27. Um Coração Partido! 💫

Oii leitores, sejam bem-vindos a mais um capítulo. Espero que gostem! 😉
-----------------------------------------------------------

AGORA

•°• Gustavo •°•

Prédios de um lado e mais prédios do outro, mas um pôr do sol que eu tento assistir pelo 11° andar da empresa, é surreal. O alaranjado do céu me fazem pensar que o futuro chegou mais rápido do que eu imaginava, e que agora não sou mais um garoto que vivia sendo feito de idiota pelas pessoas que mais amava.

Avisto de longe a lua que estava prestes a aparecer por completo e o pouco brilho de algumas estrelas, mas batidas na porta do escritório me fazem perder a concentração.

Não me atrevo a me virar para ver quem é, já que o forte cheiro do perfume floral que invade a minha sala antes mesmo da pessoa entrar, me responde.

-- Com licença sr. Gustavo, aqui estão os papéis que o senhor me pediu hoje mais cedo.

Me viro colocando as mãos no bolso da calça e ela coloca os papéis sobre a mesa.

-- Obrigado, Roberta. Por acaso tem alguma reunião hoje? -- pergunto puxando a cadeira para me sentar.

-- Só um minuto, vou conferir na sua agenda. -- ela sai da minha sala batendo os saltos dos seus sapatos e logo retorna com tablet -- Então, hoje o senhor não tem mais nenhuma reunião, mas amanhã existe uma marcada para às 09:30 da manhã. O senhor quer que eu coloque uma notificação no seu e-mail?

-- Sim, por favor. Tem mais alguma coisa marcada para amanhã? -- pergunto olhando para os papéis que ela me entregou.

-- Não senhor, é apenas essa reunião. Deseja mais alguma coisa?

-- Sim. Da próxima vez que a Daphne Cavalcante vir ao meu escritório, me avise antes e não a deixe entrar.

-- Desculpe, mas é que a senhorita Cavalcante ameaçou me mandar embora.

-- Da próxima vez que ela fizer isso, diga para ela ir ao inferno porque o diabo a mandou lembranças. E pode dizer que eu mandei você falar isso e não se preocupe com o seu emprego, porque quem paga o seu salário sou eu.

-- Sim, senhor. -- ela balança a cabeça -- O senhor aceita um café?

-- Sim, por favor. -- peço e ela sai.

Roberta é uma secretária esforçada, e eu sabia que a Daphne tinha feito algo para que ela a deixasse entrar na minha sala com tanta facilidade.

Começo a ler as pautas que foram apontadas na reunião e sinto meus neurônios explodirem com tantas letras naqueles papéis.

-- Aqui está. -- Roberta põe a xícara na mesa -- O senhor deseja mais alguma coisa?

-- Não obrigado, Roberta. -- pego a xícara -- Como estão as crianças?

-- Ah, estão muito bem. O meu mais velho acabou de se formar no colegial, e a mais nova está acreditando que sou aprendiz da fada do dente depois de me flagrar tentando colocar uma moeda debaixo do travesseiro. -- ela dá um sorriso tristonho -- E a minha garota que virou bolsista naquele colégio chique próximo ao centro, passou para o grupo de dança e me disse que a professora substituta é neta de uma bailarina muito famosa. -- dou um gole no café -- Acho que o senhor deve ter estudado com ela, o nome dela é Maya Miller.

Cuspo o café para o lado e me engasgo com os resquícios que sobraram na minha boca.

É sério isso destino?!

Sério que com tantas professoras de dança nesse mundo, justo a minha ex-namorada é a professora da filha da minha secretária?!

-- O senhor está bem? -- Roberta pergunta me estendo um copo de água -- Aqui, beba um pouco.

Assenti com a cabeça ao pegar o copo. Afrouxo um pouco a gravata e dou um gole na água.

-- Obrigado, Roberta. Já estou melhor. O que mesmo você dizia?

-- Eu estava perguntando se o senhor conhece a professora da minha filha. Já que se não me engano, você estudou no mesmo colégio, não é?

-- Ah, claro. Sim, eu conheci, nós éramos... -- suspirei -- Colegas de sala.

-- Ah, então o senhor pode me confirmar se ela é tão talentosa quanto a minha filha falou sim.

-- Ela dançava lindamente, às vezes, parecia que estava flutuando no chão.

-- E ela é mesmo muito bonita?

-- Ah, ela era uma garota normal. Tinha os olhos mais expressivos que eu já vira, eles me lembravam chocolate. O sorriso dela era encantador e tão contagiante... Sem dúvidas, ela era muito linda.

Começo a me lembrar dos momentos que tive com Maya, sem exceção de nenhum e um sorriso espontâneo surge no meu rosto. Sinto a saudade que aqueles dois adolescentes que pareciam terem sido feitos um para o outro toca no meu coração.

-- Uau, a forma como o senhor fala dela não parece que eram apenas colegas de turma. -- Roberta diz com sorriso, então percebo que ela estava ali o tempo inteiro.

Quando comecei a namorar com a Maya, Roberta ainda não tinha sido contratada então ela não fazia a menor ideia do que a professora da filha dela significava para mim.

Me ajeito na cadeira e tento disfarçar os meus minutos de fraqueza.

-- Nós fazíamos parte do mesmo grupo de amigos, mas o tempo foi passando e acabamos perdendo o contato. -- tento mudar de assunto -- Diga a sua filha que lhe mandei "parabéns", eu me lembro o quão difícil era entrar para o grupo de dança, principalmente se na minha época a líder fosse a Chiara Bittencourt.

Roberta assente e depois vai embora.

Desisto de analisar os papéis que estavam jogados na minha mesa após Roberta me fazer perder o foco. Pego as chaves do meu carro e saio mais rápido possível daquela sala, mas a minha onda de azar sempre me persegue e antes que eu pudesse apertar o botão do elevador meu pai aparece na recepção, rezo na esperança de que ele não tivesse me visto, mas não adiantou nada.

Sinto uma mão tocar no meu ombro e sei que é ele.

-- Gustavo, onde vai?

-- Para casa. Não estou me sentindo muito bem. -- minto.

-- Está com dor de cabeça, filho? Eu tenho um remédio excelente na minha sala, se quiser posso lhe dar.

-- Não, estou com dor de barriga mesmo. -- minto mais uma vez e aperto o botão.

-- Sabia que você é um péssimo mentiroso? -- ele cruza os braços e me encara.

-- Aprendi com você. -- aperto o botão mais uma vez como se é aquele gesto acelerasse a vinda do elevador.

-- Eu fico me perguntando quando você vai mudar.

-- Você me pediu para crescer, não foi? Então, eu cresci. Mas eu prometi que não me tornaria alguém como você. -- as portas do elevador se abriram e eu entrei -- Adeus, pai. -- digo ao voltar a encará-lo.

Meu pai assente com a cabeça e as portas do elevador se fecham. Ao chegar no subsolo, entro no meu carro e antes de começar a dirigir fico observando as pessoas entrarem e saírem do estacionamento.

Fecho os meus olhos por um momento tentando aproveitar a paz que eu tinha, pensando em tudo que me aconteceu e imaginando que algum dia tudo vai voltar a ser como antes.
O refletor de um carro entrando na vaga ao lado da minha me faz voltar para a realidade e finalmente sair daquele estacionamento. Penso em dirigir sem rumo por um tempo, mas assim que fico preso em um engarrafamento desisto e sigo para casa.

Paro meu carro na vaga do meu pai mesmo sabendo que ele ficará furioso quando chegar com Alejandro.

Por reflexo olho para a casa ao lado e as luzes do jardim estão ligadas, mas especificamente próximas a piscina. Observo um casal tentando acender uma churrasqueira, aperto bem os olhos tentando ver quem seja. São Nick e Nina. Eles dois trocam carícias perto do muro e fico surpreso, até porque desde que eu me lembre ela era namorada do Alex.
Odeio o fato de andar um pouco desatualizado sobre as mudanças que aconteceram nos últimos anos, essas coisas só acontecem comigo.

-- Ei, foquem em assar essas carnes e parem de se pegar na minha frente. Isso é nojento! -- Maya diz ao se aproximar ao lado de Rubén que carregava uma bandeja repleta de bebidas.

-- O que você tem hoje, hein? -- Nina pergunta ao cruzar os braços -- Tá sendo uma vaca o dia inteiro.

-- Ela está estressada com a reforma da Records. -- Rubén responde com deboche ao retirar a camisa.

Reviro os olhos e embora eu queira entrar em casa, não consigo.

-- Não é só por isso. -- Maya bufou -- Eu odeio as responsabilidades que essa vida impõe e também estou irritada com algo que o general disse.

Fico em alerta.

Maya sempre teve problemas com diretor, mas sempre pensei que eles acabariam quando ela saísse da escola.

-- Aquele filho da mãe, disse algo que ele estava completamente certo. Me deu um golpe baixo, ele usou a mesma artimanha que eu usei com ele há quatro anos para fazê-lo correr atrás da Maitê. -- ela joga uma bola dentro da piscina -- "O que você tem a perder, Miller?" -- ela tenta imitar a voz dele e eu me controlo para não rir -- Ah, que babaca!

-- Nem adianta reclamar, você está presa a um dos filhos dele para o resto da sua vida. Ou esqueceu que vai ser a madrinha do filho dele que nascerá daqui alguns meses? -- Nick diz com um sorriso.

Arqueio a minha sobrancelha com curiosidade. Então quer dizer que a Maya, vai ser madrinha do filho do diretor... É muito estranho, eles não suportavam um olhar para a cara do outro desde que ela o atrapalhou no discurso de posse e agora os dois são amigos, ao ponto dele confiar um dos seus filhos a ela. Que loucura!

-- Tinha que ter pelo menos esse lado bom em ter que conviver com o general, né? Eu adoro os filhos dele e da Maitê. -- ela cruza os braços -- Mas ainda estou estressada.

-- Deve ser a TPM te mandando lembranças, Mey.

Maya mostra o dedo do meio para Rubén que corre até ela. Ele a pega nos braços de surpresa e ela começa a gritar pedindo para que ele a colocasse no chão. Rubén ignora e se joga com ela dentro da piscina.

Sinto meu corpo se enrijecer com o ciúmes que tenta me consumir, mas sei que não tenho um pingo de direito de sentir isso.
Maya parece ficar furiosa e escutá-la reclamar dele meio que consola o meu coração.

Ela saí da piscina e entra em casa completamente molhada e revoltada com as risadas das pessoas presentes. Fico parada ali entre as árvores por mais alguns minutos, tendo a esperança de que ela retornaria, mas com a demora, também entro em casa.

Vou para o meu quarto e vejo Sonserina deitado na minha cama completamente relaxado entre os travesseiros recém arrumados. Faço carinho em suas orelhas após retirar meu blazer e deixá-lo sobre uma cadeira. Me afasto para pegar meu pijama no armário, mas viro meu rosto para janela e vejo a varanda do quarto dela.

Maya está de roupão sentada na ponta da cama enquanto faz carinho na cadelinha. Dou um sorriso ao vê-la daquela forma tão serena.

Uma forte brisa balança minhas cortinas e mesmo tendo a impressão de que ela não me viu, me escondo na parede. Aos poucos coloco minha cabeça para fora da janela tentando ver se ela ainda está lá, mas a única coisa que encontro são as portas de vidro da varanda fechadas e as cortinas tapando o que tinha lá dentro. A luz de um poste reluzindo em um pequeno papel grudado na porta chama minha atenção, aperto meus olhos e meu coração dá um pulo.

"Velhas coisas nunca mudam mesmo, Mauricinho!"

Aquilo era o que eu estava pensando? Ela tinha correspondido o post-it que coloquei ontem na minha janela para chamar sua atenção. Ai meu Deus! Ela respondeu.
Eu pensava que ela não tinha visto, por isso retirei o papel do vidro ainda ontem e o joguei dentro de uma gaveta, mas ela realmente tinha visto.

Ai meu Deus, eu perdi o juízo de vez.

Eu a odeio.

Não posso esquecer tudo que aconteceu por causa de uma brincadeira boba com papeizinhos coloridos, ou será que posso?

(2.042 palavras)
-----------------------------------------------------------
Qualquer comentário é válido pessoal, seja ele bom ou não! 😉

Tchau e até o próximo capítulo! 👋🏻💕

Ass: May ✨🌸

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top