Selvagem


Toji sabia que a intimidava, por mais que sua conversa estivesse fluindo, viu por trás de seus olhos brilhantes um receio escondido. Mas mesmo assim ela se mantinha desafiadora e firme a sua frente.

E a faca cautelosamente surrupiada do casamento também estava por perto. Ele estava ocupado demais prestando atenção nos lábios carnudos se mexendo enquanto ela falava, de todas as coisas que aquela família tinha feito, arrumar uma esposa verdadeiramente atraente foi a melhor delas.

-Vai conversar comigo ou vai perder o resto do tempo olhando pra minha boca. – essa frase com certeza ele ouviu.

Desviou o olhar para seus olhos, afiados e lustrosos – Estamos conversando – respondeu – Você está falando e eu ouvindo, achei que mulheres gostassem disso.

-Continue achando que eu sou como as outras e aquele talher de prata vai ter algum uso afinal.

-É mesmo? – o movimento foi rápido, até mesmo para ela, num segundo se viu sendo carregada para fora do quarto ele havia a jogado no ombro e estava a carregando para algum lugar.

-Qual é o seu problema? – [Nome] deferiu alguns golpes nas costas dele, não que fosse fazer muito julgando pelos músculos firmes que se tencionava sob suas mãos. Ele andou até a parte de trás da casa. Era um espaço aberto de terra batida e nada além da iluminação da lua.

-Vamos lá – Toji a soltou de repente fazendo com que suas costas batessem no chão. Um pouco de poeira devido ao chão seco se levantando. Se afastou com passos arrastados enquanto parecia alongar os braços.

-Não é como as outras, certo? – disse, seus cabelos tão escuros pareciam refletir um brilho azulado. O sorriso debochado no rosto dele fez com que o sangue dela fervesse, batendo as mãos nas roupas e se levantou enquanto ele parecia ponderar a respeito de qualquer coisa e parecendo se decidir continuou - Vamos testar.

Então Toji colocou as mãos na frente do corpo numa posição clássica de luta, uma das pernas para trás mantendo o equilíbrio e punhos próximos ao rosto. A mulher não levou aquilo a sério no começo, mas a chamada com a mão em sinal de chacota fez com que percebesse que ele estava falando bem sério.

[Nome] passou a sola do pé pela terra, estava descalça, afinal, algo no fundo da sua mente gritava que aquilo era ridículo mas outra parte estava extremamente curiosa para saber mais sobre as habilidades do homem, afinal ele havia a bloqueado e desarmado mais cedo. Talvez fosse um bom momento para que pudesse avaliar suas habilidades.

Lançou-se na direção dele, afinal era isso que ele esperava dela e como esperado foi bloqueada.

-Nada mal – ele tombou a cabeça para o lado enquanto mantinha o braço levantado impedindo que o punho da mulher alcançasse seu rosto. Num movimento rápido pegou seu pulso fino, se virou e a jogou por cima das costas, [Nome] virou e bateu com as costas no chão – novamente – com um baque surdo e levantando uma pequena nuvem de poeira. Um resmungo de dor automaticamente deixando sua boca.

Toji a olhou, um olho fechado a expressão de dor e os dentes prendendo o lábio inferior. Sorriu diante da visão que tinha – Já disse para parar de se apoiar na perna esquerda.

[Nome] resmungou e se sentou, vendo que ela parecia frustrada o homem lhe ofereceu uma mão a fim de a ajudar a levantar. Ela encarou sua mão estendida e em seguida ergueu o olhar para seu rosto, aceitou a ajuda, mas ao invés de se deixar levantar por ele, chutou-lhe o joelho o puxando na direção do chão e usando a vantagem da surpresa prendeu suas pernas ao seu redor o imobilizando no chão.

– Sempre quis tentar fazer isso – comentou perigosamente próxima ao ouvido dele mantendo o tórax pressionado as suas costas – Mas não é o tipo de coisa que se pode fazer com uma maldição.

Sua nova esposa era astuta daria esse crédito a ela, quase se deixou rir, a acertou na costela e se livrou do aperto no pescoço e com um impulso os girou a fim de que invertessem as posições, ficando por cima dessa vez. Os braços presos acima de sua cabeça e o homem praticamente montado em sua barriga, [Nome] soprou algumas mexas de cabelo que caíram sobre seu rosto, fazendo uma careta emburrada em seguida.

-Como você consegue se mexer assim? – ele saiu de cima dela se levantando e a ajudando de verdade em seguida, sem truques.

-Acho que foi sorte – bateu as mãos uma contra a outra se livrando do pó e retomando a posição, dessa vez quem atacou foi ele. Ela desviou e quase conseguiu acertar um contra-ataque, Toji chutou sua coxa desequilibrando e imediatamente se virou passou os braços pela sua forma a prendendo pelo pescoço.

-Morta, pescoço quebrado – disse a soltando da imobilização – Tem certeza que é a mesma pessoa que me atacou n-

Não teve tempo para responder, [Nome] avançou em sua direção numa velocidade diferente de antes e com uma força maior. Então a ficha dele caiu, ela se deixou levar para que lesse seus movimentos, dessa vez teve que se defender de verdade e bastou uma mísera brecha para que ela a acertasse no estômago.

Pela primeira vez em algum tempo ele teve que recuar um passo.

-Você estava fingindo – comentou – Não podemos forjar nosso casamento na base de mentiras.

[Nome] deu de ombros – É um jeito de encarar a situação, prefiro o conceito de estudar o oponente e montar uma estratégia válida. – ela fez um bico de deboche - Não leve para o coração, querido.

Ela teria continuado se não tivesse se virado num susto para observar algo na distância, as terras da família Zenin era cercada por uma floresta densa então no horizonte não existia nada além de terras inabitadas, [Nome] cerrou os olhos num ponto específico.

-Tem proteções nas fronteiras? – perguntou sem voltar o rosto para Toji.

-Talvez – respondeu cruzando os braços atrás da cabeça e mantendo um tom desinteressado, não se importava – Porque?

[Nome] olhou para ele e em seguida saiu andando numa direção desconhecida – Me siga.

O homem a olhou de cima a baixo, franzindo o cenho na direção por onde a companhia saiu andando. Não era uma jogada muito inteligente sair caminhando pelos terrenos dessa maneira principalmente a noite, soltou os braços ao lado do corpo e se vendo sem ter uma segunda opção a não ser segui-la se colocou-se a andar.

Cada vez mais ela se afastava do lugar que eles chamavam de casa, apenas para entrar na parte abandonada da propriedade. Por mais que ela nunca tivesse andado por ali parecia se guiar pelas ruas com certa maestria, o que fez com que ele se questionasse.

-O que você está fazendo? – a mulher que agora andava a poucos passos à sua frente. Ela parou e se virou, o rosto sério porém os olhos levemente preocupados.

-Abrindo a porta. – foi tudo que disse. Ela só voltou a parar quando se deparou com as árvores cobertas pela escuridão da noite, o verde parecia mais escuro e o balançar das folhas era a única coisa que ouvia.

Ela estava ali, tinha certeza disso.

Sem esperar mais um segundo, [Nome] entrou na mata sem ligar para as pequenas pedras e galhos que machucavam a planta de seus pés. Enquanto isso, Toji observava suas costas com atenção, sua esposa andou mais para dentro da floresta desaparecendo no véu de sombras que tomava o local.

Ainda ouvia seus passos sobre as folhas secas, mas quando eles pararam se perguntou se deveria fazer algo. Alguma ave noturna fez um barulho acima de sua cabeça o fazendo desviar os olhos da mata apenas por um instante, e quando voltou seu olhar para frente, [Nome] já estava de volta ou pelo menos algo que se parecia com ela.

Sem ter feito qualquer tipo de som, ou anunciado sua presença.

Um dos olhos tinha um tom de laranja vivo, como brasa, e metade do rosto tinha uma série de inscrições antigas. Melhor reparando, metade de seu corpo já que as marcas se estendiam por toda extensão de seu braço passando pela parte do abdômen à mostra e chegando aos pés descalços.

Mas o que chamou a sua atenção foi o meio sorriso distorcido no rosto, ela deu alguns passos se apresentando a luz da lua. As marcações brilharam por um segundo antes de voltarem a ficar com o tom de nanquim.

-Quem é você? – perguntou.

A figura a sua frente riu antes de levantar os olhos para ele, deixando a pupila em formato de fenda propositalmente à mostra. Quase sentiu o vento dançar ao seu redor à medida que [Nome], ou quase, se aproximava.

Então dos lábios distorcidos com um tom mais fino se sobrepondo a voz firme e elegante da mulher apenas uma palavra foi dita.

- Kiran.





N/A: Olár! Tudo bom?

Como prometido, essa fic será regular em breve! * clap clap * Porém sem data, ainda to arrumando a casa.

Colocando um capítulo aqui pra dar mais um gostinho do que vos aguarda, lembrando que é um [SLOW BURN] então não criem expectativas dos personagens se relacionarem tão cedo.

É isso, espero que tenham gostado.

Até mais, Xx

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