Despedida.

O grito agudo e aterrorizante ecoou fazendo-me acordar sobressaltada. Linda! Com toda a certeza aquela era a voz dela. Varri o pequeno cômodo com os olhos em busca de Nathaniel, mas não o encontrei. Gemi agoniada jogando os lençóis para o chão, e assim que eu coloquei minhas pernas para fora da cama, Nathaniel apareceu no quarto.

— O que você fez? — minha voz estava beirando a histeria. Meu coração batia tão acelerado dentro do meu peito, que eu tinha medo de acabar tendo algum tipo de ataque. A sobrancelha do meu meio demônio preferido, mas incrivelmente encrencado, se levantou em minha direção e uma expressão sarcástica desenhou seu rosto. — Nathaniel... — gemi me levantando e colocando ambas as mãos em meu rosto. Droga! Eu odiava a Linda com todas as minhas forças, isso era óbvio, mas eu não queria que Nathaniel a matasse.

— Olá para você também. — a voz dele estava suave, como sempre, mas coberta de sarcasmo. Porém, seus incríveis olhos brilhantes estavam divertidos ao me fitar. — Eu não a matei, embora eu quisesse. Sei que não iria gostar. Só lhe direi que ela mereceu o que aconteceu com ela. Agora vai lá e faça cara de surpresa para ninguém desconfiar. — seu sorriso era enorme ao me dizer isso. Rolei os olhos bufando e corri do quarto em direção a pequena multidão que começava a se formar na porta do banheiro.

— O que aconteceu? O que aconteceu? — me peguei murmurando para ninguém em especial, enquanto tentava me infiltrar entre a multidão. Avistei Brenda parada a um canto e peguei em sua mão. Ela me olhou alarmada por um momento, mas depois relaxou. — O que aconteceu, Brenda?

— Veja por si mesma. — sua voz estava monótona, quase entediada, quando ela deu de ombros e voltou a olhar para frente. Segui seu olhar e me deparei com Linda caída ao chão em uma poça de água que eu acreditava fielmente que fosse sua urina. Abri a boca meio chocada ao vê-la tremer e segurar em seus cabelos, enquanto murmurava a palavra "Adeus" sucessivamente. — Parece que ela finalmente enlouqueceu de vez. — Brenda cruzou os braços, enquanto balançava a cabeça em negação. Um sorriso pequeno brincava no canto de seus lábios ao olhar aquela cena.

— Brenda...

— O que? Não pode me julgar por não sentir um pingo de pena dessa aí. — ela não me olhou ao responder aquilo. Brenda era minha melhor amiga e me conhecia bem o suficiente para saber o que eu estava pensando sem nem me olhar. — Você deveria estar feliz. Foi vingada, sem precisar mover um dedo. — ela rolou os olhos dando as costas àquela cena. Irmã Maria e irmã Izobel já tinham chego ao local, e tentavam levantar uma Linda transtornada.

— Não me toquem! Não me toquem! — os gritos de Linda ecoaram, mas eu preferi não olhar novamente. Segui Brenda para fora do banheiro, que estava apertado devido aos espectadores, e deixei sua voz morrer atrás de mim. Eu sentia pena dela, é claro, pois para chegar a esse estado o susto deve ter sido grande. Mas, também não consegui deixar de sentir uma pequena parcela de satisfação. Eu realmente fui vingada e ela teve o que mereceu.

Aqui se faz, aqui se paga Linda...

— Me pergunto o que rolou para ela ficar neste estado. — a voz curiosa de Brenda ecoou me tirando de meus pensamentos satisfatórios. O rosto de Nathaniel invadiu minha mente e eu suspirei dando de ombros.

— Não faço a mínima ideia. — murmurei encarando meus pés, para que ela não visse a mentira estampada em minha cara.

— Voltem para suas camas, agora! — a ordem da irmã Maria me fez levar um pequeno susto. Agarrei a mão de Brenda nos puxando em direção ao quarto, até que ela me lembrou de que eu estava em um quarto diferente hoje. Corei assentindo rapidamente e corri em direção ao quarto de Izobel, antes que ela mudasse de ideia e me fizesse dormir com as meninas. Afinal, Linda estava transtornada e eu tinha a plena certeza de que ela não voltaria ao dormitório hoje. Me custava a acreditar que ela seria capaz de pregar os olhos hoje.

Abri a porta entrando no cômodo escuro e tratei de fechar e passar o trinco na mesma. Meus olhos voltaram-se para a figura deitada tranquilamente na cama, mesmo no escuro eu podia visualizar a silhueta de seu corpo. E também tinha o fato de que Nathaniel assobiava baixinho, completamente alheio ao inferno que tinha causado. Ele estava extremamente contente consigo mesmo e não escondia isso.

— Nathaniel... — seu nome saiu cansado de meus lábios e dei um passo incerto em sua direção. Minha cabeça ainda girava levemente, cheia de imagens de Linda transtornada em sua própria urina.

Seu assobio parou e os olhos vermelhos apareceram como duas chamas na escuridão, me fitando atentamente. Parei para observá-lo, até que o vi estreitar os olhos e bufar.

— Rose, aquela garota mereceu! Eu estava aqui, quieto no meu canto como sempre... — rolei os olhos ao escutar sua voz soar inocentemente. — Ela procurou. Ela veio aqui, nesse quarto, e tentou entrar. Ela iria tentar fazer alguma coisa com você! Não pode me culpar por dar o troco. — ele concluiu voltando a fechar os olhos e murmurar a canção que ele assobiava. — Por favor, não estraga esse meu momento satisfatório. — rolei os olhos ao ouvir aquilo e me aproximei finalmente da cama.

— Chega para lá, vai. — resmunguei me sentando ao seu lado e sua risada ecoou baixinha. Nathaniel moveu o corpo um pouco pro lado e passou sua mão em minha cintura, puxando-me para perto de seu corpo e me abraçando. Dispensei os cobertores, pois Nathaniel já era o suficientemente quente. — Não estou brava. — confessei depois de um tempo, entrelaçando nossas pernas.

— Interessante... eu estava esperando uma discussão ou algo do tipo. Se eu soubesse que você ficaria tão calma desse jeito eu teria a matado ali mesmo...

— Nathaniel! — o riso dele ecoou pelo cômodo e senti seus braços me apertarem. — Você está brincando, não é? — me virei em sua direção encarando seu rosto no escuro. — Não é? — seus olhos se abriram me fitando e ele levantou uma sobrancelha em minha direção. Eu podia sentir meu coração acelerando gradativamente e eu sabia que ele estava escutando, pois a sombra de um sorriso nasceu em seus lábios.

— A garota está viva, Rose. Não era isso que você queria? — desviei meu olhar do seu por um momento, tentando me acalmar. Seus dedos acariciaram a pele da minha bochecha. — No final eu ainda sou parte demônio. Não somos conhecidos por ter piedade, mas eu sabia que você não iria gostar se eu matasse aquela garota. Mesmo ela merecendo. Não precisa ficar com medo de mim.

— Eu não tenho medo de você. — respondi rapidamente. Tão rapidamente que as palavras soaram meio falsas. Mas era verdade! Eu não tinha medo dele, sabia que Nathaniel nunca iria me machucar, mas e quanto as outras pessoas?

— Seu coração acelerado diz outra coisa. — sua voz estava calma, suave, era como se ele estivesse com medo de me assustar.

— Nathaniel, eu... — respirei fundo me arrumando na cama de um jeito que meu queixo ficasse encostado em seu peito quente. Meus olhos se prenderam nos seus e eu esperei por um momento até que estivesse mais calma. — Eu não tenho medo de você. Não estou te falando isso para parecer que estou te desafiando nem nada do tipo, eu sei que você não vai me machucar. Mas, eu tenho medo pelos outros por conta do seu temperamento. Por isso eu não iria falar nada do que rolou no porão com a Linda... — deixei minha voz morrer nessa última parte. Nathaniel respirou fundo e fechou os olhos, enquanto levava seus braços para trás da cabeça.

— Eu entendo o que você quer dizer. — a voz dele ecoou depois de um tempo. Não passava de um murmúrio, mas não estava bravo ou triste. Nathaniel estava simplesmente concordando comigo. — Me desculpe por te deixar com medo, não quero que precise esconder as coisas de mim. Então eu prometo para você que irei tentar me controlar. — ri baixinho quando ele deu ênfase no "tentar", mas assenti com a cabeça e deixei um pequeno beijo entre seu peito.

— Obrigada. - murmurei deixando outro beijo em sua pele e sorri ao sentir seus braços voltarem a circular minha cintura. — Obrigada por dar uma lição na Linda. Eu... eu não sei se quero saber o que você fez com ela, mas tenho certeza de que ela mereceu. — Nathaniel abriu os olhos novamente e me encarou com um sorriso de lado. — E espero que você tenha se divertido.

— Você não imagina o quanto. — estremeci ao ouvir sua voz rouca. Nathaniel sorriu largamente e suspirou. Suas mãos passearam pelas minhas costas, levantando o tecido da minha camisola. Ele me sentou em seu colo e senti beijos em meu pescoço ao mesmo tempo em que o sentia passar minha camisola pela minha cabeça, deixando-me somente de calcinha em cima da cama. — Sabe o que me deixaria mais feliz? — seu sussurro malicioso ecoou em meu ouvido. As unhas de Nathaniel passearam por minhas costas deixando um rastro quente em meu corpo.

— Hmmm. — murmurei um gemido em concordância e ele riu em meu ouvido antes de me pegar pela cintura e nos levantar. Nathaniel me segurava como se eu não pesasse nada. Suas mãos me depositaram de bruços na cama e ele subiu em minhas pernas, encostando seu quadril em minha bunda e logo depois seu tronco pressionava minhas costas. Arrepiei-me ao sentir seu hálito quente em minha nuca quando ele colocou meus cabelos de lado.

— Eu ficaria extremamente feliz se você me deixasse dar um jeito naquela velha... — sua voz rouca e maliciosa me fez estremecer, mas segurei o gemido e abri os olhos ao processar o que ele falou. Ele queria o que? Pressionei minhas mãos na cama e virei meu rosto de lado tentando olhá-lo. Tentei me levantar quando não encontrei seu rosto, mas ele pressionou minha nuca na cama enquanto ria baixinho em meu ouvido.

— Nathaniel! — rosnei com raiva ao perceber onde ele queria chegar. — Você não vai me distrair.

— Você me ofende desse jeito, Rose. Não quero te distrair... — seus lábios se encostaram em meu pescoço e eu me arrepiei, enquanto retesava o corpo. — Mas não posso negar que você me deixaria extremamente feliz se concordasse com meus planos. — completou distribuindo beijos pela minha nuca e levando a trilha até a minha orelha.

— Nathaniel. — gemi agarrando o forro da cama e suspirando ao sentir sua língua contornar minha orelha. — Isso não é justo.

— Eu nunca falei que jogava justo. — sua resposta afiada ecoou como se estivesse na ponta de sua língua. Eu podia sentir o sorriso convencido dele na minha pele e isso me deixava com raiva, pois ele estava convencido de que eu concordaria. — Não é como se você não quisesse. Pensa bem... sem a velha aqui no convento, a vida da sua amiga seria melhor e a santinha poderia assumir o lugar dela...

— Mas..., mas... — gemi deixando minha pergunta morrer ao senti-lo pressionar seu quadril em minha bunda. Aquilo era golpe baixo e ele sabia disso. Nathaniel riu em meu ouvido, enquanto abria minhas pernas com seus joelhos e se encaixava ali. Mordi os lábios com força para não deixar outro gemido escapar e ele abriu minhas mãos, entrelaçando nossos dedos, enquanto enfiava seu rosto em meu pescoço e me inspirava profundamente. A ponta de seu chifre pressionava minha pele. — O que irá acontecer com ela?

— Você não precisa se preocupar com isso. A alma dela está destinada ao inferno de qualquer jeito, eu só vou acelerar o processo. — ele riu em meu ouvido e eu lhe dei uma cotovelada. — Ai.

— Isso não tem graça. — resmunguei virando meu pescoço e tentando olhá-lo. Nathaniel deslizou seu corpo pelo meu até que seu rosto estivesse em meu campo de visão. — E eu ainda não aceitei isso. — ele rolou os olhos deixando seu peso cair todo em cima de mim.

— Rose, eu não pretendia te dizer isso assim. — ele bufou rolando mais uma vez os olhos e se jogando ao meu lado, puxando-me para que eu ficasse parcialmente sobre seu corpo e arrumando a ereção entre suas pernas. — E eu definitivamente não queria acabar com o clima, mas você é tão teimosa. — Nathaniel trincou os dentes fechando os olhos contrariado. Esperei em silêncio. — Não vou mentir e dizer que eu não quero matar aquela velha com minhas próprias mãos, porque eu quero. Ela merece! Aquilo que ela te fez... — ele balançou a cabeça como se quisesse expulsar os pensamentos. — Com toda a certeza você não foi e nem será a única, mas eu não me importo com os outros, Rose. Eu me importo com você, e esse é um dos motivos que eu lhe dou. O outro motivo é que precisaremos ir embora o quanto antes. Lúcifer já sabe sobre a gente, e o acordo foi quebrado. Estamos em perigo e eu não posso garantir que ele não vá conseguir chegar aqui. Eu sinto muito. — seus lábios se colaram em minha testa por um momento. — A alma sebosa dessa mulher é um prato cheio pra ele. É tão podre quanto a alma da loira, e automaticamente é um receptáculo perfeito para que ele ou qualquer outro demônio possa possuir.

— O que eu vou falar para a Brenda? — sussurrei na escuridão. Fechei os olhos aconchegando-me mais em seu corpo e tentando normalizar minha respiração. Eu não queria chorar agora. — Quando iremos?

— O mais rápido possível. — sua voz não passava de um sussurro. Assenti enquanto engolia em seco e pensava no que iria falar para Brenda.

— Eu não posso simplesmente sumir... eu... a Brenda...

— Eu sei... — os braços de Nathaniel se estreitaram em volta de mim e ele suspirou em meus cabelos. — Rose, eu vou deixar você decidir o que irá falar para ela. Mas, você entende quando eu digo que é perigoso quando humanos sabem demais sobre o nosso mundo, não entende? — assenti incapaz de achar minha voz naquele momento. — Tudo bem. Daremos um jeito, daremos um jeito... — seu murmúrio foi morrendo aos poucos e Nathaniel suspirou em meus cabelos novamente. — Mas a velha precisa sair daqui.

— Nathaniel... — sussurrei fechando os olhos e estremecendo em seus braços. Minha decisão estava tomada, eu quis isso e eu precisaria aceitar as consequências. — Só não me fale o que pretende fazer com ela. — ele assentiu com a cabeça e eu afundei meu rosto em seu peito.

...

Na manhã seguinte eu acordei com três batidinhas fracas na porta. Olhei para Nathaniel que me lançou uma piscadela divertida e indicou com a cabeça à porta. Respirei fundo e lhe dei um selinho antes de me levantar e ir em direção a porta. Ainda olhei para ele uma última vez, mas ele somente colocou as mãos atrás da cabeça e assentiu em minha direção.

— Rose, querida eu vim te chamar para o café. Imaginei que você não acordaria sozinha, sem o barulho das meninas. — Izobel sorriu sem graça em minha direção e eu esfreguei os olhos assentindo. Encarei o rosto meio pálido da única freira que eu tinha como amiga e senti meu coração se apertar. Izobel era um anjo e não merecia ficar à sombra da irmã Maria para sempre. Puxei ela para um abraço inesperado assustando-a. — Rose? — sua voz estava confusa, mas isso não impediu de ela passar seus braços pequenos por minha cintura e me apertar em seu corpo aconchegante. Funguei em seu pescoço engolindo as lágrimas que queriam sair.

— Irmã, eu nem sei como te agradecer por tudo que já fez por mim. — murmurei chorosa em seu ouvido e senti sua mão direita passar carinhosamente sobre meus cabelos emaranhados. — Você é uma pessoa incrível. Eu nem... eu nem sei o que seria de mim e das outras meninas se você tivesse escolhido seguir com a sua vida longe daqui, ao invés de ficar e cuidar da gente...

— Ah, Rose... — sua voz também estava embargada. — Por que eu sinto que isso é uma despedida? — seus braços me apertaram mais forte, como se não quisesse me soltar. Eu fiquei retribuindo o abraço, querendo que ela entendesse mesmo sem eu dizer em palavras, que aquilo era sim uma despedida. — Você nunca se adaptou aqui, não é? Eu não sei o que está acontecendo na sua cabecinha, mas quero que saiba que eu sempre confiei na sua capacidade de julgamento e sei que você é capaz de tomar suas próprias decisões. — era como se ela soubesse exatamente o que falar naquele momento. Suas palavras me fizeram estremecer, mas também foram capazes de acalmar meu coração de um jeito que eu não sabia explicar. — Eu vou sentir sua falta, minha querida.

— Irmã...

— Shh... Eu não preciso saber. — seus braços me apertaram uma última vez e irmã Izobel me soltou, enquanto respirava fundo e segurava minhas mãos nas suas. — Eu confio em você, Rose. Confio que você sabe o que é melhor para a sua vida. Não precisa me falar o que irá fazer, eu sinto aqui dentro. — observei a mão dela se mover em direção ao seu coração. — Eu sinto que você está indo. Eu não sei para onde, ou com quem. E talvez seja melhor que eu não saiba. — estremeci ao ouvir aquilo. — Só me garanta que irá ficar bem, okay? — sorri em sua direção, enquanto pegava ambas suas mãos e beijava-as.

Foi impossível não olhar para trás e ver Nathaniel nos observar com o olhar intrigado. Izobel seguiu meu olhar e eu pude sentir ela estremecer levemente no lugar, como se sentisse um arrepio repentino.

— Eu vou ficar bem. — respondi atraindo sua atenção. Seus olhos estavam levemente preocupados e eu sorri tentando tranquiliza-la. Eu sabia que Izobel não estava vendo Nathaniel, mas depois de tudo que ele me contou, era impossível não pensar que ela conseguia senti-lo. Eu nunca tinha conhecido e duvidava que fosse conhecer outra pessoa tão boa e pura como Izobel. Ela assentiu me puxando para mais um abraço, porém dessa vez rápido, e murmurou um "Não se atrase para o café" antes de sair apressada.

— Isso foi... estranho. — a voz de Nathaniel ecoou quando eu fechei a porta novamente e me direcionei até a cama, começando a arrumá-la. — Por um momento parecia que ela sabia que eu estava ali.

— Besteira. — murmurei sem olhá-lo, mas meu coração acelerado denunciava o quão nervosa eu estava. Nathaniel se manteve em silêncio, enquanto me ajudava a arrumar a cama e por fim me abraçou apertado se despedindo e me lembrando que eu precisaria arrumar minha parte do combinado logo, pois ele arrumaria a parte dele.

A maior parte da manhã se passou tranquila, pois a irmã Maria não estava. Tinha saído logo cedo com Linda. A fofoca que rolava era que a irmã Maria a levou pessoalmente ao hospital e de lá ela conversaria com os pais de Linda. As garotas estavam em êxtase com isso! A fofoca rolou solta nos corredores do convento. Por onde quer que andássemos, o nome de Linda era sussurrado. O tema? Linda finalmente tinha enlouquecido de vez!

As meninas estavam em polvorosa, enquanto cochichavam sobre o exorcismo mal feito, sobre a surra que linda tinha levado ou sobre ela finalmente ter ficado completamente louca. Ninguém sabia exatamente o que tinha acontecido no banheiro, mas no final todos chegaram à mesma conclusão: Ela mereceu!

Brenda estava adorando ser o centro das atenções e adorava repetir que lavou a alma ao dar uns bons tabefes em Linda. Me mantive em segundo plano e fiquei ouvindo minha louca amiga contar e recontar os detalhes do fiasco que foi o meu quase exorcismo.

Logo pelo finalzinho da tarde observamos Izobel correr apressada em direção aos portões do convento. Porém, ela parou de repente e voltou em nossa direção como se lembrasse de algo importante.

— Eu preciso sair. Por favor, por favor, por favor... Cuidem do convento por mim. — nos implorou ao segurar nossas mãos. Brenda e eu somente assentimos com a cabeça. Rebecca também estava por perto e concordou em ajudar. Observamos ela sair apressada sem olhar para trás.

Enquanto aguardávamos apreensivamente, eu não conseguia parar de pensar em Nathaniel. Alguma coisa me dizia que aquilo tinha haver com ele e a irmã Maria. Estremeci no lugar ao pensar aquilo e tratei de focar em qualquer outra coisa. Conseguimos manter o convento organizado como sempre, e quando Izobel chegou, acompanhada por dois frades, abaixamos a cabeça em respeito quando eles passaram por nós e se direcionaram para a sala da irmã Maria. Não demorou muito e Izobel os acompanhou para fora com o rosto extremamente vermelho, denunciando que tinha chorado bastante. Aguardei agoniada até a hora em que ela nos reuniu no refeitório e anunciou para todas que irmã Maria tinha falecido naquele finalzinho de tarde.

Nathaniel! Seu rosto inundou minha mente conforme eu deixava aquela informação penetrar no meu corpo. Abaixei o rosto como todos, em sinal de respeito e juntei as mãos. Iríamos rezar pela alma da irmã Maria. Enquanto o refeitório se enchia de murmúrios eu só conseguia pensar que isso significava que meu tempo estava acabando e que eu precisava me despedir de Brenda. 

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