Capítulo 17. Despedida

          Alice estava sentada junto a Ayana, numa das mesas da discoteca, os rapazes tinham ido ao bar buscar as bebidas. 

          O jantar no restaurante, tinha sido sublime. Tinha sido servido Salmão com Crosta de Castanha e molho de Pêra. 

          Ela não tinha conseguido falar muito com Daniel durante o jantar, apesar de terem estado sentados lado a lado. Carlos tinha ficado à sua frente e passou o jantar a fazer-lhe perguntas sobre a família e a sua terra natal. Ele tinha uma paixão pelo Alentejo, durante a sua adolescência, passava as férias grandes, na casa dos tios.

          Os olhos de Alice procuraram Daniel e, assim que lhe olhou para o rosto, apanhou-o a olhar para ela com aquele sorriso sexy, que era a sua perdição.

          Alice mordeu o lábio inferior, sem desviar o olhar.

          Ele foi ter com ela e entregou-lhe a sua bebida.

          Alice agradeceu e quando deu um gole, sentiu-se a sorrir, ao sentir o sabor da Vodka Cranberry.

          Ele sentou-se ao lado dela, inclinou-se para a frente e aproximou a boca do ouvido dela.

         — Estás bonita — sussurrou. — Um brinde ao final da tua primeira semana de trabalho.

          Alice mordeu o lado de dentro do lábio, um formigueiro a percorrer o seu corpo ao sentir a respiração dele no seu pescoço.

         Ela tinha vestido um vestido preto curto de mangas compridas, que segundo Débora realçava as curvas do corpo dela.

         — Obrigada. — Ela fez um sorriso brincalhão. — Se bem me lembro na última vez que estive num bar contigo, andavas a colecionar números de telefone. Hoje ganhas-te algum?

          Ele riu-se.

         — Não andava a colecionar. Sabes a altura da faculdade já passou. Agora não é bem assim.

          Ela arqueou a sobrancelha.

          — Hum... então agora estás velho. — Ela riu-se com a expressão do rosto dele.

         — Fica a saber, que estou em forma. —Resmungou dando um gole na bebida que tinha na mão.

         Artur e Carlos chegaram à mesa, e sentaram-se junto a eles. Alice desviou o olhar de Daniel e prestou atenção à conversa. Ayana contava sobre como Artur estava a deixa-la louca, com tudo o que lia sobre bebés. A atenção dela foi desviada, por Carlos que a puxou para a pista de dança.

         — Carlos, não sou muito boa a dançar.

         — Eu ensino-te. 

       Ele colocou as mão na cintura de Alice  e piscou-lhe o olho. Alice colocou as mãos no braços de Carlos, e achou melhor falar com ele, não queria dar a ideia errada.

          — Hum... Carlos, sabes que... somos só amigos. 

          Ele fez uma expressão ofendida, mas depois riu-se.

          — Não te preocupes, eu sei que a tua cena é com o Dr. Cooper.

          Alice sentiu-se corar e desviou o olhar.

          — Imaginas coisas, somos amigos. Conhecemo-nos a algum tempo.

          — Tu és muito bonita e simpática. Bem no inicio achei que poderíamos fazer um bom par. Mas percebi que o Dr. Cooper estava a marcar território e tu também não és indiferente a ele. Vê-se no teu olhar.

          Alice afastou a franja dos olhos.

         — Merda. Achas que dá para perceber tanto assim... quero dizer da minha parte. Não acho que ele esteja a marcar nada... 

         Ele sorriu.

         — Calma. Ninguém reparou nada. Eu é que sou muito atento. Sabes gosto de provoca-lo, ele tem sempre aquele ar de todo poderoso.

          Alice ergueu os olhos para ele e bateu-lhe no ombro.

         — Não acredito, que estás a usar-me.

         — Desculpa linda — disse com um sorriso nos lábios. — Ele está a olhar para cá. — Alice fez um movimento para olhar. — Não olhes. Aposto que consigo provoca-lo. Ele no escritório tem feito a minha vida negra.

          Ela deu-lhe um empurrão no ombro, arrancando-lhe uma gargalhada. 

          — Só um pouco. O suficiente para ele vir aqui. — O sorriso dele tornou-se malandro, inclinando-se para a frente  e segredou-lhe ao ouvido. — Queres que ele fique louco por ti, certo?

          A respiração de Alice fugiu-lhe.

          — Carlos.

          Ele puxou-a mais para si, inclinou a cabeça para ela, ao mesmo tempo que movia as ancas ao ritmo sensual da música.

          — Isto vai ser divertido. Confia em mim. Finge que não existe mais ninguém na pista senão eu.

          Alice ergueu para ele os olhos, chocada.

          — Mas, e se ele achar que e estamos mesmo envolvidos um com o outro?

          — Então sentir-se-á ainda mais motivado para te levar para longe de mim. Não tenhas medo. — Carlos tocou o nariz no maxilar dela. Ao longe, provavelmente parecia que lhe estava a beijar o pescoço. — É apenas uma brincadeira. 

          Alice ficou na dúvida se aquilo seria mesmo boa ideia.

          — Achas mesmo que ele vai fazer alguma coisa? — A mão de Carlos subiu para a parte de trás da cabeça dela.

          — Suponho que iremos descobrir.

          Antes de Alice pudesse responder, Carlos ergueu os braços dela para o seu pescoço e, depois, segurou-a pela cintura. O movimento dos seus corpos um contra o outro era suficiente para deixar Alice sem palavras. Ela só pensava em Daniel, o que ele poderia estar a achar disto tudo. Se fosse ao contrario, ela ria embora. Também havia a hipótese de ele, nem se importar.

          Carlos a fez rodopiar até ao limite da pista de dança, fazendo a sala andar à roda e turvando-lhe a visão. E depois fez um movimento de deixa-la cair, parecendo uma cena dos anos 80. E foi nesse mesmo momento quando ela estava de cabeça para baixo que Carlos deu-lhe um beijo na garganta. Alice ficou zangada com ele. Ele tinha ido longe de mais.

          Quando Carlos a ergueu de novo, Alice sentiu tudo girar à sua volta. E quando olhou para a mesa onde Daniel estava sentado, ele tinha desaparecido. O lugar estava vazio. Reparou que só estava na mesa duas colegas do escritório a olhar para eles. 

          Daniel tinha ido embora. Possivelmente ele pensou que ela estava com Carlos. Se fosse ao contrario, Alice não teria gostado nada.

           Depois de Daniel ter desaparecido, a desilusão era grande. Não queria deixar que isso a afetasse. Ele não estava interessado. 

          Que ideia maluca, que o Carlos teve.

          Alice achou melhor dar como terminada a dança. Inclinou-se na direção do Carlos. — Volto já. Vou à casa de banho. — Ele assentiu, e dirigiu-se para a mesa, ter com os restantes colegas.

          Alice dirigiu-se para as traseiras da discoteca. Estavam apenas três raparigas na fila para a casa de banho das senhoras. Quando chegou a sua vez, ela ficou aliviada, precisava mesmo de usar a casa de banho e lavar a cara. Ao Sentir a água fria na cara, sentiu o seu corpo relaxar. Ela só queria ir para casa.

          Alice saiu da casa de banho, mas antes de conseguir percorrer de novo o corredor em direção à discoteca, um braço envolveu-a por trás e puxou-a contra um corpo duro.

          O medo abateu-se sobre Alice e ela tentou libertar-se.

          — Calma, sou eu — disse a voz familiar contra o seu ouvido.

          Daniel. Alice sentia o seu coração a bater loucamente e a adrenalina a fazê-la vacilar sobre os saltos altos.

          — Deixas-te que ele te tocasse. — Disse ele, com a sua voz grave contra a sua orelha. — Achavas que eu ia vê-lo a pôr as mãos e a boca em ti e iria embora?

          A garganta de Alice estava seca, as palavras não queriam sair. Toda a situação era irreal.

          — Gostas dele? — Perguntou Daniel.

          Ela percebeu que ele estava com raiva.

          — Não, eu...

          — És minha, desde o primeiro dia que te vi. — A respiração dele era quente contra o pescoço de Alice. — Diz-me que és minha.

          Ela engoliu em seco, tentando passar o ponto em que a sua garganta apertava.

          — Sou tua. Sempre fui...

          Ela tinha dito, era verdade era dele. Agora não poderia voltar a trás. Não fazia sentido fugir. Não iria ficar a ver a vida passar por ela, por medo. E ela sabia, como a vida por vezes, poderia ser curta. Mais vale aproveitar o momento presente.

          Recordações dos momentos passados com Daniel no passado, passaram-lhe pela cabeça. O quanto ela tinha desejado voltar para os braços dele. 

          Daniel tocou-lhe no pescoço com o nariz e ela sentiu borboletas na barriga.

          — Eu queria ir devagar, com segurança. Mas como sempre sou surpreendido por ti.

          Alice demorou um segundo a responder.

          — Acho que nos surpreendemos um ao outro.

          Daniel encostou as ancas às dela e sorriu.

          — Acho que sim. Tenho saudades tuas. Quero-te beijar...

          Alice fechou os olhos e sentiu arrepios a nascer por toda a sua pele. Talvez estivesse a saltar demasiado de pressa, mas ia arriscar. 

          O peito dela erguia-se e descia com a respiração rouca. — Eu também.

          — Vamos voltar e despedir-mos. Não te quero próxima do Carlos.

          — Ele estava apenas a provocar-te... Somos apenas amigos. — Ela não conseguia falar com o corpo dele encostado ao dela.

          — É mesmo? Hum... então talvez o castigo dele por te tocar, seja passar o resto do mês no arquivo.

          A cabeça dela tombou para trás, contra o ombro dele.

          — Não sejas mau.

          Daniel mordiscou-lhe o lóbulo da orelha.

          — Tão apetitosa. Não te preocupes...

         Ouviram-se vozes perto da casa de banho. Daniel arrastou-a pra trás, para um canto mais escuro.

         — E se nos vêem.

         — Não me importo — rosnou Daniel, contra o seu pescoço, onde depositava pequenos beijos.

          Ela não conseguia pensar direito, sentia-se tonta o seu coração estava a bater rápido, como se tivesse acabado de fazer uma maratona.

          Ele colocou-se à frente dela, forçando-a a recuar e encostar-se à parede e prendendo-a ali com os seus braços. Inclinou-se para a frente, os lábios quase tocando nos dela. — Ainda não te vou beijar. Vamos sair daqui.

          Ela fez beicinho com a boca e assentiu.

          Daniel libertou-a e recuou deixando-a passar primeiro, ele ficou para trás fazendo um pouco de tempo. 

               A cada passo sentia o rosto a ficar vermelho, parecia-lhe que todos seriam capazes de perceber que tinha estado com Daniel. 

          Quando viu Carlos, a algumas mesas de distância, reparou que olhava para ela com um sorriso travesso.

          Ela tentou manter as costas direitas e o passo firme ao avançar até à mesa. 

          Carlos inclinou-se para a frente e sussurrou.

          — Então funcionou?

          Alice tentou falar mas teve de limpar a garganta primeiro.

          — Podemos dizer que sim. Ayana ainda está aqui?

          — Não. Estava muito cansada. Ela depois liga-te. Então vão sair juntos?

          — Sim. Daniel vai levar-me a casa. Acho que vais estar em problemas. — Alice sorriu.

         Carlos franziu o sobrolho.

          — Tu contaste-lhe?

          Alice mordeu o lábio. — Talvez tenha dito qualquer coisa.

          Daniel, colocou-se atrás dela, pousando-lhe uma mão proprietária nas costas.

        — Vamos?

         — Sim.

         Daniel olhou para Carlos.

         — Carlos este fim-de-semana tens trabalho. Preciso de uns processos importantes que estão no arquivo. Vou-te enviar um e-mail com tudo o que preciso.

         Carlos ficou vermelho.

         — Claro Dr. Cooper. Alguma dúvida ligo-lhe.

         Daniel acenou e despediu-se dos restantes colegas que ainda estavam na discoteca. E saiu com Alice da discoteca apinhada, com a mão quente contra as suas costas.







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