Retrabalho
[Nome] acorde!
Era Kiran gritando comigo, havia energia amaldiçoada fluindo novamente pelo meu corpo. Abri os olhos rapidamente apenas para fechá-los devido à claridade, assim que consegui os firmar a imagem, a kitsune surgiu em minha frente.
Havia um certo pânico dos olhos de Kiran que eu não me lembrava de ter visto antes, as caudas se movimentavam em direções diferentes numa dança caótica.
— Ande, se levante e acorde seu macho. Tem humanos atrás de você.
— Não podem simplesmente aparecer e me dar ordens Kiran. Onde você esteve todo esse tempo?
As pupilas em fenda se estreitaram e seu rosto foi tomado por seriedade, e pela primeira vez em anos que mantivemos um contrato a raposa desviou os olhos. Teria questionado mais se passos apressados soassem no corredor.
Droga.
Tirei o braço de Toji de cima de mim, dando uma cotovelada não muito agradável em seu corpo visando o acordar. Batidas agressivas alcançaram a porta, tinha motivos para acreditar que a maçaneta fraca não aguentaria muito tempo.
— Kiran conseguimos fazer o selo de viagem? — perguntei me forçando a levantar. Toji estava com os cabelos bagunçados e apenas um dos olhos abertos. Parecia confuso e tinha na expressão uma característica cara de sono.
— Preciso de alguns minutos — a yokai me respondeu — Se você tivesse acordado antes não teríamos que correr.
Não tinha energia para discutir com a criatura naquele momento.
— O que está acontecendo?
No momento em que Toji perguntou, as dobradiças da porta desistiram de cumprir suas funções. A madeira caiu no chão com um estrondo levantando um pouco de poeira deixando pelo batente três homens altos de ombros largos. Vestiam ternos desgastados e pareciam ter saído direto de um filme de gângster dos anos 80, nas mãos tinham bastões de madeiras e jurei ter visto até mesmo um cano de metal.
O tempo pareceu passar em câmera lenta, eu e Toji nos olhamos e logo em seguida tive que desviar de um ataque. Não eram maldições, mas não me impedia de usar os poderes de Kiran, as inscrições marcaram a minha perna esquerda servindo como um bom reforço.
Acertei a nuca do homem com o cotovelo, fazendo com que se desequilibrasse em seguida girei e o chutei na direção de Toji.
— Todo seu.
Gritos ecoaram como se eles estivessem partindo para uma guerra — e talvez realmente estivessem — um segundo homem correu para ajudar aquele que estava ao lado do meu marido.
Desviar a atenção poderia ser algo perigoso.
Abaixei-me quando o último girou o cano para me acertar no rosto, o metal bateu na parede, mas o movimento rápido me fez sentir uma fisgada na altura do abdômen. Tinha certeza que pelo menos alguns pontos haviam estourado, mordi a parte de dentro da minha bochecha em seguida. Empurrei o homem com o ombro erguendo os braços para me defender de um segundo ataque, as inscrições migraram da perna para meu braço e assim que o cano bateu na minha pele girei o pulso tomando a arma do paspalho com um puxão.
Meus dedos seguraram com força o cano enquanto o balançava num movimento cruzado, som de ossos se chocando ecoaram no momento que acertei seu maxilar. Senti algo escorrendo pela minha perna confirmando as minhas suspeitas anteriores, o ferimento reabriu.
Soltei o cano e peguei as mochilas, já estava toda fodida mesmo — não no sentido prazeroso da palavra — só me restava engolir a dor e sair dali logo. Pressionei a ferida na intenção de estancar um pouco o sangue, mas era mais fácil pensar que fazer.
A porta do cubículo chamado banheiro teria de servir, as inscrições apareceram e o que vi quando voltei a abrir foi o meu quarto de volta no apartamento. O que não vi foi um último homem parado no corredor pronto para me abater, ele era maior que os outros então segurou pelo pescoço no momento que se aproximou. Não consegui reprimir o grito de dor quando minha cabeça bateu com força na parede ao lado da porta, minhas mãos seguravam o seu pulso com as unhas praticamente lhe rasgando a pele, mesmo assim ele não fez menção de soltar.
Não havia muito o que fazer, a não ser usar o golpe supremo que uma mulher poderia ter.
No momento em que minha canela acertou o que ele tinha no meio das pernas senti meu corpo ir ao chão, tossi buscando por ar sentindo os olhos arderem com isso. Uma garrafa foi arremessada de onde não consegui ver, vidros e o restante da bebida que tinha dentro dela se espalharam num instante e tão rapidamente quanto isso o quarto atacante foi lançado para trás com um chute poderoso. Ele bateu contra a parede e escorregou até o chão completamente desacordado.
Do lado do meu apartamento Taleyah apareceu abrindo a porta assustada com todo o barulho — [Nome]!
O homem desconhecido vira o meu truque, não poderia colocar o apartamento em perigo. Era o único lugar que considerava seguro, com as mãos trêmulas alcancei a minha bolsa e tirei de dentro dela a única arma humana que tinha. Confirmei as balas no cartucho e girei a trava de segurança, não valia a pena arriscar o que eu tinha por uma vida, uma que tentou me matar e com toda a certeza trabalhava para Mundi.
Um único disparo foi feito.
Toji pareceu surpreso pela minha frieza, mas ainda assim, havia aquele familiar brilho afiado que costumava nascer em suas íris quando lutávamos entre nós.
Taleyah me segurou pelos ombros e me puxou enquanto Toji jogava as mochilas para dentro e fechava a porta. O selo de Kiran enfim se desfez.
— O que aconteceu com você? O que eu faço, o que eu faço? — a garota andava de um lado para o outro completamente em pânico puxando os fios curtos e rosados da cabeça. Nisso Toji deu um passo para me ajudar, mas Taleyah entrou na frente esticando os braços num ato de proteção.
— O que você está fazendo pirralha?
— Que garantia tenho que não foi você que fez isso com ela? Pode muito bem arrancar o coração de [Nome] e entregar pro seu chefe, assassino de feiticeiros!
A situação seria cômica se eu não estivesse sangrando no meu próprio carpete — Está tudo bem. Tale na cozinha tem uma caixa de primeiro socorros, Toji me ajude a chegar ao banheiro.
— Mas...
— Se quer realmente ajudar [Nome] faça o que ela diga — Toji respondeu. Os dois se encaram por um instante, mas logo a mais nova saiu correndo e com alguma dificuldade sentei no vaso do meu banheiro, a respiração rápida e entrecortada com grunhidos de dor.
— Na primeira porta do meu armário tem uma garrafa de uísque — disse para o homem — Pega para mim.
— Quer realmente beber agora?
— Caralho Toji, só pega a maldita da garrafa!
Ele levantou as mãos e fez o que pedi, ainda que com uma carranca nada agradável. Puxei a roupa a arremessando no canto do box, era mais uma camisa que eu havia perdido.
A gaze estava completamente encharcada, trinquei os dentes e olhei pro meu teto por um instante. Não foram os pontos que estouraram, fora a minha pele que se rompeu. Bati o pé no armário da pia o abrindo e puxando de dentro uma toalha limpa.
Os dois voltaram ao mesmo tempo, primeiro peguei a garrafa da mão de Toji, mordi a tampa a cuspindo para longe e dando um longo gole em seguida. Pelo menos aquele parecia uma bebida de verdade.
— Tale na caixa tem algo que parece um grampeador e também um bisturi. — virei o rosto para o homem que estava de pé ao meu lado — Precisa cortar os pontos antigos e refazer a sutura, já fez uma fez consegue fazer de novo.
Toji tomou a garrafa da minha mão bebendo do bico e me devolvendo em seguida — Não garanto nada.
— Já é algo.
Os pontos antigos foram retirados com certa facilidade, mas na hora de usar o aparelho quase me senti como uma criança. Não conseguindo me manter parada sabia que doeria como um inferno, uma pinça segurava junta a pele e no primeiro clique senti a minha alma saindo do corpo e voltando.
— Puta merda! — estava ofegante, os dedos suando frio e se curvando tão fortemente que estavam começar a ficar brancos — Tire esse sorriso idiota da cara Toji.
O palhaço teve a coragem de rir — É a primeira vez que você fica assim, chega a ser fascinante.
— Vamos abrir um talho no seu estômago e costurar duas vezes, duvido que vai achar tão divertid-
Um segundo clique, feito propositalmente para interromper a minha fala.
O grunhido ficou travado nos meus dentes — Maldito, eu te odeio.
— O que estava dizendo?
Fiz questão de encarar seu rosto para responder — Termine logo com essa porcaria antes que eu mesma use para grampear a sua boca, ou pior.
N/A: Eles se pegam no pé, mas continuam fazendo tudo juntos. Enfim.
Atualização dupla, espero que gostem. Logo entramos no arco de Kyoto, com Minori, Amarate e a poha toda... E mais umas coisinhas quem sabe.
Até a próxima! Xx
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