Capitulo 2

As melhores aulas com certeza eram as práticas. Nada conta as teóricas, pois eram eficazes. Mas passar 5 horas sentado em uma cadeira ouvindo o mesmo professor tentando empurrar dentro de várias cabeças, teorias que só faziam sentido na cabeca dele. Se já é difícil compreender a psicologia humana, imagina a animal.

Ajudaria se o professor não fosse um aspirante a palestrante e ministrasse a aula um pouco mais dinâmica. Ou usasse, ao menos, slides.

Ele espera mesmo que entendamos tudo que fala?

Acontece que o professor Ademilson, já está na casa dos 70 e usava métodos antigos. De nada lhe valia seus mestrados e doutorados se não tinha uma boa didática para ensinar.

- Vamos comer alguma coisa? - Falou o descendente asiático.

Davi e Daniel trocaram olhares pensando se seria uma boa ideia. Bem, a aula não tava rendendo, e a turma só faltava roncar na sala.

Os três levantaram para sair da sala. Davi olhou para trás e viu o grupinho de trás olhando como se pedisse para leva-los juntos.

- Quando ele vai se aposentar? - Daniel fez a pergunta que toda turma queria a resposta.

Isso porque não era a primeira vez que estudavam com o Ademilsom. Se não bastasse ele ensinava outras disciplinas e essa, era a terceira deles.

- Não aguento mais olhar para a cara daquele velho. Se eu fosse ele já teria pendurado aqueles óculos monstruosos e estaria morando em uma casa de campo.

- Ele com certeza deve ter uma casa de campo. - Comentou Davi entrando na conversa. - Quem vai pagar dessa vez?

- Eu não. Estou liso. Na verdade não sei mais como é a textura de dinheiro. - O garoto de olhos azuis começou a chorar falsamente. André deu batidinhas em suas costas.

- Meus pêsames amigo.

- Sua vez André.

- Eu?

- Sim. Da última vez fui eu, lembra? Hoje é você queridão. - Caçoou Davi.

- Vocês são uns aproveitadores. - Respondeu André apontando o indicador para os outros dois.

- Quero um hambúrguer. - Declarou Davi, e Daniel concordou dizendo que também queria. Com um litro de coca.

Enquanto o trio se aproximava da lanchonete amarela, a senhorava que limpava o balcão abriu um sorriso para os meninos. Dona Zuleide era aquela pessoa que era considerada avó de todos. Ela adotava qualquer um que lanchava lá.

- Vovó Zuzu! - Davi invadiu a barraca e abraçou a mais velha. - Por que está tão cheirosa hoje, hum?

A mulher abanou o ar e resmungou algo.

- Vão querer o quê hoje?

- Hambúrguer e coca - Gritou os dois D's.

- E quem é o provedor.

- Nosso parceiro, André!

O trio escolheu uma mesa e sentaram. Ali esperaram entre conversas paralelas. André retornou o assunto de nós nos aproveitarmos dele dizendo que era o que mais pagava a conta. Segundo ele, éramos folgados. Com isso Daniel começou a falar que não tinha culpa por estar desempregado, e que se André quisesse culpasse o presidente.

Zuzu se entrometeu de dentro da barraca dizendo que era uma boa ideia.

Davi começou a reparar em como havia acertado nos amigos. Eram pessoas realistas com problemas reais, e podiam ser titulados de "gente como a gente" apesar de não serem diferentes. O fato é que enquanto uns eram metidos e soberbos, Daniel e André tinham o pé no chão e suas conversas quase nunca eram fúteis.

Se conheceram no primeiro período. Davi que é o sociável, foi o primeiro a puxar assunto ao comentar sobre um jogo de futebol que acontecera na noite anterior. Flamengo X Corinthians. Davi e André são flamenguistas e Daniel Corintiano. De um comentário, surgiu uma amizade.

Davi não sabia muito sobre eles, apenas o básico. Sabia que Daniel tinha uma namorada, e que pretende pedi-la em casamento quando conseguir um emprego. Seus pais são divorciados e moram em cidades diferentes. André tá solteiro mas Davi desconfia que ele esteja gostando de Rachel, colega deles. Mora com a mãe na cidade vizinha e vinha em um ônibus escolar, disponibilizado pela prefeitura, para a Universidade.

Após lancharem retornaram a sala, mas a aula já havia acabado. Deram graças a Deus e foram recolher os materias. Se dividiram ali mesmo, pois André iria procurar o pessoal da sua cidade para esperar o ônibus e Daniel correu pois iria se encontrar com a namorada/futura noiva.

Davi saiu preguiçosamente pelo corredor, encontrou algumas meninas de outro curso que fizera amizade. Uma ruiva o avistou de lonje e correu para abraca-lo. Os dois tombaram para trás quando ela se jogou em seu pescoço. Após um tempo, a garota se separou e sorrindo falou que estava muito feliz em vê-lo e que o acompanharia. Ambos começaram a andar, a ruiva sempre colada em seu braço enquanto ria exageradamente.

Passando pela biblioteca, Davi olhou para o lado e teve uma visão que o fez parar subtamente. A ruiva olhou confusa para ele e depois para a direção que ele olhava. Aos olhos dela era algo comum, mas para Davi, era como se houvesse um tiroteio dentro do seu estomago despertando as borboletas que há muito tempo pareciam ter falecido.

Luara dormia com a cabeça em cima de uma caderno aberto, canetas e livros circulavam sua cabeça. Davi captou uma cena que o fez sorrir pequeno. Um cacho caia levemente sobre o rosto de Luara, ainda de olhos fechados ela passou a mão para tira-los mais ele voltou para o mesmo lugar o que fez com que ela franzisse o nariz e após coça-lo virou a cabeça para o outro lado.

- Davi, vamos!

O albino despertou e olhou para a ruiva.

- Desculpe Jani, mas eu preciso comprar uma coisa. Tchau!

Davi se pôs a correr desviando dos universitários que andavam em bando e desleixados. Desceu as escadas rapidamente até está no térreo.
A universidade tinha três andares, e possuia escadas não muito altas, e também rampas. E apesar de ter um elevador, ninguém o usava. Era para grávidas de deficientes, mas todos preferiam as escadas ou as rampas.

Davi correu até fora do campos e entrou na primeira loja de conveniências que viu.

- Licença, eu quero uma prisilha.

A moça da loja puxou uma bandeija repleta de prisilhas. Davi soltou um riso frouxo quando viu a prisilia perfeita.

- Quero essas duas. - Entregou a moça orgulhoso de sua compra.

Enquanto a moça colocava as prisilias dentro de um saquinho de papel, Davi lembrou de mais uma coisa que precisava levar.

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