BRANDON

Depois do que aconteceu com a Rita, me sentia um pouco estranho. Era como se eu não tivesse curtido ter ficado com ela. Ela era bonita e tudo mais, só que eu não sentia aquela química.

Logo encontrei Bonnie andando pelo corredor. Puxei ela para uma sala e observei para ver se alguém tinha visto.

-Aí garoto. Você me puxou com força. -Disse ela passando a mão no braço.

-Desculpa Boni. Eu precisava falar com você. -Falei olhando pela janela da porta.

Contei a ela o que havia acontecido e ela achou nojento da minha parte.

-Eu preferiria se você não tivesse entrado em tantos detalhes. -Ela falava com cara de nojo. -Isso acontece porque você gosta do Noah.

-Claro que não. -Retruquei.

-Você não quer escutar, mas é a verdade. Você está apaixonado por ele BD, você querendo ou não, e é isso que está acontecendo com você.

Soltei um suspiro.

-Mas isso não pode acontecer. -Falei com desanimo.

-A gente não escolhe BD. Isso acontece naturalmente. -Ela foi até mim e me abraçou.

Vi ela saindo da sala. Fiquei sozinho olhando para a sala vazia e tentado achar uma maneira de tentar resolver isso. Era o que eu temia, não conseguia pensar em nada para resolver isso.

Antes de sair da sala, vi Noah passar com aquele amigo que ele anda sempre. Me abaixei e olhei pelo vidro da porta, para ver se ele já havia passado. Não queria topar com ele logo agora.

Mesmo de longe ele mexe comigo. Não sei o que ele tem que me deixa diferente. Tenho que evitar ele para que isso não aconteça.

Fui em direção a minha sala. Entrei e me sentei no lugar de sempre.

-Campeão. -Disse Lucas em quanto entrava com os outros garotos do time.

-Como foi ontem? -Perguntou Marcos.

-Fala aê cara. Ela foi mais comportada ou o que? -Perguntou Thomas.

-Vocês são piores que as garotas com as fofocas. -Ri.

-Que isso cara, só estamos querendo saber se ela fez muito bem com o nosso campeão. -Respondeu Marcos olhando para os outros.

-É isso que importa para vocês? -Perguntei.

-Claro, porque se não fosse isso, então o que seria? -Disse Marcos.

-Vocês são uns idiotas mesmo viu. -Falei com um sorriso no rosto.

-Pô cara. -Disse Lucas. -Nós somos uma família.

Ignorei os comentários deles e o professor entrou na sala.

*****

Depois do intervalo fui para o vestiário para me trocar e começar com o treino.

Ouvi a porta do vestiário se bater e então lembrei daquele dia em que ele passou por aquela porta procurando alguma coisa. Fui um idiota de querer parecer durão com ele naquele dia. Mas não podia deixar que as pessoas achassem que ele poderia me desafiar.

Brandon, você foi um idiota, naquela hora só estava vocês dois. Porque eu não o agarrei àquela hora mesmo. Era a vontade que eu estava. Queria muito sentir aqueles lábios nos meus.

Deveria ter aproveitado, já que nós dois estávamos no clima. Dava para ver no rosto dele que ele também se sentia como eu. Porque deixei que aquela chance escapar.

Despertei do transe que estava depois que a porta se fechou novamente. Sacudi a cabeça.

-O que foi Brandon, pare de pensar nessas coisas. -Falei para mim mesmo.

Será que Boni tem razão? Eu devo estar apaixonado por aquele garoto? Porque olha as coisas que estou pensando. Como eu poderia ter beijado ele aquele momento se eu nunca havia beijado um garoto antes. Isso é um pouco constrangedor pra mim.

*****

Depois da aula, fiquei em meu quarto. Fiz o dever e depois fui jogar umas partidas online com Marcos e Lucas. Um dos empregados me chamou. Meu pai me chamava em seu escritório.

Bati na porta e então entrei.

-Oi pai. -Falei abrindo a porta.

-Filho, senta. -Ele se levantou e abotoou um dos botões de seu paletó.

-O que foi? Eu fiz alguma coisa? -Falei olhando para ele.

-Não. Eu só te chamei porque eu gostaria de te perguntar algo.

-Perguntar algo? -Suei frio.

-O que você acha do Alfred e sua família?

Suspirei aliviado.

-Porque o motivo dessa pergunta pai? -Perguntei sem entender.

-Por nada, mas não é por isso que te chamei. O que você acha de fazermos uma viagem? -Ele parou ao lado da cadeira que eu estava sentado.

-Uma viajem? -Perguntei confuso.

-Sim, eu preciso resolver algumas coisas e depois disso estarei livre, como não saímos muito, que tal nós sairmos para uma viajem.

Era bom saber que ele queria passar mais tempo comigo, mas infelizmente não iria dar.

-Sinto muito pai, mas eu não posso. Os exames estão aí. -Falei com um sorriso frustrado no rosto.

-Eu entendo, mas se quiser eu posso dar um jeito quanto a isso. -Ele andou até a sua mesa e se virou para mim.

-Não. -Falei e ele me olhou assustado. -Melhor não pai, o pessoal já acha que sou muito privilegiado por causa do senhor, não quero dar mais motivos ainda.

-Você tem certeza? -Ele franziu uma das sobrancelhas e me olhava fixamente.

-Tenho pai. Porque ao invés de viajar para longe, nós não ficamos por aqui mesmo?

-Por aqui? -Perguntou ele.

-Sim, podemos fazer algo por aqui perto, sem que eu não perca aulas e nem os exames. -Respondi.

-Vou pensar nisso então e me programar. -Disse ele.

Ele andou até mim, colocou as mãos em meus ombros e sorriu.

-Eu tenho tanto orgulho de você filho. -Ele apertou meus ombros e sorriu.

Sai do seu escritório feliz de ter ouvido aquilo dele. Ele podia ser bravo, mas sempre se lembrava de mim e sempre me elogiava. Isso era reconfortante.

Na manhã seguinte, acordei um pouco atrasado, então tive que sair correndo para o colégio.

Encontrei os meninos na entrada, cumprimentei eles e novamente lá estava eles rindo de alguns garotos e flertando com algumas garotas.

-O que vocês estão fazendo aqui. O sinal já tocou. -Falei pra eles.

-Relaxa Brandon, hoje vai ter uma palestra e como somos do time de lacrosse, temos permissão para ir treinar enquanto a palestra acontece. -Disse Lucas. -E além do mais, é engraçado ver esse pessoal se matarem para não chegar atrasado.

Apenas fiquei em silêncio.

Entramos no colégio e então fomos para a sala. Mesmo com a permissão para o treino, precisaríamos ir para sala responder a chamada e só assim poderíamos sair.

Passei em frente a sala de Noah. Evitei de olhara para a sala dele. Mas confesso que não resisti e tive que dar uma espiadinha depois de vê-lo levando seu caderno para o professor.

Não posso pensar nele, se controla Brandon. Dizia isso em minha mente.

Depois de responder a chamada estávamos livres. Bem, nem tão livres, precisaríamos ir para o campo para o treino.

-Ânimo cara, animo, vamos lá. -Dizia Lucas batendo palmas.

-Cara, treinar logo na primeira aula, dá uma certa preguiça. -Falei.

Eles riram de mim e começaram a se trocar.

-Quero só ver se a Rita estivesse por lá se ele iria sentir preguiça. -Falou Marcos.

-Eu duvido que ele ficaria. -Respondeu Thomas.

-Do que vocês estão falando seus palhaços. -Falei.

-Vai me dizer que você não se exibe um pouco. -Disse Lucas tacando a camisa para cima de mim.

-Vamos parar com esse papo e vamos pro campo logo. -Falei tentando mudar de assunto.

-Calma rapaz. -Disse Marcos se aproximando. -Eu sou o capitão e digo para não termos pressa. -Ele riu.

-Depois o preguiçoso sou eu. -Falei rindo.

Indo para o campo, pude reconhecer aquele cabelo vermelho. Se Bonnie estava por ali, quer dizer que ele também iria estar. Droga, logo agora que todos estão aqui. É melhor eu ignorar ele.

Andei até o campo fingindo que não havia notado os dois na arquibancada. Passados alguns minutos, olho na direção que os dois estavam e não encontro eles. Devem ter saído de lá. Menos mal, agora posso me concentrar no treino.

-Hey Brandon, o que tá acontecendo? -Gritou Marcos.

-Com o que?

-Com você. Parece estar no mundo da lua.

-Não é nada. -Falei enquanto arrumava o meu equipamento. -Não é nada. -Completei com um suspiro.

Durante os intervalos, evitei de cruzar com Noah novamente. Então ao invés de comer com os garotos como fazia todos os dias. Disse que iria me encontrar com uma garota para que eu comesse em outro lado do colégio.

-O que foi BD? -Perguntou Boni.

-Não é nada. -Respondi.

-Como nada, o que está fazendo aqui fora então? -Perguntou ela se sentando ao meu lado.

-Eu não quero cruzar com Noah. Só que mesmo assim eu não consigo parar de pensar nele. -Respondi cabisbaixo.

-Falando nisso, você mandou algum bilhete para ele, como uma de suas brincadeiras? -Ela se virou para mim e me olhou.

-Hãn? Não porque? -Respondi levantando a cabeça.

-Porque pelo que fiquei sabendo, é que ele está puto por terem deixado aquele bilhete. -Ela pegou o seu sanduiche e mordeu um pedaço.

-E o que dizia? -Perguntei com um pouco de curiosidade e me virado para ela.

-Não sei, eu não estava com ele na hora. Só sei que ele está muito bravo com aquilo hein. Mas vou tentar descobrir. -Ela olhou pra mim. -Nem sei porque eu faço isso pra você.

-Porque eu sou seu melhor amigo. -Sorri.

-Faço porque quero te ver feliz. -Ela suspirou.

-Mas eu sou feliz. -Respondi com um sorriso forçado.

-Nem tanto né Brandon, nós dois sabemos disso. E eu sei que você ainda vai se aceitar e torço para que isso aconteça. -Ela pôs uma das mãos em meu ombro e fez um carinho.

-Você está dizendo que eu deveria virar gay? -Perguntei um pouco chateado.

-BD, não fica bravo comigo, mas você já é gay. -Respondeu calmamente.

-Claro que não, como eu sou se fiquei com a Rita ontem. -Falei com convicção.

-Mas pensou no Noah. -Completou ela.

Fiquei em silencio por um momento.

-Você tem razão. Mas eu não posso simplesmente sair falando que sou gay para as pessoas. E os garotos do time vão me zoar e é bem capaz de quererem me tirar do time.

-Brandon, quem for seu amigo de verdade vai te entender. E além do mais acho que você deveria se afastar desses garotos, porque eles são o motivo de você ter a fama que tem hoje no colégio. -Respondeu ela.

-Mas os garotos do time são como uma família pra mim.

-Me poupe né BD com esse papo e família. Mas se você acha que são isso para você, então eles vão te entender, porque é isso que família faz, fica junto.

-Eu não sei Boni. -Suspirei.

-Bom, eu vou nessa e vou ver o que eu descubro para você. -Ela me olhou um pouco desconfiada.

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