Capítulo 6: Ameaças

Depois da fantástica cena no refeitório. Eu ri tanto que minhas bochechas doíam.

-Quem será que fez um a coisa dessa? –Perguntou Bonnie.

-Eu não sei, mas sei que me diverti muito. –Disfarcei.

A próxima aula seria no laboratório novamente. Estava pegando algumas coisas em meu armário e então vi Brandon todo irritado passando por mim.

Seu cabelo estava todo molhado e caindo sobre a sua testa. Suas roupas estavam um pouco molhadas. Acho que deveria estar indo pegar alguma roupa no seu armário.

Ele me olhou do canto de seus olhos e eu fingi que nem tinha visto. Ele virou o corredor e em seguida ouvi umas batidas no armário.

Fui até a esquina do corredor e olhei de canto.

Brandon estava com a testa apoiada em seu armário e com os olhos fechados. Parecia estar muito irritado. Seus punhos estavam fechados e um pouco acima da cabeça apoiados no armário.

-Isso não vai ficar assim. –Disse ele nervoso.

Ele se recuperou e saiu indo em direção ao vestiário.

Quando estava voltando para a sala de aula, vi dois dos amigos de Brandon próximo ao meu armário. Sério isso? Iriam aprontar de novo comigo?

-Hey. –Gritei.

Os dois garotos saíram correndo e deixando a porta do meu armário, aberta. Fui até ele e lá estava mais um envelope. Já tinha certeza de quem era.

Abri o envelope e lá estava, uma das coisas que eu queria evitar.

Você se acha muito esperto não é mesmo? Mas, vamos ver até onde você pode chegar. Se prepare, porque você acaba de enfurecer o grande Brandon.

Era um bilhete de ameaça. Sabia que uma hora ou outra isso iria acontecer, mas como ele pode ter visto, eu sou duro na queda.

-Se Brandon acha que eu vou me assustar com um bilhete desses ele não me conhece. –Disse para mim mesmo tacando o envelope dentro do armário e o trancando.

Fui para a sala de aula e pensei em algo que eu poderia fazer para acabar com essa palhaçada.

-Você é mesmo doido cara. –Disse Wally.

Eu já havia contado pra ele sobre o bilhete.

-Se ele acha que vai conseguir me tirar daqui, está enganado.

-Mas o que você vai fazer?

-Estou pensando nisso ainda. Mas não vou deixar isso barato.

No final da última aula, estava guardando meu material em minha mochila.

-Encontro você lá fora. –Disse Wally saindo.

Estava chegando próximo a porta, quando dois garotos apareceram, impedindo a passagem.

-Nossa que engraçado, dá pra me dar licença? –Falei um pouco irritado.

Os dois garotos eram maiores que eu e pareciam ser fortes. Eu não sabia quem eles eram, não reconhecia seus rostos.

-Ok. Vamos parar com essa palhaçada aqui, porque eu quero ir pra casa.

Os dois continuavam em silencio me encarando de cara fechada.

-Acho que nós temos alguns assuntos para conversar. –Disse uma voz vindo por trás dos dois.

-Brandon!! –Falei com ódio na voz.

-Você acha que não saberia que foi você quem fez toda essa palhaçada?

-Você não tem provas quanto a isso.

-Não, mas a única pessoa que tem problemas comigo é você.

-Não quer dizer que foi eu. –Cruzei os braços.

Ele me olhou com ódio.

-Mas eu sei que foi você.

-Sua palavra não vale nada se você não tiver prova disso.

Ele olhou para os dois garotos e então eles vieram para cima de mim.

-Já que é assim, então você também não terá provas quanto ao que vou fazer.

Os dois garotos seguraram meus braços e eu tentei me soltar, mas era tentativa em vao. Eles apertaram os meus braços e me arrastaram para fora da sala.

Os corredores estavam vazios. Eles me levaram para dentro do banheiro mais próximo e me seguraram.

-Você acha que pode me enganar? –Brandon estava andando de um lado para o outro. –VOCÊ ACHA QUE PODE VIR AQUI E ME DESAFIAR? –Gritou ele.

Me desesperei um pouco.

-ANDA, ME RESPONDE. –Gritava ele.

Sentia a minha respiração mais aguçada e um medo tomou conta do meu corpo. Eu estava em pânico.

Brandon suspirou e então prosseguiu.

-E ainda acha que pode mentir pra mim? –Ele puxava o meu cabelo enquanto dizia.

Em um segundo, senti uma dor que vinha da minha barriga. Era uma dor desconfortante que me fez perder o folego por um instante.

Olho para baixo por causa da dor e vejo o seu punho na minha barriga. Brandon havia acabado de me dar um soco. Recuperei a respiração com um pouco de dificuldade e então um dos garotos puxaram meu cabelo para que eu olhasse para ele.

-Me sinto um pouco melhor. –Disse ele com um sorriso no rosto. –Mas isso é so um lembrete, de que se você fizer alguma coisa contra mim novamente, eu acabo com você, estrangeiro.

Os dois garotos me soltaram e fez com que eu caísse no chão. Apoiei uma das mãos no chão e a outra no estomago.

-Ai que é o seu lugar. –Disse ele cuspindo próximo a mim.

Em seguida os dois saíram do banheiro me deixando sozinho. Meus olhos lacrimejaram e então as lagrimas escorreram pelo meu rosto. Mas não era de medo ou dor e sim de raiva.

-Noah!?

Ouvi alguém dizer entrando correndo no banheiro. Era Wally.

-O que aconteceu com você? –Ele se abaixou, colocou um dos meus braços em volta do seu pescoço e me levantou.

Com a ajuda de Wally consegui chegar ate o carro, onde a mae dele nos esperava.

-O que aconteceu filho? –Perguntou.

-Eu cai. –Omiti.

Eles me ajudaram a entrar no carro e então me deixaram em casa. Subi para o meu quarto e me deitei. Minha barriga ainda doía, então preferi ficar deitado.

Passados algumas horas, ouço a campainha tocar. Era Wally, com uma travessa de salada de frutas e uma torta.

-O que é isso?

-É comida seu bobo. Posso entrar. –Ele sorriu.

-Claro, entre. –Falei dando espaço para ele entrar. –Mas porque você trouxe essas coisas?

-Minha mãe disse para eu ver como que você estava e pediu para trazer isso. –Ele estava observando a casa.

Mostrei o caminho da cozinha, peguei duas colheres de sobremesa, coloquei a travessa no balcão e entreguei uma colher para ele.

-O que? Não, obrigado.

-Não vai deixar que eu coma sozinho né? –Insisti.

-Tá, mas só se você me contar o que aconteceu.

Dei a primeira colherada na travessa e comi um pouco.

-Aquilo foi coisa do Brando. –Disse pegando mais um pouco. –Ele me deu um soco no estomago enquanto dois garotos me seguravam.

-Covarde. –Ouvi Wally dizer com raiva.

-Só de lembrar, o meu estomago dói. –Falei colocando a mão na barriga.

-Sinto muito por não estar lá.

-Mas se tivesse não poderia ter feito nada Wally.

Ele olhou um pouco irritado e frustrado pra mim.

-Olha, eu entendo que você quer me ajudar, mas eu tenho que resolver isso sozinho, porque se não eles podem ir para cima de você também.

-Mas.... –Wally solta um suspiro.

-Você sabe que por um lado eu tenho razão. Não se preocupe, porque eu sei me virar.

Posso entender a sua frustração, mas perto daqueles garotos, nos somos dois fracos. Mas eu não vou deixar que isso fique assim.

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