Capítulo 4: Preocupações


 Ele me olhou com raiva e tentou me acertar novamente. Usei uma das bolas para me defender.  Fez com que a bola quicasse para frente e acertasse outro do time dele. Dei um sorriso pra ele e isso o deixou com raiva.

 E o que era um jogo havia virado meio que uma competição para ver que acertaria o outro primeiro.

 Estava apenas eu e ele na quadra tentando acertar um no outro.

 -Se rende logo pirralho.

 -Se rende você babaca. –Respondi meio ofegante.

  -Eu posso ficar aqui o dia todo. –Disse ele rindo.

 -Mas não é isso que o seu corpo diz, seu idiota. –Retruquei.

 Nos dois estávamos suados e cansados, mas nos dois não queríamos dar o braço a torcer. O professor tentou dar como empate, mas Brandon não aceitou. E o que ele fala o professor obedece por causa de seu pai.

 Eu estava tão cansado que com a pancada da bola, eu me deitei ao chão. Idiota. Como pude perder para um imbecil como ele. Tentei me levantar, mas meu corpo estava cansado demais pra isso, então permaneci deitado. Todos vieram em meu encontro para ver como eu estava. Enquanto do outro lado da quadra, Brandon comemorava sozinho.

 Ele tentou fazer algo, mas muitos dos alunos não se importaram. Ele ficou com muita raiva seguindo com tristeza. Wallace me levantou e então vi que Brandon saia da quadra, sem nem mesmo os amigos dele. Me senti um pouco mal com isso.

 Mas o que é isso? Porque estou mal para um garoto que transfora a vida das pessoas num inferno? Eu tinha que parar de pensar nisso. Não era certo. Tinha que me preocupar com os meus amigos e com que tipo de brincadeira ele iria fazer agora.

 Novamente senti aquele aperto no peito e algo me dizendo para ir até ele. Mas que caralho, de novo isso. Sinto que eu preciso ir atrás dele, mas não sei porque. Mas dessa vez eu resisti e o deixei para lá.

 Estava tão exausto que a próxima aula passou e eu nem vi. Era hora do intervalo. A hora em que todos iriam me encarar novamente. E parece que cada vez que eu não queria que isso acontecesse, mais alguma coisa acontece para que eles me notem.

 Olhei para a mesa dos amigos de Brandon e não o via por lá. Procurei por todo o refeitório, com os olhos, mas não o encontrei. Será que aconteceu alguma coisa com ele? Porque eu me importaria. Do jeito que é, deveria estar com alguma garota por ai.

 Terminamos nossos lanches e voltamos pra sala, antes mesmo do sinal tocar.

 -Que tipo de jogo? –Perguntei.

 Apoiei minha cabeça em minhas mãos que estavam sob a mesa.

 -O de lacrosse, vai ser aqui no nosso colégio. Vai ser o nosso time contra os Jamonds. –Wallace parecia todo empolgado.

 -Ah, mas vai ser legal. Vai ter tanta gente nova e ouvi dizer que o pessoal dos Jamonds, são uma graça. 

 Olhei pra ele pra tentar entender o que ele disse. E ele ficou todo vermelho de vergonha.

 No final da aula, a princípio, Wallace queria ir comigo, mas foi impedido por sua mãe ao telefone.

 -Desculpa aê, mas eu não vou poder ir.

 -Relaxa cara, não se preocupe.

 Passei pelo meu armário e guardei algumas coisas. Andando em direção a saída, percebi que estava sem o meu pingente, que foi um presente da minha avó.

 -Droga. Deve tê-la deixado cair na hora do jogo.

 Sai em direção à quadra coberta e vejo que a porta está aberta. Entro e não vejo ninguém por lá. Começo a procurar desesperadamente no chão da quadra pra ver se encontro.

 -O zelador deve ter limpado por aqui já. –Falei com a cabeça baixa. –O jeito seria falar com ele, mas onde ele deve estar? Poderia estar em qualquer lugar do colégio.

 Vi a porta lateral aberta, então segui por ela, pra ver se não o encontrava por lá.

 -Oi? Tem alguém ai?

 A porta dava para o vestiário. Entrei e o que vi, foi apenas uns armários e uns bancos. Um dos armários estava aberto, fui até ele e olhei dentro dele.

 -O que você está fazendo aqui? –Era uma voz conhecida.

 Me assustei ao ouvir aquela voz. Me viro para ver quem era e dou de cara com Brandon apenas de toalha.

 Fiquei paralisado por um momento. Seu corpo era perfeito, sua barriga sarada, com aqueles gominhos, me deixou congelado, senti um frio na barriga e ao mesmo tempo um calor que me preencheu.

 Ele bateu palma e eu pude voltar em sã consciência.

 -Te fiz uma pergunta garoto.

 Ele passa por mim, retira algo de seu armário e então sinto o seu cheiro. Era um cheiro bom. Me controlei para não me perder. O que estava acontecendo comigo. Eu não era assim.

 Ele mostrou o pingente que eu procurava. Por um momento fiquei aliviado. Esperei ele me entregar. Peguei ele com muito cuidado. Afinal, era o Brandon.

 Analisei cada pedaço dele, para ver se não estava danificado ou com alguma brincadeira besta.

 -O que foi? Se tiver alguma coisa aí, não fui eu. Apenas a peguei do chão.

 -Até parece.

 -O que você quer dizer com isso?

 -É que você falando dessa maneira e te conhecendo por esses dias, tenho certeza que você poderia aprontar algo pra me sacanear.

 -Entendo. Então é isso que você pensa de mim. –Ele abaixou a cabeça por um instante.

 Me senti mal por um momento.

 -Mas você tem que entender que suas atitudes dizem isso de você. –Completei.

 -Então está dizendo que eu devo mudar? –Ele se virou em minha direção e me encarou.

 Fiquei um pouco receoso de dizer que sim, mas quem sabe ele não mudaria.

 -É isso ou você continua sendo o que é.

 Ele ficou em silencio por um momento. Ele estava de costas pra mim, percebi que ele limpou o rosto e em seguida pediu para que eu saísse.

 Dava pra ver a tristeza que ele estava sentindo e isso me deu um aperto no peito. Senti que deveria ajuda-lo, mas se eu me aproximasse, quem sabe o que ele faria comigo ou o que eu me tornaria. Porque, vai saber se eu não ficaria como ele.

 Fui afastando dele, indo em direção a saída.

 -Hey. Não conte a ninguém que conversamos.

 Sacudi a cabeça e então sai do vestiário olhando pra ele uma última vez. Deixando ele sozinho.

 Andando pela calçada, fiquei pensando no que Brandon podia estar passando, senti um pouco de pena dele. Não deve ser fácil tentar mudar para todos te aceitarem.

*****

 Mas tarde, me encontrei com Lola novamente para correr. A presença dela era tão boa pra mim, que me sentia muito bem ao lado dela.

 -Sabe Lola. Tem um garoto no meu colégio, que eu acho que ele precisa de ajuda. –Disse a ela enquanto corríamos.

 Ela havia ficado surpresa por eu ter iniciado a conversa dessa vez.

 -E porque você não ajuda ele?

 -É que ele não é meu amigo, mas eu sinto pena dele de não ter ninguém.

 -Então chegue nele e diz " quer ser amigo? ". Se esse é o problema.

 -Não posso. –Falei meio rouco. –Ele é aquele garoto com quem eu discuti outro dia.

 -Porque vocês não sentam e conversam um com o outro?

 -Tentei fazer isso hoje. –Falei baixando a cabeça.

 Ela me olhou por um momento e parecia que já tinha entendido tudo.

 -Entendo. –Ela soltou um sorriso pra mim e ficou em silencio.

 Olhei pra ela sem entender nada. Esperei que ela me dissesse algo que poderia me ajudar, mas apenas permaneceu em silencio.

 Corremos até onde sempre corríamos e descansamos um pouco antes de voltar. Bebi minha água e aproveitei pra jogar um pouco em minha nuca.

 -Acho que você pode ajudá-lo. –Disse ela, quebrando o silencio.

 -Mas como?

 -Isso você mesmo tem que descobrir.

 -Mas isso que eu não entendo. Como que eu posso ajuda-lo se eu e ele não nos damos bem.

 Ela apenas sorriu.

 -O que foi? –Perguntei confuso.

 -Isso me lembra de quando eu estudava. Ótimas lembranças. –Ela suspirou. –Mas não se preocupe. Quanto menos você esperar a sua resposta vai aparecer diante do seu nariz. Vamos voltar?

 Eu não entendi o que ela quis dizer com isso. Eu queria uma solução, uma ajuda, mas não consegui nada. Vi Wallace acenando pra mim com um sorriso enorme no rosto. Lola sorriu e me cutucou. Não entendi o porquê ela fez isso.

 -Então é esse o garoto? –Perguntou ela sorrindo.

 -Hãn? Não, esse é o Wallace, meu amigo. –Acenei de volta.

 Wallace saiu correndo em nossa direção.

 -Oi. Você mudou de ideia?

 -Sobre o que? –Perguntei.

 -Sobre o jogo de sábado. Diz que vai.

 -Eu ainda não sei Wally.

 -Que jogo é esse? –Perguntou Lola.

 -É o jogo que o time do colégio vai jogar irmã.

 Irmã? Eu ouvi direito?

 -Vocês se conhecem? –Perguntei confuso.

 -Sim, ela é minha irmã mais velha. Faz um tempinho que eu não a via.

 -Agora que eu estou trabalhando menos, posso sair pra correr e o senhor deveria vir conosco um dia. Está muito preguiçoso. –Ela passou seu braço pelo pescoço dele e começou a bagunçar seus cabelos.

 -Eu acho que você deveria ir. Pelo menos você conseguiria dar uma força para aquela pessoa. Quem sabe você não indo as coisas poderiam mudar? Talvez você descubra sua resposta nesse jogo.

 Ela piscou pra mim e em seguida sorriu.

 Olhei pra ela e fiquei em silêncio. Talvez ela tenha razão.

 -Do que vocês estão falando? –Perguntou Wally.

 -Nada não irmão. Isso é coisa nossa.

 Nos despedimos e os dois foram para casa conversando sobre o jogo.

 Caminhando até em casa, eu estava um pouco frustrado, já que a minha conversa com Lola não tinha dado em nada, apenas serviu para que eu lembrasse da conversa com Brandon mais cedo.

 Talvez se eu for ele poderia mudar. Mas afinal, porque é que eu ligo pra isso? O que está acontecendo comigo? Tenho que parar de dar importância para esse garoto. Ainda bem que esse dia doido estava acabando.

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