Caixa de Pandora
— Você é um imbecil! Idiota! — Perséfone gritava estridente o suficiente para fazer o vidro das janelas tremerem.
Toji não podia dizer que não imaginou essa reação, então apenas desviou dos objetos lançados em sua direção com um rosto inexpressivo.
— Deu certo, não deu? — o assassino de feiticeiros pegou o vaso no ar, olhando pela primeira vez pela mulher, surpreso pelo inchaço em sua testa — Por que seu rosto ta assim?
— Vou te matar — ela tentou avançar, mas Cérbero a segurou.
— Perséfone não!
— Me solte cachorro, estou farta desse idiota inconsequente. Seu... Seu... — o fim da frase foi interrompido com grunhido de frustração. Ela empurrou o mais velho para o lado, seguindo para a geladeira do apartamento, pegando uma garrafa de bebida gelada. A mulher tirou a tampa, virou na boca e em seguida pressionou o vidro na batida.
Kon a acompanhou se servindo de uma bebida e em seguida se soltando no sofá pressionando o pescoço — Você realmente exagerou.
— Precisava ser convincente, mas vocês não pareceram tão surpresos quando eu imaginei.
O ex-detetive sentiu uma voz um pouco decepcionada no homem, mas resolveu ignorar. Ele pegou o cigarro no casaco e o acendeu, deixando que o primeiro trago enchesse seu pulmão com a fumaça quente e amarga. Depois de soprar para cima, sentiu seus músculos relaxarem, apesar da cabeça ainda estar pulsando pela batida feita previamente.
— Cérbero nos avisou — disse por fim —, não sabia exatamente o que era, mas imaginei quando me disse sobre a "isca" que viria por Perséfone.
Toji olhou para a besta, que se escondeu atrás da mulher furiosa.
— O que eu deveria fazer? Você não disse nada! — reclamou — Não trabalho para você também.
— De qualquer forma — Kon interrompeu —, não foi o melhor cenário e nem o pior deles também. Mas estou curioso, que diabos estava pensando?
— Em não perder tempo.
Foi então que clicou, com Toji participando da Tártaro muitas pessoas gostariam de estar presentes para ver seus feitos. Incluindo Mundi.
— Você é um bastardo — o estrangeiro levantou a mão a cabeça mantendo o restante de seus pensamentos para si.
Perséfone estava quieta no canto, apoiada na pequena bancada, olhando para o fundo da garrafa. Raiva, agora sendo afogada pelo arder do álcool barato que descia sua garganta, após entrar no restaurante acompanhada de Kon o homem recebeu uma ligação da besta. Entrou na sala com Minos ciente de que algo iria acontecer, porém, não imaginou ser Toji invadindo o lugar e exigindo falar com Hades. E, além disso, conseguindo.
Maldito, Hades abriu a boca de propósito. Ele sabia o quanto o assunto de seu irmão o afetava, ao menos o babaca do assassino de feiticeiros teve senso de não a perguntar. Ao menos isso depois de bater com seu rosto na mesa. Sem pensar uma segunda vez virou a garrafa dando mais um grande gole, quem sabe assim as lembranças se calavam.
— Estou farta de vocês — disse por fim pegando o casaco e se afastando, Perséfone parou com a mão na maçaneta —, Minos vai entrar em contato com você em breve.
A mulher apenas olhou por cima do ombro, sem expressão, sem sarcasmo. Apenas uma parta voz, pela primeira vez Toji achou ver sua verdadeira face.
— Fez bem em não perguntar — Kon comentou tempo depois —, sobre o irmão dela.
— Como ouviu? Estava desmaiado.
— Nem todas as pessoas não sabem tirar o melhor de cada situação, saber fingir pode ser bem útil — rebateu.
Cérbero se adiantou para pegar um macarrão instantânea — Então é por isso todo o mau-humor. Bom... É de se esperar.
— Hades disse que matei o irmão dela, é verdade?
Os dois trocaram um olhar, pois sabiam a história, quando aquele pequeno grupo de rebeldes foi criado cada um proferiu suas motivações. Kon tinha algo simples e materialista como dinheiro, já Perséfone tinha motivação bem mais profunda.
— Deve fazer uns dois anos agora, não te culpo por não saber — o detetive se ajeitou para bater o cigarro no cinzeiro disposto na mesa de centro —, mas a resposta é sim.
Enquanto os homens se reuniam no apartamento, no banco traseiro de um táxi, Perséfone seguia para sua casa. O homem atrás do volante não questionou suas vestes e muito menos seu rosto. Numa região como aquela, pessoas não passavam de objetos destinados a dar prazer; qualquer um. Alguns mais explícitos, outros se mantinham escondidos nas sombras assim como suas preferências hediondas.
O caro se dirigiu para um bairro comum, não para o apartamento de luxo que Hades dera para ela morar. Se ele falasse qualquer coisa, tinha uma desculpa. "Como o assassino de feiticeiros descobriu sobre ela poderia saber onde morava", ou qualquer merda parecida com isso. Hades que era tão cauteloso, não iria se chatear dela priorizar uma segurança inexistente.
Pagou o motorista com algumas notas, recusou o troco e andou em direção a uma casa sem graça, sem personalidade. Sua casa, escondida no meio de outras sem chamar atenção. Os sapatos foram largados de qualquer maneira na entrada, seguida da bolsa jogada no sofá, no caminho até o banheiro deixou que suas roupas caíssem sem se preocupar com a bagunça.
Perséfone arrancou os grampos do cabelo com calma, olhando para seu reflexo nu no espelho. Sem adereços e sem o nome, não era nada. Como a casa, era insignificante. Preferia ser assim, e estaria assim se seu irmão estivesse vivo. Vingança a fez chegar onde estava, o patamar de uma deusa, se tivesse que contar talvez tivesse assassinado tantas pessoas quanto Toji Zenin.
Aqueles que ficam ao redor de Mundi, os chamados deuses, não eram apenas olheiros ou feiticeiros. Eram pessoas poderosas que poderiam o servir de inúmeras maneiras, e para ela o cartão de visita ficava no meio de suas pernas. Cada concorrente, executivos desprezíveis, todos aqueles que ameaçavam se levantar contra o velho rei encontrava seu fim. Por ela ou qualquer outro.
Malditos pensamentos, nem mesmo o álcool podia calar os fantasmas do seu passado, sua caixa de Pandora. Rumavam soltos trazendo lágrimas aos seus olhos, mesmo que caíssem, não iria se permitir chorar, não iria lamentar pelas escolhas que fez; ou, por cessar o brilho dos olhos dos homens que enroscaram em suas vinhas.
Passou as costas das mão pela trilha molhada das lágrimas, e levantou os fios de cabelos para ver o hematoma surgindo.
— Brutamontes idiota — a ficaria com o hematoma por alguns dias.
Ainda que fosse madrugada, Perséfone preferiu tomar um banho gelado. Cada vez mais sóbria, cada instante mais sem controle de suas lembranças.
Toji Zenin, matou seu irmão.
Toji Zenin, matou seu irmão em nome de Mundi, a pedido de Hades.
— Essa é a história que ela nos contou — Kon explicou — Hades é obcecado por ela. Tinha ciúmes da atenção que o irmão mais novo recebia, junto de Mundi arrumou um motivo falso contratou você e ponto final.
— É por isso que ela quer acabar com os dois — Cérbero completou com a boca cheia.
O único serviço que ele não havia finalizado foi o de [Nome], então provavelmente seu irmão morrera quando o serviço foi contratado. Não era uma situação fácil de se lidar, colaborar com aquele que matou um parente, mesmo sem ter motivos pessoais. Perséfone se provou ser mais madura do que Toji pensou.
— De qualquer forma, não mencione nada. Não precisamos de mais problemas do que o que já temos — o cigarro preso entre os dedos do ex-detetive foi apagado no cinzeiro enquanto o dono dele se levantava com um gemido de dor. — Tudo que resta fazer é aguardar Minos te contatar, e explicar para o cliente o atraso. Que apesar de ser um problema criado or vocês, é meu para resolver.
— Boa sorte.
┊❛ [ DESCONHECIDO ] ❜┊
Sol, quente e brilhante iluminando o centro do céu azul, fazendo brilhar as paredes brancas da cidadela escondida em meio ruínas da história. Pelas ruas cheias de pessoas diferentes, uma figura pequena com sacolas nos braços se esgueirava quase desapercebida.
Passou por turistas e residentes, entrou numa viela escondida e seguiu para uma casa pequena com duas janelas e uma porta azul.
— [Nome], voltei — disse quando fechou a porta arrumando os cabelos castanhos em seguida. Não obteve uma resposta, então seguiu para os fundos onde havia uma pequena varanda que ficava sempre banhada de sol.
Como esperado foi onde Taleyah encontrou a mais velha, sentada numa cadeira ainda de pijama debaixo do sol.
— Fala sério, não pode ficar tanto tempo assim no sol. Ainda mais nesse horário — levantou as mãos apenas para as cruzar na frente do corpo.
— Sei disso, faz literalmente dois minutos que sentei, já vou voltar — [Nome] respondeu sorrindo. As mangas curtas e os shorts deixavam a mostra as cicatrizes da luta contra sua irmã. Na mão direita havia faixas com inscrições que envolviam sua pele até o meio do ante-braço.
Tale, se sentia mal em a ver em tal estado, mas ainda era melhor do que quando ela chegou no apartamento em Tóquio, pálida e completamente destruída. Foi horas entre ela se recuperar minimamente e planejar a fuga, o dinheiro que a pequena hacker roubou de Mundi pagou um hospital particular onde notas também compravam silêncio. Quando a mulher estava minimamente bem para viajar ambas partiram do país.
Parecia recente, mas já se passaram 3 meses.
— Fez o que eu pedi? — [Nome] se levantou e uma brisa salgada fez suas roupas largas se movimentarem.
A garota, agora de cabelos castanhos, suspirou e assentiu.
— Por que continua mandando dinheiro pras garotas? Não é obrigação do T-daquele cara?
[Nome] olhou para fora antes de pisar com pés descalços na sombra da pequena casa, os fios curtos de cabelo caíram sobre seu rosto. Taleyah engoliu seco e deu um passo para trás.
— Egoísmo — ela respondeu —, como se dinheiro pudesse comprar seu perdão. Não devo nada aquela pessoa, mas Tani e Yuina não tem nada a ver com o assunto. É desprezível, mas me ajuda a dormir a noite.
Tale tinha opiniões diferentes, mas sabia que aquele momento não era o melhor para discutir. Não com as descobertas recentes... Engoliu suas frases e sorriu dando de ombros e seguindo para a cozinha atrás da mais velha.
Nunca disse que passou informações para o assassino de feiticeiros, mas sabia seus movimentos junto de um grupo. Mesmo no antigo centro do mundo tinha meios de manter os olhos nas movimentações do submundo jujutsu. Se os problemas com Mundi e Minori fossem resolvidos, sua guardiã poderia voltar e quem sabe se livrar de todas as atribulações. Não era particularmente apegada a Toji, ou tinha qualquer tipo de afeto por ele, mas acreditava em sua vingança.
[Nome] a salvou diversas vezes, é hora de retribuir o favor. Mesmo que rendesse uma bronca depois.
N/A: HOHO, sexta-feira com Selcouth é sempre uma alegria. Apesar da desgraça. A patroa está voltando, as coisas começam a caminhar para o final. Capítulo 40 dessa fic que eu adoro, meu universo JJK-Mitologia grega mais unido do que nunca!
A próxima é só no ano que vem (sem piadas intencionais), então desejo a tods BOAS FESTAS!
Vejo vocês na próxima.
Até mais, Xx!
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