Carta sem Destinatário
O docunento a seguir possui várias partes corrompidas por conta da época em que foi escrita. Estipulo que seja algo entre meados de 1990 ou 80. Para a nossa felicidade, a maior parte foi restaurada, restando somente a mente dos leitores deduzir as formas perdidas nesta carta sem remetente.
Contatamos que se souberem de alguém que saiba algo sobre esta carta, nos comuniquem por gentileza. Muito obrigado!
"Meu itinerário de viajens não contém muito do que poderia concluir um turistador brasileiro. Contudo desde que viajei de férias para cá na Bahia, tenho visitado muitos lugares ainda a muito que não se dão ao esplendor de belezas naturais nesta terra... patrimônios históricos tombados tão longe das metrópoles quanto se pode imaginar. Entretanto, meu grito de socorro vem por meio da minha visita anterior a uma cidade com nenhuma dessas caracteríticas, ou pelo menos não a maioria delas. Ubatã - Bahia é uma cidade pacata engolida por uma densa floresta no fim do mundo. Sou paraibano, aventureiro, ou pelo menos era. Morei 28 anos da minha vida em... ade natal... até que despertei o espírito aventureiro a muito afogado dentro de mim e sair pelo Brasil. Casei-me com Valéria, que foi mulher da minha vida durante 3 anos. Tenho dois filhos, Raissa e Júnior... andinhos.
"Infelizmente os fatos pelos quais terei de falar não são nem um pouco felicitantes para alguém que queira desbravar uma cidade tranquila e feliz como se é conhecido... Parti nessa viajem...estou sozinho... inspiração e como disse, os flancos de Ubatã são circundados por florestas e não é preciso subir em algum lugar alto para ver seus limites. Com seus 12 mil habitantes, estradas de terras e casas de aparência colonial em sua grande maioria, o lugar é um verdadeiro convite ao século XVII. Telhas de barro sob um sol escaldante a maior parte do ano, épocas chuvosas por aqui parecem por demais passageiras. Confesso que sinto muita saudades do meu lar e assim mantenho a chama de um dia retornar.
"Ubatã tem suas ruelas voltadas a um epicentro, a praça. Que por dua vez ostenta um centro comercial bem movimentado, com casas de ervas, frutarias, bares e tem até uma farmácia. Fato é, que o lugar também faz divisa com uma fazenda, chamada fazenda dos Shadar. Nem de longe era... típico daqui, mas seu Toinho, o dono pelo qual chamavam-no me soa tão estranho quanto... hoje em dia, embora seja mais habitual. Toinho Shadar.
"Minha visita inicialmente a cidade era para ser algo bem passageiro. Diziam que a maioria das pessoas que vinham para essas bandas, não queriam mais sair daqui... ta coisa para ver poraqui, as pessoas são ligeiramente próximas umas das outras, trazendo um calor fervoroso de simpaticidade para com qualquer transeunte que viesse ter com eles. Em apenas 16 horas acabei fazendo amizade com metade do lugar e... Apesar de não possuir muita estrutura, como... as, parque de diversões ou shoppings, de certo a maioria das pessoas gostavam de ir a um único lugar a noite. A...
"Todas as ruelas da cidade de alguma se interligavam com... dando um acesso mais vívido ao centro comer... amativo em um número elevado de pessoas, o fato de terem sempre alguma sequela grave. Seu José o vendedor de pitangas faltava-lhe um cotoco do braço, e por isso pagava jovens para cortar-lhe a grama de seu jardim. Dona Cida, tinha uma cicatriz profunda aonde deveria ser seu olho esquerdo... gritando aos quatro ventos para qualquer ser vivo corajoso ir para a cidade mais próxima comprar uma lente de contato para seu único olho bom. Dona Laura não tinha nenhum tipo de sequela mas seus três cães pastores não pareciam ser o tipo que alguém em sã consciência passaria a mão ainda que estivessem a abanar o rabo. Ela dizia que foi num acidente de carro, igual um ou outro que serrara os próprios dedos em... seu Jânio que bateu a cabeça num poste e perdeu metade da cara.
"A... uma luva. A cidade não tinha nenhum hospital. E o mais próximo era no mínimo a 14 quilômetros dali, e levando em consideração a supertisciosidade dos cidadãos, preferiam consultar um curandeiro que não passava de um mero conhecedor de ervas que morava perto da única rua ladrilhada na cidade.
"Foi em uma visita a Jeca, o curandeiro que conheci seu Toinho. De todos da cidade, era um dos únicos a não manter nenhum tipo de sequela, o que me deixou por demais curioso a respeito de sua ida até ali. Dissera que sua mulher estava... últimos tempos e que precisava de fazer uma viajem de férias para ficar ao menos um pouco, longe dauquele lugar. Seu Toinho tinha um olhar manso, semblante sorridente e convidativo. Suas cãs caíam-lhe muito bem com a roupa de fazendeiro... era enorme, e que estranhamente não gostava de usar chapéus, ao contrário de 99% da cidade. Também era sabido que ninguém... da esposa de seu Toinho. Uma moça muito recatada pelo que diziam, mas de características incertas em sua maioria. Coisa que hoje em dia duvido muito que tenham-na visto pelo menos alguma vez.
"Neste dia eu e Toinho tivemos uma conversa um tanto estranha. Ele me perguntou se eu trabalhava, e quando lhe respodi que era vendedor autônomo, o homem me oferenceu um emprego de... em suas férias. Lembro-me que só estava de passagem pela cidade e que logo iria embora. Seu Toinho coçou o queixo por um longo momento me observando em silêncio, e... na proposta, dizendo que me pagaria o melhor... atributos físicos e que só estaria a espantar um ou outro adolescente desventurado que invadisse sua fazenda em busca de façanhas sexuais no meio do mato... deixou a proposta irresistivelmente interessante para qualquer tipo de desbravador... louco para colocar minhas mãos naqu...
"Quando contei para minha esposa, tive que afastar o telefone do ouvido de tanta risada que ela dava. Não era o que um turista esperaria em uma visita mas o favor... por demais ruborizantes. Isso sem falar na mala de... Mas naq... noite com um tempo um tanto fresco para uma cidade extremamente quente na maior parte do tempo. Não era o que os mineiros ou paulistas chamariam de tempo moderado exatamente, mas para um nascido da região devia ser aquilo.
"O caminho até a fazenda Shadar era permeado pelo silêncio a medida que você avançasse nela. Aquela estrada de terra, era a única saída ou entrada para a cidade, que se bifurcava após certa distância. Caminho este utilizado pela única rodoviária ali. A luz do luar tomava mais força conforme os postes de luz eram deixados para trás na praça central, com sua cor alaranjada pastel, sob seus transeuntes. Isso deveria dificultar um pouco os motoristas durante... após a divisão da estrada, confome adentrava a fazenda de seu Toinho, o cheiro de churrasco, frutas e estrume ficavam para trás, e finalmente o odor do mato iniciava seu reino em minhas narinas.
"Eu pensei que talvez eles não demorassem tanto em suas férias em París ou qualquer fim de mundo mostrado nas televisões, na qual os ricos iam em sua grande maioria. Ser vigia noturno demandaria um pouco paciência e muito café. Ah sim! Havia a lanterna também, e botas. Não havia nenhuma iluminação até chegar ao ...ão, portanto nada melhor do que um feixe de luz artificial no meio das trevas, abaixo de sombras farfalhantes e troncos encorpados embaixo, era indispensável para saber para onde estava indo. As botas eram mais uma opção higiênica caso pisasse num estrume bem grande no caminho.
"Minha estada nas primeiras noites não foram o que eu esperava para um tranquilo vigia em sua primeira noitada. Fiquei atento ante qualquer barulho que viesse da sombria floresta ao redor da casa. O meu pensamento no pagamento ...ão parava.... , a maioria das coisas não passavam de algum tipo de expectativa negativa em relação a um trabalho nunca antes feito em um lugar que eu mal conhecia.
"A casa não passava de uma choupana adaptada. Não tive permissão para entrar na residência, mas como tinha as chaves, isso não me impediu de dar uma boa olhada lá dentro depois da terceira noite. De fato o lugar parecia maior por dentro mas ao mesmo tempo pequeno. Era como se realmente o tamanho da casa não desse para tudo aquilo mas os cômodos eram bastante estreitos. As lâmpadas em sua maioria pareciam ...imadas e a única fonte de iluminação confiável eram abajures instalados em lugares estratégicos da casa. O lugar também tinha dois andares mas a maior parte dos degraus p... comprometida. A casa era totalmente feita de madeira e seus móveis pareciam novos mas ao mesmo tempo...
"Não explorei muito nessa noite e abandonei o local após uma rápida olhada. Limitei-me a cadeira de balanço ...aranda a maior parte do tempo. Para meu azar, a lâmpada de fora também não ascendia e por isso confesso ter cochilado várias vezes. Talvez numa dessas cochiladas tenha tido a experiência da qual hei de relatar aqui.
"Até pelo fato de me manter mais desperto, dava pequenas rondas a noite na floresta em volta apontanto a lanterna como um sabre de luz para os bichos que fugiam de vez em quando quando eu lhes apontava... das que ao voltar, percebi uma luz acesa no andar de cima da casa.
Ao estranhar o fato, entrei na casa e chamei alguém.
- Olá! Alguém aí?
"Não obtive resposta. Subi para o andar superior, apoiando-me no corrimão não tão avariado quanto os degarus, para não cair. Ao chegar lá em cima, me deparo com um ambiente extremamente sujo e escuro. Usando a lanterna, pude ver três ...ante no corredor que se extendia a minha frente. Duas laterais e uma no fim. Direcionei-me para uma das portas e percebi trancada. Bati noutra, e... A do meio estava fechada mas bastou um empurrão para derrubá-la. Era um quarto vazio de madeiras extremamente sujas. Tudo o que deu para ver na densa escuridão cortada pela luz da minha lanterna, foi uma cômoda na parede ao lado e uma cama de... sem colchão, com as molas ainda soltas para o alto. A janela estava aberta com uma cadeira de ...ço... seu movimento segundos depois. Contudo o mais estranho nisso, era que ao tentar... o interruptor, esta estava queimada, igualmente como as outras pela casa.
"De certo nunca fui muito fã de coisas supersticiosas nem histórias que desafiassem a sanidade mental de qualquer fato da realidade. Entretanto confesso que estar de frete com algo que não me soou muito do explicável naquele momento, me deixou com um pouco de medo. Considerei o fato de estar a ... sozinho e que ... tanto arrepio. Fui até a janela e constatei que realmente... ser dali a luz que provinha quando... embaixo.
"Tive certo receio de entrar lá novamente desarmado, e por isso me arranjei de um facão nas noites seguintes a fim de botar minha confiança em prática novamente. Sinceramente, seria algo que eu sentiria vergonha na minha roda de amigos e que novamente levou minha esposa e meus filhos a se divertirem com a situação. Com certeza algo digno de altas gozações até não poder mais. Um dos motivos pelo qual mudei ...ca falei sobre isso em público. Mas não bastando meu receio de tal fato. Duas noites após essa, tive a sensação de estar sendo seguido enquanto estava a caminho da choupana. Passei por um ônibus alto de viajem que ia em alta velocidade na estrada e em alguns instantes ouvi um estrondo. Um cantar de pneus barulhos de vidros quebrando-se fortemente. Avancei o... consegui ver nada na estrada. A adrenalina me subiu o sangue no exato momento corri até passar pela bifurcação. Contudo, dessa vez ao invés de ir em direção a fazenda Shadar, dei vazão a curiosidade a outra estrada que levava para fora da cidade.
"Ora! Em uma cidade com apenas duas viaturas da polícia em circulação, o hospital mais próximo dali era no mínimo 14 quilômetros e uma batida daquela em meio ao matagal, meu senso de humanidade me soou no mínimo coveniente naquele momento. Quantos sobreviventes teria de encontrar por ali ou algo pior. Poderia ser a única esperança de chamar algum socorro. E lá fui eu pela estrada. Andei por mais ou menos ...eixe da lanterna para todos os lugares, sem sucesso. No percurso, a estada era invadida por capim em boa parte. Meu avanço ficou ofegante ao ouvir barulho de estalos como uma fogueira em brasa. Poderia estar pegando fogo em alguma parte próximo a queda do veículo. Entretanto ao olhar para cima a úlnica coisa que via era o céu estrelado sob a aura esbranquiçada da lua de uma noite limpa. Não parecia vir nenhum brilho da floresta em algum lugar por ali.
"Avancei um pouco mais até a estrada se tornar sinuosa em descidas que deixariam qualquer pessoa intrigada. As curvas eram curtas o bastante para um carro de médio porte conseguir com sucesso em uma boa velocidade, mas não um ônibus. Olhando ali de cima, percebi que a estrada se estreitava ainda mais em sua descida até tornar-se... Pensei na... de ter entrado em alguma outra estrada que tivesse sido anulada. Ainda relutante no que poderia ou não resultar naquilo e fosse dado o estado de tal estrada, não era muito difícil imaginar o porque de um acidente. Comecei a duvidar se realmente o que ouvi teria sido mesmo uma batida de ônibus ou apenas uma fantasia da minha mente.
"Desci a estrada até tornar-se estreita o suficiente para a passagem de uma moto. As raizes serpenteantes das árvores faziam imensos obstáculos em certas par... a estradinha desaparecer quase que completamente. O céu já havia a muito desaparecido e dado lugar a rameiras e galhos entrelaçados no escuro farfalhante. A pressão ali embaixo parecia ser mais pesada e cheguei em certo momento que... da minha capacidade de retornar, como se não mais me tivesse no controle. Quase deixei cair a lanterna quando avistei um... imenso do centro de uma clareira invadir minhas íris.
"Uma enorme ...o que consumia o metal, o vidro e bagagens por cima ...ão alto que lambia os céus em uma enorme língua fantasmagórica. Uma imagem hialina mas sem brilho em seu cume. Era engolido pelos céus pela lua e pelas estrellas. Por um momento duvidei do que estava diante dos meus olhos, mas era inegável. Ouvi sons graves semelhantes a várias portas velhas de madeira rangendo. O som se tornou alto o bastante para ser ensurdecedor, me fazendo tapar um pouco os ouvidos, largando a lanterna do chão. Tão logo percebo pessoas saírem de chamas... ônibus tombado no meio... sons lamuriantes que não saiam de suas bocas... pessoas andavam com trapos cheios de sangue, muitas com membros decepados, cacos de vidros enterrados no rosto, membros fora do lugar, caminhavam com olhares atônitos em minha direção.
"Já com coração aos pulos, corri para a floresta desesperadamente. Simplesmente fugi no que julguei ser a direção que eu tinha vindo, tropeçando várias vezes e caindo durante o caminho. Não tinha como saber e não tinha a visibilidade de um palmo a minha... minha lanterna lá na clareira com o ocorrido. Percebi respirações ofegantes ao longo do caminho e quando eu caía elas ficavam mais próximas. Corri em qualquer direção, com as mãos para frente, riscando meu corpo todo ramagens de arvoredos e tombos que levava aqui ou ali. Só não quebrei meu pé graças as grossas botas de couro que estava usando, mas que ainda assim me renderam uma dor connsiderável nos dedos. O céus já não... e me senti correndo numa espécie de limbo com obstáculos invisíveis.
"Quando finalmente senti que ia cair, senti o terror dar lugar a esperança ao sair para uma estrada de terra no alto de um morro para Ubatã. Corri mais um pouco ainda ofegante e caí cansado. Passos aumentaram atrás de mim até que vi umas pessoas se aproximarem e passarem, continuando sua corrida, aos trapos e frangalhos, sorrindo entre elas mecanicamente, como se nada tivesse acontecido, como se avistassem um paraíso a sua frente, e correram até ele, até Ubatã.
2692 palavras
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