Capítulo 14: Incertezas

 Fui em direção a porta e novamente fui barrado pela mão dele que segurava meu braço, mas dessa vez ele me puxou. Senti o puxão que ele deu, fazendo com que eu me desequilibrasse e quase caísse.

 Brandon me segurou em seus braços. Meu corpo ficou colado com o seu, seu coração estava disparado e sua respiração acelerada.

 Seus olhos brilhavam, ele ficou um pouco vermelho. Nossos olhares se cruzaram. Fiquei corado e um pouco ansioso. Eu queria sair dali, mas por algum motivo meu corpo não se mexia.

 Nossos lábios foram se aproximando cada vez mais um do outro.

 -Me solta Brandon. –Sussurrei.

 -Mas porquê? –Perguntou ele.

 Senti sua respiração lentamente. Meu corpo estremeceu um pouco.

 Eu estava em seus braços, me apoiando em seu tórax. Minhas mãos estavam encaixadas em seu peito. Podia sentir seu coração acelerado.

 Olhei pra ele novamente, vi um pequeno sorriso em seu rosto. Não sabia o que estava passando em sua mente.

 -Brandon, me solta, por favor. –Insisti.

 -E se eu não soltar?

 -Porque você está fazendo isso?

 -Eu não sei. –Suspirou logo em seguida.

 -Você deve estar bêbado. –Falei tentando me afastando dele.

 -E se estiver, o que tem? –Tentou me segurar novamente.

 -Você tem 17 anos ainda, e você nem deveria ter bebido.

 -Se bebi, foi só um pouco para tomar coragem. –Ele foi se aproximando de mim novamente. –Prometo que não faço mais isso. –Completou sussurrando no meu ouvido.

 Senti um arrepio em meu corpo e vi um pequeno sorriso em seu rosto.

 -O que você quer? –Perguntei.

 -Você já deve saber. –Ele sorriu e mordeu os lábios.

 Fiquei em silencio por um momento. Observei seu rosto alguns segundos e então sai do vestiário. Brandon ficou sem sozinho, sem entender nada.

 -Aposto que ele está fazendo isso pra zoar com a minha cara. –Falei comigo mesmo.

 Indo em direção ao campo, encontro Wally e Lola.

 -Gente, eu acho que vou pra casa.

 -Mas porque Noah? Vamos aproveitar. –Disse Wally.

 -Eu preciso descansar um pouco. –Respondi. –E além do mais, eu saí sem meus pais saberem. Preciso chegar antes que eles percebam que eu saí.

 -Vamos então, deixa que eu te levo. Vamos Wally, você também. –Disse Lola abraçando Natalia.

 Durante todo o caminho, fiquei em silencio. Estava pensando no que aconteceu no vestiário. O que Brandon queria fazendo aquela ceninha. É certeza que ele só está fazendo isso pra pode me zoar depois. Tenho certeza.

 -Aconteceu alguma coisa Noah? –Perguntou Lola. –Você parece preocupado.

 -Não é nada. –Tentei disfarçar.

 -Foi a Priscila não foi? –Perguntou Wally.

 -Aquela garota é muito assanhada. –Disse Natalia. –Onde já se viu, se esfregar daquele jeito.

 -Nas pessoas não, só no Noah. –Completou Wally.

 Todos riram no carro, exceto eu.

 -Acho que é só cansaço mesmo.

 Lola deu uma olhada pelo retrovisor e me encarou. Parecia saber de que eu estava mentindo. Fiquei olhando pela janela do carro vendo as casas passarem.

 Chegando em casa, fiz o menor barulho possível. Consegui subir até o telhado, por uma arvore próxima ao telhado, do lado direito.

 Abri a janela delicadamente e entrei no quarto.

 -Droga. Onde foi que deixei o meu celular? –Procurei pelo bolso da minha calça.

 Se eu acendesse a luz, poderia me entregar, porque as vezes minha mãe levanta no meio da noite para ir tomar água ou as vezes pegar mais água para a jarra que fica ao lado da sua cama.

 Retirei o tênis e deixei ele dentro do closet, em seguida retirei a minha calça, foi um pouco complicado, retira-la no escuro. Em seguida tirei minha blusa. Não conseguia ver muita coisa, então deixei a roupa no chão do closet.

 Deitei em minha cama apenas de cueca. Já que estava escuro, não iria me arriscar a vestir meu pijama. Observei a claridade da lua passar pela janela do quarto e fiquei pensando.

 O que estava acontecendo comigo. Toda vez que estou perto daquele garoto eu fico diferente. E porque com Brandon. Eu não suporto a maneira que ele age com as pessoas. Porque não sinto esse tipo de coisa com as garotas? Será que é porque eu sou gay?

 Não, não tem como. Eu nunca fiquei com um garoto, mas também nunca fiquei com uma garota. Mas isso não quer dizer nada, mesmo eu tendo ficado com um ou com outro.

 E por outro lado, se eu for gay, eu teria sentido alguma coisa pelo Wally ou qualquer outro garoto no campo hoje. Se bem que aconteceu com um. Com Brandon. E isso acontece apenas com ele. Esse sentimento. Essa sensação. Isso é muito complicado. É estranho. É diferente.

 Talvez seja porque eu não suporto ele. Talvez seja por ele ter implicado comigo desde o primeiro dia. Sim, acho que é isso mesmo, não pode ser outra coisa. Não posso ser gay. Não tem como.

 Fiquei com isso na cabeça por um bom tempo, até conseguir pegar no sono.

 Na manhã seguinte. Minha mãe foi até o meu quarto para ver como eu estava.

 -Querido? Está acordado? –Perguntou abrindo a porta.

 Olhei pra ela com a cara toda amassada. Peguei o meu edredom e cobri minha cabeça. Eu queria ficar sozinho, queria dormir mais um pouco.

 -Já está tarde. Você tem que sair dessa cama e comer um pouco.

 -Não estou com fome. –Respondi meio abafado.

 -Melhor se apressar então, porque vamos almoçar na casa de um antigo amigo do seu pai. –Disse ela se sentando na beirada da minha cama.

 -Não estou afim de sair mãe. Eu quero ficar aqui em casa. Já que meu pai não liga pra isso. –Resmunguei.

 -Mas ele faz questão de você ir. Acho melhor você ir se arrumar. –Disse ela indo em direção ao closet.

 Pensei por um momento. Se ela abrir a porta do closet, ela vai ver a roupa que eu saí. Por um segundo, vi toda a situação que aquilo poderia dar. Isso não era nada bom.

 Pelo impulso, me levantei num pulo e sai correndo para bloquear a porta do closet.

 -Mas porque ele quer que eu vá? –Sorri, tentando disfarçar.

 -Porque ele quer te apresentar para esse amigo dele. –Ela tentou passar por mim.

 -Mas assim.... Mas porque eu?

 -Porque você é filho dele. –Ela relou no meu nariz. –Agora deixa eu separar uma roupa pra você.

 -Não precisa, deixa que eu escolho. –Sorri.

 -Porque você não quer que eu olhe dentro desse closet Noah?

 -O que? Eu? Que nada mãe. Eu só... Só quero saber porque eu tenho que ir. –Tentei disfarçar.

 -Não sei Noah, pergunta pro seu pai. –Disse tentando passar por mim. –Agora me de licença. O que o senhor está escondendo ai?

 -Escondendo? Eu? A senhora acha que eu estou escondendo alguma coisa? Que isso mãe. –Tentei disfarçar.

 -Pela maneira que você está se comportando, é o que parece. –Ela pôs as mãos na cintura.

 -Vem cá mãe. Vamos sentar aqui na cama. Me fala desse amigo do papai. –Peguei em suas mãos e a levei até a beirada da cama.

 -Eu sei que ele é um amigo muito antigo do seu pai. Eles eram melhores amigos no colégio e até na faculdade.

 -E porque o pai nunca falou dele?

 -Porque foram acontecendo algumas coisas e seu pai cortou a relação com ele, mas de uns tempos pra cá, eles estavam negociando alguma coisa lá na empresa e com a ajuda dele, seu pai conseguiu se destacar e é por isso que viemos pra cá.

 -E é por isso que eu tenho que ir então?

 -Seu pai disse que ele tem um filho e ele quer conhecer você e apresentar ao filho dele. Quem sabe vocês não sejam amigos também.

 -E qual o nome desse garoto?

 -Ah isso eu não sei, porque eu também não conheço ele. –Ela me olhou. –Agora vai se preparar, saímos em uma hora. –Ela sorriu, se levantou e saiu do quarto.

 Suspirei aliviado depois que ela saiu. Fui até o closet, peguei as roupas e a levei para o cesto de roupa no meu banheiro. Aproveitei e já tomei um banho.

 Saindo do banho, meu pai estava em frente a cômoda vendo umas fotos minha e de meus antigos amigos.

 Observei ele olhando para a fotografia e então passei ao seu lado indo em direção ao closet.

 -Eu sei que você sente falta deles. –Disse ele.

 Olhei de canto pra ele e então voltei a procurar uma roupa.

 -Espero poder te ajudar hoje filho. –Suspirou. –Mas também vou precisar da sua ajuda. Porque esse meu amigo, ele é muito importante para o papai. Então pretendo manter uma boa relação com ele e sua família.

 -Sempre negócios não é pai?

 -Noah, um dia você vai entender. –Ele deixou as fotos e se virou pra mim. –Espero que você se comporte hoje e que não diga nada ofensivo para eles. –Ele colocou os braços para trás e foi em direção a porta.

 -Não se preocupe, eu sei fazer o papel de filho querido. –Respondi.

 Senti um ar de tristeza quando ele ouviu essas palavras. Ele suspirou novamente.

 -Eu agradeceria muito filho. Porque se não se comportar, vou precisar tomar algumas medidas que você não iria gostar.

 Em seguida ele saiu do quarto. 

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