Aquela Vida
Podia ser num dia ensolarado ou um numa noite sombria, se havia algo que Kiran não perdoava era quem tentasse encostar na sua feiticeira.
A kitsune nunca iria admitir, mas gostava da garota, podia não ter uma presença tão honrosa quando seus antigos mestres, que eram pessoas de alto escalão e generais. Mas de longe ela era a mais forte deles.
Por esse motivo não tentou a impedir quando disse que ia caçar os assassinos vindo do japão. Longe da sua terra, as crenças que a criaram em primeiro lugar, Kiran estava mais fraca. Mas não o suficiente para perder uma briga como aquela que iriam entrar.
Em cima dos telhados Kiran fazia a vigia, a criança rosa e [Nome] já haviam se deslocado para outra cidade nos arredores. Graças aqueles vidros coloridos que davam notícias, souberam como agir previamente e agora estavam apenas aguardando os ratos pisarem na armadilha.
Parou numa torre alta, dali podia ver a cidade branca. As oito caudas atrás de si balançaram suaves com a brisa quente e salgada que veio do mar, era bem diferente das florestas em que cresceu, mas não era tão ruim.
O lugar não tinham tantas maldições, e as poucas que tinham eram fracas, se [Nome] não estivesse sempre ansiosa com Amarate e aqueles a caçando seria um bom lugar para...
As orelhas de Kiran se viraram e as caudas também travaram no ar, uma aura enfadonha acabara de entrar na sua área de proteção. Insetos, mas em quantidade.
Seria o suficiente para se exercitar, não tinha uma boa luta desde o macho de [Nome]. Kiran pulou do topo da construção para o chão, ainda estavam longe do esconderijo antigo, não faria mal algum observar um pouco. Ninguém podia a ver mesmo, poderia conseguir alguma informação útil.
— E pensar que estamos atrás de uma mulher enquanto o assassino de feiticeiros está trancado na Tártaro lutando com o Cinco.
— Vai ser a maior luta dos últimos dez anos.
— Ouvi dizer que iam gravar, podemos comprar depois.
— Eu morreria feliz se tivesse a chance de ver Toji Zenin ir para a vala antes de mim.
Kiran ouviu atentamente, o que era aquilo Tártaro? A criança rosa disse também para [Nome], de qualquer forma sabia que não havia essa opção. Se havia alguém no mundo para lutar com a restrição celestial dele, ainda não estava pronto.
[Nome] sentiu quando Kiran começou a se mover na direção dos assassinos, devido à falta de poder não podiam se comunicar com telepatia, mas conseguia sentir no corpo a sensação de animação quando começou. Ela mesma estava escondida num armazém, tinha uma capa escondendo o rosto e algumas armas.
Taleyah estava na casa nova, ainda que fosse a contra gosto. Não era uma luta que ela podia participar.
No meio tempo a mulher parou para pensar, alguns meses antes ela não estaria se importando em livrar o mundo de algumas porcarias. Mas agora tudo estava diferente, se ela fosse só mais uma inútil da família, será que sua vida teria sido melhor? A resposta veio em seguida, provavelmente não.
Levantando a voz e lutando com os próprios punhos ela já sofreu, caso se calasse talvez nem estivesse mais viva. A única coisa que a levaria para um caminho diferente daquele que estava percorrendo, era não ter acreditado que havia um lugar na felicidade reservado para si.
Puxou o relógio de pulso para olhar a hora, Kiran já devia ter terminado a parte dela do serviço.
Seus passos ecoaram nas ruas vazias, as casas em sua maioria já estavam com as luzes apagadas. Provavelmente dormindo tranquilos, protegidos pelas suas famílias, sem precisar se preocupar com as maldições rumando pelas ruas. Ela inclusa.
A marca de Amarate já tomava praticamente seu braço inteiro, por mais que as faixas com selos reduzisse o avanço. De alguma forma estava condenada, pelo menos até conseguir enfrentar sua irmã idiota, e isso ainda levaria alguns meses.
— Fez uma pintura e tanto Kiran — comentou quando entrou na casa que era seu lar até o dia anterior. As paredes estavam tomadas de vermelho, e os corpos quase irreconhecíveis.
— Você me disse para caprichar — respondeu — deixei um vivo como você pediu.
— E pensar que chegaria um dia em que você ia me obedecer — respondeu vendo o homem no canto, ele respirava com dificuldade. Não era para menos já que a yokai quebrara ambos braços e pernas.
[Nome] deu um chute de leve no homem que grunhiu de dor — Vou perguntar apenas uma vez, quem mandou vocês.
— Sua vadia imunda, vai se foder — ele ainda pareceu ter um pouco de garra pra cuspir na direção da mulher.
— Você deve ser muito burro, então vou dar mais uma chance — dessa vez a sola de seu sapato se encontrou com o rosto do homem, seguido do som dos ossos de seu nariz quebrando — Quem pagou você para vir atrás de mim?
— Vai. Se. Foder.
— Ei [Nome], esse inseto disse poder morrer feliz. Se o seu macho morresse antes.
O termo que Kiran usou quase a fez resmungar de desgosto, mas sabia que a yokai não iria mudar. De igual forma também sabia que hoje seria a luta "daquele cara" com o número Cinco da organização de lutas, Tártaro.
Não se importa mais com Toji, mas não significa ter ficado ignorante as suas habilidades.
— Nesse caso sua partida será miserável — a mulher respondeu e ergueu a arma que até estão estava escondida em suas vestes. Um único disparo, no meio da testa, e os olhos do assassino se tornaram imediatamente opacos.
Em seguida, mais um foi disparado, mas não foi de sua arma. A dor no ombro veio instantaneamente enquanto a mulher rapidamente se escondeu atrás da bancada da cozinha. Como foi possível que alguém passasse por Kiran?
— Estava com a energia amaldiçoada bloqueada — a resposta veio da yokai.
— Mudou seus métodos [Nome]? — ela não conhecia a voz, mas escutou seus passos andando pela casa enquanto apertava com força o ombro. Esteve desatenta demais.
— Ouvi dizer que você era uma pessoa mais de punhos, apesar de nunca ter nos encontrado antes — o homem disse —, se for boazinha podemos resolver isso sem derramar mais sangue.
[Nome] olhou para o canto onde Kiran estava, se perguntando o porquê da kitsune não ter se movido, e pânico a tomou quando percebeu que a criatura desapareceu. Aquilo não podia estar acontecendo agora, não num momento como esse. A mulher cerrou os dentes enquanto pensava como sair da situação.
— Duvido um pouco disso, se quisesse conversar não teria me dado um tiro em primeiro lugar.
— Pelo menos a cabeça parece estar boa, não vou enrolar muito. Podemos fazer isso da maneira fácil ou difícil, claro que isso quer dizer que posso te levar viva ou morta nesse ponto.
Então eram enviados de Minori. Para concluir seu plano com Amarate precisava apenas de seu corpo e não da sua vida. Era a mais complicada das opções.
— Desculpe, mas prefiro fazer as escolhas por mim mesma.
Pelo vidro dos armários ela tinha uma noção de onde o homem estava, a capa em seu corpo foi desabotoada e serviu de distração tempo o suficiente para que conseguisse se virar e disparar em sua direção. As marcas de Kiran ainda que bem mais fracas do que foram um dia apareceram em seu braço, teria de ser o suficiente para derrubar o homem.
Seu corpo ainda sabia como se mover numa luta, mas as limitações... [Nome] precisava agir rapidamente.
Uma mão segurou seu braço e um sorriso doentio puxou a boca do homem para cima — Achei que fosse melhor.
A arma surgiu em sua visão e provavelmente era o maior problema, sem pensar duas vezes [Nome] usou a cabeça para ter uma nova janela de distração. Com a testa bateu no rosto do homem, surpreso sua primeira reação foi recuar, em seguida com um soco conseguiu o fazer soltar a arma.
Estava com o equilíbrio comprometido, precisava dar um jeito de dar um novo ataque certeiro.
Como um conselho, um fantasma trouxe algumas palavras "pare de se apoiar na perna esquerda". Aquelas palavras a fez fincar a perna direita no chão, recobrar o equilíbrio e dar um golpe final o afastando, o homem voou para trás caindo sobre os móveis. Com todo aquele barulho não iria demorar para os vizinhos chamarem alguém.
A arma não estava longe, então conseguiu a pegar para garantir que o trabalho seria finalizado ali mesmo.
Ainda que estivesse com a mão tremendo pelo tiro que levou do ombro, gastou os tiros restantes enquanto se aproximava. Antes de disparar a última, colocou a pistola dentro da boca do homem.
— Para sua desgraça, eu ainda sou melhor.
A arma escapou da sua mão e com um choque de dor [Nome] levantou a mão até o ombro. Não parecia ser tão sério, apesar de doer e precisar de cuidado especializado. A mulher olhou envolta da casa, vendo todas aquelas mortes aos seus pés, a qualquer instante poderia ser a sua vez. A mão que estava livre pousou sobre o ventre.
— Desculpe — pediu, usando uma voz calma — parece que as coisas ficaram agitadas até mesmo para você.
N/A: # vemmegumi
Eu sei que tem gente que não gosta quando a prota fica grávida, mas isso estava sendo construído desde o começo. Eu acho que cheguei até mencionar em alguma nota antiga que ela ia ser a mãe do Megumi. Então, agora veio a confirmação.
Edit: Essa parte da gravidez tem pouco destaque, não tem nada muito profundo em relação a isso. Passa bem naturalmente e sem ênfase.
Estava com saudade da patroa.
Por hoje é isso!
Obrigada por ler até aqui!
Até mais, Xx!
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