Capítulo 23: O encontro

Depois do colégio, fiquei em meu quarto de bobeira pensando no que Bonnie e Wally me disseram.

Não pode ser que ele me chamaria para sair porque está afim de mim. Ele parece ser tão gente boa e nem aparenta ser gay. Como eles podem dizer umas coisas dessas.

Estava deitado de ponta cabeça. Olhava para os pés da cômoda. Me levantei, senti um pouco zonzo por ter ficado daquela maneira.

Peguei o celular e olhei a hora. Era quase cinco e meia da tarde. Logo Ethan iria aparecer para que saíssemos.

-Melhor eu me arrumar. -Falei me levantando.

Fui em direção ao banheiro e tomei um banho bem tranquilamente. Depois escovei meus dentes, fui em direção ao closet. Peguei uma calça jeans preta e uma blusa de social que ficava um pouco larga em mim. Coloquei meus tênis escuro da Nike.

Fui até o banheiro novamente e comecei a arrumar o meu cabelo. Hoje ele não estava colaborando, tentei umas duas maneiras diferentes de penteá-lo, mas ele não ficava bom. Penteei da mesma maneira que sempre penteio e ele estava bom. Passei um perfume, já que iria sair. Não se sai se não for bonito, não é?

Logo em seguida meu celular tocou. Era um número desconhecido. Atendi e ouvi uma voz serena.

-Noah? É o Ethan.

-Onde conseguiu meu número? -Perguntei desconfiado.

-Não posso dizer, é um segredo. -Afirmou ele. -Me diz onde quer me encontrar.

-Não sei, onde você acha melhor? -Perguntei.

-E se eu passar aí na sua casa?

-Pode ser então. -Respondi. - Marcela Ave com a Sola Ave.

-Beleza, daqui uns dez minutos eu estou aí. -Falou e em seguida desligou.

Fiquei aguardando até que ele aparecesse. Um carro cinza parou na frente de casa. Sai e tranquei a porta, fui em direção ao carro e entrei.

Ethan estava usando uma calça preta e um sapato marrom. Ele usava uma blusa azul e uma blusa xadrez de manga longa por cima. Ele também usava uma touca marrom e óculos. Nunca tinha o visto assim, na verdade eu nunca havia reparado nele.

-Onde vamos? -Perguntei curiosamente.

-É surpresa. -Respondeu ele.

-Gosto de surpresas. -Sorri.

-Acho que você vai adorar essa surpresa. -Ele sorriu e voltou a prestar a atenção na estrada.

Fomos para o parque Nacional Muir Woods. É um parque ecológico com imensas arvores. Ótimo lugar para explorar trilhas ou pontos de interesse particular. O lugar é extremamente absurdo de grande.

-Então é aqui a surpresa? -Perguntei.

-Sim. Esse lugar é incrível, pensei que você pudesse gostar. -Ele ligou o alarme do carro e veio em minha direção.

-Parece ser incrível mesmo. -Falei olhando ao redor.

Passamos pela entrada do parque e começamos a caminhar por um caminho feito de madeira escura. O caminho era todo cercado de troncos escuros, mas apenas de um dos lados. Andávamos pelo meio de várias árvores enormes. Ouvia o som de pássaros cantando e cigarras.

Depois de um certo tempo, o caminho de madeira havia se transformado num chão de cimento. Em alguns pontos havia cercas para se apoiar por causa do terreno íngreme. Aproveitei para tirar algumas fotos da natureza.

As vezes Ethan aparecia na frente da câmera do celular, apenas por diversão e por estragar a foto. Ele era bem bobo e engraçado. No começo eu não me sentia muito confortável perto dele, mas já estava me acostumando.

Andamos por mais algum tempo, passamos por uma ponte feita de troncos de arvores e nos sentamos em um banco que ficava de frente para um pequeno riacho. O silêncio tomava conta do lugar. Ouvia-se apenas o barulho do riacho e de alguns pássaros.

-Vamos descansar um pouco, porque ainda não estamos no local que quero te mostrar. -Disse ele sorrindo pra mim.

Fiquei um pouco corado e sorri de volta.

-Isso aqui é incrível. Não sabia que tinha um parque desses por aqui.

-Acho que tem muitas coisas que você não conhece por aqui. -Ele sorriu pra mim. -Agora vamos, porque está escurecendo.

Andamos por uns cinco a dez minutos mais ou menos. O caminho agora havia se estreitado. Era uma pequena trilha. Passei por algumas folhagens e então olhei no horizonte.

A vista era linda. Dava para ver a cidade toda iluminada e linda.

-Ual. Que lindo. -Falei impressionado.

-Eu sabia que iria gostar. -Ele piscou e eu fiquei corado. -Pensei que já que você já escalou, isso deveria te fazer bem.

-Você acertou. -Sorri.

-Vem por aqui. Ali tem um banco, dá para aproveitar a vista. -Disse ele indo na frente.

Segui ele e então me sentei no bando feito do tronco de árvore. Ele se sentou um pouco distante de mim, deixando um espaço vago no meio de nós dois.

Ficamos em silêncio observando aquela paisagem linda.

-Obrigado por me mostrar isso.

Ele sorriu um pouco envergonhado.

-Aqui é um dos lugares mais lindos. Eu as vezes venho pra cá apenas para relaxar. -Disse Ethan com as mãos em suas pernas.

-É muito bom estar aqui. -Me encostei no banco e continuei observando a vista.

Ficamos um pouco mais em silêncio. Ethan se aproximou um pouco mais de mim. Fiquei um pouco nervoso com isso. Fingi que não havia notado que ele se aproximava.

-Você sabe que sou gay, não é? -Perguntou ele.

Engoli um seco e acenei com a cabeça.

-E mesmo assim quis sair comigo, porque?

-Porque eu não vejo nada de mais sair com você. Você sendo gay ou não, isso não muda nada na amizade. E hoje foi a primeira vez que falei com você, é bom a gente fazer amizade.

-Não quero que você pense que isso é um encontro. -Disse ele quebrando o silêncio. -Pense mais como uma saída com um novo amigo. A não ser que você queira que isso se torne um encontro. Vai depender da sua resposta.

Fiquei um pouco nervoso. Suei um pouco e senti meu coração disparar. Olhei pra ele para dar uma resposta.

-O que você está dizendo. -Tentei disfarçar o nervosismo.

-Noah, eu sei que você é gay.

-Eu não sou e se fosse, como você saberia? -Retruquei.

-Eu sempre estou te observando, você sabe chamar a atenção. E eu reconheço um gay quando vejo, você só é mais reservado. -Ele sorriu.

-Reservado? Como assim.

-Você é daquele tipo que não mostra que é. Por ter medo ou porque não se assumiu ainda.

Pensei nessas duas coisas que ele disse. Por ter medo ou não me assumi.

-Como você pode ter tanta certeza assim? -Olhei pra ele.

-Mesmo sabendo que sou gay, você quis sair comigo. É muito difícil um hétero querer sair com um gay, sem falar que eles odeiam.

Fiquei em silêncio.

-Gostaria de te beijar. -Disse ele serenamente.

-O que? Porque? -Fiquei surpreso e nervoso pela pergunta.

-Porque você é bonito e me atrai. -Respondeu ele. -Se não for problema para você, senão eu vou entender. -Ele olhou pra mim.

Eu estava vermelho. Minhas mãos estavam tremulas e suadas, meu coração acelerado.

-Você já tem alguém, não é? -Disse ele recuando um pouco.

-Não, não é isso. É que.... Eu não sei.... É complicado pra mim. -Respondi cabisbaixo.

Senti a sua mão delicadamente levantando o meu rosto.

-Não precise ficar assim, apenas deixa acontecer. -Disse ele se aproximando.

Lembrei do que Lola havia dito pra mim, "você só não pode esconder quem você é, não deixe que isso te impeça de ser feliz. Então se joga e aproveite". Acho que eu devo aproveitar. Isso vai me esclarecer algumas coisas.

Ethan se aproximou cada vez mais de mim, eu me virei pra ele e deixei que nossos lábios se encontrassem. Ele colocou a mão na minha nuca, me aproximou mais dele, senti sua língua dançar em minha boca. Era gostoso. Não como da primeira vez que beijei, mas era bom.

Sua língua parecia dançar em minha boca. Sentia a suavidade dos seus lábios nos meus.

Ethan mordia os meus lábios e os puxava para ele as vezes. Sentia uma sensação boa quando ele fazia isso. Mas era tudo diferente, com ele a sensação era boa, mas não era igual ao que sentia quando Brandon estava perto de mim.

Sua mão estava na minha nuca e a outra na minha cintura. Ele se aproximava mais de mim. Minhas mãos passavam pelo seu corpo por cima da sua camisa e mesmo assim, dava para sentir cada detalhe do seu corpo.

As coisas iam esquentando. Senti um calor intenso dentro de mim. Comecei a ficar excitado com as mordidas que ele dava. Parei o beijo, respirei um pouco ofegante e sorri envergonhado.

-Me desculpe se eu exagerei um pouco. -Disse Ethan se afastando um pouco. -É que eu me empolguei, faz alguns dias que eu queria fazer isso. -Ele sorriu.

-Tudo bem. -Sorri envergonhado.

Ficamos em silêncio um pouco. Coloquei uma das mãos em cima da minha boca, passando os dedos nos meus lábios.

-Você beija muito bem Noah. -Ele fez um carinho no meu rosto.

Fiquei todo vermelho e envergonhado, nunca havia recebido um elogio desses. Apenas sorri todo corado.

-Vamos?

-Pra onde? -Perguntei surpreso.

-Jantar. Fiz uma reserva pra gente num restaurante. -Ele se levantou e estendeu a mão pra mim.

Segurei a sua mão e vi que ele gostou de sentir minha mão na dele. Me levantei com a ajuda dele. Olhei pela última vez para a cidade toda iluminada e suspirei.

Nunca imaginaria que algo assim aconteceria comigo. Eu era apenas um garoto normal que não sabia o que era beijar. Agora estava aqui, com um garoto que agora a pouco havia me excitado. É Noah, segue o conselho da sua amiga, se aceite, vá ser feliz e se jogue.

No caminho de volta. A floresta estava repleta de pontos brilhantes. Eram os vaga-lumes que deixavam alguns pontos brilhantes no meio das arvores deixando ela iluminada com uns pontinhos verdes e outros amarelos.

Ethan pegou em minha mão, me puxou para próximo dele e me deu um outro beijo. Fiquei um pouco surpreso. Mas retribui o beijo. É incrível como um beijo pode te deixar feliz.

Ele jogou um de seus braços pelo meu pescoço e me abraçou. Meu braço passava pela cintura dele. Andamos assim por quase todo o caminho. Ouvia algumas histórias engraçadas dele enquanto andávamos em direção ao carro.

Depois de sair daquele parque incrível. Fomos para um restaurante bistrô que se chama Clife House. Um restaurante bonito. Ele ficava de frente para o mar.

Chegamos e a anfitriã nos mostra a mesa que estava reservada. Ela ficava próximo da imensa janela que dava para o mar. De longe via-se algumas luzes de barcos que passavam por lá.

-Desculpe, mas é melhor durante o dia. -Disse ele um pouco constrangido.

-Não tem problema, o parque compensou por isso. -Respondi e vi em seu rosto um lindo sorriso.

*****

No caminho de volta para casa, ouvi mais algumas histórias dele de quando ia acampar com o pai. Ele estava à vontade comigo, dava para ver isso em seus olhos.

Não demorou muito e então chegamos na minha casa. Olhei para ela que estava iluminada.

-Meus pais já estão em casa, é melhor eu entrar. -Falei olhando para fora.

-Tudo bem, obrigado pela noite. -Disse ele sorrindo para mim.

Fiquei um pouco corado e sorri. Senti sua mão segurando meu braço e ele me puxa para um beijo. Paro imediatamente e fico surpreso.

-Você está louco? -Falei assustado.

-Eu não resisti. -Respondeu e piscou.

Despedi dele e então fui em direção a porta.

-Filho, vamos jantar daqui a pouco.

-Desculpa mãe, mas eu já comi com a galera do colégio. A gente saiu hoje à tarde e acabamos comendo no shopping. Agora se a senhora me dá licença, vou subir e estudar para o exame de sexta. -Falei enquanto passava pela cozinha.

Ela apenas sorriu e então acenou com a cabeça.

Entrei no meu quarto e me joguei na cama. Que noite foi essa. Lola tinha razão. É a melhor coisa do mundo, se sentir feliz. Soltei um sorriso e fui para o banheiro.

Tomei um banho rapidamente. Peguei meus livros e o caderno, joguei em cima da cama e fiquei estudando para o exame de sexta.

Eu sei que sou bem em química, mas não custa nada dar uma estudada.

O começo da noite tinha sido tão incrível que eu estava muito feliz e nem me lembrava do bilhete que deixaram em meu armário. A partir de agora iria ser feliz, ou como Lola disse, iria me jogar com tudo e aproveitar.

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