Capítulo 54: Fúria
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Boa leitura.📖
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Os dias naquele inferno parece que não passavam e fazia duas semanas que nem minha mãe e o Brandon vinham me visitar. Estava me sentindo um pouco abandonado. Olhei para o céu que estava carregado de nuvens cinzentas, tapando qualquer luz que saia do sol, junto das nuvens, vinha o trovão acompanhado de relâmpagos. Provavelmente era uma tempestade que se aproximava. Em questão de segundos, o vento aumentou bruscamente, levantando poeira e folhas para tudo quanto é lado.
As meninas mais mesquinhas corriam para se protegerem e proteger a roupa e o cabelo. Acho que o cabelo era o mais importante do que qualquer outra coisa, porque se estiverem com o cabelo bagunçado, vão ser motivo de risadas e perderam o título.
Me levantei do banco que estava e fui para uma área coberta, encostei na parede e fiquei observando todos correrem para lá e para cá. O inspetor me fitou ao passar acompanhando uma aluna, que provavelmente era mais uma que iria cair na lábia dele e acabar dando uns pegas.
Davis andava na minha direção, ele segurava alguns livros em seus braços. Ele parecia estar com pressa, já que seus passos eram longos e rápidos. Ele passou por mim, me cumprimentou e prosseguiu andando. Aquilo estava com cara de quem iria aprontar. O que ele iria fazer?
Decidi seguir ele, mas sem que ele percebesse. Deixei ele caminhar o mais longe possível e então comecei a andar, seguindo ele. Davis passou pelo corredor das salas de aula, em seguida virou à esquerda, indo em direção aos laboratórios. Assim que ele virou, apertei os passos para ver se conseguia ver em qual sala ele entraria, mas foi tarde demais, assim que virei o corredor, ele já tinha sumido. Olhei pelas janelas das portas para ver se via ele em alguma das salas, mas parecia que ele havia tele transportado de lá.
Me virei e voltei para o pátio, tentando pensar no que ele estaria metido agora. Nessas duas semanas que se passaram, Sophia havia saído de lá, por algum motivo, seus pais decidiram levar ela para casa, agora não sei se era para algum evento familiar ou se ela tinha saído de vez daquela prisão.
Fiquei mais algumas horas de bobeira pelo pátio, enquanto isso não tinha caído uma gota de água se quer das nuvens. O inspetor passou novamente e dessa vez parou ao meu lado.
-Aproveitando a vista? -Perguntou ele.
-É o que tem né? -Respondi ironicamente.
-Não vi você com nenhum amigo, você precisa se enturmar um pouco mais.
-Pra que? Essas pessoas não são meus amigos. -Falei, mas claro que Sophia e Davis eu os considerava como amigos. -E além do mais, logo eu vou sair daqui.
-Seu pai te disse isso?
-Não sabia que você era curioso assim. -Provoquei.
-Só quero saber se você não vai tentar algo.
-Tentar o que? Por acaso tem algo que realmente funcione? -Respondi tentando deixar que eu não tentaria nada para sair dali.
Ele sorriu.
-Sabe Noah, você tem se comportado esses dias.
-E o que tem de mais nisso?
-Até onde eu sei, você não é assim. Vou passar a te vigiar mais vezes. -Disse ele com um sorriso no rosto e sacudindo o dedo para mim. -Estou esperto com você garoto.
-Se você tem tanto medo de mim assim, quem sou eu para dizer algo. -Afrontei e dei de ombros para ele.
Percebi que ele não havia gostado daquele comentário. Então ele veio andando freneticamente perto de mim e segurou o meu braço bruscamente.
-Olha aqui garoto.... -Antes dele terminar eu o interrompi puxando o meu braço, tirando ele de sua mão.
-Quem você pensa que é para me segurar assim, já se esqueceu do nosso segredinho ou você quer que alguém saiba que você está pegando uma garota do terceiro ano? -Afrontei com um sorriso no rosto.
Ele fechou os punhos e cerrou os dentes um no outro.
-Essas suas ameaças vão acabar. -Disse ele apontando o dedo para mim.
-Vai fazer o que? Me tirar daqui? Isso vai ser um favor. -Respondi e me virei novamente.
-Seu pai vai ficar sabendo dessa sua malcriação. -Gritou ele.
Apenas o ignorei e continuei andando em direção a biblioteca.
Entrei na sala e um blackout aconteceu, em seguida as luzes voltaram lentamente, fazendo a escuridão sumir lentamente. A bibliotecária olhou para uma das luzes se acendendo e suspirou, agradecendo por aquele lugar ter um gerador reserva.
Por causa da chuva as aulas foram todas suspensas e foi indicado de todos ficarem em seus quartos ou na área de TV e sim, você só poderia assistir as coisas que eles queriam, então Netflix e Youtube estão de fora. Maioria das vezes era algum documentário idiota que eles colocavam ou a apresentação de um trabalho de algum aluno.
Me sentei em uma das poltronas e fiquei observando ao redor. Nisso um dos garotos, se aproximou da minha poltrona.
-Saia. -Ordenou ele.
-O que?
-Saia. -Repetiu.
-Porque?
-Não vou dizer novamente. -Disse ele.
-Tudo bem, então fique aí de pé. -Falei colocando as mãos no bolço do meu casaco.
Mais dois garotos apareceram ao lado dele, todos com uma cara ameaçadora, nem me abalei. Revirei os olhos e suspirei. Já sabia o que iria acontecer, sempre essa merda.
-Olha, se vocês quiserem se sentar, escolham outro lugar, porque esse já está ocupado. -Falei.
-E, olha só o pirralho se achando o dono daqui. -Disse o garoto da esquerda, com porte atlético e um pouco alto.
-Vamos dar um jeito nele rapidinho. -Disse o da direita. Esse era um pouco mais cheinho que o outro.
-É sério isso gente? Vocês vão querer brigar justo agora? -Falei.
O garoto parado em minha frente, também tinha o porte atlético, mas era mais alto que os outros dois e com um pouco mais de músculo que os outros. Ele segurou pela gola do meu casaco e me levantou da poltrona com facilidade. Ele me aproximou próximo ao seu rosto e com uma cara ameaçadora ele disse:
-Eu disse para sair.
-Ok, se você quer tanto assim essa poltrona, pode ficar com ela. -Falei me soltando das mãos dele.
Hoje o dia não está colaborando. Cada hora é uma aparece algo para tentar me tirar do sério, mas eu não posso me deixar levar, vou ficar fora disso o quanto eu puder. Tenho certeza de que aquele inspetor idiota tem algo a ver com isso.
-Vai ficar aí parado olhando para a gente? Tu tá querendo apanhar guri? -Disse o da esquerda.
Simplesmente ignorei todos e me afastei.
*****
Três dias. Três dias que chove sem parar e nada para fazer nessa merda de lugar. Eu vou acabar enlouquecendo dessa maneira. Preciso pensar em algo para sair daqui o quanto antes, mas o que eu posso fazer?
Tinha conversado com Davis a respeito do portão que eles estavam reformando, mas com essa chuva seria impossível de escalar tanto ele quanto o muro, com certeza estariam escorregadios demais para escalar. Fora que montaram uma espécie de acampamento próximo ao portão para que a obra seguisse o mais rápido possível.
Durante esses dias, Davis sumia sempre no mesmo horário e quando eu perguntava ele desviava do assunto. Eu sabia que ele estava escondendo algo, mas o que poderia ser já que ele não poderia me contar. Como eu não era tão próximo assim dele, não fazia muitas perguntas, apenas deixava ele com as coisas dele. Ele parecia cansado e um pouco pálido, com certeza ficou alguns dias sem comer e sem dormir, mas agora o porquê, só Deus sabe.
O inspetor se aproximou de mim com uma cara animada.
-Noah, vamos. -Disse ele acenando a cabeça. -Você tem visita hoje.
-E quem é?
-Você precisa ir ver ou nunca saberá.
-Se for o meu pai eu não quero saber dele. -Falei.
-Anda logo e vamos. -Ordenou ele.
-Me diga quem é.
-Você sabe que não posso fazer isso, mas já que você não quer receber visita, irei avisar a direção. -Disse ele se virando.
-Não, espera! -Falei, poderia ser Brandon e minha mãe, mas poderia ser o meu pai também, teria que ir conferir. -Vamos.
Andamos pelo pátio e depois pela área da direção, passamos pelo imenso e longo corredor até a sala de visitas. Assim que a porta se abriu, tive uma decepção.
-Não acredito nisso.
Meu pai estava parado de frente a janela, com uma mão no bolso de sua calça social e a outra apoiada na moldura da janela. A chuva ainda continuava caindo lá fora. Ele parecia concentrado.
-Sente-se filho. -Disse ele.
-Não me chame assim, eu já falei.
Ele se virou.
-Eu sou o seu pai e chamo você como eu bem entender. -Disse ele se aproximando de mim.
-Mas para mim, você morreu.
Ele suspirou.
-Quando que você vai mudar filho?
-Mudar? Tem certeza que quer ouvir?
Ficamos em silencio.
-Ouvi dizer que você está ameaçando o seu inspetor, é verdade?
-Mas é claro que ele iria fuxicar para você. Aliás, é o que ele mais faz por aqui.
-Olha filho. -Disse ele se sentando ao meu lado. -Você não pode sair ameaçando as pessoas assim.
-E porque não? Aliás, porque eu estou aqui falando com você?
-Escute. -Disse ele colocando a mão em meu ombro.
-Não toque em mim. -Falei me levantando do sofá e me afastando dele.
Novamente ele suspirou, abaixou a cabeça e a sacudiu.
-Você não entende.
-Você que não entende, até quando vou precisar ficar nessa merda?
-Olha a boca.
-Ui, não pode falar merda perto dele, tadinho. -Ironizei.
-Isso só piora as coisas.
-Como você é previsível. -Falei colocando as mãos na cintura e sacudindo a cabeça.
-Já disse que isso tudo é para o seu bem.
-Desde quando você se preocupa comigo? -Falei apontando para mim mesmo. -Você sempre se preocupou com a sua imagem, com sua empresa, é isso que te importa.
-Se fosse isso eu não estaria aqui hoje. -Disse ele se levantando e arrumando sua gravata.
-Ou você está aqui para tentar me convencer para que a mídia não fique sabendo, porque assim que ela saber, você será atacado por todos os lados. -Falei um pouco exaltado.
-Olha a maneira como você fala com o seu pai. -Disse ele apontando o dedo para mim.
-Agora você lembra que é meu pai, não é?
-Eu sempre pensei dessa maneira.
-Então porque não me tira desse lugar?
-Porque você precisa ficar longe de má influencias.
-Brandon não é uma má influência, nunca foi.
-Como que não foi Noah? Ele te fez mentir, te levou para um lugar longe de todos e ainda insiste dizer que te ama. -Ele estava ficando nervoso, via isso em seus olhos e o tom de como sua voz ia aumentando.
-Isso só poder se brincadeira, não é? -Falei rindo ironicamente. -O senhor vem aqui me dizer esse tipo de coisa? Só pode estar me zoando.
-E você está confuso, você pensa que gosta dele, mas estou te mostrando que não.
-O que o senhor pode dizer sobre sentimentos se isso nunca existiu dentro de vocês. -Afrontei.
Ele me olhou furiosamente e levantou seu braço, dando um tapa forte em meu rosto. Por mais forte que esse tinha sido, a dor era menor, acho que pela raiva que estava sentindo, não sentia o ardor em meu rosto, apenas senti o meu rosto quente.
-Continue, vai. Quer me bater? Bate mais, vai. -Afrontei.
-Não fale assim comigo, eu sou o seu pai.
-Não, você não é. Você não passa de um lixo.
Outra bofetada na minha cara e dessa vez foi mais forte que a anterior, sendo que essa veio do outro lado do rosto.
-Esse tipo de coisa eu não vou tolerar.
-Mas é isso que você é para mim, um lixo. -Falei afrontando ele.
Dentro de mim eu estava morrendo de raiva por ele ter me batido novamente, cada segundo dentro daquela sala com ela, era mais raiva que eu ficava.
-Independente do que você pensa, eu vou continuar sendo o seu pai e eu tenho poder legal de você e por mim, você vai passar a sua vida inteira aqui, eu vou dar um jeito de te deixar longe de tudo e qualquer um que possa te corromper, inclusive aquele veadinho do Brandon. -Disse ele nervoso.
Eu não podia mais aceitar tal desaforo, precisava fazer algo agora mesmo. Então respirei fundo e parti para cima dele, empurrando ele para cima de um aparador derrubando tudo que estava em cima dele.
-Mas o que é isso? -Perguntou ele.
-Cala a boca, cala a boca. -Repetia mais e mais.
Em seguida, segurei ele pela gola do seu terno e o empurrei na parede, batendo fortemente suas costas em alguns quadros. Segurei ele pelos cabelos, bagunçando ele todo e batendo ela na parede. Ele me empurrou cambaleando um pouco.
O seu empurrão me fez bater em uma das poltronas e cair no chão. Olhei friamente para ele e me levantei rapidamente, fazendo o mesmo movimento de antes, empurrando ele na parede.
-Eu vou fazer você calar essa sua boca. -Falei cerrando o meu punho e batendo em seu rosto.
Pela primeira vez eu estava enfrentando o meu pai e o sentimento era bom, a raiva que eu sentia viria à tona, me dando forças para conseguir acertá-lo. Cerrei novamente o meu punho e acertei ele na maça de seu rosto. Senti quando os ossos da minha mão se chocou com o osso do rosto dele, no início a dor foi insuportável, mas depois foi prazerosa. Era tão bom fazer ele calar a boca dessa maneira.
-Isso aqui é por ter me deixado nesse lugar. -Dei um outro. -E esse aqui é por chamar o Brandon de veadinho.
Continuei e continuei dando socos no rosto dele até me cansar. Estava eufórico, mas cansado e quase que sem ar. Larguei ele bruscamente no chão e me afastei para me recompor e respirar um pouco.
Ele tentou se apoiar na parede para levantar, cambaleou um pouco, passou a mão no pequeno corte em sua boca e limpou o sangue com um lenço que tirou do terno.
-Eu.... Eu.... Vou considerar isso.... Isso como um desabafo... -Disse ele fazendo pausas para respirar.
-Eu te odeio. -Falei quase que chorando de raiva.
-Depois de todo esse seu show, você continuará aqui nesse colégio, sem ver o seu "amigo".
-Ele.... É... Meu... Namorado. -Falei cerrando os dentes.
-Não me importa, depois de hoje, vocês nunca mais vão se ver. -Disse ele ainda cambaleando.
Foi então que fiquei cego de raiva. Parti para cima dele novamente, mas dessa vez aceitei um soco em seu estomago, segurei ele pela gola do terno novamente e o joguei em cima da mesa de centro, que por sorte era de madeira, mas mesmo assim ela quebrou com o peso dele. Ele reclamou um pouco de dor, mas não dei a mínima para isso. Me aproximei, peguei em seus cabelos e o puxei para próximo da janela. Dei mais um soco em sua barriga e me afastei um pouco. Ele olhou para mim, como se quisesse pedir para eu parar, mas nem dei importância para isso. Corri em sua direção gritando e o agarrei pela cintura, fazendo nós dois atravessar a janela de vidro e cairmos em cima dos arbustos que tinha do outro lado como paisagismo do lugar.
A chuva caia pelo meu corpo e o céu se iluminava com os relâmpagos a cada instante. Nós dois estávamos no chão molhado e sujo de lama com uma mistura com grama e folhas.
-Isso.... Isso foi a gota d'água. -Disse ele se levantando cambaleando.
Com a queda, eu cai em cima dele, mas de alguma forma consegui machucar o braço. Era um pequeno corte, não muito fundo, mas que estava escorrendo o sangue e doendo um pouco. A chuva caia pelo meu corpo e passando pela ferida, dando um leve ardor e ajudando o sangue a escorrer mais ainda. Coloquei a mão rapidamente na ferida, tentando evitar que o sangue continuasse saindo.
-Você está bem? -Perguntou ele. -Deixa eu ver. -Ele veio se aproximando de mim e estendeu a mão para que eu levantasse.
Ignorei a sua mão e me levantei sozinho, com um pouco de dificuldade, mas consegui, queria mostrar que não precisava mais dele para nada.
-Deixa eu ver se foi fundo. -Insistiu ele.
Dei de ombros para ele fiquei olhando em direção a janela.
Poderia pensar que a sala era baixa pelo lado de dentro, mas do lado de fora, até a janela, deveria ter uns dois metros de altura. Agora imagine uma queda dessa altura, não é nada legal, mas pelo menos eu consegui colocar a minha raiva para fora e fazer ele calar a boca.
Não demorou muito e dois enfermeiros e o inspetor apareceram correndo em nossa direção.
-Senhor, está tudo bem? Se machucou? -Perguntava o inspetor para o meu pai.
-Não está tudo bem, não me feri, mas pedem para levar o Noah para a enfermaria, ele ta com um corte no braço. -Disse ele apontando para mim.
-Eu não preciso que você se preocupe comigo.
-Se eu não fizesse isso, não seria seu pai. -Afirmou ele.
-Você não é mais o meu pai. -Falei olhando por cima dos ombros e andando em direção ao instituto ao lado dos enfermeiros.
Assim que entrei, me levaram direto para a enfermaria, me colocaram em cima da maca, pegaram um algodão com uma espécie de pinça e álcool para limpar o ferimento. A enfermeira era um amor de pessoa e ficava conversando comigo sobre qualquer coisa, para que eu permanecesse calmo para ela fazer o curativo.
-Ah não. -Disse ela olhando. -Vou precisar dar pontos.
Olhei um pouco assustado para ela.
-Não se preocupe, não vai doer e vai ser apenas dois pontinhos, você nem vai sentir. -Disse ela sorrindo. -Mas se fosse um pouco mais fundo, precisaríamos levar você a um hospital.
-Porque um hospital? Você não poderia ajudar?
-Poderia, mas aqui não tem muito equipamento, então não teria muito o que eu fazer, o mais aconselhado seria te levar a um hospital. -Disse ela abrindo um dos armários. -Mas não se preocupe.
-É que nunca aconteceu algo assim comigo, então não sei como vai ser.
-Não se preocupe, farei com que não doa. -Ela sorriu animada enquanto pegava os equipamentos necessários.
Ela limpou ao redor da feria, molhou o algodão no álcool e em seguida passou pela ferida. Era um ardor insuportável, eu tinha vontade de sair chutando tudo por causa do ardido do álcool. Soltei alguns gritos de dor e ela passou a ser mais cuidadosa. Pediu desculpas e prosseguiu. Para que eu não sentisse nada, seria necessário aplicar uma anestesia no loca, outra coisa que eu não suportava, agulhas. Eu odeio agulhas desde quando era pequeno.
Ela se aproximou com aquela seringa quase cheia de um liquido transparente.
-Essa vai doer um pouco, mas por favor não se mexa. -Disse ela aplicando o mais próximo da ferida.
Mas que picada desgraçada, não sendo uma agulha ainda tinha que aplicar quase dentro da ferida, mas que filha da mãe. Fiquei morrendo de raiva no momento e em questão de segundos, aquela área começou a formigar e logo não sentia mais nada. Ela então pegou uma outra agulha, que parecia ser curvada e então passou, junto a linha, pela ferida, fechando ela completamente. Ela cortou as sobras, preparou um curativo e colocou em cima.
-Prontinho. Viu? Não demorou nada. -Disse ela sorrindo para mim. -Agora cuidado para não fazer força porque os pontos podem se romper e a ferida se abrir.
-E quanto tempo eu fico com isso?
-Diria que algumas semanas. -Disse ela.
-Obrigado doutora. -Agradeci.
*****
Se passaram mais duas semanas e depois da confusão com o meu pai, eu não podia mais receber visitas, nem mesmo da minha mãe. Era tipo um castigo que ele queria aplicar em mim. Aquele lugar estava ficando insuportável, as pessoas estavam prestando mais atenção em mim do que de costume e as vezes acabavam cismando comigo, o que era insuportável. O meu braço já estava melhor, mas de vez em quando sentia algumas dores, mas a doutora havia me passado um antibiótico para combater qualquer infecção e um remédio para dor.
Davis havia sumido durante todo esse tempo, então eu estava sozinho novamente. Andava pelo corredor do pátio até ir em um dos bancos debaixo de uma arvore grande. Me sentei, apoiei a perna sobre a outra e fiquei observando ao redor.
O lugar passou a ficar mais insuportável depois que briguei com o meu pai, a vontade de sair dali só aumentou. Precisava encontrar uma maneira de sair dali, mas como? Pelo portão em reforma estava fora de cogitação, teria que ser algo que me tirasse daqui sem que levantasse suspeitas, mas o que? Olhei em volta para ver se aparecia uma solução, mas estava um pouco difícil.
Foi então que vi George com seus dois "seguranças" aproveitando o tempo rindo de alguma piada idiota. Eu poderia usar ele para sair daqui, mas de que forma? Se eu arrumasse uma briga com ele, poderia fazer com que ele me acertasse e assim, poderia sair daqui e indo para um hospital. Sorri ao planejar como iria abordar ele e fazer com que me batesse. Claro que com o braço machucado ainda eu não iria poder fazer muita coisa. Talvez se eu esperasse um pouco mais, poderia espera que ele melhorasse, mas até lá vou precisar ficar ouvindo desaforo desses idiotas. Não, vou fazer isso o quanto antes, eu preciso sair daqui.
O inspetor se sentou ao meu lado, pôs a mão atrás de mim, se apoiando no banco.
-O que você quer agora? -Perguntei me inclinando para frente.
-Nada, apenas vim ver como você estava.
-Bom, já viu, não é? Então pode cair fora daqui.
-Sabe Noah, acho incrível esse seu temperamento. Quando eu estuava, tinha um garoto como você, sempre respondendo as pessoas, se metendo em problemas, desrespeitando os pais.
-Olha, eu não quero saber do seu passado triste, então se puder, poderia me deixar sozinho?
-Sabe o que aconteceu com ele?
Suspirei fundo, revirei os olhos e o encarei.
-Hoje ele está em uma prisão, dividindo a cela com mais dois ou três pessoas e corre risco de vida todos os dias, isso porque ele nunca tentou melhorar. -Disse ele se levantando.
-Numa prisão eu já estou. Então não tem tanta diferença assim. A única coisa que é diferente, é que eu não fiz nada para estar aqui. E eu sei bem o que é certo e o que é errado, sei respeitar as pessoas, mas acontece que você não é digno de tal respeito. -Disse soltando um sorriso sarcástico e dando um tapinha de leve em seu peito, em seguida dei as costas para ele e fui em direção ao banheiro.
Assim que entrei, fui até a pia e joguei uma água no rosto. Precisaria pensar em algo. Teria que ser agora.
-Ok Noah, respira e vamos lá, você consegue. Não pense besteira. -Falei comigo mesmo. Segurei firme no meu braço, olhei para o curativo e suspirei.
Sai do banheiro e andei em direção a George. Passei bem próximo dele o encarando. Ele não ficou contente de me ver desafiando ele assim.
-E aí, qual é a tua, meu irmão? -Disse o cara mais magro da esquerda.
-O que? Agora é proibido passar por aqui?
-É sim.
-Bom, eu não estou vendo nenhuma placa de aviso falando isso.
-Tá querendo apanhar garoto? -Disse George.
-Quem vai me bater? As suas cadelas?
-Quem você tá chamando de cadela? -Disse o cara mais magro. -Eu vou encher esse magrelo de porrada. -Ameaçou ele enquanto era segurado pelo outro amigo.
-Coloca ela na coleira, porque ele pode acabar mordendo alguém. -Ironizei.
-Você se acha engraçado, não é? -Disse George se levantando. Obviamente ele era muito maior que eu, já que era repetente do terceiro ano. -Da o fora daqui.
-E se eu não quiser?
-Então vou ter que te ensinar umas coisinhas. -Disse ele cerrando os dentes,
-George mantenha a calma, lembra do que o diretor disse para você.
Droga, ele está se controlando por isso então, já era para ele ter me acertado.
-Ah, então quer dizer que o cãozinho está na coleira, coitado. -Falei sorrindo e andando.
-Deixa ele para lá, não compensa. -Disse o amigo que havia impedido ele agora pouco.
Droga George, vamos lá. Venha me bater cara. Qual é? Pensava comigo.
Ele suspirou, desfez o punho e estava se virando.
-Que triste saber que você perdeu para alguém como eu. Bom, pelo menos não ficarei com a fama de que perdi para um gay. -Afrontei novamente, agora sabia que ele ia se descontrolar.
Ele estava virado de costas, parecia que ele iria embora, mas vi um sorriso no seu rosto e em questão de segundos seu punho estava no meu rosto, me fazendo cair no chão.
-George, não. -Tentou alertar o amigo.
Comecei a rir e bater palmas.
-É só isso que consegue fazer? Pobre George, fraco como sempre. É por isso que você tem esses dois? Porque não consegue bater em alguém com decência? -Ri.
-Cara, você deveria ir embora. -Alertou o amigo.
-Deixa ele Alan, deixa George dar uma lição nesse estupido, ele tá precisado levar uma surra para aprender quem manda.
-Então vem. -Falei chamando ele.
George era mais forte que eu então os seus socos quase que me desmaiavam de tão forte que eles eram. Tentava me proteger os lugares mais perigosos, como meu rosto e o meu braço, mas deixava ele acertar todo o resto e as vezes eu revidava com alguns socos e mesmo apanhando eu continuava afrontando ele e tentando humilha-lo ali. Quanto mais eu fazia isso, mais fortes eram os seus socos.
Seus amigos tentaram retirar ele de cima de mim, mas já era tarde demais, ele estava descontrolado, deveria ter passado por algum trauma referente a raiva, porque agora seus olhos estavam sedentos de sangue, ele queria me machucar mais e mais. E por mais que eu estava aguentando suas pancadas, o meu pequeno e frágil corpo já não aguentava mais e foi aí que ouvi um osso se partindo, vindo da minha costela e o sangue saído da minha boca.
Tentei me proteger mas havia esquecido que o meu braço estava ferido e então o coloquei no meio daquela onda de socos incansavelmente. O ferimento se abriu, rasgando minha pele e abrindo espaço para o sangue escorrer pela ferida novamente. Nessa hora, o curativo que estava colado no meu braço para impedir que o ferimento ficasse à vista, estava no chão, completamente ensanguentado. Meu rosto estava todo dolorido, meus olhos pareciam que não iriam mais se abrir. Eu estava ficando desesperado quanto aquilo, ao imaginei que chegaria a esse ponto.
Enquanto eu pensava no pior, os professores correram para me socorrer e retirar ele de cima de mim. Foram necessários quatro homens para impedir que George continuasse a me bater. Um dos professores levantou a minha cabeça e perguntou se eu estava bem, mas não consegui me mexer nem ao menos falar. Eu mal respirava direito. Estava quase que engasgando com o meu próprio sangue. Então correram com uma maca, me prepararam e me colocaram dentro de uma ambulância que aquele lugar tinha.
Eu estava completamente destruído, mas pelo menos o meu plano de sair daquele lugar havia funcionado, agora só precisaria colocar em pratica o próximo passo. Mas antes de continuar pensando, acenderam uma lanterna e a levaram até o meu olho, observaram cada parte do meu corpo e em seguida me aplicaram um soro que me fez dormir.
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