Sem Limites
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Lya Galavote
Capítulo 1
Isto foi um tapa ou um soco? Mas... Por que comigo?
Ainda atordoado com o impacto, Lucas colocou a mão no lado esquerdo do rosto, sentindo a pele arder.
Ergueu a cabeça, ao mesmo tempo em que quase toda a cacofonia da entrada do colégio sumia. As pessoas baixavam os olhos no momento em que passavam ao seu lado, soltando alguns murmúrios e risos abafados. Ainda no chão, tentava se recompor, sabendo que era o alvo das gozações. Queria levantar-se rápido, mas mal conseguia se mexer depois de bater a cabeça contra a parede.
Tudo isso por causa de um simples tropeço? Uau!
Havia deixado a mochila no chão, próxima dele e nem percebeu o garoto de porte atlético enroscar o pé na alça e quase despencar. É claro que foi engraçado. É claro que ele riu. Mas a graça só durou alguns segundos, pouco antes de levar o tapa e o seu mundo rodar.
‒ Isso é para você aprender que quando eu estiver passando, não quero que nada me atrapalhe. Otário!
Nada pior do que o primeiro dia de aula. Nada ali lhe era vagamente familiar. Nada em que Lucas pudesse se apoiar para se recompor, e iniciar sua jornada naquela escola de maneira mais atraente. Nenhum olhar, nem um sorriso, e muito menos um apoio.
Lucas viu o garoto afastar-se entre risos e cumprimentos de vitória de seus amigos. Sua vontade de revidar com a mesma violência o tapa que havia acabado de receber foi aumentando à medida que observava o garoto comemorar aquele ato cruel. A raiva o dominou: não chegara até ali para ser motivo de chacota de riquinho nenhum.
Foi então, que notou uma mão delicada segurar em seu braço.
‒ Você está bem?
A voz vinha do alto ‒ e de uma garota ‒, o que aumentava ainda mais sua vergonha. Estava exposto diante dos demais alunos do colégio, sem ao menos ter se defendido.
‒ Estou bem ‒ respondeu secamente.
Ao contato da mão quente e úmida da garota em seu braço, ele levantou-se em um salto.
‒ Tem certeza? Ele bateu bem forte em você.
‒ Só quero ir para a sala de aula, ok? - disse cerrando os dentes.
‒ Esses caras são uns imbecis!
Lucas limpou a roupa, sem levantar a cabeça. Teve medo de encarar a dona daquela voz suave e perceber que tudo não passava de um ato de piedade. Ou, quem sabe, ela estivesse querendo zoar com ele por ser um alvo fácil de atingir. Será que todos naquele colégio seriam tão medíocres a ponto de tratar um novato daquela forma?
‒ Se você quiser, podemos ir à diretoria e dar queixa desse garoto...
‒ NÃO!
A garota soltou a mão de seu braço, como se levasse um choque de 220 volts. Lucas se armou de coragem e ergueu os olhos. Ela deu um passo para trás, empurrando os óculos de forma automática. Foi quando Lucas parou, imobilizado diante da garota mais desconcertantemente bonita que ele já havia visto na vida. Emoldurados por longos cílios, os olhos castanhos o observavam, curiosos, e uma longa cabeleireira negra e brilhante caía sobre os ombros. O rosto dela era bronzeado, enfatizando os dentes brancos. Uau! Usava jeans desbotado e uma camiseta preta com estampa de fada.
‒ Desculpe, não queria gritar. Mas, é que...
‒ Tudo bem. ‒ Ela recolheu os braços, cruzando-os na frente do corpo. ‒ Eu só acho que esses idiotas têm que saber que não podem fazer o que querem. Você está bem?
‒ Acho que sim. Pelo menos, estou vivo.
A garota sorriu.
‒ Eu sou Renata, sou nova por aqui.
Nova? Novata igual ele? Legal! Lucas distraiu-se com aquele sorriso por alguns instantes. Renata. Nunca um nome lhe pareceu tão lindo! O sentimento de vergonha ainda não havia ido embora, mas diminuíra consideravelmente com a ajuda dela. Tinha alguma coisa em sua expressão (talvez o jeito que seus olhos se estreitavam quando ela sorria, ou a forma como o encarava) que o fez perceber que Renata não estava zoando com ele. Zoar com ele? Não, não aquela garota.
Disse a primeira besteira que veio à mente:
‒ Meu nome é Lucas. Certo, vamos esclarecer uma coisa. Isso não costuma acontecer comigo... - Ele notou-a franzir a testa.
‒ Não precisa se explicar. Eu odeio esse tipo de garoto que gosta de ser o valentão para aparecer. Tem certeza que você está bem?
‒ Er... Estou sim. ‒ Lucas balançou a cabeça em um gesto abobado e jogou a mochila nas costas.
‒ Bem, então... Vou entrar. Vejo você por aí, Lucas.
Sem conseguir falar mais nada, ele a observou se afastar. Com a pulsação acelerada, não conseguiu tirar os olhos da linda garota até perdê-la de vista na escada. Quando olhou à sua volta, percebeu que ainda não havia se livrado dos risos e cochichos. Um bolo se formou no estômago, e ele caiu em si de que ainda era um calouro naquele mundo novo.
J
Não foi nada fácil para Lucas atravessar os corredores sem ser observado. A notícia sobre a briga se espalhara. Que ótimo! Mal entrava no colégio e já era visto como um covarde. Seus olhos oscilavam. Tremia ainda enquanto as pessoas olhavam para ele. Controlou-se para não manifestar aquela sensação estranha de insegurança, caminhando como se nada tivesse acontecido.
Já sabia diferenciar os novatos como ele, pela falta do uniforme e expressão de nervosismo em enfrentar o primeiro dia de aula. Alguns veteranos com os cabelos impecáveis, pele perfeita e bolsas de marcas, trocavam abraços calorosos com um toque de falsidade.
Reconheceu três alunos que haviam participado do mesmo concurso para a bolsa de estudos que ele ganhara. Tinham os modos reservados e mantinham os olhos pregados no chão, evitando qualquer contato visual.
Ainda subia dois lances de escada, avistando a sala de aula no final do corredor, quando o sinal tocou. Só queria entrar e sentar-se em uma cadeira para fugir daquela multidão de pessoas que não paravam de olhar para ele.
Número 14. É essa!
Quando chegou à porta, estremeceu. Não podia ser! Muita falta de sorte para uma manhã! Mesmo com aquele dia quente de verão, seu corpo gelou dentro da camiseta preta e calça jeans. Confirmou novamente o número da sala anotado no papel. Sim, aquela era sua sala de aula. Apertou as mãos nas alças da mochila, até conseguir voltar a respirar. Tinha caído justamente na mesma sala do garoto que lhe batera na entrada? Ainda parado à porta, os alunos passavam por ele, ocupando todas as cadeiras vazias. Desfaleceu por um instante, mantendo os pés travados no chão.
‒ Sinto cheiro de gente morta! - zombou um garoto de pele morena, cabelos negros bem curtos e olhos negros vivos que o olhavam com astúcia.
Lucas percebeu a besteira que fez ao permanecer estático. Agora, com todas as cadeiras ocupadas, restava apenas uma. Decidiu entrar. Havia estudado muito para chegar até ali e desistir de tudo, por causa de um garoto metido a valentão. Seria o fim da picada!
Seguiu à cadeira vazia, acompanhado por todos os olhares em sua direção, até que o garoto zombeteiro saltou do seu lugar e pulou para ela, sentando-se mais rápido que Lucas.
‒ Está procurando um lugar vago? - Apontou para a cadeira na qual estava sentado antes.
Lucas, por um momento, respirou fundo e olhou ao redor. Segurou com mais força a alça da mochila, mas não reagiu, pois sabia que era isso que o garoto queria. O que lhe batera, sentado atrás da carteira vaga, sorria com um olhar que parecia ultrapassá-lo, penetrando-o e triturando todos os seus ossos e órgãos internos.
Viu a professora entrar na sala de aula com passos rápidos. Sorridente, colocou suas coisas sobre a mesa, virou-se para os alunos e passeou seus olhos em todos os presentes. Para Lucas, só restava sentar-se à frente do garoto-que-lhe-batera, antes que ela lhe chamasse a atenção e tudo piorasse ainda mais. Foi o que ele fez.
‒ Vem com o papai, benzinho ‒ o garoto comemorou.
Lucas olhou de soslaio, acomodando-se na cadeira. Ajeitou seu caderno sobre a mesa, puxando-a para mais próximo do corpo. Sabia que passaria todo o tempo sem visualizar o que o outro poderia aprontar pelas costas, e isso não era nada agradável.
‒ Pessoal, bom dia! Meu nome é Elizabeth, mas para vocês eu serei a professora Beth. Leciono Matemática e Física. ‒ Um gemido entre alguns alunos ecoou na sala. ‒ Então, para a felicidade de muitos, nos veremos bastante durante a semana. Gostaria que vocês se apresentassem, dizendo onde estudaram até o ano passado.
Enquanto os alunos se apresentavam, Lucas observava a professora de cabelos vermelhos, compridos e esvoaçantes; vestido indiano; sandália de salto alto e jaleco branco.
Ao chegar a sua vez, Lucas levantou-se, olhando nervoso para a professora, e se aproximou dela na frente da sala.
‒ Meu nome é Lucas Carvalho e venho da Escola Estadual Barro Dourado ‒ disse bem baixinho.
Quase todos os pares de olhos o fitaram.
‒ Vixi... - Ouviu alguns sorrisos ecoando na sala; o sangue queimou-lhe a bochecha.
‒ Algum problema, garoto? Aliás, qual é o seu nome? - perguntou a professora bem séria ao garoto-que-lhe-bateu, erguendo a sobrancelha em sinal de reprovação. Ele a fitou com um sorriso cínico e respondeu:
‒ Marcelo.
‒ E você estudava na mesma escola que o Lucas?
‒ Não, senhora. Eu sempre estudei aqui.
‒ Então, o que significa esse "vixi"?
Oh, oh. Isso não é nada bom.
Metade da sala riu, deixando Marcelo com o rosto vermelho.
‒ Nada não, professora. É que essa escola, Barro Dourado... Er, é um pouco longe daqui.
‒ Hum... Sei. E por que você se incomoda com a distância entre as duas escolas?
Agora, toda a sala voltava-se para Marcelo. A tensão evidenciou-se em sua face.
‒ Vamos lá, Marcelo, eu estou esperando. Qual o motivo real disso tudo?
‒ Não tem nenhum motivo específico - ele respondeu com a voz trêmula.
‒ Muito bem. Então, da próxima vez que fizer qualquer comentário, espero que argumente melhor. Gosto de pessoas bem esclarecidas e que sabem o que estão dizendo, principalmente quando se trata de outras pessoas ou em relação ao local onde moram, como vão à escola ou mesmo se estão perto ou longe daqui. - Ela o encarou com a expressão determinada. Seus olhos brilhavam como esmeraldas.
O clima ficou mais tenso diante do silêncio assustador que predominou na sala.
‒ Obrigada, Lucas, pode voltar ao seu lugar.
Era a última coisa que Lucas queria. Não queria fitar Marcelo e ser devorado por seus olhos verdes queimando de raiva. Não nesse momento. Algo lhe dizia que se metera em uma tremenda encrenca. Aquele garoto arrogante fora humilhado na frente de todos, e Lucas, sem querer, o principal motivo. Se por causa de um pequeno tropeço ele quase o espancou, nem queria imaginar o que faria depois dessa mortificação toda. Quando fez a prova para a bolsa de estudos, idealizou que o teste seria a situação mais difícil que enfrentaria naquele colégio; além da redação, é claro. Mas, diante disso, a prova toda foi como somar um mais um. Não sabia o que fazer. Olhou para a porta por um segundo e pensou em fugir. Correr de tudo aquilo, voltando para o refúgio de sua casa.
A professora virou-se para a lousa, agora com o tom de voz um pouco mais suave:
‒ Bem, vamos ao que interessa. Abram o livro na página 12.
Decidido a não demonstrar medo, Lucas retornou ao lugar, a fim de garantir o seu futuro como engenheiro mecânico. Marcelo o encarava de forma voraz. Com um calafrio, Lucas desviou o olhar o mais rápido que pôde. A adrenalina novamente subiu por suas veias, fazendo o coração disparar, dando-lhe forças o suficiente para se sentar. De soslaio, ao ver Marcelo cerrar os punhos, temeu ser apunhalado pelas costas. Afundou-se na cadeira, com um nó no estômago e esperou o fim da aula para voltar para casa, seu verdadeiro refúgio. Pressentia que o perigo logo ficaria muito maior.
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