Verdades Mortas



— Ainda não tenho certeza se é uma boa ideia.

Após abrir a porta do carro e segurar o apoio para conseguir sair do carro, olhei para Toji com olhos semi-cerrados.

— Tenho pernas para andar, não é como se a minha condição me fizesse ficar de cama.

O homem abaixou os olhos, parecendo morder a língua para não soltar uma resposta rápida e mal-criada — Já que é tão inteligente, deve saber que podem acontecer acidentes.

— É por isso que você é o guarda-costas, se algo acontecer é culpa sua — coloquei a mão em seu ombro e andei para longe. O deixando para dar qualquer retruque mentalmente.

Após a pequena visita de Perséfone, e carta cheia de revelações, os dois homens — Toji e Cérbero —, trabalharam para marcar o encontro.

Ainda parece surreal, Nichiro Suneya. Faz muito tempo que não escuto esse nome. Depois que Minori fugiu e eu fiquei presa naquela casa de merda, só havia uma pessoa que realmente se importava comigo.

Nichiro ensinou como eu podia me defender, mesmo que as correntes limitasse meus movimentos. Fora a senhora que um dia chamei de avó, ele fora o único que me mostrou alguma gentileza durante os anos de juventude. Por pena, ou vontade verdadeira nunca soube dizer.

Já devia ter meus quinze anos, ou algo próximo a isso, quando o vi ser morto na minha frente. Ou pelo menos achei que foi.

Não teria entrado no submundo jujutsu sozinha, naquela idade a probabilidade era ainda menor, meu tio me apresentou uma maneira de fazer dinheiro. Pegava os serviços e me levava junto, sempre escondido do restante da família, na calada da noite e nas horas onde as maldições espreitam. Até que um dia, o serviço foi demais para nós dois.

Uma grande cicatriz na altura do tórax, uma respiração entrecortada e um corpo que caí morto depois de gritar para eu fugir. Essa era a última lembrança que tinha, e agora o homem se apresenta na minha frente muito vivo.

Kon, que estava nos esperando na frente do local de trabalho de Perséfone nos guiou para uma sala, o teto alto, paredes brancas repletas de mármore e esbanjando luxo até ao rodapé. Um lugar realmente digno de uma deusa, da primavera e do submundo.

— [Nome]! — Taleyah exclamou assim que me viu, fazendo os outros dois que estavam na sala se virarem para a porta. A garota se aproximou com passos rápidos, mas se tornou cuidadosa quando abraçou minha lateral.

— Parece que você cresceu — coloquei a mão nos seus cabelos rosados vibrantes.

— Também acho! — ela fechou as duas mãos em punho — Ainda vou ficar mais alta que você.

— Duvido disso.

Tale se inclinou para o lado para ver que Toji estava atrás de mim, fazendo uma careta — Ah, você também veio.

— Jovem Pinxie afiada como sempre — Cérbero aprovou com a cabeça e um sorriso a fala torta disse para Toji.

— Vocês certamente fazem um grupo peculiar — Perséfone disse —, mal posso imaginar que tipo de aventuras tiveram na Grécia.

— Não tanto quanto você que parece ter um morto ao seu lado.

Nichiro manteve os olhos na minha direção, mas nada disse. Sua feição estava séria, e até mesmo temerosa, ele se levantou em silêncio se virando e caminhando em nossa direção. Nesse instante coloquei Taleyah de lado e Toji entrou na minha frente bloqueando o caminho do meu tio.

— Parece que vocês tem alguns assuntos de família para resolver antes da conversa séria — a mulher disse se preparando para se retirar — se divirtam e não destruam minha casa.

Cérbero e Kon foram com elas, Pixie também me deu um olhar nervoso e saiu. Restando na sala apenas três.

— Você não tem nada a ver com isso, Zenin — Nichiro avisou.

— Na verdade, estou em horas de trabalho, não posso sair do meu posto assim.

Muito raramente, até que Toji sabe falar a coisa certa, encarei o mais velho por cima de seu ombro, mantendo os braços na frente do corpo.

— Você pode falar de onde está — anunciei — vi muitos eventos peculiares acontecendo para não saber que reencarnações jujutsu são geralmente acompanhadas de maldições.

— Para isso eu teria que morrer primeiro.

— Estava bem morto pelo que me lembro — retruquei em seguida.

Toji virou o rosto de perfil para mim, me encarando com o canto de olho. Aparentemente checando minha condição, mas no momento que seus olhos se chocaram com os meus uma fagulha iluminou as íris esverdeadas, reconhecendo em mim, não a dor, mas sim, a fúria de estar sendo enganada em relação à verdade por tanto tempo.

Meu tio fechou as mãos e respirou fundo, seus punhos se abriram e ele levantou a camisa para mostra uma enorme cicatriz em relevo, não parece ter se curado como devia por estava disforme, havia também uma parte de pele mais escura que parecia ser um enxerto.

— Estive a ponto de ser levada por ela — explicou —, se estiver disposta a ouvir, posso contar a minha parte da história.

Confesso que a atual condição não é muito favorável para que eu fique de pé por uma quantidade tremenda de tempo, então mesmo que não quisesse aproveitar os sofás luxuosos do imóvel, foi obrigatório.

— Naquela época, Hades estava começando com a Tártaro buscava aqueles que não tinham mais nada a perder nas ruas e dava uma chance de ganhar dinheiro e poder, lutando na arena. Um dos agentes dele estava de olho em mim a algum tempo e quando o acidente aconteceu, fui levado para ele. Me mantiveram vivo a custo de serventia.

Nichiro apoiou os braços nos joelhos de curvando para frente — Se bem pagos, é possível conseguir qualquer tipo de informação. Soube que estava bem, que continuou os serviços... Que não precisava mais de mim.

— O mal do ser humano é pensar que pode dar nome aos sentimentos dos outros — interrompi —, é claro que continuei. O que eu poderia fazer? Nunca teve outra opção, chorando ou vivendo um luto que foi falso, faria qualquer coisa para me tirar daquela casa maldita.

— Até mesmo se casar com um estranho?

— Se fosse uma escolha puramente minha, talvez — retruquei — mas nem sobre essa parte da minha vida tive opção. O que veio depois e até mesmo agora, não posso falar muito. Pois foram escolhas minhas, tolas ou não, partiram das minhas vontades.

Girei a aliança dourada, mantida no dedo a pedido de Hatsu — Fiz um tumulo para você, sabia? Nos fundos da casa, atrás da árvore de cedro.

Deixei a frase ecoar, as lembranças da época que Nichiro me esperava atrás dela para partir em um trabalho começaram a fluir pela minha mente.

— Hades podia ter sua alma, mas nunca cortou a sua língua. Nunca quis voltar a me encontrar, e se não fosse toda essa situação talvez morreria sem saber. — olhei para Toji — Pelo menos essa verdade você revelou.

— Não precisa me agradecer.

— Não está nos meus planos.

Meu tio se ajeitou — Você está certa, sobre tudo. Não busco seu perdão, pois não o mereço. Mas me deixe ao menos ajudar com a questão de Minori, há muitos... Segredos no sangue Suneya e suas origens, desde que se dividiu do ramo principal da família Kamo.

— Faça o que quiser, realmente não me importa. Meu tio continuará morto, mas não posso recusar um aliado.

— Que assim seja.

Ainda estava um pouco insegura com sua história, porém, parecia crível. Me resta observar seus movimento e verificar se suas contribuições serão verdadeiras ou não. O outro grupo que se separou para a "conversa familiar" parecia estar escutando atrás da porta, pois assim que ela terminou eles voltaram para sala.

Perséfone não fez cerimônia para se sentar ao meu lado, dizendo palavras doces e falas como "parece que você está ainda mais bonita" ou "talvez a verdadeira deusa seja você". Por mais que seu flerte não tenha efeito prático, é divertido ver a cara de desgosto que Toji faz, então aproveitei o momento.

— Essa reunião não foi o motivo principal pelo qual os chamamos aqui — Kon iniciou o assunto sério — os mesmo dois que estamos tentando rastrear há meses voltaram a se movimentar. De maneira identificável.

— Minori e Corvo parecer estar começando a ficar desesperados, pois de repente se tornaram desleixados.

— É estranho alguém que foi sempre cuidadoso de repente começar a se mostrar, por mais que seja um erro — comentei —, parece ser mais uma isca.

— E é exatamente isso — Perséfone deitou a cabeça no meu ombro — onde você esteve toda minha vida? Parece que é verdade que as flores mais raras são as mais difíceis de achar.

— Foi com esse tipo de frase pronta que você manteve Hades na linha? — Toji perguntou — Ele era mais idiota do que eu pensava.

— Relações de poder não se cria só de falas — ela disse com um sorriso cínico puxando o canto dos lábios —, se tivesse entendido isso não estaria tão... Frustrado. De várias maneiras.

A feição de Toji se tornou rija — Havia me esquecido o quanto te odeio.

— Fico feliz em lembrar, e o sentimento é mútuo.

Cérbero escolheu ignorar toda aquela conversa e se voltou para Kon — Se sabemos ser uma isca, o que vamos fazer?

O ex-detetive tirou duas fotos de dentro do paletó. Era Minori e Corvo, juntos, minha irmã mais parecia um corpo. Amarate provavelmente sugando até a última centelha de vida de dentro dela, enquanto o outro ainda parecia estar de recuperando de seu último encontro com Toji.

— Fingir morder.







N/A: Obrigada por ler até aqui!

Abre o olho Toji, Perséfone vai levar tua mulher! Embora eu ache que alguns de vocês realmente queiram isso hahahaha.

Até mais, Xx!

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