Capítulo 2: Primeiro dia de aula
Eu estava boiando olhando as arvores do lado de fora. Pela janela, conseguia ver o campo de lacrosse e uma outra parte do colégio. Ouço alguém fazendo barulho com a boca, como se estivesse tentando chamar a minha atenção.
Olho para os lados e vejo uma garota de cabelos longos e ruivos tentando me chamar. Eu olho para ela e então ela tenta me falar alguma coisa, mas em mudo.
Ela sentava três carteiras a minha frente e duas do meu lado. Fiz com quem não tinha entendido nada e então ela se virou e começou a escrever numa folha de papel.
Depois de escrever, ela esperou que o professor se virasse para a lousa e então lançou o papel em minha direção. Peguei ele e abri para ver o que estava escrito.
Quer se juntar a mim e meus amigos na hora do intervalo? :D
Fiquei tímido por um momento, mas eu olhei pra ela e então concordei com a cabeça. Bom, esse era o primeiro passo para se conseguir amigos e como eu não tinha ninguém naquele colégio, não iria ser ruim estar com ela e os amigos dela.
A aula a seguir era de química, então iriamos para outra sala. Indo em direção ao laboratório, vejo aquele mesmo garoto que eu havia trombado mais cedo. Ele estava indo para o vestiário, acho que deveria estar no time e pelo físico dele, era bem provável que era isso.
Chegando ao laboratório, as mesas eram longas, para que se sentasse com uma outra pessoa. Fui em direção a segunda mesa e me sentei, todos estavam se sentando com alguém, menos eu.
-Hey. Sou a Bonnie. –Era a garota do bilhete.
-Ah, sou Noah. Prazer.
Ela se sentou ao meu lado e me observou.
-Você vai se sentar aqui? –Perguntei.
-Ah não. Eu estou sentada naquela ali com minha amiga.
Olhei para a garota que logo olhou para o outro lado.
-Ah, já sei por qual motivo você está aqui então.
-Bobinho. –Ela sorriu. –Não se preocupe, mas alguém vai se sentar aqui.
-Todos nos seus lugares, vamos começar com a aula, então eu quero que todos fiquem em silencio enquanto eu explico e anotem cada palavra que eu disser. –Disse o professor.
Ele chegou colocando as coisas dele sobre a mesa e em seguida estava apagando a lousa enquanto falava.
Passou alguns minutos e um garoto alto, forte, da pele um pouco mais escura que a minha e cabelos escuros aparece na porta.
O professor olha pra ele com reprovação, mas o deixa entrar. Ele olha para a sala e então vem em minha direção com um sorriso no rosto.
Ele se senta ao meu lado, tira um caderno de sua mochila e algumas canetas.
-Nunca se sabe quando uma vai parar de funcionar, não é? –Perguntou ele olhando pra mim com um sorriso no rosto.
Seus dentes eram perfeitos e brancos como a neve, seus olhos eram castanhos. Fiquei corado por um momento e ele parece ter percebido que também ficou.
-Sou Wallace. –Ele estendeu a mão para me cumprimentar.
-Noah. –Peguei em sua mão e senti um pequeno arrepio em meu corpo.
Ele voltou a olhar para a lousa enquanto eu ainda o observava.
-Você não vai copiar, Noah? –Perguntou ele.
-O que?
-A matéria, você não vai copiar?
Olhei para a lousa e vi que o assunto que o professor falava era sobre equilíbrios químicos. E eu já havia aprendido essa matéria. Quando fui falar pra ele que eu já sabia, o professor olha pra mim e chama minha atenção.
-Você. Qual o seu nome?
-Owen, Noah Owen, senhor.
-Você é o aluno novo, não é? Acho que você gostaria de explicar para a turma o que é equilíbrio químico.
Não queria falar nada porque eu sabia que se dissesse alguma coisa, ele iria acabar implicando comigo, por eu constranger ele na sala de aula.
-Vamos, diz o que quer dizer ou você e seu amigo querem ir para fora?
Olhei para Wallace, que estava com uma cara de quem não queria sair. Então eu o respondi.
-O equilíbrio químico é quando se tem uma situação, onde os reagentes e os produtos de uma reação química se mantem em constante.
Ele ficou parado olhando pra mim. Assim como todos da sala.
-E também pode ser chamado de equilíbrio dinâmico, onde a reação continua acontecendo, mas a velocidade continua a mesma.
Antes de continuar, ele aplaudiu e me usou como exemplo para a sala de aula. Me sentei com todos me encarando.
-Isso foi demais, como você sabia? –Perguntou Wallace.
-É que eu já estudei essa matéria na minha outra cidade.
Eu ajudei Wallace com algumas coisas ao longo da aula. Já que ele estava tendo dificuldade de entender a matéria. Quando a aula acabou, eu arrumei minha mochila e então estava saindo da sala quando Wallace me chamou.
-Você tem alguém pra passar o intervalo? –Perguntou ele.
-Uma garota me chamou para me juntar a ela, mas não sei ao certo, mas porquê?
-Eu queria saber se você e eu não poderíamos ficar juntos no intervalo, já que somos novatos. –Disse ele.
-Novato? Mas quando você chegou?
-Cheguei a uns dias, mas eu comecei quinta-feira passada.
Fomos até os armários para guardar alguns dos materiais. Wallace era bem legal e uma pessoa muito alegre. Era bom ficar ao lado dele.
Chegamos ao refeitório e fomos pegar nossas bandejas para pegar o lanche. O cara que eu havia esbarrado antes, apareceu e foi para onde estávamos. Eu continuei parado esperando e Wallace estava ao meu lado. Passamos e pegamos os nossos lanches e então aquele garoto para na frente de Wallace e pega a sua sobremesa. O coitado ficou quieto e se encolheu todo. Eu queria falar alguma coisa, mas Wallace me convenceu de ficar quieto.
O refeitório estava mais ou menos cheio. Foi um pouco difícil de encontrar lugar para nos sentar. Sentamos próximo a uma mesa, onde os amigos daquele idiota estava. Estávamos a três mesas de distância deles, pelo menos.
-Ele é um idiota. –Disse para Wallace.
-Não se preocupe, eu prefiro ficar sem a sobremesa do que apanhar depois.
-Mas quem ele acha que é pra tratar as pessoas assim, alguém deveria dar uma dura nele, pra ver se ele aprende.
-Esse é o problema Noah. As pessoas aqui têm medo dele, por isso que ninguém faz nada. E acho que você também não.
-Fique tranquilo Wallace, não vou fazer nada que possa te prejudicar.
Como eu estava de costas para a mesa deles, apenas ouvia risos vindo de lá. Tentei ignorar o máximo. Wallace me contava como era a sua vida em outra cidade e como ele adorava lá.
-Eu te entendo cara. –Disse a ele com um desanimo.
-Que isso cara, não precisa ficar assim. Agora nós somos amigos e podemos começar a partir dai.
-O que você quer dizer com isso? –Olhei meio desconfiado a ele.
-O que quero dizer é que agora que nos encontramos, não vamos ficar mais sozinhos e com o tempo, vamos saber aceitar que nossos melhores amigos estão longe.
Soltei um suspiro de alivio.
Enquanto comíamos, ouvi mais risadas vindo da outra mesa e em seguida algo mole e grudento estava em minha nuca. Isso foi motivo para mais risadas na outra mesa. Passo a mao na minha nuca e vejo que era gelatina, provavelmente a sobremesa de Wallace. Me viro ferozmente para a mesa deles e vejo aquele idiota me imitando.
-Isso não pode ficar assim. – Falei levantando da mesa.
-Noah! Hey, Noah. Espere! Não faça isso.
No momento eu não o ouvia mais. Eu estava fervendo de raiva pelo o que aconteceu. Passei pelas outras mesas e peguei uma salada de batatas que alguém estava prestes a comer.
-Hey, minha salada. –Aguem disse.
Andei com ela em minhas mãos até chegar a mesa dos garotos.
De repente, o refeitório morreu. O silencio tomou conta daquele lugar. Todos estavam me olhando.
-O que o tampinha quer por aqui hein? Não vai me dizer que ainda está com fome. –Todos eles começaram a rir.
-Acho que você deveria comer um pouco de legumes, que tal essa salada. –Em seguida, enfiei o prato de salada na cara dele. Deixando as batatas amassadas em sua cara.
Um som de surpresa foi dito no refeitório inteiro, em seguida o silencio tomou conta novamente. Ele limpou o rosto, mas algumas batatas ainda estavam amassadas em seu rosto. Ele se levantou lentamente e o pessoal o acompanhava com os olhos. Eu estava parado e tentando manter a calma.
-Escuta aqui seu filho da puta, quem você acha que é pra me tratar dessa maneira, hein. –Ele me empurrava. –Você acha que pode comigo?
Quanto mais perto que ele estava, menor eu ficava. Ele deveria ter quase dois metros ou poderia ser o meu medo que estava fazendo com que eu o sentia cada vez maior.
-FIZ UMA PERGUNTA, HEIN SEU BOSTA.
Todos estavam apenas observando. Fiquei em silencio enquanto ele me encarava.
Ele se aproximou mais perto de mim e segurou pela gola da minha camisa. Ele me levantou um pouco, fiquei só nas pontas dos pés. E então pude ouvir um grito de salvação.
-GUERRA DE COMIDA.
Alguém havia gritado e então a comida começou a voar pelo ar. Ele me soltou e então eu pude sair dali.
-VOCÊ ME PAGA, ISSO AINDA NÃO ACABOU PIRRALHO.
Apenas via comida voando para todos os lados, o que eu podia fazer era tentar me proteger. Alguém pega em minha mão e me tira dali. Era uma mão pequena e delicada. Quando sai do refeitório, olhei para a pessoa que me puxou e era Bonnie. Ela tirava algo do cabelo.
-Você é louco garoto?
-Por ter enfrentado aquele idiota?
-Aquele idiota é p Brandon. Seu pai faz parte do conselho do colégio. –Disse ela se aproximando de mim.
-E o que isso tem de importante?
-Acontece que se ele quiser que você saia desse colégio é muito fácil e isso é uma das coisas boas, porque se ele quiser te atormentar, ele vai e nenhum funcionário ira te ajudar, já que eles obedecem ao pai dele.
-Mas isso não pode acontecer.
-É, não pode, mas aqui acontece. O que você tinha na cabeça garoto.
-Eu apenas não aguentava mais.
-Muitos aqui não aguentam também, mas todos se mantem pacientes, porque todos sabem o que acontece se enfrentar ele.
-Desse jeito você me assusta. –Disse a ela.
-Mas é a verdade colega. É a verdade.
Ela saiu indo em direção ao banheiro para tentar desgrudar alguma coisa do cabelo. Ouço Wallace correndo em minha direção.
-Ai esta você. Pensei que hora dessas você fosse um purê. –Ele começou a rir.
-Me desculpe, mas tenho que ir.
Sai em direção ao banheiro para me limpar um pouco. Mas que dia que tive hein. E ainda não acabou.
-Droga. Tem salada dentro da minha roupa. –Disse a mim mesmo.
Retirei a camisa para me limpar, peguei um papel e comecei a passar pelo meu corpo. A porta se abre e Wallace aparece.
-Hey. –Ele para e me observa sem camisa, ficando em silencio.
Eu fico todo vermelho e visto a camisa o mais rápido que posso e saio do banheiro o mais de pressa possível. Eu odiava quando as pessoas me viam sem camisa. Era meio constrangedor. Wallace veio atrás de mim, mas eu estava com tanta vergonha que disse que o encontraria mais tarde.
Fui até o outro banheiro e dessa vez consegui me limpar. Joguei um pouco de agua no rosto e nos cabelos, para tirar o excesso de alimentos que estavam presos. Ouço passos novamente entrando no banheiro.
-Wallace, disse que falo com você depois.
-Merda, merda, merda. –Ouvi a pessoa dizer.
Olhei para a direção da porta e era Brandon novamente. Mas de novo esse garoto, pensei comigo mesmo. Os olhos dele estavam fechados. Então ele não percebeu que era eu quem estava lá. Fiquei em silencio e deixei que ele fosse até a pia.
Ele estava andando se apoiando nas paredes por causa dos olhos.
-Quem está ai? Você poderia me ajudar, por favor?
O que? Ele pediu por favor? Pensei que pessoas que nem ele não pedisse, mandasse. Continuei em silencio. Talvez não o ajudando deveria compensar pelo o que ele fez.
Ele pediu novamente com educação e recusei. Seus olhos estavam vermelhos. Fui em direção a porta e ele ainda não tinha chegado até a bancada. Alguma coisa dentro de mim dizia para ajuda-lo, mesmo dessa vez. Não sei se devia. Fiquei em conflito comigo mesmo por alguns instantes. Mas cedi. Fui até ele e o peguei pelo braço, ajudando a levanta-lo. Senti um arrepio pelo corpo e meu coração disparou. Achei estranho, mas acho que deveria ter sido o medo. Levei ele até a bancada e então o observei por uns instantes. Seu cabelo estava todo bagunçado com alimentos presos a ele e sua roupa estava toda suja de comida. Seu braços eram fortes e então senti um calor dentro de mim ao olhar ele se limpando. O gesto que ele estava usando para limpar o rosto era fofo. Não, espera. Fofo? Eu acabei de achar um menino fofo? Acho que isso não esta acontecendo.
Quando ele se levantou para agradecer e abrir os olhos, eu já havia saído do banheiro e ido para o meu armário. Sentia minha respiração um pouco aguçada quando eu lembrava do jeito dele. Parecia que eu estava entrando em pânico com aquilo.
-Hey. Você está bem?
-O que?
-Parece que correu uma maratona. –Era Bonnie quem falava. –Ou foi uma outra coisa? –Ela deu um sorriso safado pra mim.
-O que? Não, não foi nada disso, tá louca garota. –Disse fechando a porta do meu armário.
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