Caminho do Assassino
Cérbero corria como se sua vida dependesse disso, e talvez fosse verdade, quando o assassino babaca disse querer voltar algumas casas não imaginou que fosse literalmente se locomover para outras cidades. A besta pensou que "voltar algumas casas" tinha um sentido metafórico e inteligente por trás, mas era apenas idiotice.
Toji disse que se mostrar em lugares a distância do ponto de inscrição seria o suficiente para despistar, até podia concordar com ele, mas não pensou que seria uma cidade que quase iria os tirar da jogada por distância.
Viu o trem de longe, as duas passagens nas mãos já estavam amassadas e no último segundo conseguiu embarcar. Tomando fôlego, puxou um lenço do bolso para secar o suor que lhe tomou o rosto. O parceiro de missão, devia estar em algum vagão apenas esperando.
Um dos bilheteiros perguntou se ele estava bem, Cérbero deu um aceno de cabeça e começou a andar pelos corredores buscando por Toji. Foi quando seu celular tocou.
— Onde está você?
— Na plataforma — Toji respondeu.
Estava encostado contra uma coluna vendo o trem que Cérbero entrou partir — Não precisa se envolver nas minhas coisas, então aproveite o pouco de tempo que vai ter longe de mim velho. Se exercite um pouco.
— Espera o que est-
E assim ele desligou sem dizer mais uma palavra, o homem não precisava participar da carnificina que iria se iniciar. Também não precisava cair no lado ruim de Mundi, até agora ele foi apenas insignificante, não precisava se anunciar como um traidor da causa.
O assassino de feiticeiros girou o pescoço, ser atencioso as pessoas ao redor é cansativo.
De onde estava tinha cerca de quatro horas para chegar até o local das inscrições, precisava se apressar. Considerando que outros participantes estariam pelo caminho, não precisava de seu cachorro o atrapalhando, era melhor que ficasse longe.
Ele jogou a mochila na costa e se colocou a andar, não tinha tempo a perder e a partir de agora estaria sozinho. O destino era a cidade de Minamiise, localizada no distrito de Watarai, província de Mie. As florestas densas tinham trilhas e poucas pessoas, é o tipo de lugar que corpos poderiam aparecer e apodrecer sem que ninguém nunca soubesse.
De Shizuoka, onde estava, pegaria um trem até Nagoya e depois até Ise. Podia concluir o trajeto final de carro ou ônibus. A primeira e segunda parte da sua viagem foi tranquila, mas quando desceu na segunda estação, sentiu os olhares que veio com ela.
Com o canto de olho reparou em duas sombras a esquerda e uma a sua direita, além de sentir sua energia amaldiçoada também os viu esgueirando. Continuou seu caminho, deixaria que eles viessem o encontrar.
Saiu da estação calmamente, já estava de noite então era um pouco mais fácil de embrenhar nas sombras e tirar vantagem dela. Aqueles que estavam o perseguindo também não eram muito inteligentes, o seguiram pelo beco longe da estação sem sequer se importar.
Toji apertou a mão envolta do cabo da lança invertida do céu, esperava pelo menos ter um aquecimento.
Assim que o primeiro passou pela curva, já estava no chão.
— Se o nível da Tártaro é tão baixo assim, não sei porque existe uma competição — disse se revelando para o restante do grupo — além de serem idiotas, é claro.
Toji desviou do primeiro soco em seguida da técnica amaldiçoada lançada em sua direção. Do topo das casas surgiram maldições pequenas, mas em quantidade, ao menos um mestre de maldições deveria estar entre eles.
Ossos quebraram quando o assassino feiticeiros se virou e chutou o joelho de um de seus atacantes, o grito ecoou estridente e o homem caiu no chão. Rapidamente silenciado quando a lâmina perfurou sua garganta, não o suficiente para evitar a vítima de se engasgar no próprio sangue.
— Preciso viver pelo meu título, não é mesmo? A maioria de vocês parece ter esquecido que sou o assassino de feiticeiro, não é bom para a minha reputação.
Toji limpou a lâmina nas próprias roupas do morto e se levantou erguendo a arma para ver o brilho da lua refletida nela — Minha esposa sabe realmente dar presentes. Então, quem será o próximo?
Perda de tempo, é isso que os homens eram. Quantidade não qualidade, queriam o exaurir, o deixar mais longe de seu objetivo.
— Quantos de vocês idiotas foram contratados? — Toji segurou o delator pelo pescoço — Já que abriu a boca até agora. Pode falar a verdade até o final não é?
A cabeça tombou para trás, já faltava alguns dentes na boca e o nariz vertia sangue — Muitos, por favor não me m-
— Já cansei — Toji o silenciou, libertando o espírito de uma vida de miséria — preciso chegar logo ao local da inscrição. Agora que já sei que o objetivo era me atrasar, não preciso ficar perdendo tempo aqui.
— Não se preocupe em ir até a inscrição, sua ruína será aqui mesmo.
Uma dupla veio andando em sua direção, diferente daqueles que encontrou até o momento, eles eram fortes.
— Não estão juntos dos idiotas que vieram até agora. Também estão aqui para me atrasar?
— Eh, não nos compare com aqueles inúteis. Só ficamos curiosos — disse o que vinha mais atrás, era magro e tinha um andar manco —, seus feitos são famosos no submundo assassino de feiticeiros, e deu até que um bom show por aqui.
Aquele que andava na frente, era um homem corpulento. Não alto como Toji, mas igualmente forte — Confesso que estava esperando um pouco mais, da sua... Performance. Brincar de casinha com aquela vadia da yokai fez você ficar mole?
— E o que alguém como você saberia sobre isso? Não acho que atraia mulheres, ou qualquer tipo de pessoa — respondeu sorrindo, sarcasmo envelopando cada palavra dita.
Os dias que passou com [Nome], foram os únicos que poderia chamar de vida. Imperfeitos, e estranhos, ainda assim interessantes. Se ter qualquer tipo de emoção nascendo em seu peito o tornava fraco, então talvez não fosse tão ruim assim.
— Confesso que não estou na minha época de ouro, mas garanto que ainda sou melhor que todos vocês.
Estavam parados de maneira triangular, Toji esperando para que eles fizessem o primeiro movimento. O primeiro avançou em sua direção com uma velocidade pavorosa, primeiro tentou desferir um chute, bloqueado pelo antebraço do assassino, seguido de um soco que passou a poucos centímetros de seu rosto.
O que estava parado surgiu na frente de seus olhos também o enfrentando, Toji precisou segurar a investida cruzando os braços na frente do corpo. A muito não sentia dor, aquele golpe até mesmo fez com que fosse enviado para trás. Enquanto ainda se recuperava do ataque segurou com firmeza a lança e a jogou forçando que os dois se separassem, aproveitou para tomar impulso e fazer seu contra-ataque.
Uma onde de choque surgiu quando suas mãos se chocaram, os dois homens que se apresentaram a ele naquela noite não eram normais. O beco foi pequeno para a luta que se formou ali, casas foram destelhadas e paredes quebradas pela força do impacto que ambos lados estavam sofrendo.
Sob a lua, numa parte da cidade quase fantasma Toji tinha a primeira luta real em tempos. A adrenalina tomava suas veias e antes que percebesse um sorriso faminto por ação puxava seus lábios para cima. Se lembrou o porquê de ter entrado naquela vida em primeiro lugar, era aquilo que era. Uma arma de matar.
Colocou a mão no chão se apoiando e desviou do ataque travando o braço do inimigo e o jogando para longe, em seguida desviou da ivestida que veio do céu quando o companheiro pulou de um telhado, a terra rachou sob o impacto, fazendo tremer as janelas próximas.
O tempo estava correndo, ele precisava apressar um pouco a luta se quisesse cumprir a obrigatoriedade do horário.
Quase pode ouvir Cérbero reclamando com ele sobre as horas estarem passando enquanto ele brincava.
— Ah, aquele cachorro idiota até que faz falta — disse para si mesmo.
— Deve ser muito confiante para pensar em outros assuntos no meio de uma luta — o homem se levantou e girou o pulso.
— Hum... Não estaria interessado em entrar nessa competição se não fosse — respondeu —, se todos forem como vocês vou ter uma verdadeira diversão. Agora, precisamos acabar isso antes que eu me atrase.
Não esteve os levando a sério, e a luta que se arrastou até aquele momento foi acabada num piscar de olhos. Nervosos, por sua atitude desleixada, criaram uma abertura que fez com que ambos terminassem nos escombros de um muro, desacordados. Toji não sabia dizer se estavam vivos ou mortos, também não importava.
Com a lança sob o ombro, voltou ao beco do começo para pegar sua mochila. Ele pulou as poças de sangue e após pegar o que lhe pertencia, rumou pelos bolsos dos cadáveres buscando por uma chave de carro. Eram muitos para terem apenas o seguido da estação de trem.
— Aqui está — disse quando encontrou o que queria, se voltando para o rosto distorto de olhos opacos —, obrigado. Não vou prometer trazer de volta.
Seu conhecimento de veículos era raso, mas graças ao símbolo gravado na chave não teve muito problema em encontrar o transporte.
Aquela cena toda, quem teria feito? Os imbecis fracos em quantidade, com certeza foram contratados por alguém. E ele duvidada que fosse Hades, o dono do Tártaro parecia estar ansioso por sua participação... Os dois que foram enterrados no muro, eram verdadeiros competidores, do tipo que esperava encontrar mais até o fim do caminho.
O carro partiu da cidade a toda velocidade, não seria para ele que eventuais multas iriam chegar, pouco se importava com as leis de trânsito. Durante a última etapa do percurso ponderou, sozinho no silêncio do veículo, quem iria tão longe para evitar sua participação?
Mundi teria contatos melhores, Perséfone não iria abandonar seu plano para isso. Pensando racionalmente, o único idiota que tinha algo contra ele, capaz de montar uma palhaçada como essa, seria Minos. O patético juiz em quem atirou quando esteve no restaurante.
— As coisas estão mais interessantes do que eu esperava — Toji viu sozinho e apertou o volante —, espere só mais um pouco [Nome]. Logo você vai poder voltar para casa.
N/A: Obrigada por ler ate aqui!
Até mais, Xx!
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