Comunhão de Bens



Não tinha muito o que ser separado, então logo após juntar coisas numa mala segui para a parte de trás da casa onde fica o quarto de Hatsu e das meninas. Tani e Yuina estavam sentadas ao lado da mais velha que tinha curativos e parecia descansar num futon fofo.

Às duas garotas me deram espaço para e sentar e ao lado da governanta ajoelhei vendo mais de perto o seu estado. Apesar de estarem segurando as lágrimas as duas meninas tinham os olhos brilhantes e os rostos vermelhos.

Coloquei a mão por cima da de Hatsu a apertando de leve — Um joelho quebrado foi pouco, olha o que aquele filha da puta fez com você.

Ela segurou minha mão de volta mas não disse nada, foi pouco tempo se contasse todas as semanas desde que nos conhecemos não passou de um mês. Mesmo assim, o afeto que ela me deu fora maior que em décadas com a minha família de sangue.

— [Nome]-sama o que vamos fazer? — Tani que parecia menos afetada pela situação toda perguntou enquanto Yuina segurava forte sua mão como forma de apoio. Tentei juntar algo para falar, mas eu mesma não fazia ideia do que fazer, estava pronta para dar uma desculpa reconfortante quando fui interrompida por Toji que entrou no quarto sem qualquer pudor jogando bolsas de pano vazias no chão.

— Vamos nos mudar, vocês arrumem as coisas de vocês e a da velha também. — podia não mostrar, mas vi no olhar longo que ele deu para a governanta que ele se importava — Esposa me ajude com uma coisa, sim?

O que aquele panaca estava tramando? Soltei a mão de Hatsu e tranquilizei as garotas falando para elas seguirem o que Toji disse e logo depois andei para o corredor do lado de fora.

— Aqui — ele me entregou um papel na mão com um endereço — Consegue fazer aquela sua coisa com portas para aí?

Encostei-me na parede cruzando os braços e encarando a anotação — O que você pensa que sou um duende ou algo parecido? O que tem nesse lugar?

— É nossa nova casa — respondeu sorrindo e apoiando um braço na parede atrás de mim, mantendo nossos rostos próximos. — Uma casa grande, um jardim para velha e montanhas pras pirralhas olharem.

Cerrei os olhos em sua direção — Parece um lugar legal onde arrumou dinheiro para isso?

— Eu não você — Toji sorriu rindo roucamente logo em seguida — Se bem que a sua mala de notas estava na minha parte do armário. Foi um belo adiantamento, consegui um bom negócio.

O empurrei para trás imediatamente agarrando o colarinho da sua blusa, dessa vez sem beijo.

— Usou o meu dinheiro seu canalha! Quem você pensa que é?

— Seu querido marido, — os olhos afiados estava reluzente e a voz encharcada de sarcasmo. Pegou as minhas mãos desestabilizou meu equilíbrio com o pé e me virou prensando de frente com a parede enquanto mantinha as mãos presas nas minhas costas — que sempre está um passo a frente. Disse para você que isso ia acontecer só tomei precauções.

Toji encostou a bochecha contra a minha falando baixo para que as outras residentes da casa não escutassem — Quer que eu peça o dinheiro de volta e deixe a velha e as duas garotas sem um teto?

Mordi a parte de dentro da minha bochecha, é claro que eu não faria algo como aquilo. Meu silêncio foi a melhor resposta.

— Foi o que pensei — o homem se afastou e soltou minhas mãos colocando as próprias no alto num sinal de paz. — Mesmo após sairmos vão continuar nos caçando, o melhor caminho é deixar que elas usem a sua coisa para chegar em segurança até lá e nós dois seguirmos a pé.

— Não da na mesma? — retruquei — Vão nos seguir até lá de qualquer jeito.

— Vamos desviar por Kyoto — ele mesmo se apoiou na parede — Tenho coisas para resolver lá também.

— Olhe para você, todo preocupado. Do seu jeito, sendo um bruto, mas ainda assim cuidando da segurança das meninas e de Hatsu — cutuquei o seu peito com força — Até que tem um coração aí dentro, vou pensar que essa sua "coisa" em Kyoto é só para me acompanhar.

— O que posso fazer se minha esposa problemática se meteu com o cara mais perigoso do submundo? — Toji segurou o meu queixo mantendo o tom de flerte — A propósito, o que você fez?

Bom, eu nada. Mas Taleyah com certeza muito, pensei. Apenas empurrei o homem para trás e disse para que terminasse se arrumar suas coisas, não demorou para que a maioria dos pertences da casa estivessem em caixas e as meninas já arrumadas.

Kiran conseguia fazer os selos sem problema desde que já tenha passado pelo território antes, por sorte a kitsune rondou o país inteiro nas centenas de anos predecessores ao nosso contrato. Inscrições tomaram uma das portas no interior da casa e logo a passagem se abriu diretamente para o novo lar.

Diferente da que estávamos o novo prédio tinha cores vivas, e parecia acolhedor. Não tivemos problemas em passar todos os pertences, mas minha energia amaldiçoada estava se esvaindo com rapidez devido à distância.

— Tani aqui está meu celular, quando possível faremos contato por ele. Cuide de Yuina e Hatsu, encontraremos com vocês em algumas semanas. — disse — A comida que tínhamos na dispensa deve ser o suficiente até voltarmos.

A garota balançou a cabeça e depois de um último olhar fechei a porta. Respirei fundo sentindo a minha cabeça ficar pesada, mudei os inscritos e abri a porta mais uma vez vendo a familiar sala do meu apartamento.

— Já que estamos sem dinheiro físico vamos precisar de uma alternativa. — comentei e dei passagem para Toji, seguindo logo em seguida para o quarto da Hacker. — Taleyah, preciso de um favor.

Abri a porta para a encontrar vidrada nas telas com uma coberta na cabeça — E quando você não precisa de um favor?

— Bom você esta morando na minha casa, isso me dá favores vitalícios — disse da porta — Preciso de um cartão de crédito e identidades falsas. Consegue mandar o dinheiro na minha conta para uma temporária?

— Identidades? No plural?

— O que é isso? Você coleciona pirralhos agora? — Toji encarou por cima do meu ombro e ouvindo a voz mais grossa Pinxie se virou se surpreendendo quando viu ser o próprio assassino de feiticeiros que me acompanhava.

Respirei fundo — Não coleciono até porque com certeza seria um tipo de crime, salvei Taleyah algumas vezes.

Andei até a garota e coloquei a mão em seus ombros — Ela é o motivo de Mundi e seu repentino interesse, andou desviando dinheiro das contas dele e acabou que foi pega. Salvei a bunda magra dela a alguns dias, está se escondendo aqui.

— [Nome] posso falar com você? — disse dando um sorriso estranho na direção de Toji, a garota me puxou para baixo e sussurrou — Por que aquele cara ta na sua casa?

— Porque ele é meu marido. — respondi — Não te falei?

A boca dela estava tão aberta que poderia colocar um ovo de galinha inteiro dentro dela, dei risada e empurrei seu queixo para cima. — Relaxa, enfim precisamos sair das vistas. Em quanto tempo consegue essas coisas para mim?

— Geralmente um dia, mas acredito que consigo em algumas horas. — ela olhou nervosamente para Toji, foi então que eu me lembrei dos tais boatos que ela escutava sobre ele. Poderia desmentir todos mas... Era bom a ter motivada.

— Certo volto em algum tempo para pegar então.

— Aproveitando que você está aqui — a garota me entregou uma folha com algumas anotações — São os registros mais importantes do celular.

Passei os olhos por cima das informações e em seguida coloquei a mão em sua cabeça bagunçando os fios curtos e tingidos de rosa — Obrigada.

Claro que ela reclamou, mas não disse mais nada enquanto seguia para o meu quarto e tirava de uma gaveta com fundo falso algumas notas. Era uma fração comparada há que Toji havia usado, mas era um caso de emergência. Novamente senti a fadiga alcançando meu corpo já usara a técnica por tempo demais.

Quando fechei a porta atrás de mim, senti meus joelhos vacilarem e meu corpo pendeu para o lado, mas foi amparado por Toji logo em seguida antes de alcançar o chão. Coloquei a mão no rosto sentindo um líquido escorrer do meu nariz.


É por esse truque ser meu e não seu, se nosso contrato fosse mais de 50% esse seu rostinho bonito não ia durar um segundo.


— Eu sei.

— Está falando com quem? — me questionou.

Nesse momento a yokai se manifestou bem em sua frente, a pose desafiadora cabeça erguida e orelhas em pé, sem contar o leque feito de caudas. Toji não podia a ver, mas com certeza sentiu de alguma forma, pois desviou a cabeça momentaneamente na direção em que Kiran se encontrava.

— Kiran — respondi — Como sabe onde ela está?

— Sabendo — respondeu antes de passar a mão pelas minhas costas e me levantar do chão, seguindo o corredor em direção ao quarto — Você simplesmente fica falando sozinha?

— Só quando ela resolve se manifestar, o que parece estar acontecendo com frequência.

A raposa agora com a casa vazia estava andando livremente, Toji praticamente me tacou no colchão antes de revisar se não tinha esquecido de nada. Além de jogar uma toalha que ficaria para trás em minha direção a fim de que eu secasse o sangue que escorria do meu nariz.

Isso aconteceu poucas vezes, quando o meu corpo ficava muito tempo mesclando a energia amaldiçoada da yokai com a minha própria. Começava a responder negativamente de maneira física a essa reação, comparado com antes de eu me mudar para o território Zenin o uso em geral da minha técnica era bem menor.

Em pouco menos de uma hora estávamos deixando os terrenos com nada mais do que duas mochilas. Também não usamos a saída principal cortamos o caminho pela floresta que cercava o local, uma trilha que Toji dizia conhecer bem.

— Pensa que vão nos procurar mesmo depois disso?

— Para nos matar, talvez. Por qualquer outro motivo, não.

Ele não parecia estar muito preocupado, então me lembrei da frase de Noabito. — O que aquele velho quis dizer com não estar fazendo isso por você?

O homem parou de andar e me encarou por cima do ombro, antes de se fechar novamente e voltar a caminhar deixando a minha pergunta sem resposta e solta no ar. Se tinha algo que aprendi nesses pouco tempos de convivência é que esse tipo de comportamento resultava em alguma 'baboseira' sentimental - como ele mesmo apelidava -, provavelmente relacionado a alguém que ele tinha certa consideração. Como a mãe ou irmã.

Ainda era difícil alcançar as camadas mais profundas de Toji.

Virei-me rapidamente quando escutei algo farfalhar entre os galhos atrás de mim, não enxergando nada. Os pelos na minha nuca eriçaram, com certeza tinha algo por ali.

— Toji tem algo na floresta.

— É claro que tem - respondeu com deboche — Acha mesmo que os Zenins iam deixar as bordas da propriedade sem proteção?

— Não pensou em algum momento me avisar sobre isso?

Ele parou abruptamente e se virou dizendo com um tom tedioso — Tem maldições vivendo dos arredores da propriedade.

De repente dos galhos acima de nós saltou uma maldição, fraca e rechonchuda, Toji tirou uma arma que levava na lateral da mochila e acertou antes que nos alcançasse. — Melhor assim, esposa?

— Perfeito, marido.







N/A: Jujutsu Friday? Isso mesmo produção?

Não garanto que vai ser toda a semana, estou juntando dinheiro pra um notebook novo. Então estou fazendo alguns freelancers fora o meu serviço comum, e claro que toma um tempo a mais, é aquela regulares no máximo uma semana de pausa, se acontecer de não ter atualização tem na próxima com certeza.

Wattpad não anda mandando notificações direito então por favor se você gosta de Selcouth adicione nas listas e/ou biblioteca que eu acredito que a chance de receber as atualizações seja maior.

Vejo vocês na próxima!

Até mais, Xx!

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