Jardim Secreto
Toji se recusou a cumprimentar de volta, a própria razão de seus problemas estava parada em sua frente, três grandes cicatrizes rosadas decoravam seu rosto. Desde o couro cabeludo até o colo, apenas desaparecia quando coberta por suas roupas.
— [Nome] te deu trabalho.
A mulher levantou a mão mostrando as marcas escuras de hematomas nas mãos e braços — Sim, se eu já não conhecesse a morte tão bem poderia ter me levado ali mesmo.
Sem se preocupar, a mulher deu alguns passos para trás, pisando descalça sobre as entranhas úmidas de sua progenitora — Doze horas atrás, poderia te-los encontrado vivos sabe? Vim apenas fazer uma visita, mas a falação me tirou do sério.
— O velho nunca gostou de mim — ela parou para empurrar o rosto da mãe com o dedão do pé — na verdade, nenhum dos dois. Também não importa agora.
Seus olhos se voltaram para ele, cruéis e opacos — Onde está a idiota da minha irmã?
Então era por isso que ela estava aqui, saber que Minori não tinha ideia de onde [Nome] estava é uma boa notícia. A trazer até aqui só mostrava o quão desesperada estava, se tivesse que dar um palpite diria que tem algo a ver com sua aparência esquelética.
Incompleto seu corpo não podia comportar Amarate. Parece que a maldição dos gêmeos no mundo jujutsu era mais verdadeira do que pensavam.
— Ah, é verdade — a mulher mesmo respondeu sua pergunta —, vocês estão com uma pequena crise, não é? Também não têm ideia onde a esposinha está.
Minori cruzou os braços na frente do corpo — Para ser sincera, se fosse eu também iria pedir o divórcio, a entregar seu grande amor para a morte é algo realmente deplorável.
Não esperou que uma nova palavra saísse de sua boca, Toji avançou em sua direção a lâmina raspou em seu ombro abrindo um corte. Para alguém tão debilitado ela certamente tinha agilidade, para não ter sido morta por [Nome] certamente devia ter algumas habilidades.
Foi nesse instante que desviou para a esquerda e três grandes talhos apareceram na parede de madeira, não era uma criatura qualquer.
— É o segundo que desvia da minha maldição hoje — ela certamente não estava feliz —, quando foi que matar pessoas ficou tão difícil?
O padrão de ataques eram diferentes da família morta no chão, então quem mais ela teria visitado?
Talvez pessoas normais não teriam pensamentos tão distantes passando por suas cabeças, mas Toji não era qualquer um. Apesar de ter falado, Minori sabia que o assassino de feiticeiros não seria derrotado tão facilmente, enquanto lutava com a força invisível ao seu redor ela o observou. Ele lutava com precisão, o rosto sério, certamente fazia o gosto de sua irmã.
[Nome]... Ela esteve a um passo de a matar, mas não o fez, estava com o rosto banhado em lágrimas e pode ver em seus olhos a alma quebrada. Minori não tinha dó, se possível a faria sofrer muito mais, se ela não tinha direito a felicidade, aquela que compartilhava de seu sangue também não tinha.
Nasceram para um único propósito, e era trazer a Imperatriz do fim de volta a vida.
Sentiu algo escorrer de seu nariz e pingar por seu lábio, após levantar a mão e ver a ponta dos dedos pintados de vermelho soube ter exagerado. Um dia inteiro desperdiçado por nada.
O velho Mundi já não confiava tanto nela e isso implicava na não colaboração, voltaria a falar com ele na hora certa quando tivesse as informações certas. Por hora achar a irmã era sua maior prioridade, precisava o fazer antes do que Toji. Não era tola, sabia que o motivo do homem ter vindo até a casa fora para tentar achar pistas do paradeiro da esposa. Minori não podia deixar isso acontecer.
Quando voltou a olhar para frente suas maldições haviam desaparecido, seu cunhado era realmente um monstro. O corte em seu ombro não doía, outras dores eram maiores, depois do que fez estava em perigo de ficar a menos de três metros do homem.
Enfrentar o assassino de feiticeiros no estado em que se encontrava era uma completa loucura. Só que ao contrário dela, Toji parecia estar bem empenhado em acabar com sua vida ali mesmo.
Se conseguisse acertar a lâmina no lugar certo, seus problemas não desapareceriam, mas ficaria mais contente consigo mesmo. Sim, Toji tinha consciência de que toda a merda que aconteceu era sua culpa, mas Minori tinha sua parcela de contribuição. Ter sua morte nas mãos o deixaria mais aliviado, ao menos por hora.
Foi então que o sangue derramando no chão se ergueu como uma cortina impedindo sua visão, jogou a lança buscando a acertar, contudo, assim que o líquido voltou a cair viu que a mulher havia desaparecido. Sua lança estava caída no chão, frustrado a pegou na mão buscando uma saída nos fundos, não seria inteligente sair pela frente da casa.
Na rua enquanto se esgueirava de volta a estação, passava na mente as informações que tinha.
[Nome] desaparecida, ninguém sabia sua localização. Mundi havia colocado uma recompensa gigante em cima de sua cabeça, além de ter de resolver a questão da criança rosa. Matar o velho iria tirar esse alvo de suas costas.
Minori estava a procurando, pelos mesmos motivos que tentou a capturar anteriormente. Usar o corpo de sua esposa para trazer Amarate, a imperatriz do fim de volta a vida. A princípio foi aquela que deu sua primeira missão: proteger [Nome] e a entregar num local específico numa hora específica. Usando Mundi de fachada para o trabalho, eles deviam possuir um acordo já que no submundo os serviços são regidos por contratos.
Seria uma dos motivos dela se interessar em seu novo cliente, levar informações válidas para o velho manteria seu acordo vivo. Por outro lado, também poderia ser apenas uma nova opção de aliado, dependendo de quem ela escolheria trair ou não.
O motivo deles precisarem encontrar Mundi, antes dela, era por forçar algumas condições que iria a tirar do radar. Ninguém podia tirar o anúncio a não ser o próprio contratante, ela poderia forçar as mesmas condições nele, mas não tinha garantia que o sucessor não faria o mesmo. Ele tinha, já que era seu cliente.
Para chegar ao topo, achar o juiz Minos e o deus Hades era essencial. Para isso Perséfone foi inclusa no grupo de busca. Kon cuidava da parte administrativa, e ele e Cérbero eram os agentes de campo.
Voltou a encontrar a besta na estação como combinado, suado e visivelmente nervoso, o mais velho quase deu um pulo quando Toji se aproximou.
— Falou com ele?
Ajeitando a gola da camisa social, ele respirou fundo — Droga, por que não se anuncia? Não sou jovem, posso ter um ataque cardíaco a qualquer momento.
Cérbero fechou o rosto quando não teve nenhuma reação da companhia — Não, ele não estava lá. O consultório estava completamente revirado, parecia que um animal esteve por lá.
Toji olhou para frente colocando as mãos nos bolsos — Garras marcadas nas paredes?
A besta se impressionou — Sim! Como sabe?
Então a frase que Minori disse sobre ser o segundo a escapar de suas maldições se referia ao Corvo. A mulher deveria ter ido atrás dele para também tentar ganhar informações sobre [Nome].
— Ei, não fique aí calado como uma estátua, conseguiu algo na sua parte?
Mesmo sem querer responder, o homem o olhou e soltou uma frase curta, porém de impacto.
— Encontrei Minori.
Cérbero quase tropeçou nos próprios pés, deixando o computado sequestrado cair no chão. Apertou o aparelho nos braços, olhando para os lados antes de ralhar com o mais novo.
— Como assim se encontrou com aquela pessoa? Era isso que queria desde o começo?
Ele respirou fundo irritado — Não, ela apenas estava onde eu queria ir, se o idiota bicudo fugiu quer dizer que ele sabia de algo.
Nesse momento Cérbero levantou a cabeça e vestiu um sorriso confiante no rosto redondo — Se ele souber de algo vamos descobrir. O Notebook dele está comigo, Kon tem os antigos parceiros com certeza vai conseguir algo.
Toji virou seu rosto para o encarar — Até que você pensa.
O mais velho ajeitou a postura e encheu o peito orgulhoso pelo — quase —, elogio que recebeu do assassino de feiticeiros.
— Somos uma boa dupla não é? Aposto que até mesmo o detetive vai ficar impressionado.
— Não exagere — Toji rebateu —, compre as passagens e vamos voltar logo. Já não tem mais nada para fazer aqui.
— Sempre o tom de ordem, se lembra que eu não sou um cachorro de verdade, não é?
— Detalhes.
A dupla retornou a Tóquio sem grandes dificuldades, Cérbero já havia contatado Kon e ele iria se encontrar com os dois ainda na estação para pegar o notebook. Ao contrário do assassino de feiticeiros, ele abriu a boca e elogiou pelas ações.
De imediato eles não houve nenhum retorno, nem de Perséfone e nem do detetive, na verdade, nas semanas seguintes não tiveram nenhuma informação nova. Nesse ponto, Cérbero estava tendo um pouco de dificuldade em controlar Toji enquanto os outros trabalhavam juntando informações. Inquieto, o homem sumia do apartamento com frequência. De acordo com ele, era apenas para andar, pensar, gastar um pouco de energia enquanto a inquietação tomava o melhor da sua mente. Fosse por uma hora ou pela madrugada inteira, nesses momentos sua única companhia eram as luzes da cidade.
O relógio que ficava no fim da rua marcava 3:32 da manhã, no céu uma lua solitária brilhando fraca entre as nuvens. Seus passos os guiavam para lugar nenhum, mas depois de tantos dias fazendo o mesmo sabia que eventualmente iria voltar para perto do apartamento.
Dessa vez parou num parque abandonado, não se lembrava de nenhum nos arredores do bairro, então supôs estar mais longe do que o comum. Com ele vazio aproveitou para se sentar num dos bancos — ao lado do único poste de luz —, e ver os prédios de cor cinza que se erguiam a sua volta. No meio da cidade não podia esperar uma paisagem deslumbrante.
O homem passou as mãos pelo rosto e em seguida penteou os cabelos para trás com os dedos, respirando pela boca antes de deixar a cabeça pender para trás. Pelo canto de olho, mirou as sombras que o cercava. Sentiu alguém o seguindo a alguns quarteirões atrás, porém não sabia exatamente quais eram as intenções da figura misteriosa.
Quando as folhas voltaram a se mexer sem a presença do vento, se preparou para um confronto. Só que ao contrário de suas expectativas iniciais a silhueta, vestida de preto da cabeça aos pés, apenas se sentou ao seu lado colocando um pacote de cor parda entre eles.
— Para quem você trabalha?
— Para ninguém — respondeu —, sou apenas o jardineiro.
Dito isso o rapaz se levantou e partiu, por algum motivo Toji deixou que isso acontecesse. Olhou com cuidado o pacote ao seu lado, antes de o pegar na mão e então ver seu conteúdo. Certamente aquela frase tinha algum significado mais profundo.
Abriu o topo do envelope e viu uma série de papéis dentro, eram documentos de uma conta bancaria aberta no nome de Tani e com uma quantidade significativa de dinheiro. Além disso, também tinha fotos de um homem.
Não era possível ver sou rosto apenas sua silhueta, em restaurantes, num teatro e alguns eventos. Na parte de trás, com uma descrição detalhada dos seus atos, havia o relatório de sua rotina e lugares favoritos junto na parte inferior havia os escritos "rei do inferno".
Toji olhou para trás para onde o garoto desapareceu, quem iria entregar pistas sobre o paradeiro de Hades e sumir?
Ainda tinha um papel a ser visto, esse estava dobrado e quando o homem abriu não pode acreditar na foto em sua frente. Era [Nome], sentada numa cadeira de aeroporto, sua feição estava séria e havia alguns machucados em seu rosto. Tinha roupas largas cobrindo o corpo inteiro, pareciam confortáveis. Sua presença estáva tão fraca que praticamente a deixava invisível no meio das outras pessoas.
Sabia que a foto era recente, afinal seus cabelos estavam curtos e mal passavam da nuca.
Rapidamente olhou o envelope verificando se havia mais alguma informação realmente significante. De aparente relevância não, tinha apenas apenas um bilhete pequeno dobrado.
"Com o coração, o valor é maior."
N/A: Fala pessoal! Uma semaninha de folga, estamos de volta. Sempre bom tomar um tempinho para descançar.
Tan dan dan, revelações e revelações!
Vejo vocês na próxima!
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