lívia, fiquei pra trás tirando algumas fotos com eles e poucos segundos depois meu celular tocou. Olhei pra tela e sorri vendo a chamada de Maraisa.
-Oi vida. _atendi afastando dos homens fardados.
"Ei mô...cê tá bem? Eu vim aqui no seu estúdio te ver, mais não te achei. Tulio nem quis me dizer onde cê foi, então decidi te ligar."
-Oh, meu bem, que surpresa. Cê foi no estúdio só pra me ver? É sério?
"Aham...e eu tô aqui ainda. Onde cê tá, mô?"
-Eu tô na delegacia.
"Hein? Como assim vida? Por quê cê tá na delegacia? _eu ouvi ela falando preocupada com mais alguém ao fundo e percebi ser a voz da Maiara_-Mô?"
-Então, minha linda...eu precisei vir resolver uma coisa urgente aqui na PM.
"Ué? Por que? Quê que aconteceu?"
-É a Lívia. Ela foi detida e dona Lina pediu que eu a ajudasse a tirar a filha daqui, então eu vim com ela e o filho mais velho dela pra resolver isso. Mais depois te conto com detalhes.
"Tá bom...Então cê me conta quando der. Infelizmente Maiara e eu temos que ir viajar agora pro próximo show. Eu queria te ver antes de ir, mais como não vai dar, tudo bem. _suspirou_-Se cuida mô, pois cê tá se envolvendo demais com os rolo dessa menina."
-Eu sei meu amor. Vai ficar tudo bem viu. Preocupa não. E olha, eu queria muito tá aí pra me despedir de você e da Mai, mas infelizmente o delegado ainda não liberou a Lívia, e eu vou deixa-los em casa depois que a gente sair daqui. Mais desejo um ótimo show pra vocês viu e uma boa viagem. E por favor, me ligue quando chegar no Rio de Janeiro, tá. Te amo, linda.
"Também te amo, vida. Eu vou te ligar sim."
-Combinado! Dê um abraço na maluquinha pra mim, viu. Amo vocês.
"Dou sim, mô. Até mais tarde."
-Até. Tchau linda.
"Beijo vida. Tchau."
Desliguei a chamada sorrindo como boba causado pelo efeito Maraisa, e assim que guardei o celular, vi Lívia, o advogado, Dona Lina e André se aproximando.
-Agradeça a S/n agora, filha. Se não fosse por ela cê ainda estaria presa aqui.
Disse Dona Lina olhando de mim pra Lívia que me olhava com olhos arrependidos.
-Achei que cê nem ia querer ajudar depois do que eu fiz. _disse a mais nova _-Mais cê tá aqui e pagou a fiança, então obrigada.
-De nada. Só por favor, tome juízo dessa vez, tá bom? _ela acenou em silêncio _-Ótimo! Podemos ir agora? Vou deixar vocês em casa.
-Claro! Vamos sim. Obrigado doutor Alves. _Dona Lina apertou a mão do advogado e ele disse que podia procura-lo sempre que precisassem. Depois o homem foi embora e eu levei a família pra casa.
...
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