Vidas Paralelas



Estava morta. Simples assim, Taleyah que tinha um futuro brilhante iria morrer em poucos instantes. A não ser que [Nome] fosse misericordiosa e ouvisse suas razões.

A mais velha estava com ambas as mãos apoiadas na mesa da residência, a cabeça baixa e na tampa de madeira todos os papéis que a hacker juntou a respeito de Toji Zenin nos últimos meses.

— [Nome] eu posso explicar. — sua voz saiu trêmula, as mãos estavam levantadas como se estivesse de frente com um terrível predador. Passos leves rondando e a levando para mais perto.

— Então o faça.

Num movimento rápido a cabeça da sua companhia se levantou, [Nome] estava brava. Não, além disso, seus olhos brilhavam de tal maneira que apenas podia comparar com um braseiro. Queimaram, alimentados por raiva e dor.

— Se você quiser escapar, precisa saber onde estão as pessoas que quer evitar em primeiro lugar. Por isso o monitoramento.

Fazia sentido, mas tinha mais [Nome] sabia disso. A mais nova não estava olhando para seu rosto.

Ela é esperta demais pra ser só isso.

Kiran andou pela pequena sala, olhando com curiosidade. Suas orelhas se viravam pegando os sons do lado de fora, monitorando com cuidado as pessoas daquela terra estranha, continente de outros deuses. Não gostava dali, mas também não podia se afastar de [Nome].

A humana respirou fundo e em seguida ajustou a postura. Kiran não entende relações humanas, não precisa, mas sentia quando juntava sua energia com a de [Nome] seus medos e inseguranças. Após encontrar a irmã, tudo mudou. Sua mestre sabia dos riscos de usar os poderes em totalidade, mas não se importou, a yokai chegou a pensar que a morte, naquele momento seria recebida por [Nome] de bom grado. Na verdade, parecia que ela queria esse resultado.

Um contrato é uma regra, como uma criatura Kiran não tinha opção senão o cumprir. Só que entre humanos, a confiança é um sentimento de primeira vez, uma vez quebrada nunca será a mesma novamente. Sua humana teve muitas delas estraçalhadas nos últimos tempos.

— Taleyah, você é tudo que me sobrou — [Nome] disse —, eu preciso saber a verdade.

Ex-rosinha teve lágrimas surgindo em seus olhos — Droga, eu só queria ajudar, está bem? Eu não entrei em contato com Toji ou qualquer coisa, se é o que ta pensando.

Seus braços se ergueram no ar — Estamos escondidas nesse fim de mundo a meses, nos escondendo. Enquanto isso Mundi e Minori estão reinando no Japão, o que fiz foi só dar pro idiota do seu marido um caminho.

— Ex-marido.

— Vocês não exatamente assinaram os papéis de divórcio não é? — a jovem rebateu — Se tem algo de bom que ele pode fazer é acabar com os dois e quem sabe assim você vai ter um pouco de paz. Eu sei que você não tem dormido bem, ansiosa com a possibilidade de existir um ataque a qualquer momento. Com medo.

Tale se aproximou de [Nome] pegando suas mãos frias — Você não é assim, eu sei disso. Mas se... As coisas se resolverem no Japão, podemos voltar não é mesmo? Você vai ficar bem de novo!

[Nome] sabia que sua vida nunca mais iria ser a mesma, talvez nem perto do que foi um dia. As mudanças em seu corpo não são nem o começo delas, prioridades, mentalidade, cuidados... Porém, a mais preocupante estava escondida pelas faixas em seu braço.

Minori a chamou de marca de Amarate, pouca informação tinha, mas sabia que a cada dia a mancha que nascia na palma de sua mão cresce. Desenhava as veias sob sua pele, as pintando de preto, como raízes que penetram a terra livremente. Não dói, não afeta sua movimentação, mas é um aviso da batalha que virá a enfrentar.

Três meses se passaram, mas a dor não diminuiu.

Não aguentando o silêncio, Taleyah voltou a falar — Sei que você não quer saber do T-aquele cara, mas tem uma coisa que acho que você devia saber.

— Não preciso, ele já não faz parte da minha vida.

— Nem se ele se matar?

— Seria uma dádiva — a mulher soltou suas mãos da mais nova e andou para dentro da casa seguindo para a cozinha — mas para acontecer isso precisa de alguém bem fora da curva.

— Bem, ele entrou na Tártaro tem vários deles lá.

[Nome] vacilou, sua feição indiferente dando lugar a surpresa, olhos arregalados e sobrancelhas levantadas. Tártaro é o equivalente a uma rinha, são lutas patrocinadas pelo submundo jujutsu entre os mais fortes, é um dos muitos negócios de Mundi. Quanto mais você ganha, mais sobe no ranking e consegue dinheiro e poder. Uma luta sem regras, onde a morte define o vencedor.

— Sei que ele é idiota, mas parece que perdeu toda sanidade.

— Ele quer a cabeça do Mundi e do Hades, então... — novamente o silêncio Tale ergueu os olhos rapidamente e mordeu os lábios. — Não vai me perguntar mais nada?

— Já não perguntei para começo de conversa — respondeu afiada como uma adaga —, você me contou.

A muitos quilômetros de distância outra dupla tinha uma conversa parecida, apenas separados por 8 horas de fuso horário.

— Certo — Cérbero limpou as mãos num guardanapo enquanto se inclinava sobre a mesa do restaurante do bairro —, você não me perguntou. Mas precisa saber, as coisas na Tártaro não são nada como você já viu.

— É entrar e lutar, não tem muito mais que isso.

— Numa dessa que você se engana, se quiser chegar até o dia dos reis, vai precisar mais que isso. É o seguinte, você entra com uma pontuação dada pelos agentes. Minos vai ser o seu, então vai te avaliar. Se bem que após você dar um tiro nele é capaz que te deixe com uma pontuação baixa de propósito.

Toji sem vontade ou interesse, levou a mão até uma batata frita que tinha na cesta e a comeu em seguida, por que diabos as pessoas gostavam de alimentos gordurosos como aquele?

— Enfim, depois de ter sua pontuação, você avança os níveis e vai roubando os números daqueles que você derrotar. Tem um boato que Hades e Mundi encontram com aqueles que chegam no nível do Elísio, dizem que é preciso mais de um milhão de pontos para isso!

— Se eu começar com os números mais altos não vai ter problema não é?

— Bom, você começa no Erebus que é o nível mais baixo, depois Asfódelos e então Elísio. Vai depender de quem tiver de mais forte em cada um deles. Só que conseguir um milhão de pontos vai ser um pouco complicado.

— É possível lutar mais de uma vez por dia?

Cérbero parou para pensar tentando resgatar em sua cabeça qualquer informação sobre a pergunta de Toji — Acredito que sim.

Se fosse assim, ele iria ficar bem. Só restava aquele cara estranho entrar em contato, enquanto isso os dias se passavam de maneira arrastada. Toji não teve mais nenhuma mensagem misteriosa da garota rosa, e soube por Hatsu que na casa tudo estava tranquilo. Apesar dele ter enviado uma boa parte do pagamento inicial da missão para a velha, [Nome] continua enviando dinheiro para as duas pirralhas. Sob um nome falso, é claro.

Ele mesmo não podia voltar, só as colocaria num perigo desnecessário. Estavam melhor e mais seguras sem ele por perto.

— E a florzinha? Onde está?

O acompanhante ergueu o rosto pensando por um momento — Perséfone?

— Tem outra?

— Não sei, você é tão ruim com nomes que qualquer pessoa pode ser qualquer coisa. Cuidando dos assuntos de Hades, até onde sei. Ela ainda tem um cargo de deusa na organização o Mundi. Sabe ela ainda te xinga com todas as forças, mas disse que a mancha do hematoma já saiu e não ficou cicatrizes.

— Foi uma encenação, nem foi tão forte.

— Sinceramente, você precisa pensar um pouco mais antes de agir. Crie o costume de o fazer antes de encontrar sua esposa.

— Se eu voltar a encontrar um dia.

Sempre que o assunto se voltava para a relação que colocou Toji ali em primeiro lugar, Cérbero pensava que aquilo era o mais próximo de um humano comum que Toji Zenin chegava. Como alguém que perdeu alguém importante um dia podia sentir empatia com aquele sentimento.

O assassino de feiticeiros é um babaca na maior parte do tempo, mas esperava que as coisas acabassem diferente para ele.

— Isso não vai acontecer enquanto aqueles dois ainda estiverem respirando não é? — Cérbero limpou as mãos num guardanapo e em seguida bateu no ombro de Toji — Vamos, conheço um lugar onde você pode treinar um pouco.

— Quem disse que eu preciso? — respondeu.

A besta tirou algumas notas da carteira e jogou na mesa — Antes de voltar para sua esposa, trabalhe nessa personalidade também.

Toji arregalou os olhos por um segundo, surpreso com a fala de Cérbero, sem perceber um sorriso puxou o canto dos seus lábios, em seguida progredindo para uma risada. O homem se ergueu e puxou o casaco da cadeira o jogando sobre os ombros, enquanto os passos seguiam pelo mesmo caminho que o mais velho fez.

— Esse cachorro já não tem mais medo do perigo.












N/A: Ta chegando no fim do arco do Toji! Juro, não me abandonem! 

Por esse motivo a querida [Nome] ta voltando a dar as caras.

Enfim por hoje é isso!

Obrigada por ler até aqui, até a próxima! Xx

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