Estrada sem volta

Esta acontecendo bem diante dos meus olhos e não é sonho, pesadelo ou devaneios. É real. Há um corpo no meio da minha sala, corpo vazio de tudo.
Um corpo que um dia teve força coragem e acima de tudo, vida.
Tudo gira lentamente como aquela bailarina do porta joia que com sua doçura girava ao som da melodia.
Este corpo já sem vida se mostra frágil depois de tantos anos com armaduras, armaduras que o impediram de amar, cuidar, perdoar e acima de tudo pedir perdão. Esse é o grande motivo do luto; saber que as coisas poderiam ter cido diferentes.
A dor não física atrofia a alma aos poucos e consome o coração.
A dor não física é a que mais machuca.
Eu sinto muito por tudo, eu sinto demais, eu sinto mais que outros, eu sinto o que ninguém sente, eu sinto mesmo sem sentir e tudo que posso dizer é: eu sinto muito.
Nesse momento não há raiva, carrancas nem um pensamento mal a respeito daquele  corpo se passa pela mente, como se quando vivo ele só tivesse feito bondades, mas está certo ser assim, o momento é o de mostrar sentimentos bons e chorar lágrimas inéditas e caladas mesmo tentando não ter motivos.
A dor não é boa, mas necessária. Ela precisa ser sentida  nessa intensidade avassaladora agora, do contrário ferirá mais tarde.
Mas por que dói tanto?
Parar pra refletir é missão dolorosa, mas é preciso.
Não temos controle sobre a vida, nunca sabemos quando ela se vem em forma de nascimento e tão pouco sabemos como ela se vai, mas sabemos que não estamos imunes a nenhum fim.
Apenas queria ter o controle em minhas mãos e poder apertar o botão que pula essa parte.
Na vida não tenho certeza de nada, sobre a morte sei muito menos, mas há um corpo sem vida em minha sala, ele já não é nada e mais tarde será por, então eu tenho sim uma certeza.... a morte é uma estrada para onde caminhamos de acordo com nossas ações. Vezes lentamente, vezes rápido demais. Ela não é uma estrada com opções ou placas de avisos. É uma estrada sem volta.
Nunca mais a verei ainda que por um segundo. Este é o epílogo de uma longa e dolorosa história. Epílogo ao qual eu não queria ser um personagem.
É o fim.

Dia 30 de abril de 2018 às 2:00 am. Taynara Lima

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