004
CHARLOTTE
CHARLOTTE
Faz exatamente duas horas que estou mirando o teto sem conseguir pegar no sono, e embora tenha travado uma pequena guerra contra meu cérebro. Ele se recusa a desligar enquanto repassa várias vezes a imagem de Elijah e Ashiley conversando. Na verdade, essa não é a primeira vez que o vejo com uma mulher, mas eu nunca me importei antes.
—Durma Charlotte, apenas durma. –Repito essa mesma frase, várias e várias vezes sem obter êxito até que canso e levanto. Pegando o livro que comecei duas semanas atrás e ainda não consegui terminar.
Desisto antes de encerrar o capítulo, empurrando-o de volta para a prateleira e voltando para a cama.
—Amanhã você tem que acompanhar sua irmã na consulta médica. Apenas pare de pensar! – rosno para mim mesma, levando as mãos a boca quando percebi que estava gritando.
Que ninguém tenha escutado.
Que ninguém tenha escutado.
Que ninguém ...
—Filha, você está bem?
Aperto os olhos com força e mergulho a cabeça mais fundo no travesseiro.
Que ótimo!
Mamãe nunca deixa nada passar despercebido é claro que meus gritos não seriam exceção.
— Estou sim.
—Tem certeza?— Mamãe parecia está mais próxima agora, pois sua voz estava mais alta.
—Absoluta, na verdade, estou com muito sono agora, mãe. Boa noite. Se minhas palavras foram apenas para convencê-la de que eu estava bem, elas acabaram de alguma forma me convencendo também, pois não me lembro da hora que peguei no sono, mas o sonho que tive estava fresco em minha memória quando acordei essa manhã.
—Aquela é a cabeça dele?— Pergunto para o médico apontando diretamente para uma tela que lembrar a uma espécie de computador.
—É, e essas aqui são as mãozinhas dele. —Ele falou indicando na tela com dedo indicador.
—Não comece a chorar.—Minha irmã fala me encarando.
—Mas você já está chorando.— Reclamo de suas lágrimas que estavam caindo um bom tempo.
—Eu sou a mãe! —Fala com a voz embargada de uma forma até engraçada.
—E eu sou a tia. A única que ele vai ter.
Acontece que Bruce era filho único e Amber só tinha a mim com irmã. Portanto, isso me garante o direito de chorar o quanto quiser. Estou chorando não só porque sou hiper sensível do tipo que se derrama em lágrimas por motivos aleatórios, mas pelo motivo de eu estar me sentindo um pouco mãe também, afinal toda tia é um pouco mãe.
—Você parece que é feita de açúcar. —Amber resmungou enxugando as próprias lágrimas e eu bufei.
—Cala a boca, sua mandona insensível. Escutamos o som do coraçãozinho de Luís Felipe e choramos minha irmã e eu muito mais, e aquele som se tornou um dos meus sons preferidos.
A lanchonete está barulhenta e minha amiga que está trinta minutos atrasada, mesmo com minha barriga fazendo barulhos estranhos e implorando por comida continuo com sorriso no rosto e simpatia nas palavras. Mesmo já quase perdendo a paciência ainda insisto em esperá-la e me recuso sempre que a garçonete vem me perguntar se já estou pronta pra pedir, tudo por conta da melodia perfeita do coraçãozinho do Luís que me trouxe paz.
" Amiga, apareceu um imprevisto e não vou poder te encontrar. Me perdoa, não me mate :'( "
Respira Charlotte, apenas mantenha a calma. Pensei por um segundo em responder que não perdoava e que não se deixa alguém esperando por mais de meia hora e depois simplesmente cancela com uma mensagem de texto, só que Aphril não é do tipo que desmarca compromissos por nada, se ela cancelou deve haver um motivo plausível.
Além disso, nada vai estragar meu dia, nada. Respondo com um tudo bem, e coloco o celular de volta na mesa. Estava quase dando minha primeira mordida no hambúrguer quando alguém me interrompe, batendo o dedo no meu ombro.
—Posso sentar?
Elijah pergunta ao puxar a cadeira vazia e se sentar.
Eu pisco, não tendo certeza se ele é de verdade ou fruto da minha imaginação.
— Você parece não precisar de minha permissão. —Ele pareceu não compreender o que eu estava dizendo e tive que apontar para ele quando já estava sentado. O idiota sorriu.
— Semântica.— diz.
Bufo.
— Não, não é.
Ele dá de ombros e o ato atinge meu limite de paciência.
— Você não deveria está na faculdade, ao invés, de aqui me tomando tempo e paciência, garoto prodígio? —Pergunto, sendo ignorada e assistindo a mesma garçonete que me atendeu chegar toda solícita para atendê-lo.
Depois de fazer seu pedido, ele volta a me encarar e solta uma leve gargalhada quando checa meu prato. Uma gargalhada discreta que só ele poderia dá.
Não gosto de suas gargalhadas.
—Você realmente vai comer tudo isso? —pergunta.
— Estou com fome.— dou de ombros e também minha primeira mordida no hambúrguer.
Quando ele continua me encarando, faço o mesmo.
—Você sempre aparece nos lugares que estou. Anda me seguindo, é? —tomo um gole do meu suco de melão e o encaro com as sobrancelhas erguidas. Ele balança a cabeça e cruza os braços.
—Eu já sei de todo o conteúdo que será dado. Tinha coisas mais importantes pra fazer. — seu tom transmite firmeza, embora outros interpretariam como arrogância. Eu sou do segundo grupo, obviamente.
—Então, você é o espertinho da sala?— Pergunto para provocá-lo, não que isso costume funcionar, mas ainda é satisfatório tentar.
—Talvez.— responde, ajudando a garçonete com seu lanche e flertando descaradamente com ela.
Idiota.
—O que faz aqui, afinal? —Pergunto.
—Não é óbvio? — diz me olhando como se eu fosse a própria pergunta estúpida.
—Quero dizer, por que aqui?— Giro meu dedo em trezentos e sessenta graus para indicar que me referia a lanchonete.
—Gosto da lasanha desse lugar. — fala, um pouco antes de levar um pedaço de a boca.
—Você ainda ler esses "tipinhos''?— ele pega o livro que estava ao meu lado com a página ainda aberta e sorri.
—Devolva. —tento pegá-lo de volta.— Não seja um troglodita em público, Elijah, me devolve! —minha exigência só o faz afastar ainda mais o livro de mim.
—Todos os lados do amor. —Ele lê o título com um sorriso pretensioso. Dentes brancos e alinhados de um burguês escroto.
Arranco o livro de sua mão quando ele fica distraído com seus pensamentos e o guardo embaixo da perna, onde tenho certeza que ele não tocará.
—Você não vai conseguir me irritar hoje. —aponto um dedo em sua direção, e eu
não sei o que ele está pensando para seus olhos brilharem, mas sei que não é algo bom, pelo menos, não para mim.— E pare de me olhar assim.
Seu sorriso aumenta.
—Você é realmente uma princesinha romântica, não é?
—Isso não é da sua conta.— resmunguei, tomando outro longo gole do meu suco e fingindo que ele não está aqui.
—Você ainda pensa que vai conhecer um príncipe?
Pressiono meus lábios juntos e respiro.
— Como eu disse, não é da sua conta.
—Eu lembro que você até sabia qual vestido usaria no seu casamento. — diz, todo presunçoso.
Quando eu tinha dezessete anos, e ele ainda era um ser humano sensível mostrei-o um vestido que era simplesmente apaixonante, eu tinha certeza que era perfeito para o meu casamento. Eu mudei de ideia.
—Me apaixonei pro outro vestido.
— Claro que você fez.
Aperto os olhos.
— O que isso significa?
Elijah descansa os cotovelos em cima da mesa e descansa o queixo contra sua mão direita.
—Posso te fazer mudar de ideia. — diz pensativo.
— Você não tem chance, quele vestido era até bonito só que prefiro minha escolha atual.
Ele dá um sorriso divertido.
Odeio seu sorriso divertido.
—Não estou falando do vestido, Charlotte. — seus olhos são avaliativos quando meu nome deixa sua boca.
—Então?— questiono.
Silêncio.
— Tenho uma proposta.
—O quê? —Perguntei um pouco curiosa sobre o que ele estava dizendo.
— Case comigo.
Eu tossi o suco para fora e algumas gotas pingaram na camisa dele e rosto.
—Você tá brincando, né?!
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