O dia - Versão Caleb
As ordens da Polícia Federal (PF) para sábado eram para que eu atendesse pacientes no hospital normalmente e no dia seguinte prenderíamos Sebastian Olsen, mas os planos mudaram quando Stanley Olsen chegou no hospital inconsciente com sua mãe e irmã vestidas elegantemente ao seu lado.
Pedi para a Dr. Isabella assumir a idosa que eu atendia e corri para ajudar meu parceiro com um terno caro que só podia significar seu casamento com Valentina, a garota pela qual não deveria, mas me apaixonei.
— Onde está a esposa dele? — perguntei tentando não demonstrar meus sentimentos.
Sra. Olsen não sabe da minha relação com seu filho, nora e marido, afinal, eu sou um agente infiltrado no tráfico de órgãos.
— Você o conhece? — os olhos escuros da mulher me observaram preocupados — A noiva dele foi sequestrada e ele desmaiou logo depois.
Segui os passos do meu treinamento e agi profissionalmente levando Stanley para um quarto e aplicando um calmante em sua veia. Não quis nenhum enfermeiro ou médico perto dele que não fosse eu, para evitar que ele fizesse outra besteira pior do que ser fonte anônima do News Magazine revelando praticamente nossa investigação.
Desde a adolescência me preparei para ser agente federal e em nome disso me formei em Medicina, entrei na Academia Federal e desde então trabalho no setor de Crimes Contra Humanos, mas nunca tinha me envolvido romanticamente com alguém que precisei usar.
Quando Stanley acordou, começou a falar da nossa relação com Val, mas a única coisa que não saia da minha mente era que eu apenas havia a usado, para sua segurança, mas ainda assim a usado e temi não ser perdoado, por isso não fui atrás dela depois que viu aquelas provas e pensou que eu não fosse um dos mocinhos.
— Ei cara. — chamei Stanley quando ele se levantou pronto para ir atrás da noiva — Me perdoe, nunca devia ter me apaixonado por ela.
A única certeza que tenho é que me apaixonei por Valentina quando não deveria e traí meu parceiro.
—É, mas foi impossível. — Seu olhar se tornou triste por alguns segundos — Eu mesmo não a amava em um dia e no outro já morreria por ela.
Valentina fez isso com nós dois.
Quando fui ao shopping me aproximar dela para garantir sua segurança, não pensei que viria me apaixonar, até porque já conhecia seu noivo e trabalhava com ele, mas bastou pouco tempo para que me visse sorrindo bobo a simples menção de seu nome ou sentindo arrepios ao vê-la chegar.
— E você, está? — Stanley rebateu.
Eu sei que nós dois estamos, então não fiquei surpreso quando falamos:
— Estou.
Apesar de Stanley não ter tido treinamento na Academia, ele se saiu muito bem quando despistamos sua mãe e entramos no carro da agente Kift prontos para irmos à base da operação.
A Polícia Federal sabe que precisa agir antes que Sebastian Olsen fuja do país, mas a única coisa que está na minha cabeça é a necessidade de agir antes que ele mate Valentina, por isso pego o notebook acoplado ao banco do passageiro e começo a rastrear o celular de Val no sistema.
— Droga. — soltei — O celular dela está no endereço dos Javaddy.
— Tente o celular do papai. — Stanley sugeriu me passando as informações do aparelho telefone do pai até isolarmos um único celular ativo.
— Achou alguma coisa, agente Fletcher? — Kift perguntou.
— Conhece esse endereço, Stanley? — perguntei.
Ele esticou o pescoço e franziu o cenho diante do mapa.
— É da nossa casa.
Suspiro totalmente frustrado sem saber o que fazer, apenas aguardando descermos na base da Polícia Federal em Point City.
— Você tem alguma ideia? — Viro o rosto para o noivo de Valentina.
— Meu pai sempre garantiu que todos os imóveis ficassem exclusivamente no nome dele, então se ele levou Valentina para algum lugar, foi para um desses.
— Quantos imóveis seu pai tem? — Minha colega de trabalho questionou antes de ligar a sirene do carro escuro para outros veículos liberarem a passagem.
Olho para meu parceiro em expectativa.
— Mais de cinquenta só em Point City.
— Ok, vou falar para a base conseguir o endereço de cada imóvel e mandar uma viatura. — falei — Essa é a maior operação do ano, não podemos falhar.
Estacionamos em frente à sede da PF e ao chegar ao meu departamento soube que Skye e Ethan Hale já tinham feito o retrato falado dos dois caras que sequestraram minha Valentina quando recebi todas as informações do caso.
— Então você é agente secreto? — Skye me encarou curiosa quando o chefe de operações nos deixou sozinho em sua sala.
— Mais ou menos. — respondi apertando o colete que tinha pegado na outra sala — Você lembra de mais algum detalhe? Os sequestradores falaram algo?
A sala do meu chefe tem tons terra, possui duas mesas de mogno puro, uma de frente para a outra e as paredes estão repletas de papéis dos mais diversos casos.
— Nós teríamos dito. Não acha? — Ethan inquiriu bastante chateado.
Também havia usado o Dr. Hale para me familiarizar com o hospital e me aproximar da Val. Assim que ele me viu entrando na delegacia, entendeu tudo e não ficou nem um pouco feliz por ter sido enganado.
— Olha, me desculpe, mas eu tinha que fazer meu trabalho. — justifiquei — Preciso que me ajudem a encontrar a Valentina, porque o resto do departamento quer saber de Sebastian Olsen, não da Val.
O casal Hale pareceu não entender, então para ser mais claro, completei:
— Se eles virem a oportunidade de atirar nele, mesmo com a Val por perto, vão.
Skye começou a choramingar e Ethan perguntou:
— O Sr. Javaddy já voltou da perseguição? Podiam entrar em contato com ele, já que ele foi atrás do carro que levou a Val.
— Fui informado que o despistaram. — lamentei tirando o jaleco e vestindo um colete a prova de balas esperando o momento de ir salvá-la.
— Ei! — os olhos de Skye brilharam em esperança e meu coração se deu ao luxo de recebê-la — Eles a levaram no carro do Sr. Javaddy e ele se inscreveu num programa experimental contra-furtos. O carro dele é monitorado 24h por dia e...
— Achamos ela! — meu chefe abriu a porta de madeira apressadamente — O carro que a levaram está no Programa Antifurto.
— Uou. — A melhor amiga de Val sorriu animada — Vocês estão sempre um passo a frente?
— Somos a polícia, baby. — pisquei sentindo que poderia salvar Valentina.
— Ei, cara? — Ethan chamou — Tome cuidado.
— E salve minha amiga. — Skye completou.
Várias viaturas, por todo o país, foram buscar cada nome envolvido no desvio de morfina e no tráfico de órgãos. mas apenas duas equipes foram até o casebre, no interior de Point City, para ter alguma pista do paradeiro de Sebastian Olsen.
Stanley insistiu em vim, mas o proibi. Não sei qual seria sua reação ao ver o pai sendo preso ou Valentina machucada, na melhor das hipóteses.
— Preparados? — perguntei para os agentes em meu carro e para os outros através do rádio — Vamos lá.
É quase meia noite e os cinco agentes que vieram no outro veículo cercam a pequena casa de madeira próxima ao lago, outros três desarmam os sequestradores e a agente Kift, o agente Castro e eu entramos no local com o dedo no gatilho prontos para atirar em qualquer sinal de movimentação.
Um barulho de tiro é ouvido do lado de fora, mas não me distraio com os sequestradores tentando fugir e arrombo a única porta dentro do ambiente com um chute.
— Ponha as mãos na cabeça! — brado vendo Valentina amarrada em uma cadeira com o vestido vermelho completamente manchado — Ponha as mãos na cabeça, agora!
Sebastian Olsen se vira surpreso e se depender de mim, seu sorriso sínico vai acabar em segundos.
[...]
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