9. Segredos & Verdades!
Oii leitores, sejam bem-vindos a mais um capítulo. Espero que gostem! 😉
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ANTES
•°• Maya •°•
Parada em frente ao mural de fotos que fica próximo a biblioteca do Galaxy, observo atentamente a foto em que minha avó chorava na chuva enquanto discutia com um garoto que dizem que ela amava naquela época, e que para minha decepção não era o meu avô.
A fotografia em preto e branco parecia esconder os segredos daquela noite junto com a chuva que ficou ricocheteava no chão onde os sapatos dela estavam molhados, assim como todo o seu vestido bonito que eu não faço a menor ideia de que cor era.
O garoto estava de terno, seu rosto estava franzido com raiva ou decepção que ele parecia sentir, seus cabelos escuros estavam grudados em sua testa e as poucas luzes iluminavam apenas eles, como se todos os olhares do mundo e talvez do tempo estivessem focados naquele momento.
Peg o meu celular e tiro uma foto, amplio para que fique bem nítida e percebo que conheço aquele exato lugar onde o casal que briga está, é nos fundos do Galaxy, onde os meninos às vezes costumam descansar e fugir um pouco das responsabilidades que a Tina impõe.
-- Ei, por que você tá aí? -- Nina pergunta ao abrir a porta da biblioteca.
-- Nada demais, estou apenas observando as fotos do dia do baile da minha avó. Sabia que a festa foi aqui? -- ela balançou a cabeça em negação -- Pois é, foi a tia avó da Maitê que me disse, ela era a melhor amiga de Marianna Miller.
-- Nossa que legal. Você a conheceu no dia da festa, não foi? Acho que me lembro de ter visto você conversar com a senhora.
-- Sim, ela era bem divertida.
Caminhamos juntas para dentro da biblioteca, onde Rubén estava debruçado sobre o caixa onde algumas costumavam comprar os livros que lá tinha.
-- Carolina, chegaram os livros novos e a Tina disse para você os colocar no corredor 4, pelo que entendi eles são para maiores de 18.
-- Hum, para maiores de dezoito, aí eu adoro! -- ela diz com sorriso malicioso -- O que será que o Alex pensa dessas baixarias que eu leio?
-- Talvez que ele tenha dado muita sorte no quesito safadeza. -- respondi.
-- É, gostei disso. -- ela diz entre risos e vai em direção ao corredor 4.
-- Ei, depois me diz se tem algum bom. Eu quero ler.
-- Pode deixar! -- ela grita.
Rubén arfou.
-- Será que todas as leitoras do mundo são pervertidas que nem vocês duas?
-- Ei! -- dou um tapa no ombro dele -- Nós não somos pervertidas.
-- Claro que são. Então me explica uma coisa que vi no Instagram outro dia, por que que nos livros de época é tão íntimo tocar nas mãos da donzela sem luvas? -- ele perguntou com um olhar repleto de curiosidade.
-- Você terá que começar a ler livros para poder entender. -- disse e ele revirou os olhos -- Não é o fim do mundo, livro são como mágica. Você vive dizendo que a música é sua morada, o seu refúgio e sua alegria, bem os livros são assim para Nina e eu.
-- Tá bom. Eu só não sou muito fã porque não costumo ler muito, para você ter ideia só li Harry Potter porque o Gustavo me obrigou, mas eu confesso que adorei.
-- Está vendo só, não é tão ruim assim. E se duvidar, você vai adorar muitos outros livros se voltar a ler.
-- Ok. Se você me der um livro de presente no meu aniversário eu prometo que leio.
Eu estique a mão e ele apertou.
-- Combinado. Quando é o seu aniversário?
-- Hoje. -- ele afirmou.
-- O quê, sério?
-- Sim. Eu faço 18 anos hoje, dia 27 de março.
-- Eu não acredito. Então não saia daí, vou comprar um livro para você.
Ele assente e corro entre as prateleiras à procura do livro que Nina me deu no meu aniversário.
A história é simplesmente fantástica e eu sei que o Rubén vai amá-la assim como Nina e eu amamos.
-- Nina, você sabe onde está o livro dos Dragons? -- pergunto ao encostar na escada onde ela está em cima organizando os livros que chegaram.
-- Estão no corredor 5, na segunda prateleira se não me engano.
-- Obrigada. -- digo com entusiasmo -- Vou dá-lo de presente para o Rubén, hoje é o aniversário dele.
-- Eu não duvido que ele vai se apaixonar pela Luna.
-- É verdade, pelo toque de malandragem e esperteza é a cara dele.
Vou até o tal corredor e encontro o livro, o pego e volto para onde Rubén está. Ele passa o meu cartão de crédito e depois lhe estendo o livro.
-- Feliz aniversário, garoto problema!
-- Ha ha, muito engraçado. -- ele pega o livro e analisa -- "Dragons: A Guerra Entre Mundos", escrito por Jamille Vitória. -- ele ler -- Me diz o que tem de interessante nesse livro.
-- Um pouco de tudo eu acho. Dragões, fadas, magos, bruxas, príncipes, princesas, segredos, um pouquinho de Jogos Vorazes, guerras, romance, um pouquinho de drama e um toque de clichê porque eles nunca são demais.
-- Está bem, eu prometo que vou ler. -- ele me encara -- Ele tem cenas calientes, né? Por isso que você tá com esse sorriso sinistro.
-- SIM! -- afirmei com a empolgação.
-- Meu Deus, essa autora é pervertida igual a vocês.
-- Rubén! -- digo com franqueza.
-- O que foi? Eu só fui sincero e disse a verdade, e você não pode brigar comigo hoje é meu aniversário, lembra?
Nina correu até nós e se debruçou na bancada.
-- Você tem que ler, amigão. E nós vamos querer teorias e saber quem foi o seu casal e personagem favorito aqui na nossa mão, viu?
Ele sorriu e assentiu ao sentir o cheiro de livro novo. Pelo menos isso ele sabia apreciar.
-- Até mais tarde, Nina. Tchau, Maya. -- Athena diz ao passar por nós.
-- Tchau, Athena. -- Nina e eu dizemos juntas.
-- Ei, você não vai me dar tchau também? -- Rubén pergunta ao lançar um olhar conquistador para Athena que apenas revira os olhos e lhe dá as costas -- Hoje é meu aniversário, sabia? Você bem que poderia ser simpática comigo pelo menos hoje.
Athena fingiu que não o escutou e foi embora.
-- Você não acha que tá se humilhando demais por ela, não? -- pergunto tentando conter um sorriso.
-- Essa daí não é nada fácil, mas mal sabe ela que eu amo uma garota difícil. Essa é a minha cina, a minha fixação. Ai ai. -- ele suspirou e olhou para Nina -- Por que a sua meia-irmã me odeia tanto?
-- Talvez porque ela saiba que você é um completo babaca, isso não me surpreenderia.
Ele gruniu e depois nos olhou com desesperança.
-- Sério? Eu sei que o meu passado me condena, só não imaginava que fosse tanto.
-- Eu tô brincando, não faço a menor ideia do porque ela não vai com a sua cara.
Ele faz um biquinho.
-- Por favor tenta descobrir o porquê, Lindinha.
-- Tá, mas não garanto nada seu Don Juan barato.
Nós rimos.
Voltei para casa antes das 18:00 horas, não porque tinham me pediram, mas porque estava ansiosa para matar minha curiosidade sobre a tal fotografia.
Marianna Miller estava assistindo sua novela deitada no sofá, assim que entro ela ergue a cabeça e lança um caloroso sorriso.
-- Oi, vovó! -- digo ao me senta no braço do sofá.
-- Oi, minha querida. -- ela encarou meus olhos -- Você está querendo alguma coisa, diga-me logo o que é.
Ela se sentou. Marianna sempre me conheceu muito bem. Pego meu celular e coloco na foto que tirei do quadro do mural mais cedo.
-- A senhora poderia me contar o que aconteceu nessa noite? -- mostrei a foto.
-- Nada demais. -- ela murmurou quando pegou o celular em sua mão -- Apenas dois jovens inconsequentes que acreditavam que passariam a vida inteira juntos. -- ela devolveu o celular.
-- E por que você chorava?
-- Por uma besteira.
-- Mas não estava aparecendo que...
-- Chega Maya, pare de me incomodar com esse assunto!
Ela se levantou e me deu as costas.
Minha avó nunca tinha falado daquela maneira comigo, ainda mais por conta de alguma história da sua juventude, a qual ela sempre me deu tamanha liberdade para explorá-la.
-- Tudo bem. -- digo ao me levantar -- Mas a senhora poderia ao menos me dizer qual era a cor do vestido? É que na foto em preto e branco não dá para distinguir.
-- Vermelho. -- ela disse rapidamente -- É o cetim vermelho atemporal que está lá em cima. O vestido que você ficou apaixonada só por ver. -- ela pegou a chaleira e colocou o chá de camomila na xícara -- Se você quiser, na segunda gaveta da penteadeira do sótão tem alguns álbuns com fotos coloridas daquela época, pode vê-los.
-- Tá certo, obrigada.
Ela não falou mais nada e nem eu. Subo as escadas ainda sem entender o porquê ela foi tão rude comigo por conta daquela foto.
O que será que aconteceu naquela noite?
•°• Rubén •°•
Já passam das 20:00 horas quando mexo a chave para abrir a porta do apartamento. Tudo está escuro, provavelmente porque eles ainda devem estar no Galaxy. Mas... eu não me lembro de ter los vistos lá quando fui embora, ou será que vi?
Aperto o interruptor e...
-- Surpresa! -- eles gritam enquanto segura um bolo.
Abro um enorme sorriso enquanto coloco minhas coisas em cima do sofá.
-- Ai meu Deus, isso tudo é para mim?
Juan balança a cabeça.
-- É claro que é, não é todo dia que um cara faz 18 anos. Parabéns! Agora você finalmente vai poder tirar carteira de motorista de verdade e não usar mais a falsa que você esconde no criado mudo.
Começo a rir.
-- Como você sabia que eu guardo lá?
-- Porque eu também já tive 18 anos, e não faz muito tempo.
-- Feliz aniversário! -- Martin diz ao colocar o bolo em cima da mesa que estava repleta de doces, salgados e balões ao redor -- A Tina que nos contou que hoje é seu aniversário, porque se dependesse de você, nós nunca íamos saber.
-- Ah, me desculpem. É que eu não costumo comemorar o meu aniversário, e também porque ninguém nunca lembrava então por isso eu fiquei na minha.
-- Ah garoto, mas você não precisa mais se sentir assim. Nós nunca vamos deixar o seu aniversário passar batido. -- Martin toca o meu ombro -- Agora apaga essas velas logo que nos estamos morrendo de fome.
-- Obrigado.
Enchi meus pulmões de ar e me preparei para apagar as dezoito pequenas velinhas brancas que estavam em cima de um bolo de chocolate. Lembro por um segundo do último aniversário que tive com a minha mãe, nós não tínhamos muito dinheiro para muita coisa, mas não importava ela sempre dava um jeito de comprar um bolo mesmo que fosse bem pequeno e cantava parabéns para mim. Desde que ela se foi eu sempre fiz o mesmo pedido antes de apagar as velas.
"Por favor mamãe, volte para mim. De alguma forma, apenas volte para mim."
Em um único sopro apaguei todas as velas.
-- Aêêê! -- eles comemoraram.
Juntos nós comemos e conversamos sobre tudo que era possível, até mesmo planejamos a despedida de solteiro de Martin. Que deixou bem claro que não queria nenhuma mulher na sua despedida, senão Tina o abandonaria no altar e eu não duvido que isso aconteceria.
Após todas as emoções que tive com a minha mais nova família, porque era isso que aqueles dois eram para mim. A minha família. Vou para o meu quarto assim que saio do banho, reviro minhas gavetas ao me lembrar da carta que minha mãe escreveu para que eu lesse hoje.
Pego o envelope e eu abro com cuidado para que não estrague, o papel já está amarelado por conta do tempo e percebo que é a letra dela. Começo a ler imaginando a sua voz soprando as palavras no meu ouvido.
Daniel
Meu doce e adorável garotinho, hoje é o seu dia, não é incrível?!
Dezoito anos só se faz uma vez. Ainda me lembro de quando tinha essa idade e achava que conquistaria o mundo.
Se você estiver lendo essa carta, é porque não estou mais nesse mundo para comemorar o seu aniversário com você, mas não chore eu lhe imploro. Daniel, você me deu muita alegria nesses poucos anos que tivemos juntos, por favor nunca se esqueça disso.
Acredito que hoje você deve estar um rapaz lindo, alto, com um sorriso bonito e com esses olhos azuis encantadores que sempre me apaixonaram. Sei também que você deve ser um galanteador e um bom rebelde se tiver puxado a mim.
Espero que você tenha encontrado alguém que valha a pena você amar, espero que você continue a cantar as suas músicas na recordes como a gente fazia aos sábados. Lembra da sua risada conquistadora que contagiava todos os clientes daquele lugar? Espero que você ainda tenha essa mesma risada... Espero que aquele lugar ainda exista, eu adorava ir lá com você.
Me desculpe por não poder estar ao seu lado comemorando mais esse ano de vida, meu garotinho maravilhoso.
É uma pena que o sofrimento sempre busca alguém para acompanhá-lo e eu tive o azar de ser a escolhida dessa vez, mas não importa. Eu sei que a sua saudade será imensa e que só irá aumentar a cada dia que passar, até porque eu não tive muito tempo para lhe ensinar a viver sem mim e acho que nenhuma mãe está preparada para uma despedida tão precoce, ainda mais como essa... tão cruel. Me dói ter a certeza de que não vou poder ver você perder o seu primeiro dentinho, te ver crescer, se apaixonar, se formar, assistir os seus jogos (seja lá qual você escolha, até porque você é muito indeciso), até mesmo brigar comigo por não deixar você ir em alguma festa ou fazer algo que seja errado, que não vou ver você envelhecer ao meu lado. E dói tanto não poder te aconselhar nos seus caminhos da juventude, meu filho.
Essas dores nunca vão passar para nenhum de nós. É uma pena. Mas, não culpe o mundo, ou a Deus, ou o destino, ou até mesmo você por eu ter partido. Ninguém tem culpa. Era o que estava escrito nas páginas do meu livro da vida e agora a história está terminada. Eu posso até não está aí com você, mas estou no seu coração, nas suas memórias e talvez, nos seus sonhos.
Apesar de tudo caso precise algum dia, ou ainda tenha esperança. Procure o seu pai (embora ele não mereça um filho como você). De qualquer forma ele precisa saber que você existe e que o plano dele não deu certo, que você precisa de cuidados embora agora já seja um rapaz, eu sei que você não o ama, não como poderia ter amado se ele fosse mais presente e se ele tivesse tido a decência de não te abandonar. Mas se for necessário, o procure e conte a verdade, ou o ameace se for preciso.
Ele pode até ter algum poder por ter tanto dinheiro, mas ainda é um homem indefeso. Mas eu espero que você nunca precise dele.
Eu espero com todo o meu coração que você não tenha mudado quase nada daquele garotinho amável que você era, espero que o seu coração ainda esteja repleto de bondade e amor para dar. Nunca se que eu amo você. Você merece ser feliz depois de tudo que já passamos.
Feliz Aniversário!
PS.: Eu te amo e sempre vou amar, Daniel.
Com carinho e eternas saudades,
Mamãe.
Lágrimas escorrem por meu rosto e evito secá-las ao abraçar o velho papel. Dentro do envelope há uma foto de nós dois juntos na Records que se revela para machucar ainda mais o meu coração. A pego e percebo que o doce perfume que ela costumava usar ainda está lá, por incrível que pareça.
-- Mamãe, obrigado por ter sido a minha mãe. Você foi muito boa nesse quesito, Suzanna. É, eu ainda continuo sendo o seu garotinho. -- me deito na cama e me enrosco nos lençóis -- E sim, eu já me encontrei com o meu pai, e olha que engraçado... Ele não me reconheceu, mas isso já era de se esperar. Tanto para mim, quanto para os meus irmãos, Guilherme Griffiori é um péssimo pai.
(2.726 palavras)
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Qualquer comentário é válido pessoal, seja ele bom ou não! 😉
Tchau e até o próximo capítulo! 👋🏻💕
Ass: May ✨🌸
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