Capítulo 39: Refúgio
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Era quase uma da tarde. Minha barriga já estava roncando de fome.
-Vamos logo com isso Isa, eu estou morrendo de fome. –Reclamei.
-Espera só um minuto Noah. –Respondeu ela.
Isa estava abraçada com um garoto de cabelo médio, branco, de olhos azuis e cabelos escuros. Ele aparentava ter a mesma idade que ela.
Claro que estava com fome, mas ver ela agarrada e aos beijos com aquele garoto, me fazia lembrar do que eu estava perdendo. Era brincadeira, eu perder o final de semana com meu namorado para ficar de vela para minha prima.
Peguei o meu celular e olhei a hora. Dez para uma da tarde. Entrei na lista de contatos e fui até o nome de Brandon, onde no contato possuía uma foto dele. Fiquei observando ela por alguns segundos com o sorriso no rosto. Cliquei em cima de seu nome e levei o celular até a orelha.
Deu uns três toques e então ouvi aquela linda e doce voz.
-Alô? Noah? Aconteceu algo? –Perguntou preocupado.
-Não foi nada, é só que eu queria ouvir a sua voz. –Respondi.
-Isso é fofo da sua parte. –Ouvi uma risada de leve. –Estava pensando em você.
-Estava nada, se estivesse teria me ligado. –Brinquei.
-Mas é que eu não queria atrapalhar você com os seus parentes. –Explicou.
-Você nunca iria atrapalhar. –Respondi com um sorriso no rosto. –E além do mais, você iria me salvar, como agora.
-Mas porquê?
-É que minha prima está aos beijos com um garoto ali e eu estou aqui de vela pra ela né? –Falei um pouco incomodado.
Ele soltou uma risada.
-Estou com saudades pequeno. –Disse ele suavemente.
-Eu também estou com saudades. –Falei um pouco triste.
-Você volta que horas? –Senti uma pequena ansiedade no tom da sua voz.
-Provavelmente a tarde, o horário ainda não sei.
-Bem que você poderia chegar aqui lá pelo meio dia né? –Disse ele um pouco envergonhado.
-Porque?
-Porque eu queria te levar para ir em uma festa. –Ele fez uma pausa. –E antes de você se incomodar é uma festa de parentes, para dar os parabéns para o meu pai e assim você conhece eles de uma vez.
-Eu acho melhor ir devagar Brandon, porque não sabemos como será a reação deles. –Falei preocupado.
-Não se preocupe, não vou contar para eles, ainda. –Deu ênfase na palavra ainda.
-Eu posso ver com o meu pai, porque quando se trata das coisas do seu pai ele é outra pessoa. –Ri.
-Então tenta chegar nesse horário. Eu te busco no aeroporto. –Disse ele um pouco animado.
-Tudo bem, vai ser um prazer sair daqui. –Olhei para trás e percebi a Isa vindo em minha direção. –Agora preciso ir, porque minha prima chegou, nos falamos mais tarde?
-Claro meu pequeno. Até mais então. –E desligou.
-Quem era primo? –Perguntou ela.
-Era um amigo especial. –Respondi e tentei mudar de assunto.
-E ele tem nome? –Insistiu ela.
-Se chama Brandon. –Respondi tentando não sorrir enquanto dizia o nome dele.
-Eu conheço um Brandon, mas tenho certeza de que não é o mesmo. –Ela me olhou. –Ele mora em outro país agora. –Ela sorriu e eu fiquei mais aliviado.
Chegamos na casa dela quinze para as duas. Puta que pariu, que fome que eu estava. Passei entre os gêmeos e fui direto para a cozinha para almoçar.
-E como foi a aula? –Perguntou tia Ana.
-Hoje foi um dia muito legal, até o Noah dançou com a gente. –Respondeu Isa.
-Mas o Noah não sabe dançar. –Se intrometeu minha mãe.
-Mas ele arriscou alguns passos tia. Mas a senhora tinha que ver ele dançando tango. –Disse Isa toda animada.
-Noah dançou tango? –Riu minha mãe.
-Eu estou bem do seu lado mãe. –Falei com indignação.
-Dança é coisa de garota, o que você foi xeretar por lá Noah. –Disse meu pai entrando no meio da conversa.
-Deixa o garoto Alfred. –Disse tia Ana. –O garoto tem que fazer o que ele gosta.
-Ele tem que aprender a fazer algum esporte, isso sim. Jogar um futebol ou até mesmo entrar para o time do colégio. –Respondeu meu pai.
Em hipótese alguma eu iria entrar para o time do colégio. Uma que sou muito ruim nesse tipo de esporte e outra que já basta eu ter que aturar aqueles estúpidos pelos corredores e ainda iria ter que aturar no campo, onde iriam querer me detonar nos treinos.
-Mas quanto eu queria ter ido no jogo do colégio o senhor me proibiu. –Disparei. Ele me encarou friamente e então tentei concertar. –Estou bem assim pai, valeu. –Ironizei.
-Quando eu era da sua idade... –Começou ele. Revirei os olhos e debrucei na mesa. –Eu era co-capitão do time de futebol americano do meu colégio.
-Tá pai, já conhecemos essa história, não precisa contar de novo. –Insisti.
-O que quero dizer é que você tem que fazer algum esporte, mostrar que é homem de verdade, mostrar quem manda. –Falou na maior tranquilidade.
-Eu não acredito nisso. –Encarei ele. –Eu não preciso desses jogos estúpidos para mostrar que sou homem e eu tenho que fazer o que eu quero e o que eu gosto. –Afrontei batendo com as duas mãos na mesa.
Todos que estavam próximos me encararam surpresos da minha atitude. Ele me encarou friamente, não gostando da maneira com que eu tinha falado com ele.
-Mas é isso que você tem que fazer para que todos saibam o homem que você é.
-Mas só porque eu jogo futebol não quer dizer nada a respeito do meu caráter.
-Não, mas mostra para outras pessoas se manterem afastadas.
-Que outras pessoas? –Perguntei irritado já.
Ele ficou em silencio e observando todos ao seu redor.
-Noah, o mundo está mudando, se você não tomar cuidado, vai acabar sendo influenciado por essas pessoas.
-Mas agora eu quero que o senhor me fale, quem são essas pessoas?
Ele pareceu um pouco nervoso.
-Estou esperando pai. –Afrontei.
-Depois a gente conversa a respeito disso. –Respondeu friamente.
-É sempre assim né? Sempre uma outra hora, sempre uma outra vez e sempre quando o senhor quer. –Falei zangado.
-Noah, querido calma. –Disse minha mãe se aproximando. Fiz um sinal com as mãos que não era para ela se aproximar.
-Respeita sua mãe. –Disse ele bravo.
-Alfred não piora as coisas. –Disse minha mãe encarando ele.
Ele ficou me encarando e eu encarando ele.
-Quer saber? Eu vou te inscrever em um curso de luta pelo menos, assim se algum engraçadinho for para cima de você com outras intenções pelo menos você vai poder se defender. –Disse ele colocando um ponto final no assunto.
-É sempre isso né? Eu tenho que fazer as coisas que o senhor quer e não posso fazer nada do que quero. Que ótimo pai que o senhor está sendo.
Me levantei e sai em direção ao quarto que eu estava. Fechei a porta e tranquei, porque eu não queria que ninguém visse atrás de mim.
Me joguei na cama, coloquei um braço por cima dos olhos e fiquei em silencio. Ouvi então a porta bater.
-Noah, querido?
-Não quero falar com ninguém agora mãe. –Falei um pouco irritado.
Fiquei deitado dessa maneira por uns vinte minutos. Retirei o celular do meu bolso e mandei uma mensagem para Brandon.
Você: Eu quero sair daqui. Me ajuda. ):
Brandon: O que foi?
Você: Discuti com o meu pai. Eu não quero ficar mais aqui.
Brandon: Ah pequeno, não fica assim, tenta aproveitar e ignora ele, eu faço isso quando o meu pai fica no meu pé.
Você: Mas eu não quero ficar aqui. ):
Brandon: Quer vir para minha casa? :D
Você: Posso mesmo?
Brandon: Claro que pode, só tenta resolver as coisas por aí e me avisa a hora que você vem. ;) <3
Deixei o celular de lado, peguei minha mala e comecei a organizar ela. Destranquei a porta e sai em direção ao banheiro. Tomei um banho rápido e sai. Fui interceptado pela minha mãe no meio do caminho.
-Filho, não ligue para as coisas que o seu pai diz.
-Como não mãe? Ele sempre quer que eu faça os gostos dele, mas e quanto aos meus? Eles não contam?
-Ele só está tentando ser um bom pai, ele quer te dar tudo aquilo que o pai dele não deu para ele.
-Mas ele tem que entender de que tem coisas que eu não concordo, ele tem que aprender a aceitar isso. –Passei por ela. –Estou indo para casa. –Falei entrando no quarto.
-Mas como vai embora?
-Vou para casa mãe, eu não quero ficar mais aqui, não depois de hoje.
-Mas você não pode ficar em casa sozinho esses dois dias.
-Mãe, eu fico sozinho o dia todo lá, qualquer coisa eu chamo o Wally para dormir lá, ou....
-Ou?
-Eu posso ir para a casa do Brandon. Ele me convidou para ficar lá, caso eu quisesse.
-Você e esse garoto estão tão próximos agora né? Nem parece que vocês brigaram quando você entrou no colégio. –Disse ela sorrindo.
-Estava me adaptando mãe e também eu não conhecia o Brandon bem.
-E agora você conhece? –Perguntou ela com um sorriso no rosto.
-Conheço, por isso que sou amigo dele. –Soltei um sorriso.
-Noah, querido. –Ela pegou em minhas mãos. –Saiba que eu sempre estarei do seu lado querido, então se estiver acontecendo alguma coisa, quero que você conte para mim, tudo bem?
Fiquei corado e assustado ao mesmo tempo.
-Claro mãe, mas não está acontecendo nada, porque isso? –Tentei disfarçar.
-Porque eu sinto que você tenha alguma coisa para dizer, mas está com medo. Eu não quero que você fique com medo, quero que possa confiar em mim. –Ela me deu um beijo na testa. –Agora termina de arrumar a sua mala que eu vou falar com o seu pai.
-Sério mãe? –Sorri e abracei ela. –A senhora é a melhor mãe do mundo. –Dei um beijo em sua bochecha.
-Agora, pegue o meu cartão para você poder comprar a passagem, mas que fique entre a gente. –Ela sorriu.
Sacudi a cabeça e sorri para ela.
Depois de alguns minutos, liguei para um táxi e comecei a me despedir de todos. Meu pai, claro, estava mal-humorado no canto.
-Tia, me desculpa por hoje mais cedo. –Falei enquanto abraçava ela.
-Tudo bem querido, eu conheço o irmão que tenho. –Ela sorriu. –Mas tem certeza que quer ir?
-Desculpa tia, mas eu tenho que ir mesmo. –Falei.
Me despedi de todos, com exceção do meu pai e entrei no táxi. Ele ficou me encarando emburrado, mas nem liguei.
-Motorista, por favor, o mais rápido que puder para o aeroporto.
*****
Depois de seis horas e meia de viagem, finalmente estava chegando em San Francisco. Sai do avião e fui para a sala de desembarque. Estava olhando para todos os lados a procura de Brandon.
Era tanta gente que estava naquele aeroporto que eu não conseguia encontrar ele. Peguei o meu celular e liguei para ele, mas nada. Tentei mais duas vezes e novamente caiu na caixa postal.
Fiquei ao lado da esteira esperando a minha mala aparecer e um pouco chateado. Onde ele estaria? Ele disse que estaria me esperando, pensei que ele estaria por aqui.
Peguei a minha mala e quando fui me virar, fui surpreendido por um abraço. Aquele cheiro.... Sim, era ele. Finalmente chegou. Soltei um leve sorriso.
Subi o meu olhar para ele e vi que ele estava sorrindo.
-Me desculpa amor. –Ele corou. Nós dois não tínhamos chamado um ao outro de amor ainda, acho que por vergonha. Minhas bochechas coraram.
-Pensei que você não viria. –Falei um pouco chateado.
-Demorei por causa do transito e não pude te atender porque estava dirigindo. –Completou. Em seguida ele me deu um beijo na testa. Fiquei feliz. –Vem, vamos sair daqui.
Ele pegou na minha mão e me puxou. Fiquei envergonhado, ele não parecia se preocupar com as pessoas ao nosso redor.
Ele guardou a minha mala e em seguida entrou no carro junto comigo. Ele acendeu uma pequena luz que ficava no interior do carro acima de nossas cabeça e me encarou.
Fiquei observando ele que estava sorrindo. Ele se virou e colocou as duas mãos em meu rosto e me deu um beijo.
-Eu estava louco por isso. –Disse ele entre o beijo.
Retribui o seu beijo carinhosamente. Ele parou o beijo com um selinho e colou a sua testa na minha. Sentia seu respirar quente e um pouco aguçado. Segurei em suas mãos e ficamos de olhos fechados por alguns segundos.
-Eu estava com saudades. –Sussurrou ele.
Ficamos no estacionamento parados um pouco até eu explicar pra ele o que tinha acontecido.
-Ele está querendo te transformar no filho perfeito dele. –Disse ele com as mãos no volante.
-E o pior de tudo é que sou obrigado a seguir as vontades dele.
-Mas enquanto você não completar 18 anos vai ser assim, infelizmente.
-É. –Falei um pouco cabisbaixo. –Você tem razão.
-Mas não fique assim, você só tem que aturar por um ano. –Ele colocou a mão no meu ombro e fez um carinho.
-Um ano é muito. Mas é o jeito né? –Podemos ir? Estou cansado do voo. Você tem certeza de que não tem problemas de eu ficar na sua casa?
-Claro que não. Os meus pais são tranquilos quanto a isso. –Ele sorriu.
Ele ligou o carro e então fomos em direção a sua casa. Chegando lá, fui recepcionado pelos seus pais. Os dois estavam nos esperando com um sorriso imenso no rosto.
-Senhor e senhora Corbett. –Cumprimentei os dois.
-Que isso querido, chega de formalidade para nos dois. –Disse Grace. –Nos chame pelo nome, afinal você é o melhor amigo de Brandon.
Fiquei um pouco chateado por eles não saberem sobre mim e Brandon, eu sei que um dia teremos que contar, mas primeiro tenho que encontrar a maneira certa de dizer a eles que eu e ele estamos juntos. Mas não seria agora.
-Muito obrigado por me receberem em sua casa. –Agradeci.
-Agradeça a Brandon que insistiu muito. –Disse Sam.
-Obrigado. –Sorri.
Entramos e então fui para o andar de cima, para levar a minha mala.
-Pode deixar querido, a empregada pode levar. –Disse Grace.
-Se não for incomodo, gostaria de levar e ver qual o quarto que ficarei.
-Claro, Brandon pode levar você lá então. –Ela sorriu.
Subimos as escadas e então passei direto pelo quarto dele.
-Hey, onde você vai? –Perguntou ele.
-Para o quarto que vou ficar. –Respondi.
-Então entra logo. –Ele sorriu.
-Olha Brandon, eu não acho uma boa ideia e também tem muitos quartos aqui.
-Estão todos ocupados. Lembra da festa que eu te falei? Então, alguns parentes vão ficar aqui em casa para não gastar no hotel. –Disse ele se aproximando. –Então, você vai ter que dividir o quarto comigo. –Ele soltou um sorriso.
-Se não tem outro jeito. –Brinquei e passei ao lado dele até entrar no quarto. –Tudo bem e onde vou dormir?
-Minha cama é bi cama, então eu vou puxar ali embaixo e você pode dormir nela, pode ser?
-Ah, tudo bem então. –Falei um pouco desapontado.
-Claro que não né seu bobo, minha cama não é bi cama, você vai ter que dormir comigo. –Ele sorriu.
-Mas e quanto aos seus pais? Se eles entrarem aqui e ver a gente dormindo juntos? O que vai ser? –Comecei a ficar nervoso.
-Amor, calma, fique calmo. –Ele foi até mim e me confortou em seus braços. –Vai ficar tudo bem, não se preocupe.
-Eu não quero te trazer problemas.
-Mas não vai ser problema e além do mais, ninguém entra sem bater. Vai dar tudo certo ou você não quer dormir comigo?
-Claro que quero, só não quero causar confusão para ninguém. –Respondi olhando em seus olhos.
-Ah, mas você não incomoda. –Disse ele me dando selinhos. –Eu acho que deveríamos ir dormir. –Brincou ele me beijando carinhosamente.
-Engraçadinho. Você se esqueceu que não estamos sozinhos?
-Eu sei, mas é que eu não resisto quando estou perto de você. –Respondeu ele e me puxou novamente para outro beijo.
A noite ia chegando e como estava cansado, foi uma boa desculpa para eu me retirar da sala com os familiares de Brandon e ir para o quarto. Para não me deixar sozinho, mesmo eu tendo que ir dormir, Brando foi junto comigo para o quarto.
Chegando lá, eu fui até o banheiro para escovar os meus dentes e trocar de roupa. Enquanto me trocava, Brandon apareceu na porta do banheiro. Me assustei e fiquei corado.
-O que está fazendo aqui? –Perguntei envergonhado, enquanto me cobria com a toalha que estava pendurada.
-Eu só vim pegar minha escova. –Ele sorriu. –Não precisa ficar envergonhado, agora que somos um casal....
-O que? –Perguntei um pouco assustado.
-Você sabe. –Ele ficou envergonhado.
-Mas eu ainda não estou pronto. –Respondi, só de pensar meu coração disparava, eu sei que aquela vez no banho eu pensei nele, mas realmente fazer algo era um pouco assustador pra mim.
-Eu sei pequeno e eu não estou te apressando, só estou te dizendo para que você possa ir se acostumando. Porque eu não quero que seja de qualquer maneira, eu quero que seja especial para nos dois. –Disse ele pegando na minha mão e retirando a toalha da frente do meu corpo.
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