Acordo com o Diabo
ᴺᵒʷ ᵖˡᵃʸᶦⁿᵍ; [ Pinky Promise - NEFFEX, Neoni]
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"𝖯𝗋𝗈𝗆𝖾𝗍𝖾 𝖽𝖾 𝗆𝗂𝗇𝖽𝗂𝗇𝗁𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝗇ã𝗈 𝗏𝖺𝗂 𝗆𝖾 𝖿𝖾𝗋𝗋𝖺𝗋?"
Quando acordei, já estava na casa que Taleyah conseguiu para nos escondermos em Corinto. Percebi estar praticamente de noite, uma vez que os tons alaranjados de fim de tarde atravessavam a cortina fina pintando as paredes claras com o resto do pôr do sol.
Meu desejo mais profundo era para que houvesse uma maneira de não encarar a realidade do outro lado da porta, porém, parece não ser o caso.
Já havia gasto todo tempo que poderia, olhando para o teto pensando em minhas próximas ações e também me livrando da sujeira com o banho mais longo das últimas três semanas.
Se aquele cara está aqui, significa que Tártaro está acabada. Hades e toda a corja de Mundi já não respirava nesse plano. Tale em tese está livre de seus débitos já que não tem mais ninguém para cobra-lá, por um lado parte do meu grande problema está resolvido. Resta lidar com Minori e Alber.
Sentada na beirada da cama olhei para a porta, apoiei os cotovelos nos joelhos levantando as mãos para os cabelos, dedos se entremearam nos fios curtos os penteando para trás. Mirei o chão e meus pés descalços, em seguida o motivo de estar tão interessada em manter minha vida pelo maior tempo possível.
Respirei fundo jogando a cabeça para trás como se a resposta fosse vir do teto — Você é uma garota crescida [Nome], lide com as suas merdas.
Me levantei de uma vez, antes que as repentinas palavras de força de vontade voltassem a se dissipar, abri a barreira que me separava da realidade e marchei para onde escutava movimentação.
— Pinxie onde estão os selos de maldição? — perguntei — As que eu estava rasgaram.
Na sala havia apenas uma figura que eu não conhecia, ao menos não muito, era o homem que estava acompanhando aquele cara. Felizmente meu pesadelo não estava em nenhum lugar no campo de visão, tranquilizando um pouco. Não muito, pois ainda teria que encarar Toji Zenin de qualquer forma.
— Eu pego para você — a jovem se levantou rapidamente enquanto andei para a geladeira e peguei uma garrafa de água. Virando de costas para o balcão e analisando a pessoa rechonchuda sentada no sofá.
Sabiamente o homem, que parecia ter idade para ser meu pai, manteve os olhos longe de mim. Nervosamente puxou um lenço do bolso e começou a secar o rosto. Parando para observar suas feições com mais cuidado, até parecia familiar.
— Como você disse ser seu nome mesmo? — questionei, o velho deu um salto se levantando e se curvando em seguida.
— Não disse madame — ajeitou a postura voltando a secar o pescoço —, Cérbero é como me chamam.
Uma besta então, um dos colegas de Dragon que repassa missões no submundo jujutsu. Não melhor do que os assassinos que trabalham nele.
— Obrigada — coloquei a garrafa no balcão —, por mais cedo.
Seus ombros pareceram relaxar um pouco, a postura deixando de ficar tão rígida — Não foi nada, depois de tantos meses ouvindo aquele idiota. Fico feliz de poder a encontrar bem.
— Meses?
Taleyah então retornou com as faixas — Cérbero estava me contando como acabou no meio dessa bagunça.
— Posso imaginar que contra vontade — estiquei o braço para Tale me ajudar a enfaixar.
— Um pouco, Logo depois do... Incidente, com Minori — Cérbero foi cuidadoso com as palavras — Toji veio me procurar. O combinado não tinha acontecido da maneira que devia.
Um riso seco deixou a minha boca — Quer dizer o dia que ele devia entregar minha cabeça para a irmã receptáculo da Imperatriz do Fim? Pareceu bem-planejado para mim.
O mais velho balançou a cabeça e voltou a se sentar — Não, o combinado do acordo original era no dia seguinte. Entre aqueles envolvidos no contrato começou a correr uma notícia da possível falha do assassino de feiticeiros, algo que colocaria o cliente em perigo.
Cérbero apoiou o braço no sofá — Toji estava mais envolvido com o alvo do que realmente deveria. Ele não teria te entregue naquele dia, a história seria muito diferente se as cadeiras mais altas não tivessem interferido.
— Duvido muito — peguei as faixas de Tale e resolvi enrolar no braço por conta. Tentando afogar as memórias dos doces delírios em cada volta.
— Com todo respeito, eu sei que aquele cara é um babaca — confessou —, ele quebrou meu nariz no primeiro momento em que nos encontramos. Mas, se tem uma coisa que entendi é que mesmo que seja de um jeito estranho, ele ama você.
— Ama? — disse em voz alta — Pessoas como eu ou ele não tem direito a esse sentimento, acredite em mim, eu tentei, e veja onde cheguei.
— Estive com ele desde o dia um, foram quatro intensos meses tentando entender o que se passa naquela cabeça. Posso estar saindo completamente do meu direito dizendo isso — o homem se desculpou adiantadamente —, mas Toji não é a mesma pessoa que conheceu.
Tombei a cabeça para o lado me lembrando das lojas destruídas durante a luta — Ainda parece o mesmo idiota inconsequente para mim.
Cérbero respirou fundo — Confesso que às vezes ele não pensa direito. Mas acha mesmo que o Toji Zenin, que vendeu sua própria esposa, passaria quatro meses buscando por ela novamente? A troco de nada?
— Ou destruiria a organização que estava atrás dela — Tale completou pressionando a boca em uma linha quando me virei em sua direção.
A jovem ainda não havia se livrado da culpa.
— Sobre o que mais está mentindo para mim? Se eu não puder confiar em você Tale, o que me resta?
— [Nome], sei que eu não devia e você me disse pra não fazer, mas... O inimigo do meu inimigo é meu amigo. Não é isso o que dizem? — ela esfregou os braços — Mantive o monitoramento, e quando vi o alerta deles chegando na Grécia depois do Corvo. Pensei ser uma ajuda, faz semanas que está fugindo, não é... Bom.
Sei que ela queria completar a frase de outro jeito, mas se manteve cautelosa pela presença estranha.
Nesse momento a porta se abriu revelando Toji Zenin, em carne e osso, repleto de sacolas de compra e uma expressão entediada.
Nossos olhares se chocaram uma primeira vez, e senti como se um choque fosse disparado do calcanhar até a nuca.
— Que tal um sorvete? Você anda louca por eles esses dias não é? — Tale puxou Cérbero em direção à porta — Vamos buscar para você [Nome], já voltamos.
A jovem sumiu com o mais velho num instante, sem deixar tempo para uma resposta.
Olhei para o balcão e bati os dedos ritmadamente nele — Não foi uma saída muito discreta.
A cabeça baixa me impedia de ver Toji que apoiou as tais compras próximo a mim.
— Provavelmente estão esperando para nos matarmos.
— Ideia tentadora — respondi.
— Tem diversos talheres por aqui.
Fechei a mão levantando os olhos para seu rosto, os olhos verdes intensos ainda eram como eu me lembrava, mas pareciam mais humanos do que minha mente pintava em memórias, sem o brilho de uma fera enjaulada. O rosto parecia cansado e mais magro, parecia pálido também, provavelmente um resultado do tempo que passou lutando no subterrâneo.
— Todas as maneiras tortuosas e violentas que imaginou para me matar nesses quatro meses — disse se aproximando —, eu mereço.
Deixei um som de exclamação teatralmente escorregar da minha boca — Não acredito! Parece que Cérbero realmente estava certo quando disse que mudou, quando foi que cresceu um pouco de senso em você?
— [Nome].
— Não — o cortei levantando a mão —, você não tem mais esse direito de me chamar pelo nome. Agradeço pela ajuda, você e Cérbero podem descansar essa noite e amanhã nossos caminhos voltam a se separar.
— Pro Corvo vir atrás de você novamente?
— Sobrevivi sozinha até agora.
Me virei para mexer nas sacolas ignorando sua presença, nisso Toji pegou meu pulso direito, forçando a olhar para seu rosto novamente.
— Eu deveria ter dito isso antes de tudo — começou, pelo olhar de culpa já sabia onde essa parte da conversa iria terminar —, [Nome] me desculpa.
O canto dos meus olhos começou a arder, mas eu me recusava a chorar em sua frente, forcei o embolo na garganta e retomei a voz — Um pouco tarde para isso não acha? Arrependimento não combina com você.
— Eu ia te avisar, naquele mesmo parque, que Minori viria para te buscar no dia seguinte. Se eu tivesse mais algum tempo... Se não tivessem se movido pelas minhas costas...
Puxei o pulso, e ele deixou — Boas intenções não valem de nada se não forem concretizadas, pensar em salvar alguém não a tira da forca. Você teve tempo, só não quis falar. E sei a história, foi naquele incrível momento que percebeu que talvez gostasse um pouco do seu alvo.
— Não, foi quando eu me dei conta que estava apaixonado pela minha esposa — novamente ele se aproximou — sou culpado e nada tira isso de mim.
— Então, por que está aqui? Se sabe disso.
— Sua cabeça continua no mercado, Minori continua te caçando, Kiran não responde mais a sua energia — seu corpo estava próximo do meu —, não estou pedindo para me receber de braços abertos, e sei que não faria isso. Me deixe proteger você, até Amarate não ser mais um problema...
Sua voz morreu incerta — Até o bebê nascer.
Bati o punho na bancada, por mais que eu odiasse, ele não estava tão errado. Por enquanto eu consigo me defender, não significa que consigo fazer isso em alguns meses.
Sobre ele saber da gravidez, não tinha como não perceber, Toji tem todos os sentidos aprimorados. Se eles não fossem o suficiente, me carregar de um lugar para o outro revelaria.
Bebê, é estranho ver a palavra soar dos seus lábios. Quando a ideia original seria nunca deixar ele saber e sumir de sua vida para sempre. Nem nos meus melhores sonhos, aqueles que vinham para criar ilusões na cabeça, Toji usava um termo tão gentil.
— Não vai perguntar?
— Não preciso — respondeu deixando o silêncio reinar entre nós por um momento. Apenas para ser quebrado por ele novamente. — Olhe para mim.
Mantive o olhar nas compras, ignorando seu pedido.
— [Nome], por favor — Toji colocou a mão no ombro, seus dedos roçaram no meu cabelo mudando a direção da minha cabeça para voltar a prender seus olhos nos meus.
— Vou ser o que precisar que eu seja, apenas isso. Agora, é um protetor — ele repentinamente se afastou levando junto as sensações que seu toque causou. Dessa vez não consegui segurar a lágrima que escorreu do meu olho, fria e solitária, limpa rapidamente antes de outras seguirem seu caminho.
— Eu não confio em você.
— Pode fazer um contrato de serviço se te fizer ficar mais tranquila — Toji cruzou os braços encostando no balcão, como eu já havia feito. — Enquanto estiver viva e segura é o suficiente para mim.
É um acordo benéfico, tenho mais a ganhar do que realmente perder — Até os assuntos do Corvo e Minori forem finalizados.
Dessa vez seus olhos abaixaram, o cenho franzido em quase uma careta em resposta a minha proposta — Até decidir que não precisa mais de mim.
Estranho, essa, sim, era uma boa palavra para descrever a pessoa que estava na minha frente. Um fantasma do que eu conhecia, igual, porém ainda diferente.
Pode ser que a vida me cobre um grande preço por confiar em Toji Zenin uma segunda vez, porém entre todas as opções é inegavelmente a melhor. Ainda incerta, mas engolindo um pouco do meu orgulho pela vida que ainda não teve a chance de ver o mundo, estendi a mão.
— Temos um acordo.
N/A: Eitaaaaaaaaaaaaaa!
Minha explicação, a [Nome] desde o começo sempre foi muito convicta das suas ações. Ela arregar pra desculpa do Toji depois de toda a merda, não faz o mínimo de sentido com a construção dela. Que o homi mostre com ações e não só com palavras.
Eles estão juntos, se vão voltar a ser um casal? Só o tempo vai dizer (eu sei mas não vou falar pra vocês hahahaha).
Espero que tenham gostado! Minha parte favorita é o, "Não vai perguntar? Não preciso", wahhhh eu sonhei com ela a muito tempo atrás.
Obrigada por ler até aqui!
Até mais, Xx!
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