Veredito
A cidade da inscrição parecia bem mais um cemitério aberto, faltando pouco tempo para o fim dela, o cheiro nauseabundo de morte pairava no ar e os corpos abertos estavam expostos para quem quisesse ver.
Os prédios eram velhos, cinzas, mofados, não era realmente um lugar para se viver, mas sim um local de desova. Toji franziu quando o vento trouxe mais do ar insalubre até seu nariz, os passos ecoavam no silêncio noturno. Uma camada de sangue e entranhas faziam seus sapatos de agarrarem ao chão. Atravessar aquela avenida única era por si só um desafio.
Como autoridades nacionais não isolaram o local, é um mistério. Considerando a quantidade de dinheiro que roda no submundo jujutsu não iria o impressionar se a causa da invisibilidade fosse a propina paga aos governantes.
Sons chegaram aos seus ouvidos, e logos pessoas saíram das ruas transversais. Dois homens corriam, mas antes de chegarem a avenida principal que estava, uma maldição surgiu. Aqueles que fugiam de repente foram divididos no meio ali mesmo e arrastados de volta a escuridão entre prédios.
No canto de seu olho viu um brilho vermelho e então percebeu que a avenida vazia não era uma coincidência.
Rapidamente desviou do tiro disparado em sua direção de escondendo numa das muitas ruas laterais. Eram ali nas sombras dos becos ao redor da rua principal que ficava a última etapa da jornada até a Tártaro.
Um labirinto, é isso que estava escondido. Maldições eram a atração principal, uma vez que as pessoas que ali já estavam se encontravam mortas. Muitas das criaturas sequer prestaram atenção no assassino de feiticeiros, apenas continuaram profanando os corpos ali jogados. Os caminhos em si eram mais problemáticos do que os supostos perigos.
Toji olhou para cima, a lua estava escondida, sequer conseguia se orientar.
— Aquela pessoa não me avisou sobre isso — resmungou pensando que Perséfone poderia também ter provido um mapa do labirinto, já que estava sendo tão prestativa, talvez a omissão dessa parte do desafio fora sua vingança.
Teria que confiar em seus sentidos, se guiando pelos sons e atento aos seus arredores. Se livrou das maldições no caminho sem dificuldade, e quando o caminho começou a se tornar mais limpo, enfim encontrou alguém vivo.
O espaço era relativamente maior quando comparado com as vielas que esteve andando, não devia caber mais que três carros alinhados e considerando ter apenas uma saída, podia se dizer ser o último estágio.
— No fim você realmente chegou até aqui, por um lado estou feliz já que posso acabar com você por minhas próprias mãos.
A situação parecia proveitosa demais, teria a chance de enterrar um dos seus três alvos ali mesmo. Sentia seu interior se agitar de excitação, ele o confrontou primeiro, seria uma desculpa boa o suficiente para que Hades não desconfiasse dele, certo?
— Ainda chateado pelo tiro? — disse com voz debochada.
Minos riu e tirou uma arma da cintura, andando em direção de Toji a apontando — Tiro, acha que foi só pelo tiro? Você me humilhou, na frente de Hades.
— Se quer uma desculpa espere sentado — o assassino de feiticeiros bocejou e em seguida coçou a lateral da cabeça — se um de nós tem um motivo para ter alguma chateação sou eu.
— Claro, a vadia da sua mulher — disse um sorriso doentio se absinto no rosto —, é uma pena que Minori não tenha acabado com ela. Seria um verme a menos no mundo, o assassino de feiticeiro ficou tão afetado por perder sua buceta preferida que entrou na Tártaro.
Minos girou a arma — Não, não é só por isso. Você quer vingança. Eu sabia, disse para Hades que você tinha algum plano, mas aquele imbecil com todo complexo de Deus dele se acha completamente intocável.
— Parabéns, quer um biscoito? Já que descobriu meu plano, não posso deixar que saia daqui não é? Se bem que não era meu plano desde o começo.
— Que coincidência, penso o mesmo.
Tiros foram disparados, mas sequer chegaram perto de Toji. Era claro que a intenção de Minos era manter o assassino de feiticeiro longe. Por isso as armas de fogo, era digno de pena saber que as vontades do homem eram apenas um capricho, um ego ferido.
Por esse motivo, Toji pensou estar fazendo um favor o libertando daquela existência insignificante.
Tudo que precisou para acabar com aquela cena patética foi o momento de trocar o cartucho da arma. A lança então foi arremessada acertando em cheio o peito do homem o corte foi limpo, atravessou o corpo do homem como papel.
Toji se aproximou, arrancou a arma da mão do idiota e segurou com força o ombro de Minos, ouvindo os ossos se quebrarem com a força aplicada. Sangue vertia da ferida, um engasgo desesperador por ter o pulmão também perfurado. Ele queria respirar, mas tudo que saia era um soluço seco misturado com um ofegar falho.
Toji estava com o rosto próximo ao do homem e ainda se inclinou para dizer em seu ouvido.
— Você é um tolo — a mão firme girou a lâmina aumentando a agonia —, sua morte estava definida no momento em que se meteu no meu casamento, a estupidez ignorante apenas adiantou tudo.
Em seguida puxou a arma, o corpo pendeu e caiu de joelhos em sua frente. Ainda vivo.
— Eu poderia deixar você sangrar até morrer, o que não vai demorar muito — comentou se afastando.
A lua então escondida atrás de nuvens apareceu, seu brilho prateado iluminando as costas da silhueta e refletindo na lâmina nua uma sentença de morte.
— Mas não estou com paciência hoje.
Minos, que havia entrado no esquema tortuoso de Hades por ganância, teve gravado como última memória enquanto vivo os olhos raivosos do assassino de feiticeiros. Uma esmeralda venenosa envolto em sombras.
Talvez esse fosse o verdadeiro deus da morte.
A lâmina rompeu o ar de maneira silenciosa, e o único barulho que seguiu em seguida fora da cabeça que caíra no chão.
O corredor iluminado era a única coisa que o separava das inscrições, não se preocupou em tirar o sangue da do metal, a trilha vermelha o seguiu até o final. Uma porta abriu automaticamente, passando por ela sentiu os olhos grudarem em sua figura, não se importava, havia crescido com olhares como aquele.
Andou até um balcão branco disposto bem no meio, ele se perguntou se aquele lugar ficava no subterrâneo por não parecia nada com a cidade fantasma que vira antes. Tirou o convite que Hades entregou do bolso e colocou no último espaço disponível.
Nesse momento um sinal tocou sinalizando o fim das inscrições, e o último participante da Tártaro.
N/A: Obrigada por ler até aqui!
Me deixe saber seus pensamentos! Só assim posso manter a qualidade da história.
Até mais, Xx!
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