▫\Interlúdio▫/ Rilke : O Homem que contempla

\Interlúdio/ O Homem que contempla: Rainer Maria Rilke


<O homem que contempla>

Vejo que as tempestades vêm aí
pelas árvores que, à medida que os dias se tomam mornos,
batem nas minhas janelas assustadas
e ouço as distâncias dizerem coisas
que não sei suportar sem um amigo,
que não posso amar sem uma irmã.

E a tempestade rodopia, e transforma tudo,
atravessa a floresta e o tempo
e tudo parece sem idade:
a paisagem, como um verso do saltério,
é pujança, ardor, eternidade.

Que pequeno é aquilo contra que lutamos,
como é imenso, o que contra nós luta;
se nos deixássemos, como fazem as coisas,
assaltar assim pela grande tempestade, —
chegaríamos longe e seríamos anónimos.

Triunfamos sobre o que é Pequeno
e o próprio êxito torna-nos pequenos.
Nem o Eterno nem o Extraordinário
serão derrotados por nós.
Este é o anjo que aparecia
aos lutadores do Antigo Testamento:
quando os nervos dos seus adversários
na luta ficavam tensos e como metal,
sentia-os ele debaixo dos seus dedos
como cordas tocando profundas melodias.

Aquele que venceu este anjo
que tantas vezes renunciou à luta.
esse caminha erecto, justificado,
e sai grande daquela dura mão
que, como se o esculpisse, se estreitou à sua volta.
Os triunfos já não o tentam.
O seu crescimento é: ser o profundamente vencido
por algo cada vez maior.

 Rainer Maria Rilke, em "O Livro das Imagens", (1902). [tradução Maria João Costa Pereira]. Lisboa: Relógio D'Água, 2005. 


https://youtu.be/RTGxUadoyU0

[«Angel» by ERA]


°+°+°+°+°+°+°

O homem que contempla | Poema original


<Der Schauende>


Ich sehe den Bäumen die Stürme an,
die aus laugewordenen Tagen
an meine ängstlichen Fenster schlagen,
und höre die Fernen Dinge sagen,
die ich nicht ohne Freund ertragen,
nicht ohne Schwester lieben kann.

Da geht der Sturm, ein Umgestalter,
geht durch den Wald und durch die Zeit,
und alles ist wie ohne Alter:
Die Landschaft, wie ein Vers im Psalter,
ist Ernst und Wucht und Ewigkeit.

Wie ist das klein, womit wir ringen,
was mit uns ringt, wie ist das groß;
ließen wir, ähnlicher den Dingen,
uns so vom großen Sturm bezwingen, -
wir würden weit und namenlos.

Was wir besiegen, ist das Kleine,
und der Erfolg selbst macht uns klein.
Das Ewige und Ungemeine
will nicht von uns gebogen sein.
Das ist der Engel, der den Ringern
des Alten Testaments erschien:
Wenn seiner Widersacher Sehnen
im Kampfe sich metallen dehnen,
fühlt er sie unter seinen Fingern
wie Saiten tiefer Melodien.

Wen dieser Engel überwand,
welcher so oft auf Kampf verzichtet,
der geht gerecht und aufgerichtet
und groß aus jener harten Hand,
die sich, wie formend, an ihn schmiegte.
Die Siege laden ihn nicht ein.
Sein Wachstum ist: Der Tiefbesiegte
von immer Größerem zu sein. 

 Rainer Maria Rilke, in "Das Buch der Bilder" (1902).


°°°

Especialmente agradecidos ao William O. Costa WilliamOCosta , por compartir aqui essa maravilhosa composição♡ Combina perfeitamente com "O Homem que contempla" do Rainer Maria Rilke♡

https://youtu.be/dJByeRX004M

[«The Lonely Shepherd» by  Gheorghe Zamfir & James Last]

(Live in London 1978).


°°°°° 


[Los Frescos de la Catedral de Valencia (detail), 1472.]

°°°

*) Banner: {»The Triumph of Time«. Mural by John Elliott. Botston Public Library, ca. 1900}

°°°

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top