Capítulo 35: Tensão

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Ouvi batidas na porta do meu quarto.

-Noah, querido. Tudo bem? Você vai se atrasar para o colégio. -Dizia minha mãe atrás da porta.

-Já estou indo. -Murmurei.

Havia se passado quase duas semanas e a Bonnie não havia conseguido falar com Brandon, o que me deixou um pouco chateado, porque eu gostaria muito de falar com ele de novo. Mas quer saber, hoje eu vou chegar nele e conversar nem se for contra a vontade dele.

Assim que cheguei no colégio, fui em direção ao armário dele e fiquei por perto.

-O que está fazendo? -Perguntou Bonnie retirando seus fones.

-Estou esperando o Brandon, porque?

-Porque hoje ele não vem. -Respondeu ela me puxando.

-Ele te disse? -Perguntei um pouco animado.

Os dois pareciam não se falar mais, desde o dia daquela briga, segundo ela, os dois não estão se falando como antes.

-Não, minha mãe me disse ontem à noite, parece que a família dele tem que ir a um evento hoje de manhã e ele precisa estar por lá.

-Você pode ir comigo na casa dele? Hoje? -Perguntei.

-Acho que sim, só tenho que ir ao mercado com minha mãe antes, mas nos vemos as quatro, pode ser?

Sacudi a cabeça e então fomos para a sala de aula. Me sentei no mesmo lugar de sempre, retirei os materiais da bolsa e olhei pra fora, na esperança de ver ele andando até o campo.

As aulas estavam demorando para passar, quanto mais ansioso eu ficava, mais as horas demoravam a passar.

Durante o intervalo eu tentei encontrar o Denis no colégio, mas não o encontrava em lugar algum, ainda tinha que avisar sobre o que ouvi no banheiro, mas onde foi que ele se meteu. Passei maior parte do intervalo procurando por ele.

Já nas ultimas aulas, eu ficava olhando para o relógio que ficava acima do quadro negro e contava os segundos para que o sinal tocasse.

-Você parece tenso. -Disse Wally.

-Estou um pouco com pressa. -Falei mexendo a minha perna.

-Porque?

-Vou na casa do Brandon hoje. -Respondi olhando para o relógio.

-Sério? Então vê se dessa vez faz a coisa certa. -Disparou ele.

Apenas o ignorei e continuei olhando para o relógio. O ponteiro dos segundos estava quase chegando no doze. Em seguida o sinal soou e então eu me levantei e sai em disparada para a porta.

-Bonnie eu te espero as quatro então?

-Pode ser agora? É porque eu tenho outro compromisso depois do mercado. -Disse ela.

-Claro, pode ser. -Falei tentando esconder a animação.

*****

Chegando a casa de Brandon, tocamos a campainha e aguardamos alguém nos receber. Assim que a porta se abriu, entramos e fomos para a sala de visita.

-Boa tarde senhora Corbett. -Falei pra ela cumprimentando-a e em seguida Bonnie fez a mesma coisa.

-Boa tarde crianças. O que os trazem até aqui?

-Viemos ver o Brandon, já que não nos cruzamos muito no colégio. -Falei um pouco sem graça.

-É bom saber que Brandon tem amigos que se preocupam com ele. -Disparou ela.

-E então, onde ele está? -Perguntei.

-Ele está em seu quarto, se quiser vocês podem subir. -Disse ela se sentando no sofá.

-Com licença. -Falei e olhei para Bonnie.

-É... Eu acho que vou falar um pouco com a senhora Corbett. -Disse Bonnie.

-Ah, o que é isso, me chame de Grace por favor. -Disse ela sorrindo.

Agradeci Bonnie pela ajuda e então comecei a subir as escadas. Passando pelo corredor, observei a sala de jogos por alguns segundos e então bati na porta do quarto.

Sem resposta. Insisti e dei alguns toques de leve nela. Novamente sem resposta. Coloquei a mão na maçaneta e a girei e por algum motivo meu coração acelerou.

-Calma, respira e vamos lá. -Falei baixo.

Empurrei a porta delicadamente. Ele estava deitado de barriga para baixo, sem camisa e apenas de samba canção. Entrei no cômodo e o observei por alguns segundos, percebi que havia aparecido um pequeno sorriso em meu rosto.

Chamei ele, mas sem resposta. Não pode ser que ele vai me ignorar mesmo assim. Me aproximei delicadamente e percebi que ele estava de fone e parecia desenhar algo em seu caderno.

-Brandon? -Falei ao tocar suavemente a sua perna.

Ele retirou os fones e virou o rosto em minha direção.

-O que você está fazendo aqui? -Disse ele se assustando.

-Eu queria falar com você. -Respondi.

-Mas eu não quero falar com você, da última vez, você deixou bem claro com quem você queria ficar. -Afrontou ele se levantando e ficando parado ao lado da cama.

-Mas eu queria me....

-Porque você não vai lá com o seu namoradinho e vocês dois saem da minha casa? -Ele parecia um pouco irritado.

-O que? Namoradinho? Do que você está falando? -Perguntei.

-Não se faça de sonso Noah. Estou cansado disso.

-Olha, eu vim aqui apenas para pedir desculpas daquele dia e tentar resolver as coisas, mas acho que com esse seu jeitão egoísta não vai dar.

-Egoísta? Olha quem fala. Não é mesmo rei do drama. -Respondeu ele irritado.

-Mas o que...

-Isso mesmo, você acha que as coisas giram ao seu redor? Está enganado garoto, eu não vou ficar atrás de você mais e nem quero que você corra atrás de mim, porque eu não quero mais saber de você. -Disparou ele.

-Correr atrás de você? Quem você pensa que é? O último garoto do planeta? Nem mesmo se fosse, eu não iria correr atrás de você. -Menti.

-Ótimo, então o que está fazendo aqui então? -Perguntou com ironia.

Ficamos em silêncio.

-Você é mesmo um idiota. -Falei.

-Era idiota, mas porque eu pensava que você me queria. Mas acho que foi um erro ter te beijado naquele dia. -Ele se virou e olhou pela janela.

-Então é isso que você pensa? -Perguntei um pouco abalado. -Pensei que você tivesse mudado para melhor, mas eu vejo que o antigo Brandon ainda vive em você. -Me virei tristemente e fui em direção a porta.

-Eu mudei. -Respondeu ele. -Não sou o mesmo que você conhecia e é por isso que eu não quero mais saber de você.

Aquelas palavras se enfiavam como laminas de facas em meu peito, a dor era muito grande, fiquei um pouco abalado e triste ao mesmo tempo.

-Entendo, deve ter sido assim a sua dor. -Falei e me virei saindo do quarto.

Me encostei na parede ao lado da porta e deixei que as lagrimas escorressem pelo meu rosto. Como eu fui idiota, o garoto que sempre gostou de mim do meu lado e eu nem pra ficar do lado dele. Agora eu vejo o quão estupido eu fui.

O jeito agora é deixar ele quieto, já que ele me disse tudo que queria dizer. Limpei as lágrimas do meu rosto e desci as escadas.

Ao descer, Bonnie percebeu que algo de errado deveria ter acontecido, ela se levantou e foi em minha direção.

-O que aconteceu?

-Eu sou um idiota Bonnie. -Respondi triste pra ela.

Ela então me abraçou delicadamente e passou a mão na minha nuca.

-Vai ficar tudo bem, eu vou falar com ele.

-Não, não precisa Bonnie, ele já disse tudo que queria, acho melhor nos dois irmos embora, por favor. -Implorei para ela.

Me despedi da senhora Grace com um sorriso forçado para não aparentar nada de errado e então saímos da casa.

*****

Chegando em casa, eu não queria falar com ninguém, apenas queria ficar no meu quarto sozinho. Sem que ninguém viesse falar comigo.

Agora eu sei como eu o magoei e posso sentir a sua dor. Não sei como ele conseguiu passar por isso tudo sozinho.

Estava sentado em minha cama, com os braços entrelaçados nos meus joelhos, coloquei o queixo apoiados neles e fiquei pensando, pensando em porque eu ter cometido esses erros, porque eu nunca dei importância pra ele.

Mas isso era fácil, porque eu sou um idiota orgulhoso.

-Porra Noah. -Falei.

Meu celular vibra e vejo que era mensagem do Wally perguntando o que aconteceu. Apenas ignorei, não queria falar disso com ele agora, por mais que ele fosse um bom amigo. Mas eu precisava da ajuda de alguém mais velho, alguém que já tenha passado por isso, alguém como a Lola.

Peguei o celular e liguei pra ela, perguntando se podíamos nos encontrar.

-Se você quiser, pode vir jantar aqui na minha casa, vamos fazer lasanha. -Disse ela animada.

-Tudo bem se eu for mesmo? Porque eu não estou muito no clima sabe?

-Ah, mas por isso que deveria vir, eu garanto que você vai esquecer os problemas por um instante, vem pra se distrair. -Insistiu ela.

Avisei meus pais que iria comer na casa de Lola e meu pai não pareceu gostar muito da ideia, mas minha mãe conseguiu convence-lo.

-Aqui filho, leve isso pra ela, já que você vai para um jantar não pode deixar de levar nada. -Disse minha mãe me entregando uma travessa de torta.

Fui até a sua casa e toquei a campainha. Natalia me recebeu com um sorriso enorme no rosto.

-Noah, seja bem-vindo. -Ela me deu um abraço. -Fico feliz que tenha vindo, estamos começando a fazer a lasanha agora.

-Minha mãe pediu para que eu trouxesse isso. -Entreguei pra ela.

-Que gentileza dela. -Disse Natalia sorrindo. -Agradeça ela por mim, está bem?

Entrei na casa, que se parecia um pouco com a minha. Fui até a cozinha e me deparei com Lola de avental e mexendo em uma panela.

-Noah, quanto tempo, meu querido. -Disse ela sorrindo. -Venha, me ajuda aqui com esse molho.

-Noah trouxe torta amor. -Disse Natalia se sentando na banqueta perto da ilha da cozinha.

-É sério? Não vai me dizer que é daquela que eu adoro.

-Sim, é essa mesma. -Concluiu Natalia.

Lola ase virou para mim.

-Eu amo torta de frango. -Ela fechou os olhos e parecia apreciar a torta em sua mente.

Depois de alguns minutos, eu ajudei as duas a montarem a lasanha e a terminarem o jantar. No momento em que eu estava ajudando as duas, eu estava me divertindo. Ouvi muitas histórias engraçadas e as vezes teimosia das duas quando era a hora de montar a lasanha.

Era lindo ver as duas se dando tão bem daquele jeito. Aquilo fez com que eu pensasse se com o Brandon poderia ser a mesma coisa. Imaginei nos dois naquela cozinha e montando a lasanha. Soltei um leve sorriso, mas logo ele desapareceu quando lembrei de suas palavras.

Depois do jantar, me ofereci para lavar a louça, era o mínimo que eu poderia fazer, depois do jantar incrível. Lola se aproximou e colocou mais pratos para eu lavar.

-Mas então, o que está te preocupando? -Perguntou ela se encostando no balcão.

Soltei um suspiro e então contei para ela o que havia acontecido. Contei tudo para ela.

-Olha Noah, vou ser sincera com você. Realmente você pegou pesado com ele. Eu devo imaginar o que ele deve ter passado e agora o que você está passando, mas se ele é tão importante para você assim, então continue tentando, continue lutando por ele. Porque não vai ser isso que vai separar vocês dois, ele pode ter dito essas coisas ruins pra você agora, mas no fundo, bem lá no fundo, eu garanto que ele gosta de você, ele ainda está magoado com o que você fez e isso demora pra cicatrizar, mas não desista bobo. -Ela pegou um pouco de espuma e passou no meu nariz.

-Obrigado Lola. Eu precisava ouvir isso. Você como sempre, é a melhor pessoa do mundo. -Agradeci.

Depois de ter a conversa com Lola, pensei muito a respeito do que ela disse, de que era pra eu continuar tentando, isso havia me deixado animado. Não tinha perdido as esperanças, ainda pensava que eu e Brandon poderíamos ser só nos dois.

Passei quase duas semanas tentando falar com ele novamente, mas sempre que conseguia falar com Brandon, ele me ignorava e se afastava. Mas mesmo assim eu iria continuar tentando, eu tinha que dizer o que eu estava sentindo pra ele. Mas assim que ele me desse a oportunidade.

Eu sentia que ele estava gostando de quando eu me aproximava e tentava algo com ele, dava para ver em seus olhos que ele ainda gostava de mim.

Era quarta-feira, quando recebi um bilhete da Bonnie.

-Olha, isso aqui é para você. -Disse ela com um sorriso grande.

-Quem te deu isso? -Perguntei pegando o bilhete.

-Quem você acha? -Ela ainda continuava sorrindo.

Abri o bilhete rapidamente e dessa vez o bilhete estava escrito de caneta preta, com uma letra linda.

Espero você no vestiário depois do intervalo. Brandon.

Finalmente eu iria ter uma conversa com ele. E dessa vez eu iria contar tudo o que eu sinto pra ele.

Aguardei as aulas passarem ansiosamente, mas ainda teria que esperar o intervalo acabar para ir falar com ele.

-Você não vai comer Noah? -Perguntou Wally.

-Com a ansiedade que eu estou, não consigo comer nada agora.

-Ele está assim porque vai falar com o Brandon depois. -Respondeu Bonnie.

-Então está explicado. -Wally riu.

-Bom, fiquem aí vocês dois rindo, porque eu estou indo. -Falei me levantando da mesa.

Aquela espera estava me matando. Então passei no banheiro antes para jogar uma agua no rosto e me acalmar um pouco.

Ouvi o sinal tocar enquanto lavava o meu rosto. Olhei para o espelho, respirei pausadamente e consegui me acalmar um pouco.

Estava indo em direção a porta, quando ouvi um barulho forte que ecoou por todo o colégio. Parecia o barulho de um estrondo, como se fosse uma bomba. De repente ouvi mais dois. Eram tiros. Alguém estava com uma arma no colégio.

Entrei dentro de uma das cabines do banheiro, tranquei a porta e subi em cima do vaso. Meu coração batia rápido e meu corpo tremia todo.

Ouvi outro barulho e dessa vez parecia ser mais próximo de mim. O colégio todo estava em silêncio, não se ouvia nada. Era tão silencioso que conseguia ouvir o pingo da torneira caindo na pia.

Fiquei lá parado e assustado por alguns minutos até não ouvir mais nada. Me arrisquei de sair da cabine e ir até a porta, abri ela bem devagar e olhei para o corredor. Não via nada, apenas um corredor vazio e as salas com as luzes todas apagadas.

Sai do banheiro e fui até a minha sala. Olhei pelo vidro e não via ninguém, estavam todos escondidos e a luz da sala apagada. Tentei abrir a porta e ela estava trancada. Rodei a maçaneta novamente e dei umas batidas de leve.

-Gente, é o Noah. Abrem a porta, por favor. -Falei um pouco apavorado.

Tentei mais uma vez e não consegui. Andei de vagar até a outra sala e também estava trancada. O jeito iria ser voltar para o banheiro e ficar escondido por lá.

Recebi mensagem do Wally perguntando onde eu estava. Respondi ele dizendo que estava no banheiro, já que ninguém da sala havia aberto a porta.

Desculpa Noah, mas estamos todos com medo e eles pensam que pode ser você.

Mas não sou eu.

Eu acredito em você, mas eu não posso fazer nada cara, sinto muito. Fique escondido até tudo ficar tranquilo.

Ouvi alguns passos correndo pelos corredores e tentando abrir as salas. A porta do banheiro foi aberta. Ouvi a respiração da pessoa e parecia muito aguçada. Ele foi em direção a primeira cabine e a abriu.

Me assustei com o barulho. Me encolhi em cima do vaso, tapei a minha boca para controlar a respiração. Em seguida foi a segunda cabine, depois a terceira até chegar a que eu estava.

Quando ele empurrou e não abriu, ele forçou novamente a porta e então bateu nela. Naquele momento havia me passado várias coisas na cabeça. Eu estava apavorado. Então ouvi aquela voz que eu reconheceria em qualquer lugar.

-Noah. Noah, é você quem está aí? -Ele bateu novamente. -Sou eu, o Brandon.

Fiquei aliviado por ser ele. Fui até a fechadura e abri a porta e no impulso eu pulei nos braços dele.

-Eu estou aqui, não vou deixar nada acontecer com você. -Disse ele alisado a mão na minha nuca e a outra nas minhas costas.

-Eu estava com tanto medo. -Falei pra ele.

-Vamos sair daqui, já está tudo bem agora. Os policias estão entrando. -Disse ele olhando pra mim. -Vai ficar tudo bem.

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UFA, Mas que capitulo hein. Esse capitulo foi um pouco mais extenso do que os outros, me dizem se vocês gostaram do tamanho dele que eu posso estender os próximos. Lembrando que a tarde vai sair mais um hein.

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Beijos do Mr. Fox. 😚🦊

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