Capítulo 24. De caras com o passado

       Alice tinha a mão entrelaçada na de Daniel, estavam em silêncio. Estavam ambos perdidos nos seus próprios pensamentos, deitados na grande cama de casal do quarto de Daniel. Ela fitava a janela aberta, o cabelo agitava-se sob a brisa quente.

        O quarto de Daniel era simples, tal como toda a casa, que mantinha os tons claros, decoração simples e moderna, dava a sensação que aguardava os complementos, para a casa ganhar uma nova vida. O quarto tinha uma grande cama de casal, confortável, uma parede toda envidraçada com uma janela de correr no meio e que dava para uma pequena varanda, algumas molduras de família, um closet e uma casa de banho toda em mármore, quase do mesmo tamanho que o quarto, com uma grande banheira no centro, que convidava a longos banhos de espuma. 

        Quando chegaram Alice acendeu umas quantas velas aromáticas pelo quarto, precisava de acalmar a mente, vestiu uma t-shirt branca de Daniel, que lhe chegava às cochas e deitou-se confortavelmente nos braços dele.

        — O que aconteceu? — Perguntou Daniel dando-lhe um beijo na mão. Ele sabia que algo se passava, mas quis respeitar o silêncio dela.

        — Esta noite eu e a Débora reencontramos David no restaurante.

        A frase ficou suspensa no ar. Ele franziu a sobrancelha.

        — Hum... Não sabia que ele estava em Portugal!

        — Fiquei surpresa em o ver. Ele estava com uma rapariga, quando estava a apresenta-la a Débora desapareceu e nem falou com ele. Achei estranho, quando eles estavam na Universidade andavam sempre juntos. — Ela suspirou. — Afinal eles têm uma história. O pior é que o David na altura não soube ser o amigo que ela precisava, quando a mãe de Débora ficou doente e em relação a mim, também não quis saber.

        Daniel expirou o ar que parecia que estava a suster. Ainda lhe era difícil pensar em tudo o que Alice sofreu.

        Ele pegou na mão dela e beijou-lhe o pulso, fazendo-a virar-se para ele.

        Alice pousou a cabeça na mão livre e fixou os olhos verdes dele.

        — Como assim?

        — Débora contou-lhe que estava doente e o David disse que não conseguia lidar com a situação e perante a reação dele, ela juntou os pontos. Ele começou a afastar-se da Débora quando soube que a mãe estava a fazer tratamentos.

       Agora tudo fazia sentido para Daniel, a forma como David de repente resolveu ir para Londres e deixou de falar da sua amiga Débora. Ele sabia que eles estavam juntos muitas vezes e que se tinham envolvido logo no inicio da Universidade.

       Daniel suspirou com tristeza.

       — Alice, a avó do David morreu de cancro e era a avó que cuidava dele, ele viveu de perto a doença, foi uma grande choque para ele. Possivelmente o motivo do afastamento dele é esse. Foi muito complicado para uma criança ver a avó que considerava uma mãe morrer.

              Alice ficou pensativa. Sim essa poderia ser a razão. Decidiu falar com Débora, talvez ajudasse a superar a magoa que ela sentia sobre David. Afinal David sempre foi um bom amigo.

        Daniel pegou-lhe no queixo e deslizou o polegar pelo lábio inferior e beijou-a ternamente. No inico o beijo foi delicado e suave, como se ele quisesse dizer-lhe que estava tudo bem. Em questão de segundos o beijo ficou mais intenso, eram mãos e pernas, enrolados um no outro, como se fossem um só.

        O momento de luxuria, foi interrompido pelo som do telemóvel de Daniel a tocar.

        Daniel precisou de todo o seu auto controle para parar. — Não acredito que me estão a ligar. — Ele encostou a cabeça na almoçada e tentou acalmar a respiração, rápida de mais.

        Alice inclinou-se para a frente e beijou-lhe o pescoço, marcando um caminho para a garganta dele. — É melhor atenderes.

        Ele sentiu o sorriso dela contra a sua garganta. — Não estás a ajudar...

        O telemóvel continuava a tocar insistentemente. Daniel olhou para o visor do telemóvel e viu que era a mãe. Franziu o sobrolho, a mãe não costumava ligar-lhe tão tarde da noite. Ele atendeu no memo instante. — Mãe...

        Alice resolveu ir até à cozinha preparar um chá. Dando privacidade a Daniel para falar com a mãe.

        Preparou um chá de cidreira para ela e para Daniel, colocou tudo numa bandeja juntamente com uns biscoitos e levou tudo para o quarto.

        — Está bem mãe, amanhã ao pequeno almoço falamos melhor. — Disse Daniel com uma voz preocupada, e desligou.

        — Está tudo bem? — Perguntou Alice, colocando a bandeja em cima da cama.

        — Espero que sim. A minha mãe quer falar comigo e com o meu irmão Theo amanhã logo de manhã, está preocupada com a minha irmã. — Ele passou a mão pelo cabelo de forma impaciente. 

        — Qual foi a ultima vez que falaste com a tua irmã.

        Daniel pareceu pensar na pergunta dela.

        — O mês passado, e pensando bem, ela não tem atendido as minha chamadas, não liguei muito,  pensei só que ela estivesse ocupada. — Ele fechou os olhos com força, como reprimindo algum pensamento doloroso.

        Alice passou-lhe a mãe pela face. — Vai estar tudo bem. Ela deve estar ocupada, a tua mãe não tinha dito que ela tinha namorado.

        Ele assentiu. — Si deve ser isso...














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