Capítulo 30. Casa

        Alice baixou os vidros, deixando a brisa de Verão bater-lhe no rosto. Ela adorava como a amplitude das paisagens Alentejanas era entrecortada por sobreiros e oliveiras, que resistiam ao tempo. Era magnifico e agora podia partilha-la com Daniel. Tinham saído de casa com os primeiros raios de sol e agora o sol, já cintilava sobre os campos verdejantes. Sentia-se no ar o cheiro a pasto. 

        Ela olhou para Daniel que conduzia concentrado e sorriu. O amor fazia de facto maravilhas, tudo ficava mais alegre e colorido.

        Alice estava entusiasmada em ir visitar os pais, fazia tempo que não ia a casa, apenas falavam ao telefone. A irmã Mariana, também estava em pulgas para conhecer o namorado dela. Finalmente ia conhecer o rosto por detrás das palavras de Alice.

        Assim que entraram na propriedade da família dela, os pais de Alice, estavam á porta á espera deles.

         Alice saiu do carro a correr e abraçou o pai e a mãe, ao mesmo tempo.

        — Tivemos tantas saudades filha. — Disse D. Ana emocionada.

        Alice limpou uma lágrima que se quis soltar e virou-se para Daniel, que os olhava comovido.

        — Este é o Daniel.

        — Oh! Finalmente conheço o namorado da minha filha. Espero que esteja a trata-la bem. — Disse o pai dando um aperto de mão a Daniel.

        — Claro sim Senhor, o melhor possível. — Disse Daniel com firmeza.

         Alice revirou os olhos.

        — Pai, não o assuntes. Eu já sou grandinha, sei cuidar de mim.

        — Eu sei que sim filha. — Teodoro, pai de Alice voltou a abraçar a filha mais velha.

        D. Ana pigarreou.

        — Vamos entrar, o almoço está quase pronto.

        Alice entrou em casa dos pais e foi invadida pelos cheiros familiares, era reconfortante estar em casa. Assim que entrou na sala os irmão vieram a correr para os seus braços.

        — Mana que bom que estás aqui.

        A irmã de Alice, começou a olhar em volta dela.

        — Onde ele está?

        Alice riu-se.

        — Deve estar ainda com os pais.

        Nesse instante Daniel entra na sala de estar, a irmã de Alice fica vermelha quando vê a beleza dele.

       Alice agarra no braço de Daniel e apresenta aos irmãos.

        O Vasco, o irmão mais novo de Alice, faz um sorriso torto perante Daniel, o que o torna adorável, na sua tentativa de proteger a irmã mais velha. Já a Mariana ficou encantada.

        O pai de Alice coloca a mão no ombro de Daniel, num gesto amigável.

        — E tal irem guardar as vossas bagagens e depois vamos dar uma volta pela propriedade.

        Daniel, sorriu satisfeito. — Excelente ideia Senhor.

        — Ótimo. Vão lá então. Ah! Daniel preparamos-te o quarto de hospedes. — Disse num tom de aviso. Daniel ficou ligeiramente encabulado. Alice nunca esperou ver um homem daquele tamanho a ficar envergonhado. 

        Quando chegaram ao quarto de hospedes, Alice agarrou na blusa de Daniel e empurrou-o para dentro do quarto, dando-lhe um beijo demorado. Daniel envolveu-a com os braços.

        — Hum. Esta noite vou sentir a tua falta. — Disse dando-lhe um beijo na ponta do nariz.

        — Talvez possa vir fazer-te uma visita. — Disse Alice num tom malicioso.

        — Hum... Parece-me tentador. 

        A voz do pai de Alice, fez-se ouvir da escada. — Meninos, estão prontos? 

         — Vamos já pai. — Alice suspirou. — É melhores irmos, antes que ele venha aqui.

        Eles riram-se.

        Na hora seguinte, o pai de Alice, mostrou toda a propriedade ao Daniel, explicou como selecionava os frutos para serem vendidos. E como tratava das pragas, de forma ecológica. Dado que evitavam usar pesticidas, nas frutas. Uma vez que o negócio da família era a venda de produtos biológicos. Daniel ouvia tudo com muita atenção, fazendo pequenos comentários. Alicie e a irmã vinham de braço dado atrás do pai e de Daniel. Mariana bombardeava a irmã com perguntas sobre Daniel. 

        Quando voltaram para casa, a mãe tinha colocado uma grande mesa no terraço para o almoço de família. O cheiro a estufado de galinha, enriquecia o ambiente provocando água na boca em toda a família.

        Durante o almoço, ouvia-se vária conversas cruzadas, os irmãos discutiam sobre os estudos do Vasco, que só pensava em futebol. O pai de Alice puxou conversa com Daniel. — Então o que achou da nossa propriedade.

        — Magnifica. Tem uma bela propriedade. A ideia de negócio é muito interessante e promissora. Cada vez mais as pessoas preferem produtos mais saudáveis.  

        — É verdade, tem sido bem desafiante. Principalmente quando aparecem, pragas que estragam metade da nossa produção. Mas acredito que estamos no caminho certo. — Disse o Teodoro colocando carinhosamente a mão sobre a mão da esposa.

        — E o seu pai o que faz? - Perguntou D. Ana, curiosa. 

        Daniel não gostava de falar sobre os negócios do pai e pensou o que poderia dizer, sem levantar muitas perguntas. — O meu pai tem vários negócios nos E.U.A., ligados às comunicações.

        Alice interveio a favor de Daniel, pois sabia que ela não queria falar muito sobre o pai. — Daniel preferiu abrir o seu próprio escritório de advocacia em Portugal.

        Os pais acenaram como admirados, por ele querer ter sucesso pelos seus próprios meios. 

        A conversa á mesa acabou por seguir outro rumo, os pais quiseram saber como ia os estudos de Alice, já que faltava apenas um ano para terminar e depois seguiria a especialização. 

        Durante a tarde, Alice, Daniel e Mariana, deram um passeio pela cidade. Elas lhe mostraram onde tinha sido a sua escola primaria, onde costumavam sair com os amigos. A cidade era pequena e pacata, muito longe da movimentada e sempre frenética Lisboa. 

        Quando regressaram a casa. Alice foi conversar com a mãe e Daniel foi ter com o pai à biblioteca.

        — Mãe, vamos conversar.

        — Claro filha. — Elas dirigiram-se para o quarto de Alice. A mãe sentou-se em cima da cama e agarrou nas mãos de Alice. — Conta-me o que te preocupa.

        Alice baixou os olhos e falou baixinho.

        — O médico aconselha-me a tirar o ovário. Para evitar riscos desnecessários. 

        D. Ana ficou com o coração apertado.

        — E qual é a tua dúvida filha. Sempre falamos que se houve-se alguma suspeita, o melhor seria remover.

        Alice suspirou.

        — Mas dantes não tinha Daniel na minha vida e nem pensava em filhos. Eu sei o que tenho de fazer. Mas tenho receio de ficar sempre na dúvida do "se". Na verdade o resultado pode-se manter assim por mais uns anos e eu poderia ter um bebé.

        D. Ana agarrou na mão de Alice.

        — Filha, eu como mãe, sei como te estás a sentir. Mas não te quero ver doente novamente. O melhor é remover. Vocês são jovens e o Daniel ama-te, consigo ver isso perfeitamente. Podem adotar e tenho a certeza que vão dar amor incondicional à criança.

         — Sim Daniel também diz o mesmo. Ele faz-me feliz mãe. 

        — Eu sei querida. Não tenhas medo. É melhor jugares pelo seguro, do que passares a vida com medo, cada vez que tiveres de fazer um exame.

        — Tens razão.

        — Bem, também há outra hipótese. — D. Ana fica com um olhar iluminado.

        — Qual?

        — Podes engravidar agora e depois do nascimento fazes a operação.

        Alice riu-se.

        — Mãe! Ainda não terminei o curso. Eu e o Daniel, estamos juntos à pouco tempo.

        — Filha, tens que fazer escolhas...


***

        Daniel saiu da biblioteca, após um exaustivo inquérito por parte do pai de Alice. O homem quis saber a vida toda dele e da sua família. Mas no fim teve a sua bênção. Era isso que importava a Daniel. Teodoro era um homem de família, fazia tudo para o bem estar da esposa e dos filhos, dos quais tinha bastante orgulho.

        Quando chegou à sala de jantar, já estavam todos à mesa. Alice quando o viu chegar, arregalou os lindos olhos cor de avelã.

        — Demoras-te.

        Ele colocou uma mão em cima da perna dela e apertou ligeiramente e esboçou um pequeno sorriso. Daniel não queria admitir mas estava nervoso. E o peso que sentia no bolso era cada vez maior.

        O jantar decorria normalmente. Quando chegou a parte da sobremesa, Daniel viu que era a hora. Olhou para o pai de Alice, que lhe acenou discretamente. Ótimo tinha o apoio dele.

        Daniel levantou da sua cadeira ficando de pé, pigarreou para atrair a atenção de todos, o que deixou Alice surpreendida.

        Silêncio.

        — Obrigado por me receberem de forma tão calorosa na vossa família. Esta noite quero-vos dizer que amo a vossa filha, como nunca amei ninguém. Conhecemo-nos à muito tempo atrás, mas não era a altura certa, mas agora é. Tenho a certeza. Quero comprometer-me convosco e com Alice, porque eu escolho amar a Alice, ficar com ela, apoia-la em todos os momentos.

        Daniel ajoelhou-se na frente de Alice, que joga as mãos à boca, surpresa mas ao mesmo tempo nervosa. Ele tira uma caixinha de veludo vermelha do bolso das calças e quando a abre revela um lindo anel com um solitário, rodeado de vários diamantes pequeninos. 

        — Alice queres casar comigo?

        Lágrimas acumularam-se por trás das pálpelas de Alice.

        — Sim. Mil vezes sim. — Disse Alice jogando-se nos braços dele. 

        Daniel beijou-lhe o cabelo e respirou contra ela. — Quero fazer-te feliz.

        Ela olhou para aqueles olhos verdes e sentiu que o amor transbordava. Eles beijaram-se apaixonadamente. A família estava emocionada. O pai de Alice abriu uma garrafa de champanhe  em comemoração. E toda a família quis felicitar os noivos. Mariana estava felicíssima pela irmã. Tudo o queria era ver a irmã feliz. E nada como um Deus Grego para isso.

        Alice nem queria acreditar que estava noiva. Para surpresa dela não se sentia assustada, mas sim como algo natural estivesse destinado a acontecer.











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