Pouco Tempo
POUCO TEMPO
Eu descobri que ainda te guardava mais do imaginava.
Encontrei partes de ti espalhadas em nossas conversas, que nem mesmo sabia que havia guardado. Talvez eu tenha guardado em um de meus surtos repentinos, ou quando percebi que logo você iria partir para sempre.
Ou até o mesmo o desespero em pensar nisso possa ter me feito guardar como uma moeda rara.
O dia chegou e tenho orgulho de ter sido eu mesma ao máximo e ter demonstrado tudo o que podia enquanto significávamos algo um para o outro, eu sei, somente eu lamento, mas também sei que continuo a cumprir minha promessa.
Em certos momentos tive medo de não ser suficiente para ter sua confiança, tive medo de me perder no esquecimento e acima de tudo, tive medo que esse dia de hoje chegasse, o dia em que lembraria de você como uma recordação do passado, uma página linda do meu livro.
No fundo eu sempre soube que seria assim, mas nunca hesitei em te dizer que nunca te deixaria, e eu não deixei.
Ainda revivo as coisas boas que vivemos, lembro de sua voz com total perfeição como se tivesse te ouvido falar ontem.
Era tudo muito estranho na época, não sabíamos o que era aquela ligação forte ou o motivo dela existir, e pensávamos nunca deixar aquilo morrer, mas acabou.
Por um tempo eu pensei que tivesse sido nossa culpa tudo acabar, mas então lembrei da ampulheta, eu a via sempre que fechava os olhos, derramando os grãos de areia devagar e dolorosamente. Óbvio que no auge de nossas descobertas e conexões não demos a importância devida ao fato, mas no fundo eu sabia o que representava e certa vez eu te disse. Você não disse que era paranoia, pois de paranoia o nosso universo estava cheio, mas também nunca soube interpretar.
Tínhamos o mesmo medo e lutávamos contra ele.
Tínhamos a mesma dor e aprendemos de certa forma lidar com ela.
Tínhamos os mesmos desejos e nos enchemos deles.
Se fizemos mal um ao outro, essa parte apaguei de mim. E tudo que restou tranquei um uma caixinha que um dia abri só para ti e eu sei que ela não será mais aberta.
Poderia ser de um todo algo muito doloroso e se tivesse sido de outra forma, com certeza seria destruidor, mas não, saber que tive essa experiência fantástica de conhecer um ser tão peculiar e ao mesmo tempo tão igual a mim, me deu mais força para encarar realidades que antes eu não queria aceitar e até mesmo encarava como uma doença psicológica. Saber que você ainda existe onde quer que esteja me dar vontade de também viver e esperar pelo que virá, com mais visão e coragem.
Certas coisas não mudaram mesmo com a aprendizagem que tivemos, afinal é nossa essência e se acabasse tudo o que nos perturbava também acabaríamos, porém a forma de lidar com certas coisas mudaram e isso é bom.
Eu sabia que nessa fase não estaríamos mais juntos e por isso dei meu máximo para ti ajudar a lidar sozinho. Eu sabia que não estaria para sempre ao teu lado e você precisaria ir. Eu lembro, seu maior medo era que eu fosse primeiro e você ficasse sem chão, mas eu prometi não prometi?
Eu sabia que você iria primeiro e por isso no fundo sempre estive preparada para suportar quando a hora chegasse. E ela chegou já faz um tempo percebi. Naquele dia o ultimo grão de areia da ampulheta caiu e meu coração ardeu. Eu tinha pouco tempo para demostrar o quanto te amava e sinceramente espero ter mostrado o suficiente.
Depois disso veio tudo o que eu temia...
O esquecimento.
Os dias seguintes aos dias seguintes.
Os anos passados.
As horas não contadas.
E a dor.
Dessa vez tudo foi suportável, pois não foi igual as outras vezes, mas nem por isso deixou cicatriz.
Pelo contrario, nunca cicatrizou, a ferida segue aberta.
A ampulheta caiu no chão e quebrou.
O tempo passou rápido e só agora percebo que aquele nosso universo impenetrável chamado “para sempre” durou por pouco tempo.
01/08/18 Taynara Lima_ 15:00.
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