O Que Somos (+18)
— O chão está um pouco escorregadio.
— Já está encontrando desculpas para a sua derrota? — Ergui os braços me alongando, contei até trinta e então ergui a perna segurando o tornozelo e sentindo o músculo se estender a ponto de doer.
— Estou avisando para você não dar como desculpa depois.
A sugestão que Toji deu outro dia foi colocada em prática pouco tempo depois, não havia tempo a perder. Quando a ferida do selo — retocada por Hatsu —, se fechou, me encontrei no fundo das casas com uma estranha sensação de déjà-vu. Memórias de uma cena como essa que estavam separadas por praticamente um ano.
Coloquei a mão na cintura e olhei para a floresta, ignorando a sua frase anterior — Não tem maldições, tem?
Toji seguiu meu olhar por um instante e em seguida seu rosto se virou para o meu com um sorriso venenoso — Com medo?
— Sim, da sua memória ruim — rebati sem me afetar — já passamos por uma situação parecida e coincidentemente foi quando ganhei a marca de Amarate.
— Engraçado, esse veneno todo não estava aí enquanto grávida — o homem se virou para ficar de frente para mim. Um fagulha acesa nos seus olhos verdes que fazia algum tempo que eu não via.
— Não queria que passasse para Megumi, agora ele está sendo paparicado pelas garotas, então está bem longe de ouvir as palavras especiais direcionadas para o pai dele — respondi com um sorriso.
Apesar de tudo, havia um sentimento de satisfação dentro de mim, uma liberdade provisória onde eu poderia fazer o que quiser com a pessoa me acompanhando, sabendo que não faria diferença. Sem me conter, dei dos pulinhos trocando o peso da perna, deixando a energia amaldiçoada de Kiran fluir dentro de mim e tomar meu braço, vinte por cento para começar, deve ser o suficiente.
— Me diga quando estiver pronta.
— Oh, vamos começar assim? — levantei o queixo — Pensei que ia ver seus nós soltos de shibari novamente.
Toji pareceu surpreso pela minha resposta por um instante, mas em seguida se curvou para frente pronto para avançar em minha direção com uma expressão lasciva.
— Isso pode ser arranjado.
— Tarde demais — respondi e saltei recuando para a floresta usando as árvores para fazer uma rápida movimentação e escapar do seu avanço.
Por longos meses tive me apoiar em apenas sentidos comuns para fugir, sem poder usar a ajuda da minha técnica amaldiçoada. Os sentidos afiados diligentemente se provaram ser bem úteis quando combinados com a minha força real.
As garras escuras de Kiran manifestas na minha mão me ajudaram a segurar nos troncos das árvores e manter uma altura enquanto Toji me perseguia, normalmente a intenção seria cansar o adversário pela movimentação. Mas para ele essa não era uma opção, creio que apenas aumentar a distância da casa e manter as crianças seguras era a prioridade.
Cravei as garras na árvore parando por um momento usando os pés de apoio, olhei envolta e não vi um único sinal do meu algoz.
— Até que treinar dessa maneira é divertido — comentei para o vendo sentindo uma súbita mudança no ambiente. Soltei a mão no instante que um ataque rompeu o tronco da árvore.
Com os pés fixos no chão de terra, olhei para cima. Toji sorria largamente, praticamente de orelha a orelha. Uma sensação de perigo despertou em mim acompanhada de um outro sentimento desaparecido por mais nove meses.
Mudei a minha postura tombando um pouco a cabeça para o lado mirando diretamente para as iris esverdeadas do meu marido — As coisas acabaram de ficar um pouco mais perigosas.
— Por que diz isso? — a voz dele ecoou pela floresta silenciosa de uma maneira quase sedosa.
— Parece que você quer me devorar — respondi.
— Não é mentira, faz algum tempo que estou faminto.
Senti um calafrio percorrer a minha espinha, o sentimento que percorreu meu corpo como um aviso foi o de excitação. Considerando os termos neutros em que nossa relação se encontra, ver um deslise acontecer não seria nenhuma surpresa.
Toji soltou da árvore caindo na minha frente — Disse mais uma vez que vou ser o que você precisa. Seja um guarda-costas, um marido, ou um cara para passar a noite. Pode conseguir esconder a maioria dos seus pensamentos de mim, mas não o desejo em seus olhos.
Deixei que ele se aproximasse, nossas mãos não se moveram, mas nossos corpos estavam próximos. A fumaça que se erguia por conta do frio se misturava e então desaparecia em seguida.
— Vamos ser sinceros [Nome]. Você não me perdoou, mas também não me odeia, vai me usar se for preciso e sabe que eu vou atender a qualquer momento, qualquer pedido.
Toji me puxou lentamente, a mão espalmada na base da minha coluna, forçando nossos corpos de encontrarem.
— Não fiquei meses atrás de você por culpa.
Um riso deixou meus lábios, incrédula abaixei a cabeça apoiando a testa no seu peito — Então naquela tarde, antes de Minori aparecer repentinamente percebeu que tinha sentimentos por mim?
— Não, foi depois de passar mais de dois meses te procurando e não desistir. Ser persistente com algo do tipo não faz o meu perfil.
Fechei a mão em punho — É engraçado, eu fugi, você me encontrou, passei a te odiar e você descobriu que me ama. Tenho uma maldição e a única pessoa que pode ficar perto de mim sem se afetar é você.
— E nós temos um filho — completou.
— Claro — levantei o rosto —, esse é o fato mais importante. Não é estranho para você?
— Relacionamentos longos nunca foram minha especialidade, então não sei dizer — sua testa encostou na minha —, pode ser estranho, mas não significa que é ruim.
Foi natural e consenso, no instante que nossos lábios se encontraram até mesmo o som da floresta pareceu desaparecer como se estive aguardando um desastre acontecer. É difícil dizer que estava repleto de saudade, que foi um beijo terno, foi intenso com emoções amargas guardadas durante o tempo afastados. Sem tempo para respirar ou recusar as carícias, Toji me envolveu em seus braços como se quisesse ter certeza que dessa vez eu não iria fugir.
Aos tropeços, com urgência, o homem me fez encostar numa árvore, movendo as mãos pela lateral do meu corpo encontrando apoio para me levantar e fazer cruzar as penas em sua cintura.
— Isso não devia ser um treino?
— Aumentar a estamina também é uma forma de treinamento.
Segurei seu rosto longe do meu — Estou um pouco em desvantagem aqui, pode estar certo sobre a vontade, mesmo assim ainda tenho meus princípios.
O riso rouca acariciou meu ouvido e um beijo estalado foi deixado na base do meu pescoço — Posso resolver isso.
Toji soltou minhas pernas e em seguida pegou minha mão, me puxando numa direção específica. Particularmente não tive tempo de explorar os arredores, então não sabia para onde ele estava me levando, mesmo assim o deixei guiar o caminho aproveitando o aperto da sua mão na minha.
A sensação de não estar sozinha é de certa forma reconfortante, independente da natureza excêntrica da nossa relação. Eventualmente de uma cortina feita de árvores robustas vi surgir uma névoa baixa no chão e então do meio da montanha uma piscina natural de água quente apareceu.
— Eu não fazia ideia que tinha algo como isso na montanha — comentei maravilhada com à vista. Havia uma borda de pedras cinzas que rompia o verde natural, conforme a brisa soprava levantava a coberta de vapor era possível ver a água cristalina e também o fundo da terma natural.
— Quando comprei a casa, também não. É um bom lugar para pensar.
— E outras coisas aparentemente.
— Isso vamos descobrir.
Não tinha segredo, enquanto ambas partes queriam e ansiavam por um contato mais íntimo, as roupas foram descartadas com casualidade. Parecia de algum modo natural apesar do tempo sem ver seu corpo nu. As marcas de Kiran desapareceram no caminho até ali, restando no corpo as mesmas cicatrizes que sempre tive, junto da marca de Amarate que por enquanto estava estagnada. Tomando um braço inteiro, uma parte do ombro até a base do pescoço e então descendo até a clavícula.
Toji traçou a marca com as pontas dedos, apoiando a mão na minha nuca e me puxando para ela. A água se agitou quando sentei em seu colo, sua boca cobriu a minha com calma como se o desejo maior fosse gravar cada pedaço meu em sua memória.
Um gemido soou baixo, quase escondido, quando seu sexo pressionou o meio das minhas pernas, fosse o vento fio raspando nos ombros descobertos ou a pele colada com a minha um calafrio subiu minha coluna. Não havia espaço entre nós, era difícil até mesmo dizer haver água, com os braços apoiados em seus ombros e lentamente, numa forma diferente de tortura, seu pênis deslizou para dentro de mim preenchendo por completo.
Havia algo de estimulante, e pervertido, no som da água se movendo a nossa volta embalado pelos murmúrios ditos contra a pele. Seios, costas, pernas, braços, pescoço, não houve um centímetro meu que ficou fora de seu alcance, em centro ponto Toji se levantou comigo no colo me forçando a sentar na beirada, posicionando a cabeça entre minhas pernas.
O frio não foi o suficiente para cessar o desejo e prazer ardente que trouxe tremores e estrelas aos olhos. Com o corpo arqueado, joguei a cabeça para trás, respirando fundo, mirando o céu de nuvens cinzentas e o topo de cor vibrante das árvores.
Havia algo de diferente nessa experiência. Uma sensação de ponto final.
Senti algo na minha batata da perna, uma dor afiada que me forçou a puxar e como consequência voltar para dentro da água, caindo de uma maneira bagunçada e deselegante.
A risada revelou o atacante, a cabeça molhada de Toji estava bem na minha frente e na minha batata da perna havia a marca perfeita de uma mordida.
— Jura? O que é você? Uma piranha?
— Continua perdendo os pensamentos mesmo quando seu marido está na sua frente dando seu melhor para te satisfazer.
— Desde quando é carente desse tipo de atenção? — reclamei jogando água em seu rosto.
Embaixo da água suas mãos buscaram meus braços, mas eu me afastei, boa coisa que poderia nadar sem precisar da força das pernas para me manter em pé. Sem desistir, o homem buscou meu tornozelo, conseguindo me levar para perto.
Os cabelos molhados cobriram seus olhos, mas não o sorriso, o calor do toque físico percorreu minhas dobras novamente. Eu não sei dizer quantas vezes fizemos, e duvido que essa seja a última.
Com o polegar acariciando e os dedos estimulando a entrada, dessa vez Toji penetrou com certa facilidade. Apertei seu ombro, pois ele não se moveu depois disso.
— Olhe para mim [Nome], pelo menos desta vez — pediu percorrendo as curvas da minha cintura, apertando a carne em minhas coxas com força ajeitando a posição para chegar num ponto ainda mais fundo.
Hesitei por um momento, mas afastei o rosto erguendo a mão para colocar os fios escuros e úmidos para trás, vi meu reflexo em seus olhos, também no anel dourado posicionado no dedo anelar. Tracei a lateral do seu rosto cobrindo sua boca.
— Não diga — pedi —, vai deixar tudo mais difícil. Quando tudo acabar vou te ouvir, mas não sei minha resposta.
Sem respostas, mas com uma promessa selada com a carne.
Quando voltamos para casa — muitas horas depois —, com as vestes úmidas ambos recebemos olhares de repreensão de Hatsu. Porém, nenhuma outra palavra foi trocada.
Na verdade, pouco tempo depois, Toji recebeu uma ligação de Kon pedindo para se encontrarem e naturalmente Cérbero o acompanhou. Certo momento depois do almoço me vi sozinha com Megumi em algum tempo, ele estava deitado no berço dormindo tranquilamente.
O quarto do bebê foi repentinamente tomado por uma presença.
Kiran apoiou rosto no meu ombro, olhando para Megumi por cima dele — Tem certeza de que vai fazer isso?
— Tem poucas coisas que posso fazer por ele agora — segurei a madeira do berço — não é uma escolha.
A kitsune se afastou e andou para o outro lado, as oito caudas dançando junto com seus passos, os olhos dourados brilharam quando se virou em minha direção.
— Vamos começar.
N/A: Fechamos o ano! *palmas palmas *
Muito, MUITO, obrigada por continuarem aqui. Sou leitora, eu sei que as vezes é difícil, nem sempre tá tudo ótimo, olhar a quantidade de capítulos desanima. Mas de verdade, vocês não sabem o quanto isso - escrever -, é importante para mim e ver o pessoal por aqui mais de 60 capítulos depois...
Só tenho a agradeçer.
Vejo vocês em 2024, como sempre, obrigada por ler até aqui. Amo vocês.
Boas festas, até mais, Xx!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top