Capítulo 26: Ciúmes

BRANDON

Treinei um pouco mais do que os outros. Precisava esvaziar a mente e jogar lacrosse fazia com que eu não pensasse em certas coisas.

Deixei algumas bolinhas no chão e estabeleci uma meta de acertos em algumas latas que estavam penduradas no gol. Isso iria me distrair um pouco.

Passei um tempo por lá até conseguir ter batido o meu recorde de acertos. Eu estava ofegante e suado. Então foi melhor eu ir para o vestiário e tomar um banho.

Retirei os equipamentos de proteção, peguei a minha toalha e fui em direção aos chuveiros. Nessa hora só estava eu por lá. Abri o chuveiro e esperei a água passar pelo meu corpo. Fiquei em baixo do chuveiro relaxando por alguns minutos.

Como aquilo era bom. Sem estres, sem preocupação. Era muito bom sentir aquela agua descendo por cada parte do meu corpo.

Fui interrompido por alguém que acabava de entrar no vestiário. A porta bateu, ouvi o barulho do armário bater e em seguida ouvi passos em direção aos chuveiros.

Peguei o shampoo e passei nos meus cabelos enquanto isso. Enxaguei eles e olhei para o lado. Era um garoto que eu nunca havia visto no colégio. O que ele estaria fazendo aqui, se eu nunca vi ele participar de nenhum esporte.

Eu conhecia quase todos que jogavam nos esportes do colégio. Tudo por causa do treinador que vive dizendo que precisamos manter uma boa amizade com os nossos amigos. Não sei para que isso se nem amigo deles eu sou.

O garoto começou a se ensaboar e a cantarolar. Definitivamente eu não conhecia ele. Terminei o meu banho, peguei a minha toalha e me enrolei. Antes de sair, dei mais uma olhada no garoto e por algum motivo eu não fui com a cara dele.

Fui até o meu armário, peguei as minhas roupas e me troquei. Quando eu estava colocando o meu tênis, o garoto passou novamente próximo a mim e me olhou.

Ele foi até o final do corredor e então voltou me encarando.

-Eu acho que te conheço. -Disse ele.

-Desculpa cara, mas eu não me lembro de conhecer você. -Falei enquanto amarrava o tênis.

-Ah não, você não iria me conhecer mesmo, eu não gosto de chamar a atenção. -Ele disse sorrindo. -Você é o Brandon né?

-Como você sabe? -Perguntei desconfiado.

-Como não saber, você é o cara que fez nosso colégio ganhar. -Ele estendeu a mão para mim. -Todos sabem quem você é.

-Então é por isso. -Respondi encarando ele.

-Claro, achou que fosse pelo que? -Disse inconformado.

-Olha eu sei que o pessoal anda falando do meu comportamento tá legal? -Falei um pouco impaciente já.

-Ah por isso? -Ele fez um gesto com a mão, como se dissesse para deixar para lá. -Quem se importa com essas coisas.

-Acho que a maioria se importa. -Falei enquanto me levantava.

-Sério? -Ele ficou pensativo um pouco.

-Você faz qual esporte? -Perguntei.

-Eu? -Ele sorriu. -Nenhum, faço trilha, mas acho que isso não conta.

-Quero saber daqui do colégio. Porque eu nunca vi você. -Falei com firmeza.

-Eu já disse que não gosto de chamar a atenção, sou mais na minha, entende? -Ele cruzou os braços.

-Não.

-Claro que não.

-O quer dizer com isso? -Falei me aproximando dele.

-Calma cara. Na paz. -Ele levantou as mãos na altura do peito, como se fizesse sinal de pare. -Só quis dizer que como não chamo a atenção as pessoas não sabem quem eu sou.

Fiquei em silencio observando ele.

-Me desculpa se eu pareci indelicado com você. Mas esse é o meu jeito. -Ele sorriu.

-O que você está fazendo aqui, se não faz nenhum esporte?

-É que depois que eu escalo eu fico um pouco suado e eu odeio ficar suado, então pensei em vir para cá tomar uma ducha. -Ele sorriu novamente e isso estava me incomodando. -Até onde eu sei, não é proibido de vir ao vestiário.

-Não, mas geralmente quem vem são o pessoal que pratica algum esporte. -Retruquei.

-Calma cara, estou vendo que você parece que você está ficando um pouco nervoso. -Disse ele recuando. -Acho melhor eu ir nessa então. -Ele levantou a mão e fez um gesto de tchau. -Até mais.

Que garoto chato esse. Quem ele pensa que é para ficar se achando assim para mim.

Sai em direção ao refeitório e vi Noah sentado numa mesa distante da que ele sempre sentava. Olhei para os meninos que estavam se divertindo com alguma coisa.

Fiquei parado na entrada do refeitório observando o pessoal. Novamente vi aquele garoto de antes atravessando o refeitório todo até a mesa de Noah.

-Mas o que aquele imbecil está fazendo? -Falei baixo.

Continuei observando ele sentado ao lado de Noah. Ele parecia confortável com ele ao seu lado. Uma raiva foi subindo e fui ficando nervoso com aquela cena dos dois rindo.

-Mas que porra. -Falei irritado.

Sai nervoso de lá. Precisaria esfriar a cabeça. Porque você está assim Brandon. É o mesmo garoto que cruzou com você no vestiário. Por algum motivo não vou com a cara dele.

Fica calmo. Isso é bom, se eles virarem amigos, você para de pensar nele. Vamos, para com isso, esquece ele.

Passei por alguns garotos e trombei neles.

-Hey. -Disse um deles.

Olhei para o garoto com o rosto furioso e ele se afastou.

Eu precisava deixar a raiva passar. Decidi que para mim o melhor era eu ir para casa. Não me importava agora as aulas. Precisava esfriar a cabeça. Mandei uma mensagem para os garotos dizendo que não estava muito bem e que iria para casa. Assim eles poderiam avisar os professores para mim.

Sai do colégio e ao invés de ir para casa eu fui dar uma volta pela cidade. Precisava espairecer e esquecer aqueles dois.

Fiquei andando cerca de uns trinta a quarenta minutos. Parei em uma cafeteria para tomar um lanche e ficar por lá.

Era um lugar muito confortável. Com mesas muito bem posicionadas e cadeiras de madeira clara. O lugar tinha uma janela grande que dava para a rua e nela estava algumas letras.

Subi em um mezanino que tinha, fui em direção a uma mesa redonda e me sentei. Aguardei o chocolate com hortelã e alguns petiscos virem até a mesa.

Agora eu tenho que tomar um jeito. Tenho que parar de pensar em Noah. Mas eu deveria avisar pra ele que aquele garoto não é coisa boa. Não. Isso não importa. Eu não mando na vida dele. Isso tem que parar, essa raiva tem que passar. O que é isso, eu não estou me reconhecendo.

Fiquei um tempo pensando nessas coisas e o melhor a se fazer era deixar essas coisas para lá e esquecer daquele dia em que beijei ele, foi um impulso, uma brincadeira. Isso não vai acontecer mais. É melhor eu me concentrar em outra coisa.

O que eu posso fazer para ocupar a minha mente? O que posso fazer para parar de pensar nele? Alguma coisa tem que ter, mas o que?

Olhei para a rua e vi o bondinho passar e vi o mar no horizonte. Já sei o que posso fazer. Posso sair com o meu pai, isso com certeza vai ocupar a minha mente e eu irei esquecer ele de vez.

Saí da cafeteria às pressas e fui para casa. Cheguei correndo para dentro de casa e gritei meu pai. Ele estava em seu escritório e se assustou por eu chegar correndo.

-Mas o que aconteceu filho? Porque você está aqui essa hora? -Perguntou assustado.

-Pai... -Falei tomando folego. -Andei pensando naquilo que o senhor disse sobre a viagem.

-Sim. -Respondeu ele.

-Podemos ir o quanto antes? -Falei pausadamente.

-Mas porque a pressa? E os seus exames?

-Isso não é problema pai. Eu preciso descansar um pouco para o próximo campeonato, eu ando muito desconcentrado nos treinos por causa desses exames. Preciso descansar um pouco. -Falei tomando o folego.

-Claro, podemos ver um dia e então saímos. Tudo bem para você? Porque por enquanto eu não posso ir filho, tenho algumas ultimas coisas para resolver. -Respondeu ele fazendo carinho no meu ombro.

-Tudo bem pai. O senhor consegue para a semana que vem?

-Semana que vem está ótimo. -Respondeu ele.

-Então combinado, semana que vem, será eu e o senhor. -Falei animado.

Subi para o meu quarto. Passei pela sala de jogos e me lembrei daquele dia.

-Não. Não posso lembrar mais daquilo. -Falei pra mim mesmo.

Deitei na minha cama e peguei o celular. Havia algumas mensagens de Bonnie dizendo que tinha algo para me contar. Peguei o celular e liguei para ela.

-O que foi Bonnie?

-BD. Eu acho que você tem um concorrente. -Disse ela sussurrando.

-Concorrente do que?

-Sobre o Noah. -Continuou.

-O que tem?

-Ethan chamou ele para sair. -Disse ela um pouco chateada.

-Quem é Ethan? -Perguntei.

-Aquele que é gay e que chama os caras para sair quando está afim deles. Que estava na nossa mesa hoje.

Então ele se chama Ethan. Eu sei quem ele é, mas nunca tinha visto. Digamos que a fama dele é um pouco conhecida.

-E o que eu tenho haver com isso? -Tentei desconversar.

-Ele convidou Noah para sair e se você não fizer nada, você vai acabar perdendo ele. -Disse ela com um ar tristonho.

-Quer saber Bonnie? Eu não ligo. -Falei sem importância.

-Como assim você não liga? -Ela parecia ter ficado confusa.

-Não ligo mais para ele, aquilo já passou. -Falei com firmeza.

Era mentira, senti um pequeno desconforto dentro de mim. Por dentro estava doendo por saber daquilo. Mas eu tinha que ser forte e resistir.

-Então você não está mais...

-Não. -Menti.

Ela ficou em silêncio.

-Então tá bom BD. Desculpa por te incomodar com isso, eu não sabia. -Disse ela.

-Tudo bem Bonnie. -Tentei disfarçar.

Ficamos falando um pouco mais e então desliguei. Agora eu teria que focar na viajem, chega de Noah na minha vida. Isso tinha que acabar.

No dia seguinte, encontrei meus amigos novamente e fui para sala. Dessa vez eu entrei nas brincadeiras deles e começamos a tirar sarro de algumas garotas que Thomas havia pegado.

Andando pelo corredor, passei ao lado de Noah. Dessa vez foi fácil de ignorar ele. Além do mais ele tem o Ethan agora. Eu preciso seguir minha vida e deixar ele pra lá. Agora ele me esquece e para de querer me amolar. Agora posso voltar a ser o Brandon de antes.

Isso era o que eu pensava. Depois de tudo o que aconteceu, eu estava decido de esquecer ele, mas quando eu entrei no refeitório na hora do intervalo e vi aquele garoto envolvendo os braços em Noah, senti um ódio imenso dentro de mim.

Mesmo tentando esquecer ele eu não conseguia. O que estava acontecendo, porque eu não consigo esquecer aquele garoto. Acho que vou dar um fim nisso agora mesmo.

Me levantei do meu lugar e estava determinado de ir ao encontro dos dois. Mas me deparei com a imagem da Bonnie em uma das entradas sacudindo a cabeça para mim.

Decido então me afastar e saio do refeitório nervoso.

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